segunda-feira, 29 de abril de 2019

Mudanças climáticas intensificaram as chuvas extremas do furacão Maria

As mudanças climáticas intensificaram as chuvas extremas do furacão Maria, que atingiu Porto Rico em 2017.
Entulho voa carregado pelos ventos do furacão Maria em sua passagem por Guayama, Porto Rico.
O furacão Maria causou mais chuvas em Porto Rico do que qualquer tempestade que atingiu a ilha desde 1956, um feito devido principalmente aos efeitos do aquecimento causado pelo homem, segundo uma nova pesquisa.
Um novo estudo que analisa a história do furacão de Porto Rico mostra que, em 2017, Maria teve a maior precipitação média das 129 tempestades atingidas na ilha nos últimos 60 anos. Uma tempestade de magnitude de Maria é quase cinco vezes mais provável de se formar agora do que durante a década de 1950, um aumento devido em grande parte aos efeitos do aquecimento induzido pelo homem, de acordo com os autores do estudo.
“O que descobrimos foi que a magnitude da precipitação de Maria é muito mais provável no clima de 2017, quando ocorreu em 1950, em comparação com o início do recorde”, disse David Keellings, geógrafo da Universidade do Alabama, em Tuscaloosa, e principal autor do estudo na revista Geophysical Research Letters da AGU.
Estudos anteriores atribuíram as chuvas recorde do furacão Harvey à mudança climática, mas ninguém havia olhado em profundidade para as chuvas de Maria, que atingiu Porto Rico menos de um mês depois que Harvey devastou Houston e a Costa do Golfo. Precipitações extremas durante as duas tempestades causaram inundações sem precedentes que os colocaram entre os três furacões mais caros já registrados (o outro foi o furacão Katrina em 2005).
O novo estudo contribui para o crescente corpo de evidências de que o aquecimento causado pelos seres humanos está tornando eventos climáticos extremos como esses mais comuns, de acordo com os autores.
“Algumas coisas que estão mudando em longo prazo estão associadas à mudança climática – como a atmosfera ficando mais quente, temperaturas da superfície do mar aumentando e mais umidade disponível na atmosfera, juntas elas tornam algo mais parecido com Maria em termos de magnitude de precipitação”, disse Keellings.
Construindo uma história de chuva
José Javier Hernández Ayala, pesquisador do clima na Sonoma State University, na Califórnia, e co-autor do novo estudo, é originário de Porto Rico e sua família foi diretamente afetada pelo furacão Maria. Após a tempestade, Hernández Ayala decidiu se juntar a Keellings para ver como Maria era incomum em comparação com as tempestades anteriores que atingiram a ilha.
Comparação de luzes à noite em Porto Rico antes (em cima) e depois (abaixo) do furacão Maria.
Os pesquisadores analisaram as chuvas dos 129 furacões que atingiram Porto Rico desde 1956, o primeiro ano com registros nos quais eles podiam confiar. Eles descobriram que o furacão Maria produzia a maior chuva diária dessas 129 tempestades: impressionantes 1.029 milímetros (41 polegadas) de chuva. Isso coloca Maria entre os 10 maiores furacões que já atingiram o território dos Estados Unidos.
“Maria é mais extrema em sua precipitação do que qualquer outra coisa que a ilha já viu”, disse Keellings. “Eu só não esperava que fosse muito mais do que qualquer outra coisa que tenha acontecido nos últimos 60 anos.”
Keellings e Hernández Ayala também queriam saber se a chuva extrema de Maria era resultado da variabilidade natural do clima ou das tendências de longo prazo, como o aquecimento induzido pelo homem. Para fazer isso, eles analisaram a probabilidade de um evento como Maria acontecer nos anos 50 versus hoje.
Eles descobriram que um evento extremo como Maria tinha 4,85 vezes mais probabilidade de acontecer no clima de 2017 do que em 1956, e que a mudança na probabilidade não pode ser explicada por ciclos climáticos naturais.
No começo do registro observacional nos anos 1950, uma tempestade como Maria provavelmente derrubaria aquela chuva a cada 300 anos. Mas em 2017, essa probabilidade caiu para cerca de uma vez a cada 100 anos, de acordo com o estudo.
“Devido à mudança climática antropogênica, agora é muito mais provável que recebamos esses furacões que derrubam grandes quantidades de precipitação”, disse Keellings.
As descobertas mostram que a influência humana na precipitação de furacões já começou a se tornar evidente, segundo Michael Wehner, cientista climático do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, em Berkeley, Califórnia, que não estava conectado ao novo estudo. Como grande parte do dano de Maria deveu-se à inundação causada pela quantidade extrema de chuva, é seguro dizer que parte desses danos foi exacerbada pela mudança climática, disse Wehner. (ecodebate)

