Com chuvas irregulares, recuperação dos níveis dos
rios no Pantanal pode ser mais lenta.
O
Serviço Geológico do Brasil publicou em 05/11/20 novo boletim semanal de
monitoramento da vazante no Pantanal. Na última semana, a tendência geral foi
de recuperação de níveis na calha principal do rio Paraguai. Acesse aqui último
boletim: http://www.cprm.gov.br/sace/paraguai/ultimo_boletim.php
De
acordo com o pesquisador em Geociências, Marcus Suassuna, as chuvas observadas
neste mês foram muito irregulares e ainda não caracterizam o início do da
estação chuvosa. Nos últimos 7 dias, estimativas de chuvas por satélite,
sugerem acumulados de 10 mm. “Ainda que a estação chuvosa se inicie, porém, os
rios na calha do rio Paraguai levarão tempo para se recuperarem, haja vista
serem rios de resposta lenta, principalmente sobre o MS. Além disso, a previsão
das chuvas nos próximos 15 dias é de chuva pouco abaixo do normal para este
período do ano, o que deve fazer com que essa recuperação dos rios seja lenta”,
alertou. “Em Ladário, o rio Paraguai tem mostrado uma tendência de recuperação
de níveis e, de acordo com os dados históricos, é improvável que o rio retorne
ao regime de recessão neste local, após retomada a recuperação de níveis”,
acrescentou.
No
entanto, os níveis das estações ainda se encontram abaixo do normal para este
período e dentro da zona de atenção para mínimas. No Mato Grosso, nos
municípios de Cáceres, Cuiabá e Santo Antônio do Leverger, os rios estão na
mínima histórica do registro de dados para este período do ano. À exceção das
estações do rio Piquiri, no município Barão do Melgaço (MT). No total, o
monitoramento abrange 21 estações distribuídas ao longo da bacia em oito
municípios.
Prognóstico
de níveis – Nas estações na calha do rio Paraguai, à exceção de Cáceres, as previsões
com horizonte de 28 dias são mantidas pelo Serviço Geológico do Brasil. Para
Ladário (MS), a previsão é que o rio Paraguai no próximo mês suba até 18
centímetros. Em Porto Murtinho (MS), em quatro semanas o rio deve alcançar a
cota de 1,85 metros.
Panorama
da bacia – Em Cuiabá (MT), o rio Cuiabá registrou em 05/11/20, o nível de 30 cm
continuando entre as mínimas históricas do registro de dados. Em anos normais,
a cota registrada seria 77 cm (mediana).
Em
Cáceres (MT), o rio Paraguai que atingiu a mínima histórica entre todas as
cotas já registradas nos dias 10 e 11 de outubro (50 cm). Hoje registra 88 cm.
Esse valor ainda representa uma mínima, pois nunca o rio esteve tão baixo nessa
época. O normal para a estação nesse período do ano seria o registro no dia de
hoje de uma cota de 1,59 m (mediana).
Em
Ladário (MS), município vizinho a Corumbá (MS), a cota do rio Paraguai registra
hoje -12 cm, ainda bem abaixo da mediana para o período, que é 2,27 metros. A
régua de Ladário é a referência para a definição pela Marinha do Brasil de
restrições à navegação no rio Paraguai, que exige cotas acima de 1,5 metros.
Porto
Murtinho (MS), mais ao Sul, o nível do rio Paraguai também subiu. Na semana
passada, estava com 1,04 m e subiu mais 34 cm, chegando a cota atual de 1,38 m,
no entanto, a mediana é 4,10 m, ou seja, ainda precisa subir mais de 2 m
para atingir os níveis considerados normais.
SALA DE CRISE – Os dados atualizados do monitoramento e as previsões do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do rio Paraguai foram apresentados pelo pesquisador em Geociências, Marcus Suassuna, em 05/11/20 na Sala de Crise do Pantanal da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), criada para identificar medidas de resposta aos impactos da seca na Região Hidrográfica do Paraguai.
PREVISÃO
DE CHUVAS – Estimativas de chuvas por satélite, sugerem acumulados de 10 mm nos
últimos 7 dias na bacia do Paraguai como um todo, considerando a estação Porto
Murtinho e utilizando o modelo MERGE/INPE. Maiores volumes de precipitação
foram observados no trecho delimitado pela estação São José do Boriréu, onde
são estimadas chuvas de aproximadamente 24 mm. No bioma Pantanal, foram
estimados acumulados de chuvas de 14 mm em 7 dias. As chuvas observadas neste
mês são prenúncio do início da estação chuvosa.
A
estiagem deste ano é semelhante a seca registrada entre 1968 a 1973. A vazante
extrema foi prevista pelo Serviço Geológico do Brasil a partir do mês de julho,
com a divulgação do primeiro prognóstico. Saiba mais aqui: http://bit.ly/38hHvlA
De acordo com o Cemaden, a seca deste ano é a mais severa dos 22 anos de monitoramento do Índice Padronizado de Precipitação (SPI) na sub-bacia do alto Paraguai e do bioma Pantanal.
Os dados hidrológicos utilizados nos boletins são provenientes da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN) de responsabilidade da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), operada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e demais parceiros. Os dados de monitoramento de chuvas foram obtidos por meio de imagens de satélite do produto MERGE/GPM, disponibilizados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os dados de previsão de chuva apresentados são do modelo CFS, gerados pelo NOAA. As previsões apresentadas neste boletim são baseadas em modelos hidrológicos e estão sujeitas às incertezas inerentes aos mesmos. (ecodebate)