sexta-feira, 29 de abril de 2011

Supermercados querem fim das sacolas plásticas

Supermercados querem fim das sacolas plásticas em SP
As tradicionais sacolinhas plásticas estão com os dias contados no Estado de São Paulo.
No início de maio, a Associação Paulista de Supermercados (Apas) lança, com o aval do governador Geraldo Alckmin, uma campanha para erradicar a embalagem em todo o território paulista.
Durante seis meses, a população será incentivada a usar a nova sacola biodegradável (feita de milho) ou as sacolas retornáveis.
Segundo o presidente da Apas, João Galassi, ao contrário das embalagens plásticas, as novas sacolas demoram apenas dois meses para se decompor no solo.
Mas o produto terá um custo: R$ 0,19 a unidade.
Ele explica que um projeto piloto já foi testado em Jundiaí e teve 75% de aceitação no primeiro mês de aplicação do programa.
O novo produto terá capacidade para armazenar até cinco quilos e terá tamanho de 30x40 centímetros.
Ele lembra, entretanto, que em São Paulo a adoção das sacolas biodegradáveis não é lei. (OESP)

Apas e a eliminação de sacolas plásticas

Apas quer eliminar sacolas plásticas em supermercados
Segundo o vice-presidente da associação, SP será o primeiro a abolir uso.
Os supermercadistas buscam fazer a sua parte quando o assunto é meio ambiente. O vice-presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados), Ronaldo dos Santos, destacou a campanha "Vamos Tirar o Planeta do Sufoco", durante  evento de mobilização para a 27ª edição do Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados. "São Paulo será o primeiro Estado a eliminar sacolas plásticas", disse em 14/04/11 no Villa Conte, em São José do Rio Preto.
Durante anos, as sacolas plásticas foram adotadas pelos supermercados a fim de atender à necessidade do consumidor. Entretanto a percepção sobre o quanto o plástico prejudica o meio ambiente - e a demora na decomposição do material (cerca de 300 anos) - estimulou os empresários do setor a procurar alternativas ecológicas.
A Apas já se reuniu com o secretário de Estado do Meio Ambiente, Bruno Covas, para tratar do assunto. Na oportunidade, ficou definido que será criado um grupo de trabalho para desenvolver ações em todo o Estado que viabilizem o fim das sacolinhas plásticas nos supermercados paulistas. O objetivo é elaborar um protocolo de intenções, que deverá resultar em projeto de lei para banir o uso dessas sacolas.
Em Votuporanga, a Câmara Municipal aprovou uma lei, de autoria do vereador Osvaldo Carvalho, que prevê que supermercados e estabelecimento deste gênero utilizem sacolas biodegradáveis. O projeto foi aprovado, mas o prazo de adesão dos comerciantes foi estendido para que as lojas tenham tempo suficiente para se adequarem. Os supermercados Santa Cruz e Porecatu já adotaram a medida.
No Brasil, são produzidas 210 mil toneladas anuais de plástico filme, a matéria-prima das sacolas plásticas, resultando na produção de 18 bilhões de sacolas. Calcula-se que determinado número dessas sacolas plásticas acabam servindo de lixeiras ou viram lixo, o que representa um volume de 9,7% de todo o lixo do país.
Ronaldo também falou sobre a feira realizada em São Paulo. "É o maior evento do setor do mundo. Não podemos parar. Se ficarmos contentes com o nível que atingimos, amanhã poderemos perder a denominação. Teremos empresários dos Estados Unidos, Europa e México além de mais de 100 palestras", disse.
Feira
Por sua vez, o diretor da Apas regional de Rio Preto, Renato Martins, convidou os presentes para a Feira. “Será de 9 a 12 de maio, na Expocenter, em São Paulo”.
“Apresentaremos as inovações que simplificarão a vida dos consumidores. As concorrências estão crescendo e só inovando podemos ser competitivos. Na ocasião, teremos uma grande oportunidade de negócios", complementou.
O evento terá mais de 100 palestras no congresso de gestão, 550 expositores e deverá gerar negócios da ordem de R$ 5 bilhões. A associação espera reunir 75 mil supermercadistas nos quatro dias de evento.
O deputado estadual Orlando Morando, presente ao evento, disse que na Assembleia Legislativa, continua trabalhando para que o setor continue crescendo, que tem como meta faturar R$ 5 milhões. O prefeito de São José do Rio Preto, Valdomiro Lopes também marcou presença. (acidadevotuporanga)