Pare de despejar plástico no paraíso

É inacreditável! Os governos ocidentais estão despejando milhões de toneladas de lixo plástico nos países em desenvolvimento ao invés de reciclar!
Os governos ocidentais estão despejando milhões de toneladas de lixo plástico em países em desenvolvimento e praias paradisíacas ao invés de reciclar.
Todos nós já vimos as imagens chocantes de praias paradisíacas entupidas de plástico, mas aposto que nenhum de nós sabia que esse plástico poderia ser da Europa, dos EUA e do Canadá!
Em uma tentativa de combater esse absurdo, acontece agora mesmo uma conferência em Genebra para decidir se a exportação de lixo plástico para países que não conseguem processá-lo deve ser interrompida.
Há um enorme apoio à ideia, mas grandes empresas e governos poderosos como o de Trump, estão tentando bloquear a proposta. Nossas fontes disseram que uma grande demonstração de apoio popular pode fazer a diferença e que levariam nossas vozes para o epicentro da negociação em 48 horas. Então vamos protestar urgentemente com uma única e clara mensagem: parem de jogar plástico no paraíso!
Nosso vício em plástico está matando baleias, tartarugas e outras maravilhas marinhas, e prejudicando as comunidades onde o lixo plástico é despejado. Como cidadãos do mundo pedimos a V. Exas que apoiem a proposta da Noruega de acabar com as exportações irresponsáveis de lixo plástico para os países em desenvolvimento que não podem processá-lo.
90% do plástico nos oceanos vêm de rios da Ásia. (avaaz)

sábado, 27 de abril de 2019

Produção d'água de reuso transforma esgoto tratado em água industrial

SP: Projeto Aquapolo, projeto de produção de água de reuso, transforma esgoto tratado em água industrial.
O Projeto Aquapolo é um marco na história do Saneamento brasileiro, onde a SABESP e a BRK Ambiental transformam o esgoto tratado em água industrial.
Esse projeto tem números impressionantes: a adutora que conduz o esgoto tratado ao Aquapolo tem 17 km de extensão; a área construída tem 15.000 m2; os dois tanques de armazenamento de água têm, em conjunto, capacidade para 70.000 litros; a rede de distribuição de água industrial tem 3,6 km e a capacidade de tratamento é de 1.000 litros por segundo. Tudo isso faz do Aquapolo o quinto maior empreendimento de produção de água industrial do planeta.
Ao entrar no Aquapolo, o esgoto tratado na ETE ABC passa por biodiscos, em que grande parte da matéria orgânica é oxidada a gás carbônico e água e a amônia é convertida a nitrato. Em seguida, o nitrato é removido no reator anóxico. Do reator anóxico, o líquido vai para o reator aeróbio, onde a maior parte da matéria orgânica remanescente é oxidada a gás carbônico e água. Após passar pelo reator aeróbio, o líquido é encaminhado ao biorreator de membranas (MBR), que reúne as funções de lodos ativados e de ultrafiltração. O efluente do biorreator recebe dióxido de cloro antes de ser armazenado no tanque 1.
O tanque 1 é dividido em dois módulos. O módulo 1 recebe o efluente do MBR e o distribui ao módulo 2, que abastece as indústrias do Polo Petroquímico do ABC e o tratamento por osmose reversa, destinado às empresas que necessitam de água desmineralizada.
É importante observar que um tratamento por osmose reversa faz com que apenas uma parcela do líquido que entra no tratamento – o permeado – possa ser aproveitado. No Projeto Aquapolo, no entanto, não há perda de água, pois a parcela rejeitada – o concentrado – é devolvida ao tanque 1, entrando diretamente no módulo 2, que abastece as empresas que não necessitam de água desmineralizada.
Para se ter ideia do tratamento realizado, aqui estão alguns números das análises físico-químicas da água contida no tanque 1 e a comparação com os limites respectivos estabelecidos pelo Anexo XX da Portaria de Consolidação 05/2017 do Ministério da Saúde (PRC 05), que trata dos requisitos indispensáveis para que a água possa ser considerada potável:
Parâmetro
Saída Aquapolo
Limites permitidos
Dispositivo PRC 05
Alumínio
0,2
0,2
Anexo 10
Cobre
0,1
2
Anexo 7
Ferro
0,3
0,3
Anexo 10
Manganês
0,2
0,1
Anexo 10
Amônia
1
1,5
Anexo 10
Surfactante
1
0,5
Anexo 10
Dureza
100
500
Anexo 10
Sulfetos
0,1
0,1
Anexo 10
Turbidez
1
0,3
art. 31
pH
6,66
Entre 6 e 9,5
art. 39
Os responsáveis pelo Projeto Aquapolo não divulgam análises do líquido armazenado no tanque 2. Contudo, é de se esperar que atenda a todas as exigências da PRC 05, pois, na osmose reversa, as impurezas são retidas em poros diminutos para que a água se torne apta a ser usada em caldeiras, torres de resfriamento e onde mais for requerida água desmineralizada.
O grande gargalo do Projeto Aquapolo é sua capacidade ociosa. Atualmente, o Polo Petroquímico do ABC demanda apenas 650 l/s. Cerca de 350 l/s, que poderiam ser transformados em água potável, diminuindo o enorme déficit hídrico da região, não o são.
A título de comparação, a estação de reuso potável de Goreangab, na Namíbia, que transforma esgoto doméstico em água potável, foi inaugurada em 1968 e não tem, sequer, tratamento por osmose reversa. O efluente da estação, após clorado, é distribuído à população da capital e, até hoje, não se verificou qualquer tipo de doença vinculado à conversão do esgoto doméstico em água potável.
A conversão da capacidade ociosa do Projeto Aquapolo em água potável será muito mais fácil, devido ao tratamento por osmose reversa. A parcela do efluente tratado que não for destinada às empresas que requerem água desmineralizada deve ser encaminhada à ETA mais próxima, que tenha capacidade suficiente para receber essa vazão adicional.
A análise do efluente da osmose reversa é fundamental para se saber em que parte da ETA esse efluente será lançado. Caso atenda às exigências da PRC 05, poderá se unir à água tratada na ETA imediatamente a montante da cloração. A junção com a água tratada na ETA vai devolver ao efluente da osmose reversa os sais minerais indispensáveis à dieta humana. Ressalte-se que a PRC 05 não faz menção à existência de sais minerais na água de abastecimento público, que são indispensáveis ao consumo humano, daí a necessidade de se misturar a água que os contenha para que o efluente da osmose reversa seja remineralizado.
Efetuada a cloração e corrigido o pH da água, esta estará apta a ser fornecida como água potável. Contudo, se as análises da água do tanque 2 indicarem parâmetros da PRC 05 que não estejam sendo observados, o excedente do tratamento por osmose reversa deverá se juntar à água tratada na entrada da ETA. Dependendo do resultado das análises, pode ser indicado tratamento adicional antes de o líquido ser encaminhado à estação.
Efetuada a cloração, a vazão de água potável da ETA estará acrescida da atual capacidade ociosa do Aquapolo, ou seja, de cerca de 350 l/s ou 0,9 bilhões de litros por mês que, somados aos 1,7 bilhão de litros por mês que são economizados com a substituição de água potável por água de reuso, totalizarão uma economia de 2,6 bilhões de litros por mês de água oriunda de fontes que podem secar durante o período de estiagem.
Nos Estados Unidos, são várias as estações de reuso potável direto já existentes, como a Water Factory 21, que possui um local de degustação onde as pessoas podem beber água que foi esgoto, conforme o que se vê no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=CkTCXFC3s24.
Portanto, o Projeto Aquapolo, o maior projeto de produção de água de reúso da América Latina, poderá vir a ser, também, a primeira estação de reuso potável direto da América Latina, ombreando-nos não apenas com os Estados Unidos, mas com países da Europa, da Ásia, da Oceania e até da África.
Sugerimos que a SABESP e a BRK Ambiental não percam tempo, pois uma próxima estiagem já se anuncia na bacia do Cantareira, de onde é importada a água necessária a suprir o déficit hídrico da Região Metropolitana de São Paulo. (ecodebate) 

