Arborização
urbana: variáveis a levar em conta para um desenvolvimento sustentável.
A
arborização urbana gera benefícios ambientais e sociais e contribui para uma
melhoria da qualidade de vida da população dos centros urbanos. Por falta de um
planejamento, o plantio de árvores em vias públicas tem gerado problemas a
moradores, tais como o confronto com equipamentos urbanos, como rede elétrica,
de esgoto, de água, dentre outros. A partir de tal fato o objetivo desta
discussão é analisar variáveis a partir de pesquisas em artigos com relação ao
tema “Arborização Urbana”. Após a elaboração da pesquisa foi possível observar
que inúmeros são os benefícios trazidos pela arborização urbana, porém, é
fundamental que a mesma seja feita com base em planejamentos, pois não são todos
os tipos de árvores que devem ser destinados ao espaço urbano, pois assim,
evitam-se problemas e é possível construir um desenvolvimento sustentável.
Introdução
A
arborização exerce função importante nos centros urbanos, sendo responsável por
uma série de benefícios ambientais e sociais que melhoram a qualidade de vida
nas cidades e a saúde física e mental da população. Arborizar uma cidade não
significa apenas plantar árvores em ruas, jardins e praças, criar áreas verdes
de recreação pública e proteger áreas verdes particulares. A arborização urbana
passa a ser vista nas cidades como importante elemento natural reestruturador
do espaço urbano, pois aproxima as condições ambientais normais da relação com
o meio urbano (RIBEIRO, 2009).
Dentro
de um percurso de tempo não muito distante o homem vem permutando o meio rural
pelo meio urbano. As cidades foram crescendo, na maioria das vezes de forma
muito rápida e desordenada, sem um planejamento prévio adequado, ocasionando,
com isso, uma série de problemas que interferem significativamente na vida dos
seus habitantes (PIVETTA; SILVA FILHO, 2002). Essa realidade demanda ao meio
urbano necessidades de criar condições que venham melhorar a convivência dentro
de um ambiente cada vez mais adverso e insalubre, com uma variedade de
atividades que nesses lugares se desenvolvem. O regime de chuva e a temperatura
podem sofrer alterações, devido à atividade humana desenvolvida que tem causado
profundas mudanças no clima local (GONÇALVES et al., 2012).
A
qualidade de vida dos habitantes de uma cidade é interferida com o processo de
mudanças ocorrido com a sua urbanização (MODNA; VECCHIA, 2003). Tais mudanças
têm relação principalmente com a qualidade do ar, nas quais têm provocado
alterações de sua umidade relativa, temperatura e movimento, como também a
dispersão de poluentes (ROCHA; SOUZA, 2009).
É
preciso considerar que a arborização de uma cidade promove que suas
temperaturas sejam mais amenas se comparado com as que não possuem muitas
árvores e tem muito concreto ao longo de suas ruas. (BONAMETTI (2000). Muitos
benefícios são descritos pelos moradores de locais bem arborizados,
principalmente em relação ao ar mais puro, a menor quantidade de poeira e ainda
a presença das sombras, tanto para descanso das pessoas, como ainda para a
proteção dos carros. Mesmo com esses atributos positivos em uma cidade bem
arborizada, tem aqueles que vêem com mais ênfase os problemas, entre outros que
as árvores fazem muita sujeira nas ruas e calçadas, reduz a iluminação pública,
podem provocar problemas nas calçadas devido suas raízes, e pode também causar
problemas com a rede elétrica e telefônica (CABRAL, 2013).
Schuch
(2006) salienta que para a arborização urbana propiciar benefícios à população,
exige um planejamento criterioso e um manejo adequado. Para tanto, torna-se
necessário o conhecimento do patrimônio arbóreo, que pode ser obtido por meio
de inventário, recurso que se constitui em uma ferramenta fundamental para a
obtenção de informações precisas acerca da população arbórea.
Diante destas
problemáticas acima citadas, o trabalho tem o objetivo de levantar variáveis
para que se construa um desenvolvimento sustentável, permitindo compreender
como a arborização pode ser benéfica para a qualidade de vida das pessoas,
desde que seja feita levando-se em consideração as características urbanas.
