sexta-feira, 11 de julho de 2025

Vários eventos climáticos extremos ao mesmo tempo podem ser o novo normal

É possível que eventos climáticos extremos ocorram simultaneamente e se tornem cada vez mais comuns. Estudos científicos indicam que a combinação de eventos como ondas de calor, secas, incêndios florestais e outros, pode se tornar uma realidade cada vez mais frequente devido ao aumento da temperatura e a intensificação do ciclo hidrológico.

Explicação Detalhada:

Eventos Extremos:

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirma que os eventos climáticos extremos estão se tornando o novo normal, com a média de temperatura global ultrapassando 1°C acima dos níveis pré-industriais.

Mudanças Climáticas:

O aumento da frequência e intensidade desses eventos é diretamente ligado às mudanças climáticas, que são causadas pelo aquecimento global, especialmente pela emissão de gases de efeito estufa.

Impacto Conjunto:

A ocorrência simultânea de diferentes eventos extremos pode ter impactos significativos e complexos, especialmente em áreas vulneráveis, onde a falta de planejamento e gestão adequada pode aumentar o risco de desastres naturais e crises sociais.

Exemplos:

Estudos científicos têm identificado que a combinação de ondas de calor com incêndios florestais pode ser comum em diversas regiões, além de outras combinações, como secas e quebras de safra.

Desafios:

Essa mudança no padrão climático exige que as autoridades e a população estejam cada vez mais preparadas para lidar com eventos climáticos múltiplos e complexos, incluindo a necessidade de adaptar infraestruturas, políticas públicas e práticas de vida.

Ondas de calor, secas e incêndios florestais são alguns dos eventos climáticos extremos que devem não apenas se tornar mais frequentes, mas também ocorrer cada vez mais simultaneamente.

Essa descoberta surge de um novo estudo liderado pela Universidade de Uppsala, no qual pesquisadores mapearam o impacto das mudanças climáticas em diferentes regiões do mundo.

Em um novo estudo publicado na revista Earth’s Future, pesquisadores da Universidade de Uppsala e de universidades belgas, francesas e alemãs demonstraram que, em um futuro próximo, diversas regiões do mundo não serão mais afetadas apenas por eventos climáticos isolados. Em vez disso, diversos eventos diferentes ocorrerão simultaneamente ou em rápida sucessão.

O uso de modelos para prever o clima futuro – temperatura, precipitação, vento e assim por diante – é um método comum em pesquisas climáticas.

Neste estudo, os pesquisadores foram um passo além, alimentando esses dados em modelos adicionais que fornecem informações sobre o impacto concreto na sociedade. Ao calcular o efeito das mudanças climáticas sobre, por exemplo, o risco de incêndios florestais ou inundações, surge uma imagem mais clara de como diferentes regiões do mundo podem ser efetivamente afetadas. A análise examina o que acontecerá entre 2050 e 2099.

Os pesquisadores analisaram especificamente seis tipos de eventos: inundações, secas, ondas de calor, incêndios florestais, ventos de ciclones tropicais e quebras de safras.

Eventos climáticos extremos serão cada vez muito mais constantes e devastadores na América do Sul e no mundo todo também.

Ondas de calor e incêndios florestais são uma característica recorrente

O estudo mostra que a combinação de ondas de calor e incêndios florestais aumentará acentuadamente em quase todas as regiões do mundo, exceto onde não há vegetação, como no Saara.

Ondas de calor e secas se tornarão recorrentes em áreas como a região do Mediterrâneo e a América Latina. Áreas que agora geralmente sofrem eventos isolados, como os países nórdicos, também serão mais frequentemente afetadas por ondas de calor e incêndios florestais combinados.

Apresenta novos desafios para a preparação

A análise dos pesquisadores abrange diversos cenários possíveis de emissão. No entanto, o foco principal está em um cenário médio, considerado realista, dadas as tendências atuais de emissão.

É importante enfatizar que essa mudança que observamos não ocorre apenas se considerarmos o caso mais extremo, em que não fazemos nada para reduzir nossas emissões, mas também se considerarmos um cenário menos pessimista. De uma perspectiva social, precisamos ampliar nossa preparação para lidar com esses eventos extremos concomitantes. Enfrentaremos uma nova realidade climática da qual temos experiência limitada atualmente.