Reino Unido e o uso de sacolas plásticas

Artigo analisa estudo do Reino Unido sobre uso de sacolas plásticas: Comparando laranjas e maçãs
Uma análise sobre o estudo do Reino Unido acerca do impacto de diversos tipos de sacolas para compras no aquecimento global
A Agência Ambiental do Reino Unido lançou em fevereiro um estudo sobre análise do ciclo de vida de sacolas plásticas e suas alternativas, realizado para subsidiar políticas públicas e ações do setor privado quanto questão, além de informar o próprio cidadão britânico. O estudo chegou a conclusões interessantes ao comparar as sacolas plásticas convencionais a alternativas como sacolas oxi-degradáveis, de TNT (tecido/não-tecido), de bioplástico e sacolas de algodão (retornáveis). No entanto, a divulgação observada no Brasil se resumiu a apenas uma destas conclusões: sacolas plásticas teriam menos impacto no aquecimento global que sacolas de algodão.
Esta conclusão vai ao encontro da posição da indústria de sacolas plásticas, que garante serem s sacolinhas uma alternativa ambientalmente amigável sob muitos pontos de vista, mesmo quando comparadas às sacolas retornáveis. Segundo o estudo, para que uma sacola retornável tenha potencial de aquecimento global inferior ao potencial de uma sacola plástica convencional, ela teria de ser reutilizada 171 vezes. O problema é o envasamento desta conclusão: uma sacola retornável possivelmente será usada 171 vezes, enquanto uma sacola plástica é, por natureza, single-used – de uso único, descartável.
Colocando em um exemplo prático fica mais visível a relação entre estas duas “grandezas” incompatíveis.
Utilizando os números do próprio estudo, o consumo de um mês d consumidor britânico é, em média, de 483 itens comprados. Nas sacolas plásticas, o britânico carrega em média 5 itens, e nas sacolas de algodão, 10 itens (desconsiderando as frações). Para carregar os 483 itens mensais, seriam necessárias 96 sacolas plásticas. Com capacidade para 10 itens, seria preciso 48 sacolas de algodão… ou 48 viagens com a mesma sacola. Ou seja, seriam necessárias 96 sacolas plásticas descartáveis (desconsiderando reuso para compras), mas apenas 1 sacola retornável para realizar as compras do britânico durante o mês. Em uma conta rápida, em um ano, o britânico médio poderia usar uma única sacola de algodão ou 1152 sacolas plásticas! Se levarmos em conta que algumas compras são feitas por impulso e trazem apenas um item na sacola, o número e sacolas plásticas usadas poderiam subir e muito.
Além da desproporcionalidade entre a real frequência de uso de cada alternativa, o estudo também simplifica o impacto global destes tipos de sacolas ao não considerar sua demanda total anual. Façamos mais algumas contas.
Em 2008, falava-se em 1 trilhão de sacolas plásticas consumidas por ano no mundo. A produção do algodão significa 98% do potencial de impacto das sacolas retornáveis no aquecimento global, mas seria absurdo dizer que um maior consumo de sacolas retornáveis de tecido trará um aumento significativo da produção de algodão no mundo. Ainda que cada habitante do planeta tenha uma sacola de algodão nova, seriam, no máximo, 7 bilhões de sacolas, a serem utilizadas inúmeras vezes ao longo de muitos anos. Como comparar o impacto de 1 trilhão de sacolas plásticas/ano com o impacto de um consumo (hipotético e irreal) de 7 bilhões de sacolas de pano/muitos anos?
O potencial de impacto no aquecimento global (GWP, na sigla em inglês) do ciclo de vida de uma sacola de pano é realmente dez vezes maior que o GWP de uma sacola plástica, mas a demanda por sacolas retornáveis de algodão tende a se manter estável e muitíssimo inferior à demanda por sacolas plásticas.
O estudo procura ser justo na comparação ao garantir a proporcionalidade em relação à capacidade de carregamento de compras de cada tipo de sacola, mas não pesou as características fundamentais e diametralmente opostas entre sacolas plásticas e sacolas de algodão: as primeiras são descartáveis, as segundas, reutilizáveis. Ainda que haja reuso das sacolas plásticas para compras – o que é muito raro – estará limitado a duas ou três viagens, especialmente no Brasil, onde muitas sacolas ainda são produzidas com espessura abaixo da norma técnica. A cada compra, o consumidor usará novas sacolas plásticas (cuja produção contribuirá para o aquecimento global), enquanto uma sacola de algodão – que pode, inclusive, ser produzida a partir de tecido usado – poderá ser utilizada inúmeras vezes antes de ser necessário que se compre outra.
O relatório traz outras conclusões interessantes, que também deveriam despertar interesse da mídia e daqueles que debatem o uso de sacolas plásticas. Duas, em especial, reforçam nosso ponto de vista quanto à necessidade de consumir de forma consciente: (1) o impacto ambiental de todos os tipos de sacolas se dá principalmente pelo consumo de recursos naturais e nos estágios de produção, e (2) qualquer que seja o tipo de sacola usado, a chave para reduzir seus impactos é a reutilização quantas vezes for possível – no caso das sacolas plásticas, quando o reuso para compras não for viável, outro reuso será sempre benéfico (como o uso como sacos de lixo, por exemplo).
O estudo realizou análises segundo parâmetros certificados, mas aplicou premissas pouco coerentes, permitindo um olhar estreito sobre a relação entre as alternativas disponíveis ao consumidor para acondicionamento de suas compras. Como vimos falando durante toda a campanha Saco é um Saco, o consumo excessivo de sacolas plásticas é o vilão ambiental, não o item em si. O consumo consciente de sacolas plásticas – recusar quando possível, reduzir o consumo, reutilizar aquelas que aceitou – é o objetivo. Para reduzir o consumo de sacolinhas, uma das melhores opções continua sendo a sacola retornável, seja do material que for, pois promove também a mentalidade da não descartabilidade. Hoje, olhamos para tudo que nos cerca como coisas descartáveis. A manutenção de nossa qualidade de vida – uma boa tradução para o termo “sustentabilidade” – exige, no entanto, que demandemos menos recursos ambientais para fabricação de novos produtos. Ou seja, devemos prestigiar aquilo que é durável.
O estudo é tão controverso que a Environmental Agency recebeu um questionamento legal que a levou a tirar o relatório – Report on the Life Cycle Assessment of Carrier Bags – de seu site até que se resolva a consulta. A nota pode ser vista no site http://www.environment-agency.gov.uk/research/library/publications/129364.aspx.
Em 18 de abril de 2.011, uma grande cidade com 5 milhões de habitantes em sua região metropolitana – Belo Horizonte – começa a experiência de banir sacolas plásticas de seu dia a dia. Começa a valer a determinação da Lei 9.529 de 2008, estabelecendo que o comércio não poderá distribuir sacolas plásticas convencionais, ficando à escolha do consumidor comprar sacolas compostáveis feitas de bioplástico (a base de amido de batata ou mandioca) ou levar sua sacola retornável de casa. A expectativa de adesão por parte da população é boa, pois a novidade vem sendo divulgada há dois anos, desde a aprovação da lei pela Câmara de Vereadores de Belo Horizonte.
Discutir sobre benefícios das sacolas plásticas é algo ultrapassado. Há trinta anos, a sacolinha plástica foi sim sinônimo de modernidade e comodidade – hoje, é sinônimo de poluição e falta de consciência ecológica. Os tempos mudaram, e as sacolinhas precisam se adaptar a essa nova realidade. (EcoDebate)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Vulnerabilidade às mudanças climáticas