Metodologia
O
presente artigo baseia-se na revisão bibliográfica de artigos que abordam o
tema da pesquisa “Arborização Urbana e Município verde”, para melhor elaboração
do projeto. Avaliando o conhecimento em pesquisas precedentes, analisando e
identificando problemas relacionados aos assuntos, conceitos, benefícios sobre
os temas, será possível desenvolver este artigo.
Importância
da arborização
É
necessário lembrar que a paisagem urbana é composta por casas comerciais,
indústrias, residências, arborização e paisagismo, sistema viário, estruturas e
equipamentos das empresas de energia elétrica, de água, saneamento e de
telecomunicação.
De
acordo com a EMBRAPA (2000), a arborização é um componente de grande
importância urbana. Além da função paisagística, ela proporciona outros
benefícios à população tais como: purificação do ar pela fixação de poeiras e
gases tóxicos e pela reciclagem de gases através dos mecanismos fotossintéticos;
melhoria do microclima da cidade, pela retenção de umidade do solo e do ar e
pela geração de sombra, evitando que os raios solares incidam diretamente sobre
as pessoas; redução na velocidade do vento, influência no balanço hídrico,
favorecendo a infiltração da água no solo e provocando evapotranspiração mais
lenta; abrigo à fauna, propiciando uma variedade maior de espécies, e o que
influencia positivamente ao ambiente, pois propicia maior equilíbrio das
cadeias alimentares e diminuição de pragas e agentes vetores de doenças e
amortecimento de ruídos.
A
arborização urbana no Brasil é de competência das administrações municipais
(BONONI, 2006). Embora haja uma crescente disposição, tanto dos órgãos
governamentais envolvidos, como de grande parcela da população, muitos são os
problemas enfrentados, como a falta de técnicos capacitados que orientem sobre
um plantio correto, escolha da espécie, poda de formação, utilização de
tutores, grade de proteção, irrigação em período de estiagem e adubação.
Assim, para alcançar a
qualidade do ambiente urbano é necessário realizar um planejamento prévio, para
que não surjam problemas decorrentes do plantio. Análise da vegetação e do
local e desenvolvimento da população são componentes a serem observados para
que haja esse planejamento (CEMIG, 1996). Dessa forma é possível afirmar que a
arborização deve ser a mais diversificada possível, por motivos estéticos, pela
preservação da fauna e da própria biodiversidade vegetal e da cultura regional.
Além disso, podem ser utilizadas espécies exóticas, mas a prioridade são as
plantas nativas.
Arborização
e seus benefícios
Arborização
é algo muito importante para se ter uma boa qualidade de vida, ela propícia um
bem-estar tanto mental como social nas cidades, esta faz parte do cenário
urbano, tornando a paisagem mais bonita. De acordo com o Manuel de Arborização
de Minas Gerais (2011), as árvores são a maior forma de vida existente no
planeta, presentes em praticamente todos os continentes. Apresentam alto grau
de complexidade e de adaptações às condições do meio, permitindo sua
convivência em diversos ambientes, incluindo as cidades.
A
arborização colabora de forma significativa para a melhoria do conforto urbano.
É elemento de contemplação, fornecedora de flores e frutos atrativos, e centro
de configuração paisagística, como ponto de referência para orientação e
identificação, possibilitando a proximidade e convivência do homem com a
natureza no espaço construído (PORTO; BRASIL, 2013).
As
arvores proporcionam sombra, abrigo para os animais pequenos, além de fornecer
seus alimentos. Retém o calor causado pelas zonas urbanas, ajuda na diminuição
da poeira, ameniza a poluição sonora e contribui para redução de microrganismos
patogênicos, ajudando a conservar a limpeza da cidade e a saúde da população. A
complexidade da construção de uma cidade arborizada, dificulta no interesse dos
serviços públicos, deixando muito a desejar, por isso, muitas cidades ainda não
possuem um plano propriamente dito para o plantio e os cuidados complementares
de se ter uma árvore.
A
arborização constitui elemento de suma importância para a obtenção de níveis
satisfatórios de qualidade de vida. No entanto, poucas cidades brasileiras
possuem planejamento efetivo para arborização de suas vias públicas (FARIA;
MONTEIRO; FISCH 2007).