Mudanças Climáticas extremas: O Novo Normal em um Mundo com catastrófica e devastadora transformação. (ecodebate)

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Perda de umidade do ar agrava secas em 40% nos últimos 40 anos

Segundo novo estudo publicado na prestigiosa revista científica Nature, essa demanda crescente por umidade tornou as secas 40% mais severas globalmente nos últimos 40 anos, mesmo em regiões onde a quantidade de chuvas permaneceu inalterada.
Aquecimento global aumenta demanda atmosférica por umidade e intensifica secas mesmo onde precipitação se mantém estável

Pesquisa publicada na revista Nature analisou dados de mais de um século e descobriu que atmosfera aquecida funciona como “esponja gigante” que retira água de cultivos, florestas e rios mais rapidamente que a reposição natural

Um fenômeno até então pouco compreendido está por trás do agravamento das secas ao redor do mundo: a crescente “sede” da atmosfera por água.

Segundo novo estudo publicado na prestigiosa revista científica Nature, essa demanda crescente por umidade tornou as secas 40% mais severas globalmente nos últimos 40 anos, mesmo em regiões onde a quantidade de chuvas permaneceu inalterada.

A descoberta desafia a visão tradicional de que as secas são causadas principalmente pela falta de precipitação. Os pesquisadores identificaram que o aquecimento do ar está aumentando significativamente a capacidade da atmosfera de extrair umidade do solo, rios e plantas.

A esponja invisível no céu

O conceito-chave por trás dessa descoberta é a demanda evaporativa atmosférica (DEA), que funciona como uma esponja gigante no céu. À medida que o ar se aquece, ele consegue absorver mais vapor d’água, criando uma demanda crescente por umidade que muitas vezes supera a capacidade de reposição natural.

“À medida que a atmosfera aquece, o ar com umidade relativa constante retém mais vapor d’água, então a precipitação pode aumentar. Mas, ao mesmo tempo, espera-se que a demanda por evaporação atmosférica também aumente”, explicam os pesquisadores no estudo.

A questão central que a pesquisa buscou responder era: qual fenômeno está crescendo mais rapidamente – a oferta de água através das chuvas ou a demanda atmosférica por umidade?

Metodologia revela tendência alarmante

Para chegar a essas conclusões, os cientistas utilizaram um conjunto de dados de alta resolução cobrindo mais de um século e aplicaram métodos avançados para rastrear como a DEA evoluiu ao longo do tempo. A equipe comparou o abastecimento de água baseado na precipitação com a demanda evaporativa atmosférica usando diversos bancos de dados científicos de referência.

Os resultados foram claros: a demanda evaporativa atmosférica aumentou mais rapidamente do que as taxas de precipitação, indicando uma tendência preocupante em direção a condições mais secas. Em regiões quentes, o aumento de apenas alguns graus na temperatura podem elevar drasticamente a capacidade da atmosfera de extrair umidade de cultivos, pastagens e florestas.

Tempo seco faz mal à saúde dos seres humanos e da natureza.

Impactos além da agricultura

As implicações desta descoberta vão muito além dos efeitos diretos na agricultura. O estudo reforça evidências de que as secas se tornarão mais intensas em um mundo em aquecimento, com consequências graves para a segurança alimentar e hídrica global. Essas mudanças podem, por sua vez, amplificar a instabilidade política e gerar conflitos.

Uma conexão mais imediata pode ser observada na relação entre o aumento da DEA e os incêndios florestais. Uma atmosfera mais “sedenta” resseca a vegetação, contribuindo para incêndios de maior magnitude e intensidade.

Preparando-se para o futuro

Diante desses achados, os pesquisadores enfatizam a importância crítica de sistemas de alerta precoce, gestão eficaz de riscos de seca e ações preventivas. A previsão mais precisa das secas e do aumento da demanda atmosférica pode possibilitar intervenções mais eficazes.

Os agricultores, por exemplo, podem adotar tecnologias como micro irrigação ou tratamentos de solo que aumentem a retenção de água para compensar o aumento da DEA. Cidades e ecossistemas também precisarão desenvolver estratégias de adaptação para um mundo onde a atmosfera demanda constantemente mais umidade.

O estudo abre caminho para novas linhas de pesquisa sobre como a evaporação e a demanda atmosférica interagem não apenas com os padrões de precipitação, mas com todo o sistema de abastecimento de água. Compreender essas interações será fundamental para desenvolver estratégias de adaptação eficazes em um clima em transformação.