Índice indica vulnerabilidade de municípios fluminenses às mudanças climáticas
Como os municípios do Rio de Janeiro estão se preparando para essas mudanças e qual o grau de exposição de cada um nos próximos 30 anos? Para responder a estas perguntas, a Fiocruz fez um estudo encomendado pela Secretaria Estadual de Ambiente e o Inea.
Se até 2040 o panorama climático do planeta se mantiver no rumo atual, com a continuada liberação de gás carbônico na atmosfera, especialistas acreditam que diversas mudanças climáticas podem acontecer, como alterações nos índices pluviométricos e na temperatura. Como os municípios do Rio de Janeiro estão se preparando para esta possibilidade e qual o grau de exposição de cada um deles nos próximos 30 anos? Para responder a estas perguntas, a Fiocruz desenvolveu um estudo encomendado pela Secretaria Estadual de Ambiente e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Fiocruz Minas, integram a iniciativa.
O coordenador técnico do projeto, Ulisses Confalonieri, defendeu a importância da adoção de indicadores capazes de retratar a realidade de cada região, sem apresentar um grau de complexidade que inviabilize a sua utilização na gestão pública.
O relatório final do projeto Mapa de Vulnerabilidade da População do Estado do Rio de Janeiro aos Impactos das Mudanças Climáticas nas Áreas Social, Saúde e Ambiental, que apresenta os municípios mais e menos vulneráveis às mudanças climáticas, foi lançado em 24/3, em oficina que contou com a presença do Secretário Estadual do Meio Ambiente, Carlos Minc, da diretora do IOC, Tania Araújo-Jorge, e do representante da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, José Paulo Vicente da Silva, além da equipe do projeto.
O trabalho criou um cálculo do índice de vulnerabilidade municipal cujo cálculo leva em consideração componentes de saúde, ambiente e sociais, como números de casos de doenças infecciosas influenciadas pelo clima, renda e acesso da população a trabalho e habitação, além das características de cobertura vegetal e da fauna de cada um dos 92 municípios do estado. O objetivo do projeto foi indicar a vulnerabilidade e a exposição de cada um deles às mudanças climáticas previstas para os próximos 30 anos, considerando um cenário pior e outro melhor. Dentre os principais resultados encontrados, o estudo apontou a macrorregião Metropolitana e seu entorno como a mais vulnerável, em especial pelo elevado número de casos de dengue e pelas mortes ocasionadas por enchentes e deslizamentos de terra. Municípios da chamada Costa Verde, como Angra dos Reis e Paraty, por sua vez, destacam-se pela grande vulnerabilidade ambiental.
Orientação de políticas públicas
Para o secretário do Meio Ambiente, o projeto representa uma aproximação da teoria com a realidade municipal, fundamental para estimular as prefeituras a aturem na resolução de problemas. “Não é um estudo sobre a extinção de ursos polares e nem sobre o derretimento de geleiras a milhares de quilômetros, daqui a cem anos. É sobre os nossos municípios, daqui a poucas décadas”, frisou Minc, durante a mesa de abertura do evento. “É um projeto revolucionário porque traz os aspectos sociais e da saúde para o debate sobre o clima, mostrando os possíveis impactos das mudanças climáticas na ocorrência de doenças, na desestruturação do emprego, na fragilização das populações. Isso vai ajudar a mobilizar prefeitos, profissionais de saúde, sindicatos e a própria sociedade para uma aproximação fundamental com o tema”.
Os indicadores municipais levaram em consideração aspectos da epidemiologia de doenças, acesso a educação, emprego e moradia e características ambientais de cada região, sob o impacto de cenários climáticos possíveis para os próximos 30 anos.
Na mesma mesa, a diretora do IOC lembrou que o projeto é mais um marco na adaptação do Instituto às questões do século 21. “Os desafios desse século são de outra natureza em relação àqueles enfrentados por Oswaldo Cruz. É fundamental abordarmos a questão ambiental quando pensamos nos problemas de saúde atuais e das próximas décadas”, defendeu Tania. “Além de projetos como este, coordenamos ações de pesquisa em áreas de Mata Atlântica no Rio de Janeiro e na Ilha Grande e em diversos municípios do Rio, além de oferecermos uma recém-criada pós-graduação em biodiversidade e saúde, para formar mestres e doutores nesta temática, com projetos importantes como este que Martha coordena”
A pesquisadora do IOC Martha Barata, coordenadora-geral do projeto, ressaltou a importância de desenvolver indicadores simples e acessíveis para aplicação na gestão dos municípios. “É preciso um equilíbrio entre a quantidade de variáveis consideradas, para que não se percam dados relevantes e nem seja complexo demais para ser útil à gestão pública”, explicou Martha. “O mapeamento que desenvolvemos procurou abordar os aspectos mais relevantes de cada indicador, projetados para médio prazo, ainda próximo da realidade dos gestores. A metodologia e os dados obtidos poderão, no entanto, ser atualizados futuramente, assim como os indicadores observados poderão ser aprimorados”.
Mapas de vulnerabilidade
O índice de vulnerabilidade municipal proposto pelo estudo é definido a partir de três componentes (vulnerabilidade da saúde, da família e do ambiente), cada uma variando entre 0 (o melhor cenário, comparativamente) e 1 (o pior). Os indicadores são combinados e projetados em cenários climáticos possíveis para o período de 2010 a 2040, gerando os índices de vulnerabilidade municipal finais, que também variam de 0 a 1.
A vulnerabilidade da saúde é estimada a partir de dados oficiais do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre a morbidade relativa a três doenças presentes de forma endêmico-epidêmica no estado (dengue, leptospirose, leishmaniose) e pela mortalidade causada por diarreia em crianças de menos de 5 anos. O índice de vulnerabilidade social da família, baseado em dados do Censo Demográfico 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), engloba uma série de fatores coletivos e contextuais – como estrutura familiar, acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho, renda, desenvolvimento infanto-juvenil e condições habitacionais – para identificar municípios onde os grupos sociais tenham menor capacidade de reagir a adversidades e a possíveis impactos das mudanças do clima.
O terceiro índice, que contempla a vulnerabilidade ambiental, considera as características de sistemas biofísicos suscetíveis aos efeitos do clima. Entre os indicadores avaliados estão cobertura vegetal, conservação da biodiversidade e eventos hidrometeorológicos extremos (como mortes relacionadas a chuvas e enchentes, conforme registro da Defesa Civil). “Com espécies e ecossistemas mais variados, municípios como Angra dos Reis e Rio de Janeiro são mais sensíveis e pequenas mudanças podem significar perdas maiores de biodiversidade”, explica Martha. “A região serrana, onde a mortalidade relacionada a enchentes e deslizamentos é grande, também apresenta índice elevado nessa categoria”.
Para a geração do índice municipal, estes três componentes são combinados com cenários de perspectivas futuras. É levada em consideração a diferença esperada de temperatura e precipitação entre o clima atual (definido com base no intervalo de 1960 a 1990) e os cenários futuros entre 2010 e 2040 (baseados em possíveis modelos climáticos definidos pelo IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).
A pesquisa desenvolveu mapas de vulnerabilidade baseados no cenário mais pessimista – característico de um mundo futuro de crescimento econômico muito rápido, com reduções apenas medianas na utilização de combustíveis fósseis e na emissão de gases poluidores na atmosfera. “Para este cenário, o índice apontou um conjunto de municípios da macrorregião Metropolitana e seu entorno como o mais suscetível de sofrer maiores impactos do clima no futuro”, afirmou Martha. “Este conjunto de informações agregadas permite a identificação deste hotspot metropolitano, mas os indicadores parciais também podem ser utilizados para a orientação de políticas setoriais, sejam de saúde, socioeconômicas ou de proteção ambiental”, destacou.
A diretora do IOC ressaltou a importância do Instituto coordenar um estudo gerador de ferramentas para a gestão pública do risco sanitário e ambiental, contribuindo de modo decisivo para a consolidação da parceria da Secretaria Estadual de Ambiente do Rio de Janeiro com o IOC/Fiocruz. “Quando Martha Barata, nossa economista especialista em planejamento estratégico, nos pediu maior tempo para se dedicar ao que um doutor é capaz de fazer bem, pesquisar e se dedicar a solucionar problemas reais presentes na sociedade, sabíamos que estaríamos ganhando uma assessoria estratégica de alto nível para abordar a questão das políticas públicas no tema do ambiente. Hoje podemos nos orgulhar do relatório do projeto apresentado e disponibilizado na internet pela Secretaria Estadual de Ambiente, que o encomendou e financiou”, concluiu. (EcoDebate)