Urbanização aumenta transferência d'água de regiões rurais para urbanas

Urbanização acelerada aumenta a pressão para a transferência água das regiões rurais para as urbanas.
Uma equipe internacional de pesquisadores realizou a primeira revisão global sistemática de transferência de água das regiões rurais para as urbanas – a prática de transferir água das áreas rurais para as cidades para atender à demanda de populações urbanas em crescimento.
Eles descobriram que 69 cidades com uma população de 383 milhões de pessoas recebem aproximadamente 16 bilhões de metros cúbicos de água realocada por ano – quase o fluxo anual do rio Colorado.
O estudo, publicado na Environmental Research Letters , descobriu que a América do Norte e a Ásia são hotspots para a realocação de água rural-a-urbana, com a prática em ascensão na Ásia. Vinte e uma cidades contam com vários projetos de realocação de água, como Amã, na Jordânia, e Hyderabad, na Índia.
Desde 1960, a população urbana global quadruplicou, impulsionando a demanda e aumentando a competição entre as cidades e a agricultura pela água. Com 2,5 bilhões a mais de habitantes urbanos esperados até 2050, essa tendência deve aumentar. Mesmo no Reino Unido – onde a água é considerada abundante – as preocupações com a escassez de água estão despertando interesse nas transferências de água, com o chefe da Agência Ambiental, Sir James Bevan, advertindo que a Inglaterra poderia ficar sem água em 25 anos. A mudança climática pressionará ainda mais os recursos hídricos e a tomada de decisão regional em torno da realocação da água, conforme destacado pelas crises da seca na Cidade do Cabo, Melbourne e São Paulo na última década.
Os pesquisadores observaram que as cidades costumam ter influência econômica e política nos negócios de água. Quando as regiões rurais não estão envolvidas na concepção, desenvolvimento e implementação de um projeto de realocação, a realocação pode aprofundar a desigualdade e fomentar o ressentimento e a resistência. O espectro de cidades agrícolas empoeiradas e desertas se destaca desde o projeto icônico que realocou a água dos fazendeiros do Vale do Owens para Los Angeles, Califórnia, no início do século XX. Casos de conflito surgiram de Melbourne a Monterrey.
Migração significa tudo que tem a ver com mudança de pessoas. Quando pessoas mudam dentro do próprio país falamos de migração. Quando pessoas saem do país, temos emigração. Quando pessoas são atraídas para um país, chama-se imigração.
“Nossa pesquisa indica que a governança é importante”, disse o principal autor do estudo, Dr. Dustin Garrick, professor associado de gestão ambiental na Smith School of Enterprise and the Environment da Universidade de Oxford. “As cidades e as regiões rurais precisam de fóruns para negociar acordos, amenizar conflitos, mitigar impactos e compartilhar os benefícios desses projetos”.
Historicamente, a pesquisa sobre esse assunto tem sido limitada. O professor Garrick montou uma equipe internacional com especialistas em pontos-chave, incluindo China, Índia e México, para revisar quase 100 publicações e estabelecer um novo banco de dados de realocação global.
“Os números globais representam a ponta do iceberg – uma estimativa de limite inferior”, disse ele. “Nossa análise mostra que estamos subestimando o tamanho e a escala, bem como os custos e benefícios da realocação de água de áreas rurais para urbanas, devido aos principais pontos cegos nos dados, particularmente no que diz respeito à América do Sul e à África. são os lugares onde as pressões futuras da água provavelmente serão maiores e nossa capacidade de rastrear a realocação é mais limitada”. Como resultado, políticas e investimentos são frequentemente feitos com evidências limitadas, dizem os pesquisadores.
A análise do professor Garrick e seus colegas oferece um primeiro passo para identificar tanto as ameaças quanto os ingredientes-chave para projetos bem-sucedidos de realocação de água, que poderiam ajudar a identificar situações “ganha-ganha” para as comunidades rurais e urbanas no futuro.
A autora colaboradora, Lucia De Stefano, professora associada da Universidad Complutense de Madri, acrescentou: “É nossa esperança que os tomadores de decisão possam estar melhor preparados para atuar em evidências, particularmente antes que as crises sejam atingidas e a pressão por ações rápidas possa levar a decisões precipitadas”.