Baixa humidade é prejudicial aos seres vivos. (ecodebate)

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Microplásticos contaminam até as áreas marinhas mais protegidas do Brasil

Microplásticos estão contaminando áreas marinhas protegidas no Brasil, incluindo aqueles considerados santuários da biodiversidade, tais como, Fernando de Noronha e Abrolhos. A pesquisa revela que, mesmo em áreas de proteção integral e com restrições à presença humana, os microplásticos chegam transportados pelo vento e correntes marítimas.
Detalhes:

Áreas Marinhas Protegidas (AMPs):

As AMPs, que deveriam ser refúgios para a vida marinha, não estão livres da contaminação por microplásticos.

Contaminação:

Estudo da Unifesp indica que até mesmo reservas sem visitação turística, como o Atol das Rocas, são afetadas por microplásticos.

Origem:

Os microplásticos são fragmentos de plásticos maiores ou fabricados diretamente nesse formato, e podem chegar a áreas protegidas por meio do vento e das correntes marítimas.

Impactos:

A presença de microplásticos na vida marinha pode ter efeitos tóxicos e mecânicos, como redução da ingestão de alimentos, sufocamento, mudanças comportamentais e até alteração genética.

Soluções:

Além de medidas de gestão ambiental e fiscalização rigorosa em AMPs, é fundamental adotar medidas globais, como o Tratado Global dos Plásticos, para lidar com a poluição plástica.

Estudo internacional revela presença de partículas plásticas em santuários da biodiversidade, incluindo Fernando de Noronha e Abrolhos. As áreas marinhas protegidas do Brasil, consideradas santuários da biodiversidade nacional, não escapam da crescente poluição por microplásticos.

Estudo internacional revela presença de partículas plásticas em santuários da biodiversidade, incluindo Fernando de Noronha e Abrolhos

As áreas marinhas protegidas do Brasil, consideradas santuários da biodiversidade nacional, não escapam da crescente poluição por microplásticos.

Uma pesquisa conduzida por cientistas brasileiros e australianos revelou que mesmo as unidades de conservação mais restritivas do país apresentam contaminação significativa por essas microscópicas partículas de plástico.

O estudo, publicado na revista científica Environmental Research, analisou a presença de microplásticos em áreas de proteção integral – as chamadas “no-takes” na literatura internacional –, que são as mais rigorosas em termos de restrição à atividade humana. Entre elas estão parques nacionais como Abrolhos e Fernando de Noronha.

Ostras e mexilhões como “sentinelas do mar”

Para detectar a contaminação, os pesquisadores utilizaram moluscos bivalves – ostras, mexilhões, amêijoas e similares – como organismos indicadores. Esses animais, que possuem conchas divididas em duas partes, foram escolhidos por funcionarem como verdadeiras “sentinelas do mar”.

“Eles se alimentam filtrando a água do mar através de suas brânquias, que funcionam como peneiras naturais”, explica a pesquisa. Durante esse processo, qualquer contaminante presente na água, incluindo microplásticos, fica retido no organismo dos bivalves.

Partículas predominantemente pequenas e escuras

Os microplásticos encontrados – partículas que variam de 1 mícron a 5 milímetros – apresentaram características consistentes ao longo de toda a costa brasileira: eram predominantemente pretos, brancos ou transparentes, e a maioria tinha menos de 1 milímetro de tamanho.

Áreas marinhas protegidas no Brasil estão contaminadas por microplásticos.

A análise química conseguiu identificar 59,4% das partículas coletadas. Os principais componentes foram:

• Polímeros alquídicos (28,1%): utilizados em tintas e vernizes, possivelmente originados de embarcações e barcos turísticos

• Celulose (21%): que pode ter origem natural (plâncton, algas) ou ser resultado de atividade humana (papel, papelão, restos de alimentos)

• PET (14%): comum em embalagens plásticas e fibras sintéticas, liberado durante lavagem de roupas e levado ao mar pelo escoamento urbano

• PTFE ou teflon (12,3%): presente em revestimentos antiaderentes e aplicações industriais

Os 40,6% restantes das partículas não puderam ser identificados pelos métodos utilizados.