Plano de estudo sobre vulnerabilidade climática

Governo terá plano de estudo sobre a vulnerabilidade e adaptação de ecossistemas à mudança climática
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou em 22/03, data em que se comemorou o Dia Mundial da Água, um plano para estudar a vulnerabilidade dos ecossistemas no país e relacionar medidas para prevenção e adaptação da biodiversidade às mudanças climáticas.
O documento atende aos acordos assinados na Conferência sobre Diversidade Biológica, realizada no ano passado, em Nagoia, Japão. O texto será detalhado durante evento no Jardim Botânico do Rio. No local, a ministra lança o Ano Internacional de Florestas no Brasil.
“Definiremos as metas de conservação dos ecossistemas brasileiros para 2020. Vou lançar a iniciativa hoje à noite: como vamos trabalhar com a sociedade e qual é a convergência entre a convenção de Nagoia e a convenção de mudanças climáticas”, afirmou à Agência Brasil.
De acordo Izabella, o plano faz parte de um esforço do Brasil de proteger as florestas e inclui a ampliação das áreas protegidas por meio da criação de unidades de conservação, além da realização do segundo Inventário Florestal Nacional (IFN). O primeiro foi feito há 28 anos.
Chamado de o censo da flora, o levantamento poderá comprovar aumento de espécies ameaçadas de extinção, ao mesmo tempo em que poderá identificar novos exemplares. A expectativa é de que possa ser realizado em pelo menos dois anos a um custo de R$ 150 milhões.
A ministra do Meio Ambiente explica que ainda está sendo consolidada a metodologia da pesquisa e definidas as fontes de financiamento do inventário, que poderá contar com apoio de governos estaduais.
Para o diretor de Políticas Públicas da organização não governamental SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, o mapeamento das florestas é uma importante estratégia de preservação da biodiversidade diante da discussão de revisão do Código Florestal pelo Congresso Nacional.
“O inventário é uma pré-condição para fazer o zoneamento econômico e ecológico, necessário para determinar o que vai ser mudado, alterado ou como vai ser definido o uso para expansão agrícola, por exemplo”, afirmou. “O estudo é importante para cumprir com a convenção de Nagoia”.
De acordo com o ambientalista, mesmo que o estudo demore dois anos, com o documento, o governo terá dados consolidados que subsidiem as mudanças necessárias na lei. “Se for o contrário, como está sendo feito, o Brasil vai ter um desastre”, criticou. (EcoDebate)