Principais
problemas da arborização
O
crescimento desordenado dos centros urbanos gerou uma condição de
artificialidade em relação às áreas verdes naturais e com isso vários prejuízos
à qualidade de vida dos habitantes. Porém, parte desses prejuízos pode ser
evitada pela legislação e controle das atividades urbanas e outra parte
amenizada pelo planejamento urbano, ampliando-se qualitativa e
quantitativamente a arborização de ruas e as áreas verdes (MILANO, 1987).
Como
já citado anteriormente, a maioria dos problemas de arborização urbana são
causados pelo confronto de árvores inadequadas com equipamentos urbanos, como
fiações elétricas, encanamentos, calhas, calçamentos, muros e postes de
iluminação.
Outras
causas que acarretam problemas são queda de folhas, flores, frutos e galhos.
Também facilitam a ação de bandidos quando atrapalham a iluminação pública e
quando são plantadas perto dos muros ou cresce torta, facilitando os
assaltantes subirem nas árvores para pularem para dentro das casas. Outra causa
é a dificuldade no trânsito de veículos e pedestres ao obstruírem placas de
orientação. Os galhos muito baixos dificultam o estacionamento de veículos e
passagem dos pedestres. Estragos na calçada por raízes é outro problema em que
uma muda mal plantada acarreta a população (RIBEIRO, 2009).
Arborização
e a utilização das espécies nativas
A
manutenção das espécies nativas é de suma importância para a preservação das
mesmas e contribuem com o sucesso do funcionamento dos projetos de arborização.
Segundo Ceccheto (2014), ao se utilizarem as espécies nativas regionais na
arborização urbana, a coexistência e sobrevivência dessas espécies em escala
local poderiam ser garantidas.
As
espécies nativas possuem diversas predominâncias favoráveis em relação às
exóticas, sendo algumas delas: adaptabilidade garantida ao clima e solo; melhor
desenvolvimento metabólico; maiores possibilidades de produção de flores e
frutos saudáveis; propicia a alimentação para animais também nativos,
conservando a fauna local; promulga a proliferação da espécie, evitando a sua
extinção; evita o aumento de espécies invasoras exóticas e as doenças e pragas
ocasionadas pelas mesmas; além de oferecer os benefícios comuns a todos os
gêneros arbóreos (CECCHETTO; CHRISTMANN; OLIVEIRA; 2014).
Além de trazer uma
singularidade para a região, valorizando a paisagem construída, tornando-se
atrativa para turistas. Pois com espécies nativas é mais fácil a identificação
a localidade observada.
Planejamento
da arborização urbana
É
comum constatar-se a diminuição de vegetação natural à medida que se acelera o
processo de urbanização, em face dos reflexos das políticas públicas
estabelecidas pelas três esferas governamentais (Federal, Estadual e
Municipal), afetando o equilíbrio ecológico urbano e contrariando os interesses
de bem-estar da população (SCHUCH, 2006).
Primeiro
passo para desenvolver um projeto de arborização dentro de um município, é
conhecer área em questão, para que assim possa-se cogitar o tipo de espécie
(tamanho, comprimento, largura) que podem ser plantadas no local, dando
preferência as espécies nativas da região. Para isso, são necessários que
contratem profissionais especializados, caso contrário, o que seria um lugar de
tranquilidade, beleza, sombra e ventania nos períodos quentes pode vir a se
tornar um lugar perigoso, devido a redes elétricas e durante período chuvoso.
A
arborização deve ser incorporada à prática de planejamento urbano, levando-se
em consideração os benefícios que esta proporciona à cidade e à população que
nela habita, considerando, porém, o aspecto vegetativo e físico da árvore, de
modo a obter o convívio harmonioso entre está e o meio urbano (PORTO; BRASIL,
2013).
Uma
cidade arborizada não é tarefa fácil, exige minuciosamente um bom planejamento
urbano. É indispensável uma organização de forma coerente, para que as árvores
não se tornem prejudiciais as vias públicas e privadas como em: avenidas, ruas,
casas, redes de esgotos, distribuição de água, redes elétricas, prédios,
ambientes de lazer e principalmente uma atenção especial para o tipo de espécie
da região onde está sendo localizada a cidade em questão. Para que futuramente,
não se torne necessário sua remoção. Plantar apenas não soluciona o problema,
plantios em locais indevidos podem trazer grandes danos.