Esquema da realocação da água das áreas rurais para as urbanas, in ‘Rural water for thirsty cities: a systematic review of water reallocation from rural to urban regions’. (ecodebate)

quinta-feira, 25 de abril de 2019

A mudança geoeconômica global

A mudança geoeconômica global
O mundo está passando por uma mudança geoeconômica e geopolítica de grandes proporções. Nos últimos 40 anos, o mapa mundial das principais economias globais e dos blocos regionais e políticos se alterou com surpreendente rapidez. Como mostra o gráfico acima, com dados do FMI, o G20 (que reúne 19 das maiores economias do mundo mais a União Europeia) mantem o percentual acima de 80% do PIB mundial, apesar da ligeira diminuição de 83,7% em 1980, para 80,4% em 2018.
Porém, o G7 – que reúne as principais economias capitalistas do mundo (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá) – apresentou uma redução relativa muito acentuada, passando de 51% do PIB global em 1980, para 30,1% em 2018. Em 1980, o G7 era mais do dobro do G12 (os países em desenvolvimento, representados nas colunas do gráfico acima) e tinha uma economia mais de 20 vezes superior à economia da China ou 10 vezes superior à Chíndia (China + Índia). Mas o G7 ficou menor do que o G12 em 2009 e deve empatar com a Chíndia em 2020. Para 2023, a estimativa do FMI é que o G7, com 27,1% do PIB global, será menor do que o G12 com 46,7% e menor do que a Chíndia com 30,3%.
A União Europeia (com 28 Estados-membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, República Checa, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Romênia, Reino Unido e Suécia), tinha 29,9% do PIB mundial em 1980 e caiu para 16,3% em 2018, ficando abaixo da participação da China (18,7%) e, consequentemente, abaixo da Chíndia, do RIC (Rússia, Índia e China) e do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Em 2023, a UE, com 14,8% em relação ao PIB global, deve representar a metade do tamanho da Chíndia (com 30,3%) e três vezes menor do que o G12.
Observa-se uma grande inversão do peso das economias avançadas em relação às economias emergentes nas últimas 4 décadas. Considerando as economias avançadas como sendo o G7 mais a “UE – 4” (UE menos a Alemanha, França, Reino Unido e Itália) e o G12 como as economias em desenvolvimento ou emergentes do grupo G20, nota-se que as primeiras (avançadas) representavam 61,7% do PIB global em 1980, quase 3 vezes superior aos 22% das economias emergentes (G12). No ano 2013, pela primeira vez, as economias emergentes ultrapassaram as economias avançadas e em 2018, elas já representavam 42,9% do PIB global, contra 36,9% das economias avançadas. A estimativa do FMI para 2023 indica o G7 + “UE – 4” com 33,5% e o G12 (economias emergentes do G20) com 46,7% do PIB global. Portanto, mudou a correlação de forças entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.
Entre os países emergentes, o grande destaque é o grupo BRICS que no ano 2000 representava 18,7% do PIB global e era quase 3 vezes menor do que as economias avançadas com 52,8% do PIB global, conforme sintetizado na tabela abaixo. Contudo, mostrando a inversão geoeconômica global, o BRICS empatou com o G7 + “UE – 4” em 2018 e deve ficar com 35,9% do PIB global contra 33,5% das economias avançadas. Entre os 5 países do grupo BRICS o destaque é o subgrupo RIC (Rússia, Índia e China) que em 2023 deve empatar com o conjunto das economias avançadas, em torno de 33% do PIB global. E no subgrupo RIC, o destaque é a Chíndia (China + Índia) que até 2023 vai ultrapassar o peso do G7 na economia internacional. Evidentemente, entre todos os países, a nação que apresentou o crescimento mais rápido e o maior salto em termos de desenvolvimento socioeconômico é a China que já superou os EUA e também a União Europeia, sendo o país com o maior PIB do Planeta.
O fato é que as economias emergentes cresceram muito mais rápido que as economias avançadas nas últimas 4 décadas. O motor do crescimento mundial está localizado nas duas nações mais populosas do mundo – China e Índia – que também já foram as grandes potências do passado, antes do início da Revolução Industrial e Energética. Rússia, Índia e China formam o grupo RIC, que tem uma posição fulcral na Eurásia, contam com uma força de trabalho muito ampla e com amplos recursos naturais. O triângulo estratégico deve forjar uma nova ordem global, reconfigurando as relações internacionais e gerando grandes impactos econômicos e políticos sobre as relações estruturais e sobre a governança global. (ecodebate)