Alertas que vêm da área de seguros

Mudanças Climáticas: Os alertas que vêm da área de seguros
O eventual leitor compreenderá – e relevará – que o autor destas linhas trate com tanta frequência e insistência do tema das mudanças climáticas e de suas desastrosas consequências no mundo e no Brasil. O artigo de duas semanas atrás – sobre problemas em represas e a necessidade de rever os seus padrões de implantação, diante do volume, peso e velocidade das águas nestes novos tempos, inclusive em São Paulo – provocou várias manifestações de leitores.
Um deles, o engenheiro Michael L. Pinkuss, chama a atenção para a necessidade de avaliar também o acúmulo de sedimentos nos reservatórios e sua influência no nível das águas. É tema que tem preocupado muito, entre outros cientistas, Philip Fearnside, que foi de várias instituições internacionais e hoje está no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Fearnside estudou esse acúmulo em várias barragens da Amazônia – Balbina, Samuel, Curuá-Una, Tucuruí e no projeto de Belo Monte – e alerta também para as emissões de gases que intensificam o efeito estufa emanadas de sedimentos orgânicos que, carreados pelos rios, após os desmatamentos, se acumulam nos reservatórios.
Talvez o tema da revisão de padrões de construção urbanos, rodoviários, hidrelétricos, etc. ganhe mais destaque e leve a modificações, na legislação e na prática, com as notícias que chegam de estudos que estão sendo desenvolvidos na Carolina do Sul, nos EUA, por instituições contratadas pelas maiores empresas de seguros na construção em todo o mundo, que só na área de edificações residenciais têm US$ 500 bilhões segurados e no ano passado perderam US$ 36 bilhões com danos provocados por inundações, vendavais, ciclones, deslizamentos de terras, etc.
No condado de Chester County, a Building House Safety (BHS) está terminando de construir um túnel com 150 superventiladores, capazes de provocar uma corrente de ar a 300 km/h, para poder observar as consequências em casas com os atuais padrões de construção e em outras mais resistentes. “Nós não estamos construindo observando os padrões de hoje nos lugares onde vivemos”, diz Julie Rochman, da BHS. “Construímos da forma em que queremos viver, esquecendo as lições do passado.” E isso tem tido consequências graves com chuvas, ventos, elevações do nível do mar – inclusive na perda de safras agrícolas.
“É muito difícil negar o aquecimento global”, diz Rochman. “Mas as seguradoras estão aí para mostrar.” Tanto assim que elas estão revendo o padrão internacional para seguros nesta área. E providenciando também simuladores de incêndios florestais, para poder criar um sistema de alertas. Porque a cada dia chegam notícias mais complicadas. Uma delas, publicada pela revista Time, é de um estudo do Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo, segundo o qual se pode agravar muito nos próximos 100 anos, com o aquecimento global, a situação já preocupante de falta de água no sudoeste norte-americano, incluindo Califórnia, Nevada, Novo México e Utah. O déficit nessas regiões, que já é alto, poderá quadruplicar. E os custos para remediá-lo poderiam chegar a US$ 2 trilhões.
Não é só ali que aumentam as aflições. No sul dos EUA o problema é, ao contrário, o “excesso” de chuvas. Nessa região, logo depois do Natal, choveu em volume não visto desde 1880. Em Los Angeles, em três semanas, choveu o que costumava cair em um semestre. A Austrália ainda está às voltas com os dramas da inundação em Queensland. Nas Filipinas, desde dezembro do ano passado, 2 milhões de pessoas foram atingidas por inundações. Na África do Sul, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) está alertando para o alto risco de inundações nas próximas semanas, continuando as que já arrasaram dezenas de milhares de hectares de cultivos – e comprometendo a alimentação dos mais pobres. Botswana, Lesotho, Moçambique, Namíbia e Zimbábue enfrentam os mesmos problemas. A África do Sul já decretou “estado nacional de desastre”.
Estranhamente, entretanto, o Partido Republicano dos EUA tenta bloquear na Câmara dos Deputados proposta que mantém poderes da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) para fixar padrões de emissões de gases nos vários setores econômicos e até exigir a redução. Esses poderes vêm sendo reconhecidos pela Corte Suprema do país desde 2007.
Também por aqui temos muito com que nos preocupar. Balanço publicado por este jornal (11/2) mostra que transportamos por rodovias nada menos do que 58% das cargas, ante 25% no sucateado setor ferroviário e 17% em hidrovias. Nada a estranhar, portanto, que o poluente diesel do petróleo responda por 53% das emissões no setor de transporte. Na Rússia, 81% das cargas vão por ferrovias; no Canadá, 46%; na Austrália e nos EUA, 43%. Para os problemas brasileiros contribuem também as emissões de automóveis, fabricados em quantidade cada vez maior e até com redução de impostos.
É preciso mudar essa matriz. Como é preciso atuar também em outros setores. Ainda agora, o Ministério Público Federal está recomendado ao IBAMA (Estado, 10/2) que suspenda as operações das fases A e B, assim como anule a licença da fase C, no complexo termoelétrico de Candiota (RS) – movido a carvão -, que “viola desde 2005 os padrões de emissão máximos fixados pelo próprio IBAMA”. As duas primeiras fases, juntas, têm 446 MW e a terceira, 350 MW. Mas, na prática, o que está ocorrendo é que o setor de energia recorre cada vez mais a usinas termoelétricas – de energia muito mais cara e altamente poluidoras.
Estudos publicados pela revista Nature (BBC News, 17/2) mostram que chuvas mais intensas têm hoje probabilidade 20% maior de acontecer por causa do aumento das emissões de gases. Já passou, portanto, da hora de mudar nossa postura interna e colocar a política do clima no centro de nossas estratégias, influenciando todas as áreas. (EcoDebate)