A
arborização bem planejada é muito importante independentemente do porte da
cidade, pois, é muito mais fácil implantar quando se tem um planejamento, caso
contrário, passa a ter um caráter de remediação, à medida que tenta se encaixar
dentro das condições já existentes e solucionar problemas de toda ordem
(PIVETTA; SILVA, 2002).
Desse
modo, faz-se necessário levar em consideração alguns eventos que são
importantes como: a definição do espaçamento entre as mudas, pois ao serem
plantadas elas dependem, entre outros fatores, da largura das ruas e das
calçadas.
Resultado
e discussão
Ainda
existem muitos desafios a serem superados para que a arborização urbana no
Brasil seja considerada satisfatória, no sentido de proporcionar maior
qualidade ambiental à população urbana. Dentre estes desafios, podem-se apontar
maiores investimentos em infraestrutura e planejamento urbano voltado ao
incremento da arborização urbana, maior valorização da arborização urbana como
elementos essenciais à paisagem urbana, investimentos em capacitação de
profissionais junto às secretarias municipais de meio ambiente e distribuição
mais igualitária da flora urbana e de seus serviços ecossistêmicos entre
bairros de diferentes classes sociais nas cidades brasileiras.
A
arborização urbana é um tema que está sempre em discussão quando se trata de
meio ambiente, qualidade de vida nas cidades e melhoria no ar que respiramos.
Todos os seres vivos necessitam de um ambiente equilibrado ecologicamente para
sobreviver. Muitas vantagens podem ser apontadas com a arborização, como
melhoria na qualidade do ar, beleza nas ruas, redução da poluição sonora,
redução de calor, sombreamento, além da produção de flores e frutos, o que
embeleza ainda mais as ruas arborizadas adequadamente.
A
falta de planejamento da urbanização introduz elementos hostilizadores à
prática da arborização urbana, como calçadas estreitas, vias não projetadas ao
plantio de árvores, rede elétrica, fachadas de empreendimentos comerciais, cercas
elétricas, dentre outros. Portanto, as ações voltadas ao incremento da
arborização urbana no Brasil para melhoria da qualidade ambiental urbana devem
priorizar o investimento em infraestrutura urbana anteriormente planejada para
sua introdução.
Mas se as pessoas ao
plantar árvores em frente às suas casas seguirem alguns critérios sugeridos por
órgãos competentes, muitos dos conflitos poderiam ser evitados. Se for
obedecido algumas recomendações como o porte das árvores plantadas, estas
provavelmente não causarão danos físicos às calçadas e nem alcançarão as redes
elétricas.
Conclusão
Com
base nos levantamentos de dados obtidos através de pesquisas bibliográficas,
verificasse como é importante a arborização e seus benefícios junto a um
planejamento arbóreo no município, pois fica comprovada a necessidade de uma
seleção de árvores adequadas para cada localidade, além da escolha correta do
local da mesma, pois nem toda planta tem a estrutura correta para ser plantada
em qualquer área, por isso, é necessário o envolvimento com arquitetos,
engenheiros, paisagistas, órgãos públicos, privados e toda a comunidade em
geral, para que dessa forma, o projeto tenha êxodo.
É
importante destacar o envolvimento da comunidade em geral, destacando projetos
que venham a desenvolver o senso crítico e que desperte a comunidade,
principalmente as crianças, a preocupação e a importância de espaços
arborização dentro do município, formando assim, uma comunidade integrada,
preocupada e conscientizada sobre os problemas ocasionados devido à ausência ou
a pequena quantidade de árvores na cidade.
Além
disso, concluímos que a população deve observar técnicas de espaçamento entre
espécies, a distância da árvore em relação ao poste de iluminação, a garagens e
outros locais que possam desencadear problemas. O tipo de espécie a ser
plantada é relevante, pois vale lembrar que uma muda cresce e que a população
deve respeitar o tamanho da copa e a estrutura de raízes das árvores para
evitar problemas futuros. É necessário que se realize podas de formação, pois
algumas espécies consideradas de médio porte podem crescer e causar confrontos.
(ecodebate)