A queda da fecundidade nos EUA

A taxa de fecundidade total (TFT) nos Estados Unidos (EUA) estava em torno de 7 filhos por mulher nas primeiras décadas depois da Independência do país (em 1776). Mas ela caiu ao longo do século XIX e chegou ao nível mais baixo da série histórica (em torno de 2 filhos por mulher) durante a grande depressão dos anos de 1930. Com o fim da Segunda Guerra e com o boom econômico que se seguiu a TFT chegou ao redor de 3,5 filhos por mulher entre 1950 e 1965.
Mas a TFT voltou a cair e chegou a 2 filhos por mulher no quinquênio 1970-75 e a 1,77 filho por mulher no quinquênio 1975-80 (menor nível em toda a história americana). Nos anos seguintes houve uma ligeira recuperação e a TFT ficou em torno de 2 filhos por mulher entre 1990 e 2010. Mas com a recessão de 2008/09, a TFT ficou em 1,88 filhos por mulher, no quinquênio 2010-15. A Divisão de População da ONU estima que a TFT vai aumentar ligeiramente no restante do século, conforme mostra o gráfico abaixo, permanecendo em torno de 2 filhos por mulher.
Contudo, o futuro pode não repetir o passado e os EUA podem estar iniciando uma Era de baixa fecundidade. Dados do CDC (Centers for Disease Control and Prevention) mostram que a taxa de fecundidade geral (número de nascimentos por 1000 mulheres de 15-44 anos) dos EUA continua caindo mesmo em 2017 e 2018, que foram anos de grande desempenho econômico. A tabela abaixo mostra que a taxa de fecundidade geral caiu de 62,5 no primeiro quadrimestre de 2016 para 59,8 no segundo quadrimestre de 2018 (o nível mais baixo da história).
As taxas específicas, conforme o gráfico abaixo, mostram que a fecundidade continua caindo nas idades de 15 a 29 anos. Entre as adolescentes (15-19 anos) a taxa caiu de 21,8 no primeiro quadrimestre de 2016 para 18,1 no segundo quadrimestre de 2018. No mesmo período, entre as jovens de 20-24 anos a queda foi de 76,2 para 69,8 e entre as mulheres de 25-29 anos a redução foi de 103,7 para 96,7 nascimentos para cada 1000 mulheres.
No grupo 20-34 anos a queda foi bem menor, passando de 102,0 para 100,1 entre o primeiro quadrimestre de 2016 para o segundo quadrimestre de 2018. Isto quer dizer que a cúspide da fecundidade passou da coorte de 25-29 anos para 30-34 anos. Ou seja, está havendo um envelhecimento da estrutura por idade da fecundidade. Isto fica claro ao verificar que entre as idades de 35 a 44 anos também houve ligeiro aumento da taxa de fecundidade geral.
O gráfico abaixo deixa mais claro o processo de envelhecimento da estrutura etária da fecundidade. Nota-se que no grupo adolescente (15-19 anos) a taxa específica de fecundidade estava acima de 50 por mil em 1990 e caiu para menos de 20 por mil em 2017. Os grupos etários acima de 30 anos apresentaram taxas crescentes, enquanto os grupos etários com menos de 30 anos apresentaram taxas declinantes. No início da década de 1990, as maiores taxas estavam nos grupos 20-24 e 25-29 anos, mas em 2017 a cúspide ficou no grupo 30-34 anos.
Estudos e pesquisas recentes mostram que a fecundidade nos EUA deve continuar diminuindo, pois cresce o número de pessoas que não desejam ter filhos. Artigo de Frejka (2017) mostra que o número de mulheres no final do período reprodutivo sem filho (childless) subiu de cerca de 7% no início da década de 1970 para cerca de 15% na primeira década do século XXI. Pesquisa do Instituto PEW mostra que 71% das pessoas com menos de 50 anos e com filhos nos EUA não querem ter novas crianças e, entre os adultos sem filhos, na mesma faixa etária, 37% dizem que não esperam jamais formar uma prole (serão childlessness).
Tudo indica que a projeção da ONU está superestimada e dificilmente a TFT ficará em torno de 2 filhos por mulher ao longo do século XX. O mais provável é uma fecundidade abaixo de 1,8 filhos por mulher nas próximas décadas. (ecodebate)