Pessoas ainda fazem pouco em ações práticas

Pessoas ainda fazem pouco em ações práticas no dia a dia para evitar os efeitos das mudanças climáticas
Não é novidade para mais ninguém que o clima do mundo está mudando. Aquecimento global e aumento do número de fortes chuvas são fenômenos relacionados com a atuação do homem sobre o meio ambiente. Com a vivência e o conhecimento cada vez maior sobre esses problemas, a população tem se interessado cada vez mais pelo assunto. Mas esse interesse resulta em ações práticas no dia a dia? Segundo especialistas, ainda não.
“Quando há catástrofes naturais, as pessoas param para pensar nas causas. Mas aí o tempo passa e esquecem”, lamenta Érika de Paula Pedro Pinto, ecóloga e pesquisadora do Programa Mudanças Climáticas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Por esse motivo, o instituto lançou a cartilha Perguntas e Respostas sobre o Aquecimento Global, que traz de forma didática as principais questões relacionadas às mudanças climáticas — desde seus fundamentos até políticas públicas que estão em discussão atualmente — e medidas que podem ser adotadas por qualquer pessoa para reduzir os efeitos da ação do homem sobre o clima do planeta. “Preparada e bem informada, a sociedade pode se envolver, cobrar e debater as questões com a comunidade, inclusive com as autoridades”, observa Érika.
O mestre confeiteiro Daniel Briand pode ser colocado no grupo de pessoas que já estão atentas ao problema e buscam colaborar na luta contra o aumento da temperatura do planeta. A cada três meses, ele cede o espaço de sua confeitaria, na Asa Norte, para que especialistas se reúnam com pessoas da comunidade para discutir tais problemas. “É uma forma de contribuir para o debate em torno de um tema que considero de suma importância”, diz Briand. Além de promover a discussão, o confeiteiro adota com rigor algumas ações para colaborar com o meio ambiente. “Não uso saco de plástico de jeito nenhum”, afirma categoricamente. “Além disso, tento educar as pessoas que trabalham comigo sobre a importância de economizar água”, acrescenta. Todas essas, medidas apontadas na cartilha do Ipam (veja ao lado).
Consumo
Carlos Nobre, climatologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), considerado um dos maiores pesquisadores sobre mudanças climáticas no Brasil, acredita que a população ainda não esteja comprometida com o tema tanto quanto deveria. Para ele, só haverá uma mudança expressiva no mundo se a sociedade alterar seu comportamento de consumo. “Apenas uma pressão social fará com que as coisas mudem realmente, principalmente nos setores produtivos e da indústria. E isso depende de uma alteração no padrão de consumo das pessoas”, expõe Nobre. “As pessoas não devem esperar essa mudança do Estado”, defende.
Mudar hábitos de compra e comportamento não é fácil, mas também não é impossível. Que o diga o casal de analistas ambientais Nilo D’Ávila, 40 anos, e Cristiane Fontes, 37. “Optamos por atitudes simples, como usar lâmpadas frias e consumir apenas produtos orgânicos, além de fazer a coleta seletiva do lixo, sem esperar que o Estado promova essas mudanças”, conta D’Ávila. Outras ações realizadas pelo casal são o consumo de sucos naturais, para não utilizarem embalagens de polpa e garrafas; o uso de fralda reutilizável para o filho Joaquim, 2 meses; e a utilização do verso da folha de papel escrita ou desenhada. “Há três anos, seria impossível optar por viver dessa forma. As coisas estão mudando aos poucos, muito lentamente”, aponta D’Ávila. Mesmo com todas essas atitudes, o casal ainda é pessimista em relação ao comportamento da sociedade de uma maneira geral. “Ninguém está disposto realmente a mudar o modo de vida. Não há res- ponsabilidade quanto ao consumo”, opina Cristiane.
Érika Pinto, do Ipam, ressalta que muitas vezes falta apoio das autoridades às ações dos cidadãos. “Quando você faz a coleta de lixo na sua casa, mas esse material acaba todo misturado em um aterro, sua atitude é anulada. A pessoa fica sem respaldo para continuar com essas ações”, observa. Outro aspecto citado pela ecóloga é a falta de organização social na luta por algo comum. “Nas grandes cidades há um comportamento tão individualista que a organização social não existe. Cada um se preocupa com o seu e não com o bem comum. Imagine com o bem comum pla-netário”, indigna-se.
A saída, para a ecóloga e o climatologista Carlos Nobre, está na educação como processo multiplicador. “As crianças são as principais agentes dessa mudança. Temos que investir na educação ambiental como responsabilidade para o futuro”, afirma Érika. “Se houver organização social que consiga pressionar os setores produtivos e a indústria, há como reverter o aqu
POVO FALA
Que ações você toma para minimizar os efeitos negativos do aquecimento global?
Incentivo os meu alunos a plantarem árvores e não desmatarem. Também procuro conscientiza-los sobre o problema do lixo, reciclando materiais para fazer instrumentos usados nas apresentações da capoeira.
Wilson Pereira da Silva “Sorriso”, 30 anos, instrutor de capoeira, morador de Sobradinho
Quando lembro, procuro economizar no consumo de água e utilizar menos papel, reaproveitando sempre que possível. Também me informo para saber quais outras ações posso tomar.
Ariane Ramos, 17 anos, estudante, moradora do Plano Piloto
Tento não usar copos descartáveis. Sempre levo o meu para o trabalho. Também me preocupo com o problema do lixo e procuro não jogá-lo na rua, repassando sempre essa informação.
Eliane Paniago, 28 anos, bancária, moradora do Guará
Economizo água em tudo: no banho, na hora de fazer a barba etc. Também direciono o lixo que pode ser reciclado para uma cooperativa. Aliás, isso é um incentivo que existe no meu prédio.
Denis Marcelo dos Santos, 45 anos, bancário, morador de Águas Claras (EcoDebate)