Contaminação varia entre as áreas protegidas

O estudo revelou diferenças significativas nos níveis de contaminação entre as diferentes áreas marinhas protegidas. O Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes registrou a maior concentração, com 0,90 partículas por grama de tecido dos moluscos. Já a Reserva Biológica do Atol das Rocas apresentou a menor contaminação, com 0,23 partículas por grama.

Riscos para ecossistemas e cadeia alimentar

Os resultados da pesquisa evidenciam que a poluição plástica alcançou até mesmo os refúgios mais preservados da vida marinha brasileira, representando riscos potenciais para os ecossistemas e para toda a cadeia alimentar.
Santuários marinhos do Brasil estão contaminados por microplásticos

A descoberta reforça a necessidade de medidas mais eficazes de controle da poluição plástica, mesmo em áreas consideradas altamente protegidas, demonstrando que a contaminação por microplásticos é um problema que transcende fronteiras e sistemas de proteção ambiental. (ecodebate)

sábado, 5 de julho de 2025

Inverno 25 deve repetir padrão de temperatura de 2024

Inverno deve repetir padrão de temperatura de 2024, aponta Tempo Ok.

Chuvas acima da média em junho/25 nas regiões sul e sudeste devem ajudar o volume acumulado em nível melhor que o acumulado registrado no inverno de 2024.
O inverno 2025 começa oficialmente no dia 20 de junho às 23h42hs e deve repetir o padrão observado no ano anterior. As temperaturas devem ficar acima da média em boa parte do Brasil em até 2 °C, principalmente, no Paraná, regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Inverno de 2025 pode ser mais quente que o de 2024; confira a previsão para os próximos meses

Previsões indicam um inverno atipicamente quente, com temperaturas acima da média especialmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, repetindo o calor extremo de 2024 e possivelmente quebrando novos recordes de calor.

Mapa de anomalias de temperatura registradas pelo INMET em setembro/2024 ilustra o calor extremo em todo o país, com temperaturas pelo menos 3°C acima da média em vários estados.

O inverno de 2024 no Brasil foi marcado por temperaturas anormais e secas extremas. Em agosto, por exemplo, 3.978 municípios enfrentaram condições de seca, com 201 municípios em situação extrema. Capitais como Curitiba, São Paulo, Goiânia e Brasília registraram dezenas de recordes de temperatura máxima. O Rio de Janeiro, por exemplo, atingiu recordes de calor durante diversos dias seguidos, um mais intenso que o outro.

O impacto, no entanto, não se limitou ao desconforto térmico: houve aumento de problemas respiratórios, desidratação e complicações cardiovasculares. Isso foi resultado da baixíssima umidade relativa (valores abaixo de 15%) associada a péssima qualidade do ar: São Paulo registrou a pior qualidade do ar do mundo durante vários dias consecutivos em setembro/24.

No setor agrícola, culturas essenciais como soja, milho e feijão sofreram perdas significativas, agravando a insegurança alimentar e elevando os preços dos alimentos de maneiras que ainda estão ferindo o bolso do consumidor em 2025.

Inverno de 2025 também será extremamente quente

Infelizmente, as previsões para este ano não sugerem melhoras. Até o ano passado, havia esperanças de solidificação de um La Niña, que é normalmente associado a uma queda das temperaturas em parte do Brasil. No entanto, o fenômeno segue fraquíssimo e deve se dissipar em breve, sem impactar de maneira significativa as condições meteorológicas brasileiras.

Previsão de anomalia de temperaturas do modelo ECMWF para julho/2025.

Como podemos observar no mapa acima, julho será um mês quente, com grande parte do país registrando temperaturas acima da média. Destaque para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (especialmente no Mato Grosso do Sul), onde as anomalias de temperatura serão particularmente pronunciadas.

Embora alguns estados registrem temperaturas dentro da média, NÃO HÁ previsão de temperaturas abaixo da média (mais frias que o normal) para nenhuma parte do Brasil.

E como podemos observar no mapa abaixo, essa situação não se limita ao mês de julho. As temperaturas mais quentes que o normal está prevista para todo o trimestre de junho-julho-agosto/25, que compreende boa parte do inverno no Brasil.

Previsão de anomalia de temperaturas do modelo ECMWF para junho-julho-agosto de 2025.

Isso se traduz numa possibilidade elevada de que o inverno de 2025 seja similar ao de 2024: com a presença de um calor expressivo e possibilidade de diversos novos recordes de temperatura máxima.