terça-feira, 23 de abril de 2019

Mudança climática prejudica educação e desenvolvimento de crianças

As mudanças climáticas poderiam prejudicar a educação e o desenvolvimento das crianças nos trópicos.
A educação de crianças é uma das metas ambiciosas para o desenvolvimento sustentável como uma maneira de aliviar a pobreza e reduzir a vulnerabilidade às mudanças climáticas e desastres naturais.
No entanto, um novo estudo realizado por uma pesquisadora da Universidade de Maryland, publicado na edição de 15 de abril de 2019 da revista Proceedings of National Academy of Sciences, conclui que a exposição ao calor e precipitação extremos em anos pré-natais e da primeira infância em países dos trópicos globais poderia tornar mais difícil para as crianças atingirem o ensino secundário, mesmo para as famílias mais abastadas.
A pesquisadora da Universidade de Maryland, Heather Randell, autora principal que realizou o estudo de síntese como bolsista de pós-doutorado no Centro Nacional de Síntese Socioambiental e coautor Clark Gray, da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, descobriu que as condições climáticas afetam a educação adversamente de várias maneiras.
No Sudeste Asiático, que historicamente tem alto calor e umidade, a exposição a temperaturas acima da média durante o pré-natal e a primeira infância tem um efeito prejudicial na escolaridade e está associada a menos anos de frequentar a escola. Na África Ocidental e Central e no Sudeste Asiático, a maior pluviosidade no início da vida está associada a níveis mais elevados de educação. Na América Central e no Caribe, as crianças que experimentaram mais do que as chuvas típicas tiveram a menor educação prevista.
Surpreendentemente, as crianças das famílias mais abastadas não foram protegidas dos efeitos climáticos e sofreram as maiores penalidades quando se sentiram mais quentes e mais secas no início da vida.
No estudo, Randell e Gray investigaram as ligações entre temperaturas extremas e precipitação no início da vida e a realização educacional em 29 países nos trópicos globais. A pesquisa tem implicações para determinar a vulnerabilidade às mudanças climáticas e trajetórias de desenvolvimento.
“Se a mudança climática prejudicar o nível educacional, isso pode ter um efeito composto no subdesenvolvimento que, com o tempo, amplia os impactos diretos da mudança climática”, escrevem os autores. “À medida que os efeitos da mudança climática se intensificam, as crianças nos trópicos enfrentam barreiras adicionais à educação.” Os autores esperavam que as crianças de famílias melhor educadas se saíssem melhor, mas descobriram que as mudanças climáticas poderiam corroer os ganhos de desenvolvimento e educação nos trópicos. , mesmo para as famílias mais abastadas, que têm mais a perder à medida que as suas vantagens desaparecem.
Mudança climática pode provocar ansiedade e até depressão.
Randell explicou que, à medida que as crianças nos trópicos sentem os efeitos intensificadores da mudança climática, elas enfrentam barreiras adicionais à educação e isso é mais uma evidência dos vários impactos sociais da mudança climática. As políticas para proteger as crianças nessas populações expostas, por exemplo, garantir que mulheres grávidas e crianças pequenas possam obter alívio do calor e umidade elevados, ou fornecer variedades de culturas resistentes ao calor ou à seca, podem limitar os impactos da mudança climática em longo prazo, explicou Randell.
“Embora esses resultados possam não estar diretamente relacionados às escolas, eles são fatores importantes no início da vida que afetam a trajetória escolar de uma criança”, disse Randell. “As pessoas raramente pensam em como a educação das crianças está diretamente ligada ao clima. Mas isso é realmente importante, dada a extensão em que as mudanças climáticas estão afetando os eventos climáticos extremos. Precisamos entender melhor quais ganhos em educação são possíveis e como as mudanças climáticas podem atuar como uma barreira para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Temos que levar em conta o clima, planejar e desenhar políticas para criar populações mais resilientes, já que sabemos que os impactos do clima vão piorar na próxima década.”
As crianças e as mudanças climáticas.
O artigo de Randell e Gray da PNAS se baseia em seu estudo anterior publicado em 2016 na Global Environmental Change, que descobriu como a variabilidade climática compete com a escolaridade na Etiópia e poderia reduzir a capacidade de adaptação por gerações. (ecodebate)