Alpinistas relatam mudanças climáticas

Montanhistas brasileiros já notam efeitos do aquecimento global em suas aventuras
A pedido do Estado, ele e outros alpinistas brasileiros relatam as alterações mais perceptíveis e chocantes nos picos mundo afora. Raineri recorda primeiro das mudanças que observou na Bolívia, na região da montanha do Condoriri, onde ele ministrava cursos de escalada de gelo. "Havia um ponto em que terminava a trilha e a gente entrava no glaciar. Daí, a gente tinha de subir muito, havia paredes de 30 metros. Depois de 15 anos, o ponto de entrada no glaciar estava muito lá para frente, já havia retrocedido bastante, e essas paredes agora não existem mais, a gente não consegue dar a parte de escalada vertical nesse lugar, tem de ir para outro ponto."
Silverio Nery, de 54 anos, presidente da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME), também tem um caso para contar da Bolívia. "Eu frequentei Chacaltaya (um pico da Cordilheira dos Andes) por muitos anos. A gente subia de carro até certo ponto e, depois, ia de cabo até o alto. Mas já faz uns cinco anos, se não for mais tempo, que não tem neve suficiente para esquiar."
Raineri lembra também que em 1993, quando foi pela primeira vez ao Aconcágua, na Argentina, perto do acampamento base havia muitos "neveiros", pontos onde a neve se acumula durante o inverno e que, no verão, os alpinistas derretem para fazer água. "Hoje em dia os "neveiros" são raros e o glaciar retrocedeu muito", diz.
"Minha percepção, não sei se estou certo ou errado, é que os pontos que sofrem mais com o aquecimento são os que estão na transição de temperaturas abaixo de zero para acima de zero." Ele explica o raciocínio: "Quando o cume de uma montanha está sempre a uns 15°C abaixo de zero, se aumentar 2°C vai para -13 °C, continua com temperatura negativa. Porém, se o lugar sai de -1°C para 1°C, deixa de ter gelo e passa a ter água".
O médico e guia de montanha Manoel Morgado, de 54 anos, vai há 20 para o Nepal, no acampamento base do Everest, e já levou 45 grupos para lá. "Vou de duas a três vezes por ano, então vejo gradualmente as mudanças. Dá para notar retração de glaciar em todos os lugares em que passo", afirma.
No ano passado, ele esteve na montanha Huayna Potosí, na Bolívia. "Lá tinha uma marcação de um ano atrás e havia retração de 2 metros. Eu noto que, nas montanhas mais próximas do Equador, essa retração está sendo mais rápida."
Mais arriscado. Algumas escaladas têm ficado mais difíceis com as mudanças climáticas. Segundo Nery, na Cordilheira Branca, no Peru, todas as montanhas estão mais complicadas de escalar por causa do degelo. "Hoje em dia existe risco grande de queda de bloco de gelo. A escalada passou a ser muito mais arriscada", afirma.
A melhor época para subir algumas montanhas também mudou. Raineri analisou cuidadosamente as estatísticas das expedições anteriores, antes de tentar escalar a parte sul do Aconcágua com Vitor Negreti, em 2001. "As expedições que tiveram sucesso tinham ocorrido em fevereiro. Mas chegamos lá neste mês e o gelo tinha derretido. Escalamos dois terços da parede, porém muitos trechos que deveriam ser de escalada em gelo viraram escalada em rocha podre, que esfarela. Ficou bem mais complicado", diz.
A dupla resolveu voltar para casa, preparar-se mais e retornar para o Aconcágua em dezembro do mesmo ano. "Deu certo e conseguimos chegar ao cume no dia 2 de janeiro de 2002."
Lixo. Além de sofrer com o degelo, muitas montanhas têm ficado sujas com o aumento da visitação. "Estive nos campos 2 e 4 do Everest no ano passado e achei a situação deprimente. Vi muitas embalagens plásticas, de comida industrializada, cartuchos de gás de cozinha e até cilindros de oxigênio, que são caros e, mesmo vazios, valem bastante", conta Morgado. Para minimizar o estrago, em muitas montanhas agora há cobrança de multas de quem não traz de volta seu lixo.
COMO ESCALAR SEM DEGRADAR O AMBIENTE
Traga seu lixo de volta
Se você pode levar uma embalagem cheia, pode trazê-la vazia na volta. Embalagens vazias pesam pouco e não ocupam espaço na mochila. Não queime nem enterre o lixo. As embalagens dificilmente queimam completamente, e animais podem cavar até o lixo e espalhá-lo.
Evite fazer fogueira
Fogueiras matam o solo, enfeiam os locais de acampamento e representam uma grande causa de incêndios florestais. Para cozinhar, utilize um fogareiro próprio para acampamento. Os fogareiros modernos são leves e fáceis de usar. Cozinhar com um fogareiro é muito mais rápido e prático que acender uma fogueira.
Vegetação
Durante a escalada, evite se apoiar ou arrancar a vegetação das paredes. Toda vegetação que se desenvolve sobre paredes rochosas enfrenta o desafio de sobreviver em um ambiente extremo, em que há pouca água e o clima pode ter variações intensas de temperatura e ventos fortes. Essa vegetação dificilmente suporta maiores desgastes, como o pisoteio e o atrito.
Cada coisa em seu lugar
Não construa nenhum tipo de estrutura, como bancos, mesas e pontes. Não quebre ou corte galhos de árvores, mesmo que estejam caídos, pois eles podem servir de abrigo para aves. Veja mais dicas no site pegaleve.org.br (OESP)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Falta educação para preservar o meio ambiente