Tradicionalmente, o Inverno também é um período onde o centro-sul do país registra umidades relativas extremamente baixas, o que pode levar novamente à formação de condições similares às registradas em desertos e qualidade péssima do ar.

O que podemos fazer para lidar com o futuro?

Apesar de ser signatário do Acordo de Paris, o Brasil enfrenta desafios significativos na implementação de políticas eficazes. O inverno de 2024 - e provavelmente o de 2025 também - reforçam a urgência de medidas sustentáveis, que vão desde o combate ao desmatamento até a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Além disso, a adaptação das cidades, incluindo as condições de trabalho e a rotina das pessoas para lidar com dia-a-dia mais quente que o normal (e por vezes com a presença de calor extremo) já se faz necessária.

Inverno de 2025 pode ser mais quente que o de 2024

População precisa urgentemente se mobilizar, cobrar medidas do governo e das grandes indústrias, e apoiar lideranças que defendam a proposta de tornar o Brasil um exemplo para o mundo sobre como cuidar do meio ambiente e da natureza. (tempo)

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Diversidade etária e economia prateada

A diversidade etária é essencial para o sucesso da economia da longevidade (ou economia prateada), pois promove a complementaridade de habilidades, impulsiona a inovação, fortalece a sustentabilidade econômica e combate o etarismo.
Economia Prateada: Oportunidades e Desafios do Envelhecimento

A diversidade etária é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento econômico, a inovação e a sustentabilidade

Os 30 anos dourados – transcorridos entre 1950 e 1980 – registraram as maiores taxas de crescimento da população, da economia e da renda per capita da história, tanto no mundo quanto no Brasil. A partir de 1980, porém, esse ritmo de expansão demoeconômica começou a desacelerar globalmente, com um impacto ainda mais significativo no cenário nacional.

Após quase cinco séculos de contínuo crescimento populacional e alta predominância de jovens, a principal transformação demográfica do século XXI será a alteração na estrutura etária. Pela primeira vez na história, a maioria dos países e regiões já possuem mais idosos (60 anos ou mais) do que crianças de 0 a 4 anos e, em breve, o número de idosos superará o de crianças e jovens de 0 a 14 anos. Até 2100, estima-se que 30% da população mundial terá 60 anos ou mais, podendo essa proporção alcançar 40% no Brasil.

Sob uma perspectiva pessimista, o envelhecimento populacional pode representar desafios significativos, levando a um fenômeno conhecido como “inverno demográfico” ou “armadilha fiscal geriátrica”. Nesse cenário, o crescimento econômico torna-se inviável, resultando em estagnação ou até retrocesso do progresso social.

Por outro lado, em uma perspectiva mais otimista, o envelhecimento populacional pode ser encarado como uma oportunidade para o desenvolvimento econômico e social, impulsionado por transformações intergeracionais e pela valorização das faixas etárias localizadas na parte superior da pirâmide populacional.

O crescimento da população de 50 anos e mais de idade e a economia prateada.

A população brasileira de 0-59 anos era de 51,3 milhões de pessoas em 1950 e chegou ao pico de 179 milhões em 2020, um crescimento de 3,5 vezes em 70 anos. Mas já está diminuindo. A Divisão de População da ONU estima que o grupo 0-59 anos ficará em 98 milhões de pessoas em 2100, ou seja, reduzindo quase pela metade nos 80 anos entre 2020 e 2100.

Em contraste, a população de 60 anos e mais era de 29,7 milhões de idosos em 2020 e deve passar para 65 milhões em 2100, um crescimento de 2,2 vezes entre 2020 e 2100. Portanto, já está havendo redução da parte da pirâmide abaixo de 60 anos e aumento da parte superior. Sem dúvida, as gerações prateadas terão um peso cada vez maior no Brasil nas décadas vindouras.

O processo de mudança da estrutura etária da população brasileira pode ser visto na figura abaixo, com quatro gráficos com dados da Divisão de População da ONU. O gráfico de 1985 mostra que a população brasileira de 1985 era de 135 milhões de habitantes, com uma idade mediana de 20 anos (metade da população tinha menos de 20 anos e a outra metade tinha mais de 20 anos).

Nota-se que o número de pessoas em cada idade era sempre maior quanto mais próximo da base. Em 1985, o número de crianças de 0 a 1 ano de idade era de quase 4 milhões de pessoas, o número de pessoas com 50 anos era de 975 mil pessoas e o número de pessoas centenárias (100 anos ou mais) era de somente 1 mil pessoas.