Mudança climática trará mais mortes por ondas de calor

Mudança climática trará mais mortes por ondas de calor; Brasil preocupa.
País aparece como o terceiro mais impactado em estudo que projetou números futuros de vítimas de problemas de saúde decorrentes de altas temperaturas em 20 nações até 2080.
mais abrangente estudo já feito sobre o impacto de ondas de calor na taxa mortalidade humana traz uma notícia ruim para o Brasil: o país está entre aqueles onde o problema mais deve se agravar à medida que a mudança climática avança.
trabalho que aponta essa tendência é uma pesquisa conduzida por 39 cientistas no mundo todo; eles analisaram dados de mortalidade em 412 cidades de 20 países diferentes. Quando se considerou o aumento percentual nas mortes relacionadas a ondas de calor, o Brasil teve a terceira previsão mais pessimista, atrás apenas de Colômbia e Filipinas.
“Os resultados mostram que, se não ocorrer adaptação, o incremento na mortalidade relacionada a ondas de calor deve aumentar mais em países e regiões tropicais/subtropicais (mais perto do equador), enquanto países europeus e os EUA terão aumentos menores nessa mortalidade excedente”, afirmam os autores em artigo científico publicado na revista “PLoS Medicine”.
O estudo mapeou diversos cenários futuros, com previsões diferentes de aumento de temperatura e crescimento populacional. Foram comparadas as mortes relacionadas a ondas de calor acumuladas no período de 1971 a 2018 com um período projetado em um intervalo futuro, de 2031 a 2080. Só no Brasil, os pesquisadores avaliaram 3,4 milhões de mortes de 1997 a 2011 e sua potencial relação com ondas de calor para fazer a projeção.
Pôr do Sol em São Paulo em dia de calor extremo.
Na ponta mais pessimista das previsões de mudança climática — em que emissões de gases-estufa continuam desenfreadas, com a população crescendo muito e sem medidas de adaptação –, as mortes por ondas de calor no Brasil poderiam crescer mais de 850%. O Nordeste e o Norte do Brasil poderão estar entre as áreas mais afetadas. Os dados nacionais usados no estudo foram analisados pelos sanitaristas Paulo Saldiva e Micheline Coelho, da USP. O estudo indica que, sob uma forte política global de redução de emissões (tornando provável o planeta esquentar menos de 2°C), o Brasil poderia derrubar esse número para 313%, — ainda uma cifra preocupante.
Para evitar uma elevação maior nessa taxa, seria preciso investir em medidas diversas de adaptação. Entre elas estão: preparar o sistema de saúde para o problema, instalar mais bebedouros públicos, educar a população para os riscos, elevar a renda das populações mais pobres para permitir compra de ar condicionados, criar sistemas de alerta e outras medidas. Ainda assim, como todos esses recursos em vigor, o país veria um aumento médio de 82% nas mortes relacionadas a ondas de calor, no cenário pessimista. Para além dessas medidas, o número só diminuiu se a população do país crescer menos.
Entre os problemas de saúde mais ligados à mortalidade em ondas de calor estão a insolação, desidratação, edemas e problemas musculares. Altas temperaturas também agravam problemas cardíacos, pulmonares, circulatórios e dos rins. A literatura médica é farta de exemplos sobre como o calor extremo é capaz de levar à morte em certas condições.
O estudo publicado pela PLoS Medicine teve um enfoque particular nas ondas de calor — definidas como dois ou mais dias com temperaturas acima do 95% para dada área — porque é nessas situações de estresse térmico prolongado que o organismo sofre mais. (ecycle)