Em 2025, a população brasileira está estimada em 213 milhões de habitantes, com uma idade mediana de 35 anos. O número de crianças de 0 a 1 ano de idade caiu para 2,5 milhões de pessoas, o número de pessoas com 50 anos passou para 2,8 milhões de pessoas e o número de centenários está estimado em 9 mil pessoas.

Para 2050, a população brasileira deve ser de 217 milhões de habitantes, com uma idade mediana de 44 anos. O número de crianças de 0 a 1 ano de idade deve cair para 2 milhões de pessoas, o número de pessoas com 50 anos deve subir para 3,1 milhões de pessoas e o número de centenários pode alcançar 73 mil pessoas.

No final do século, a população brasileira deve ser de 163 milhões de habitantes, com uma idade mediana de 51 anos. O número de crianças de 0 a 1 ano de idade deve cair para somente 1,3 milhão de pessoas, o número de pessoas com 50 anos deve ficar em 1,9 milhão de pessoas e o número de centenários pode alcançar 619 mil pessoas.

Por conseguinte, o Brasil vive uma nova dinâmica demográfica: a população brasileira abaixo de 60 anos já está encolhendo, a população total vai começar a decrescer a partir da década de 2040, enquanto a proporção de idosos é a faixa que mais cresce e continuará crescendo ao longo do atual século. Neste quadro, as gerações prateadas vão ter uma importância cada vez maior para a economia brasileira.

Neste cenário, os idosos não devem ser vistos como um problema que obstaculiza o futuro, mas sim como parte da solução para uma nova realidade econômica inserida em uma diferente configuração da estrutura etária. Ao integrar essa população ao mercado de trabalho, ao 3º setor e ao consumo sênior, é possível transformar o envelhecimento populacional em uma oportunidade, gerando benefícios para a sociedade, as empresas e os próprios idosos.

No entanto, isso requer políticas públicas eficazes, mudanças de mentalidade, investimento em capacitação e a superação das barreiras culturais do etarismo. A maior longevidade viabiliza o convívio de diferentes gerações.

A diversidade etária é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento econômico, a inovação e a sustentabilidade, especialmente em um contexto de envelhecimento populacional.

Economia prateada: o mercado que cresce com a idade

A economia da longevidade com maior convivência intergeracional fortalece a economia por meio da complementariedade de habilidades e experiências, inovação e criatividade e resiliência e adaptação a mudanças demográficas nas famílias e na sociedade, da seguinte forma:

Jovens, adultos e idosos trabalhando juntos potencializam os benefícios individuais e coletivos. A colaboração da juventude (com habilidades tecnológicas e criatividade) e dos idosos (com experiência e conhecimento acumulado) cria um ambiente de trabalho mais dinâmico e produtivo.

• A mentoria e o aprendizado intergeracional trazem ganhos inegáveis, pois os profissionais mais velhos podem atuar como mentores, transmitindo conhecimentos tácitos e práticos para os mais jovens, enquanto estes podem ajudar os idosos a se adaptarem às novas tecnologias e tendências.

• As diversidades de perspectivas impulsionam equipes com membros de diferentes idades, trazendo visões variadas sobre problemas e soluções, o que pode levar a inovações mais robustas e adaptadas a um público diversificado.

• A presença de idosos nos mercados de trabalho e de consumo ajuda as empresas a entenderem melhor as necessidades da população mais velha, impulsionando a criação de produtos e serviços específicos para esse grupo (como tecnologias assistivas, turismo adaptado, cuidados de saúde personalizados, etc.).

• A experiência dos idosos, combinada com a energia e a inovação dos mais jovens, pode aumentar a produtividade geral das empresas e da economia, garantindo a sustentabilidade do sistema de produção de bens e serviços.

• A diversidade etária promove a inclusão dos idosos na sociedade, combatendo estereótipos negativos e o preconceito relacionado à idade. Empresas que adotam políticas de diversidade etária tendem a ser mais inclusivas e atraentes para talentos de todas as idades, melhorando sua reputação e competitividade.