domingo, 21 de abril de 2019

Ondas de calor simultâneas e as mudanças climáticas antropogênicas

Pesquisa associa as ondas de calor simultâneas às mudanças climáticas antropogênicas.
Sem a mudança climática causada pela atividade humana, as ondas de calor simultâneas não teriam atingido uma área tão grande quanto no verão passado.
Esta é a conclusão dos pesquisadores do ETH Zurich com base em dados observacionais e de modelo.
Formação de uma onda de calor.
Muitas pessoas se lembrarão no verão passado – não apenas na Suíça, mas também em grandes partes do resto da Europa, assim como na América do Norte e na Ásia. Múltiplos lugares ao redor do mundo experimentaram calor tão severo que pessoas morreram de insolação, geração de energia teve que ser reduzida, trilhos e estradas começaram a derreter, e as florestas pegaram fogo. O que realmente preocupa nessa onda de calor foi que ela afetou não apenas uma área, como a região do Mediterrâneo, mas várias entre as zonas temperadas e o Ártico ao mesmo tempo.
Os pesquisadores da ETH concluíram que a única explicação de por que o calor afetou tantas áreas ao longo de vários meses é a mudança climática antropogênica. Estas são as conclusões do recente estudo que a pesquisadora climática da ETH, Martha Vogel, apresentou ontem na conferência de imprensa da União Europeia de Geociências, em Viena. O artigo resultante deste estudo está atualmente em revisão para uma publicação acadêmica.
Analisando modelos e observações
No estudo, Vogel, membro da equipe da professora ETH Sonia Seneviratne, examinou as áreas do hemisfério norte ao norte da 30ª latitude que sofreram calor extremo simultaneamente de maio a julho de 2018. Ela e seus colegas pesquisadores concentraram-se em regiões agrícolas e áreas densamente povoadas. Além disso, eles analisaram como as ondas de calor de larga escala devem mudar como consequência do aquecimento global.
Para explorar esses fenômenos, os pesquisadores analisaram dados baseados em observações de 1958 a 2018. Eles investigaram simulações de modelos de última geração para projetar a extensão geográfica que as ondas de calor poderiam alcançar até o final do século, se as temperaturas continuarem a subir.
“As mudanças climáticas são o desafio-chave do nosso tempo. A nossa geração é a primeira a experimentar o rápido aumento das temperaturas em todo o mundo e, provavelmente, a última que efetivamente poderá combater a iminente crise climática global”.
Aumento maciço nas áreas afetadas pelo calor intenso
Uma avaliação dos dados do verão quente do ano passado revela que, em um dia médio de maio a julho, 22% das terras agrícolas e áreas povoadas no Hemisfério Norte foram atingidas simultaneamente por temperaturas extremamente altas. A onda de calor afetou pelo menos 17 países, do Canadá e dos Estados Unidos à Rússia, Japão e Coréia do Sul.
Ao estudar os dados de medição, os pesquisadores perceberam que essas ondas de calor de larga escala surgiram no hemisfério norte em 2010, depois em 2012 e novamente em 2018. Antes de 2010, no entanto, os pesquisadores não encontraram exemplos de grandes áreas. sendo afetado simultaneamente pelo calor.
Extremos de calor generalizados cada vez mais prováveis
Os cálculos de modelo confirmam essa tendência. À medida que a terra se torna mais quente, extremos de calor generalizados tornam-se cada vez mais prováveis. De acordo com as projeções do modelo, cada grau de aquecimento global fará com que a área de terra nas principais regiões agrícolas ou áreas densamente povoadas no Hemisfério Norte, que é simultaneamente afetada pelo calor extremo, cresça em 16%. Se as temperaturas globais subirem a 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, então um quarto do hemisfério norte experimentará um verão tão quente quanto o verão de 2018 a cada dois dos três anos. Se o aquecimento global atingir 2 graus, a probabilidade de Um período de calor extremo aumenta para quase 100%. Em outras palavras, a cada ano o calor extremo afetará uma área tão grande quanto a onda de calor 2018.
“Sem a mudança climática que pode ser explicada pela atividade humana, não teríamos uma área tão grande sendo afetada simultaneamente pelo calor como fizemos em 2018”, diz Vogel. Ela está alarmada com a perspectiva de calor extremo atingindo uma área tão grande quanto em 2018 a cada ano se as temperaturas globais subirem 2 graus: “Se no futuro mais e mais regiões agrícolas e áreas densamente povoadas forem afetadas por ondas de calor simultâneas, teria consequências graves ”.
Calor coloca a segurança alimentar em risco
O Professor Seneviratne acrescenta: “Se múltiplos países são afetados por esses desastres naturais ao mesmo tempo, eles não têm como se ajudar mutuamente.” Isso foi ilustrado em 2018 pelos incêndios florestais na Suécia: naquela época, vários países puderam ajuda com infraestrutura de combate a incêndios. No entanto, se muitos países estiverem enfrentando grandes incêndios ao mesmo tempo, eles não poderão mais apoiar outros países afetados.
A situação do fornecimento de alimentos também pode se tornar crítica: se amplas extensões de áreas vitais para a agricultura forem atingidas por uma onda de calor, as colheitas poderão sofrer perdas maciças e os preços dos alimentos disparariam. Qualquer um que ache essas suposições excessivamente pessimistas faria bem em relembrar a onda de calor que assolou a Rússia e a Ucrânia em 2010: a Rússia interrompeu completamente todas as suas exportações de trigo, o que elevou o preço do trigo no mercado global. No Paquistão, um dos maiores importadores de trigo russo, o preço do trigo subiu 16%. E como o governo paquistanês cortou os subsídios alimentares ao mesmo tempo, a pobreza aumentou 1,6%, de acordo com um relatório da organização humanitária Oxfam.
“Tais incidentes não podem ser resolvidos por países individuais agindo por conta própria. Em última análise, eventos extremos que afetam grandes áreas do planeta podem ameaçar o fornecimento de alimentos em outros lugares, até mesmo na Suíça ”, enfatiza Seneviratne.
Mudança climática trará mais mortes por ondas de calor; Brasil preocupa.
Ela continuou apontando que a mudança climática não se estabilizará se não nos esforçarmos mais. Atualmente, estamos em curso para um aumento de temperatura de 3°C. O Acordo de Paris visa um máximo de 1,5°C. “Já estamos sentindo claramente os efeitos apenas do ponto em que a temperatura média global aumentou desde a era pré-industrial”, diz Seneviratne. (ecodebate)

Como a fumaça de incêndios florestais afeta a saúde humana

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