• A presença de idosos no mercado de consumo estimula a inovação em áreas como moradia adaptada, mobilidade urbana e cuidados de longa duração. Startups e grandes empresas estão desenvolvendo dispositivos e aplicativos que facilitam a vida dos idosos, como sensores de monitoramento de saúde e plataformas de conectividade.
A diversidade etária é essencial para o sucesso da economia da longevidade (ou economia prateada), pois promove a complementaridade de habilidades, impulsiona a inovação, fortalece a sustentabilidade econômica e combate o etarismo. Integrar jovens, adultos e idosos no mercado de trabalho e na sociedade transforma o envelhecimento populacional em uma oportunidade de desenvolvimento humano, beneficiando todos os grupos etários e o bem-estar geral do país. (ecodebate)

terça-feira, 1 de julho de 2025

Crise climática não nos permite perder tempo

Mudanças climáticas nos impõe a urgência de agir antes que seja tarde demais.

O aquecimento global deixou de ser uma ameaça distante para se tornar uma realidade incontestável que bate à nossa porta. Como temos documentado em diversas edições, este fenômeno resulta da interação complexa de múltiplos fatores ambientais e socioeconômicos, exigindo uma resposta igualmente multifacetada e urgente.

A Desigualdade Diante da Crise

A capacidade de enfrentar os impactos climáticos não será distribuída de forma equitativa pelo globo. Países desenvolvidos, com maior solidez tecnológica, industrial e econômica, poderão absorver – ao menos temporariamente – os custos devastadores dos desastres climáticos.

Já as nações em desenvolvimento e subdesenvolvidas enfrentarão consequências muito mais severas, com perdas humanas e materiais em escala alarmante, intensificando tragédias que já se tornaram rotineiras.

Contudo, essa proteção temporária dos países ricos é uma ilusão perigosa. Até o final do século XXI, nenhum canto do planeta escapará das consequências do aquecimento global. Projeções científicas apontam para a desertificação de, pelo menos, um quarto da superfície terrestre, transformando regiões inteiras em territórios inabitáveis.

Estes conceitos estão ajudando a aprofundar a crise climática global

O Falso Dilema Econômico

O argumento frequentemente usado de que as medidas mitigadoras implicariam custos econômicos insuportáveis revela uma miopia perigosa.

Esses custos serão pagos inevitavelmente – a única diferença é que nossas próximas gerações pagarão um preço exponencialmente maior, não para prosperar, mas simplesmente para sobreviver em um mundo hostil.

A transição para um modelo sustentável e a redução drástica das emissões de gases do efeito estufa certamente demandarão investimentos significativos e mudanças estruturais profundas.

No entanto, essa é a única alternativa viável para garantir condições mínimas de vida no planeta.

A Perspectiva de Gaia

O cientista James Lovelock, criador da revolucionária teoria de Gaia, oferece uma perspectiva que deveria nos tirar o sono. Segundo sua visão, a Terra funciona como um organismo vivo autorregulador, e as mudanças climáticas já ultrapassaram um ponto de não retorno.

Para Lovelock, nossa civilização dificilmente sobreviverá às transformações em curso.

Esta perspectiva nos força a confrontar uma verdade incômoda: não estamos lutando para “salvar o planeta”. Nossa arrogância antropocêntrica nos impede de compreender que a Terra já sobreviveu a pelo menos duas extinções em massa – há 250 milhões de anos, quando 90% da vida foi exterminada, e há 65 milhões de anos, quando os dinossauros desapareceram junto com 60% das espécies existentes.

Com o Planeta Terra em estado crítico, a crise climática é real e perigosa.

A Natureza Sempre Encontra um Caminho

A história geológica demonstra que a natureza possui uma capacidade extraordinária de recomeçar após catástrofes. O que está em jogo não é a continuidade da vida no planeta, mas a sobrevivência da humanidade e da biodiversidade atual. Se persistirmos em nossa trajetória destrutiva, eliminaremos a natureza como a conhecemos, mas o planeta encontrará novas formas de vida – possivelmente sem nossa participação.

A Hora da Ação

Chegamos ao limite do tempo disponível para debates intermináveis e ações tímidas. Cada dia de procrastinação compromete ainda mais as chances de deixarmos um mundo habitável para as próximas gerações. A escolha é simples, embora dolorosa: transformação radical agora ou condenação das futuras gerações a um planeta hostil.

O momento exige coragem política, investimentos massivos em tecnologias sustentáveis e, sobretudo, uma mudança fundamental em nossa relação com o meio ambiente. Não se trata mais de escolher entre crescimento econômico e proteção ambiental – trata-se de escolher entre adaptação inteligente e colapso civilizacional.

A ciência já disse tudo o que precisava dizer. Os dados estão na mesa. A natureza está enviando sinais inequívocos através de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.

Agora é hora de transformar conhecimento em ação, antes que o planeta tome essa decisão por nós.

Quem achar que estou exagerando, leia as matérias “aquecimento global” e “mudanças climáticas” e tire suas próprias conclusões. (ecodebate)

Colapso da camada de gelo da Antártica Ocidental terá efeitos devastadores

Mas como ele também funciona como uma barragem natural para o gelo circundante na Antártida ocidental, os cientistas estimam que o seu colapso total poderá levar a um aumento do nível do mar de cerca de 3 metros – uma catástrofe para as comunidades costeiras do mundo.
Próximos anos são cruciais para o futuro da camada de gelo da Antártica Ocidental e para as regiões costeiras.

Um novo estudo acende um sinal de alerta global: os próximos anos são vitais para a segurança da Camada de Gelo da Antártica Ocidental (West Antarctic Ice Sheet – WAIS, no original em inglês)

A pesquisa, liderada pelo Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático (PIK), que utilizou simulações de modelos remontando a 800.000 anos, revela um cenário preocupante onde a camada de gelo pode entrar em colapso com um aquecimento oceânico mínimo.

As descobertas sugerem que um colapso total dessa camada de gelo poderia resultar em um aumento devastador de 4 metros no nível global do mar ao longo de centenas de anos.

Tal evento teria implicações profundas para as cidades costeiras e ecossistemas em todo o mundo.

Colapso da camada de gelo teria implicações muito mais profundas para todas as cidades costeiras, assim como também, na maioria dos ecossistemas mundiais.

1. A Camada de Gelo da Antártida Ocidental em um Ponto de Inflexão (Tipping Point)

• Dois Estados Estáveis: A pesquisa, que remonta a 800.000 anos, revela que a Camada de Gelo Antártica tem alternado entre dois estados estáveis. O estado atual é aquele em que a WAIS está presente, enquanto o outro é o de seu colapso.

• Gatilho de Inflexão: O principal fator de mudança entre esses dois estados é o aumento da temperatura do oceano ao redor da Antártica. O calor que derrete o gelo é fornecido principalmente pelo oceano, e não pela atmosfera.

2. Consequências Catastróficas e Irreversibilidade

• Aumento Significativo do Nível do Mar: Um colapso da WAIS levaria a um devastador aumento de quatro metros no nível global do mar, que se desenrolaria ao longo de centenas de anos.

• Processo Autossustentável e Irreversível: Uma vez que o “ponto de inflexão” é acionado, o colapso se torna autossustentável e é considerado “muito improvável de ser parado”. Reverter para o estado estável atual exigiria “vários milhares de anos de temperaturas iguais ou abaixo das condições pré-industriais”.

3. Urgência da Ação e Janela Estreita

• Rapidez da Desestabilização vs. Crescimento: Há uma diferença gritante na escala de tempo para a desestabilização de uma camada de gelo em comparação com seu crescimento. Enquanto leva dezenas de milhares de anos para uma camada de gelo crescer, são necessárias apenas décadas para desestabilizá-la pela queima de combustíveis fósseis.

• Ações Imediatas para Evitar o Catástrofe: Os autores enfatizam que “ações imediatas para reduzir as emissões ainda poderiam evitar um resultado catastrófico”. Os próximos anos são “vitais para garantir o futuro da Camada de Gelo da Antártida Ocidental”.

Os cientistas enfatizam a urgência de ações imediatas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A pesquisa aponta que a Camada de Gelo da Antártica Ocidental tem oscilado entre dois estados estáveis no passado, impulsionada por aumentos na temperatura do oceano. No entanto, uma vez que o colapso é iniciado, o processo se torna praticamente irreversível e autossustentável, exigindo milhares de anos de temperaturas pré-industriais para qualquer reversão.

Colapso da camada de gelo da Antártica Ocidental é “inevitável”

Este estudo sublinha a importância crítica das decisões e ações tomadas nos próximos anos para evitar um desfecho catastrófico e garantir a estabilidade futura de um dos maiores e mais importantes reservatórios de gelo do planeta. (ecodebate)

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