Os índios têm percebido muitas mudanças no ecossistema amazônico nos últimos anos. Exemplo disse pode ser conferido no “clima, extinção de animais e espécies, desmatamentos e queimadas, fauna não respeitada na época de desova”, disse o coordenador secretário da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) do Amazonas, Saturnino W. Rudzane’edi. Líder xavante do Estado do Mato Grosso, ele enfatizou em sua entrevista por e-mail a IHU On-Line que falta educação para preservar o meio ambiente, e que “no existe povo, existem povos indígenas”.
IHU On-Line – Qual a experiência do povo indígena na Amazônia? Como os índios se sentem vivendo na Amazônia?
Saturnino W. Rudzane’edi – a) Não existe povo, existem povos indígenas, e a experiência de cada um é diferente do outro vivendo em realidades totalmente diferentes, com os costumes e línguas diferentes, diversas culturas, porém temos algo que nos une.
Porque somos parentes
Temos os mesmos direitos
Lutamos em comum como por conquista e autonomia
Respeito à biodiversidade
Sonhos: de ter educação e saúde diferenciada
Respeito à cultura, etc.
b) Nós indígenas sentimos como todas as minorias negras, caboclas, etc. Somos felizes de morar em nossas terras; ter nossos rios limpos sem poluição; ter fartura de caça, coleta de frutas e peixes; felizes de morar fazendo nossos rituais, tendo nossas culturas, nossas tradições, costumes….
Porém nos sentimos ameaçados frequentemente por ter
Nossas terras ainda sem demarcar,
Terras invadidas por questões de interesse pessoais,
Saúde ameaçada como por ex: os indígenas do Vale do Javari, com epidemias cada vez piores acabando com essa população; como hepatite A, B, C etc.
A educação indígena diferenciada é esquecida em muitos lugares, não respeitam a legislação que reza na Constituição Brasileira.
A propriedade intelectual, os conhecimentos tradicionais roubados, pirateados, etc., sem conhecimento ou consulta dos povos.
As águas poluídas, os peixes contaminados, etc.
A mudança climática: ex.: o rio, as enchentes bravas ou inundações e muitas secas tão fortes nos dias de hoje.
Não poder ter acesso à participação nos fóruns internacionais (por falta de convite ou dinheiro) onde se discute e se decide sobre os povos indígenas…
IHU On-Line – Quais têm sido os principais desafios da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, a COIAB?
Saturnino W. Rudzane’edi – Os principais desafios:
Mudança climática
A água
Conquista do direito na política Nacional e Internacional
IHU On-Line – Quais as características do movimento indígena na Amazônia? Quais as lutas dos povos indígenas na Amazônia hoje? Quais as principais reivindicações?
Saturnino W. Rudzane’edi – a) A COIAB , está composta por inúmeras organizações, existem as organizações locais e as regionais em toda a Amazônia, as características da COIAB instituição indígena sem fins lucrativos, criada para defender a demarcação de terras, defender os direitos dos povos.
IHU On-Line – Os índios têm percebido alterações na floresta amazônica, nos rios, lagos, na fauna e na flora da Amazônia ao longo dos anos? O que mais mudou nos últimos tempos?
Saturnino W. Rudzane’edi – Clima
Extinção de animais de espécies
Mudanças conjuntura políticas, em nível Nacional e Internacional.
Fora os desmatamentos e queimadas.
Fauna não respeitada n época de desova.
Falta de educação para preservar o meio ambiente.
IHU On-Line – Como o movimento indígena se articula com as bases e com o governo? Como os índios da Amazônia avaliam o governo Lula?
Saturnino W. Rudzane’edi – a) A COIAB é o movimento indígena e se articula com suas bases através de organização regionais e locais. Também são realizadas assembleias gerais da COIAB com participação das organizações da Amazônia Brasileira.
Por em seguida todas as demandas são avaliadas na assembleia do CONDEF e posteriormente aprovadas as deliberações. Como conquista ou desafio para o movimento indígena organização (COIAB).
O movimento se articula junto com instituições ambientalistas federais e estaduais, indigenista como: CIMI , FUNAI , FUNASA , ISA , IBAMA ,GTA , FEPI  e outros.
b) Nos últimos anos o governo Lula tem esquecido e não valorizando o movimento social indígena, também não tem cumprido com as promessas feitas durante a campanha de governo anterior. Atualmente esperamos e estamos com esperança na sensibilidade do governo como todo que a política voltada na questão indígena seja executada junto com o movimento indígena organizado.
Finalizando as respostas da entrevista agradeço em nome dos povos indígenas da Amazônia Brasileira o interesse e respeito desta revista na publicação deste texto da fala de líder Xavante do Estado de Mato Grosso e atualmente membro da Coordenação da COIAB. (Ecodebate)

Aquecimento dos mares levará peixes ao limite

Aquecimento global: Estudo mostra que mares aquecidos podem levar peixes a limite
As temperaturas oceânicas em rápida elevação em algumas partes do mundo podem estar levando algumas espécies de peixes ao seu limite, retardando seu crescimento e aumentando o estresse e o risco de morte, mostra um estudo.
Publicado em 18/04 na revista Nature Climate Change, o estudo australiano se concentrou na longeva espécie do peixe-bobo-de-faixa-negra do mar da Tasmânia, entre a Austrália e a Nova Zelândia.
Usando dados atuais e de longo prazo, os cientistas descobriram que o crescimento do peixe-bobo em algumas áreas foi desacelerado por um salto de quase 2 graus Celsius nas temperaturas da superfície do mar nos últimos 60 anos no mar da Tasmânia, uma das mais rápidas elevações nos oceanos do Hemisfério Sul.
Os resultados têm implicações para outras espécies de peixes, incluindo a pesca comercial, à medida que os mares aquecem e se tornam mais ácidos, afetando recifes de coral e a multibilionária indústria pesqueira que depende deles.
Normalmente, animais de sangue frio reagem ao aumento de temperatura acelerando a taxa de reprodução à medida que as temperaturas sobem, disse o ecologista marítimo Ron Thresher, do CSIRO, órgão de pesquisa australiano apoiado pelo governo. Mas há um limite.
“Ao examinar o crescimento em uma área habitada por essa espécie, encontramos evidência tanto de crescimento retardado como de estresse fisiológico acentuado, já que as temperaturas mais elevadas impõem um custo metabólico maior nos peixes na borda mais quente da área”, afirmou Thresher à Reuters de Hobart, na Tasmânia.
“Muitos peixes comerciais não se movimentam muito”, disse Thresher, co-autor do estudo junto com colegas do Instituto de Estudos Marinhos e Antárticos da Universidade da Tasmânia.
“Eles tendem a voltar ao mesmo terreno de procriação ou vivem nos mesmos recifes. E esses serão os mais afetados,” disse. Este é o caso especialmente para peixes longevos, aqueles que vivem perto da praia e em águas pouco profundas. O peixe-bobo-de-faixa-negra pode viver até 100 anos.
Mas algumas espécies, como o atum, se movimentam muito mais e cada vez buscam águas mais frescas ao sul.
Thresher e seus colegas usaram dados sobre o peixe-bobo-de-faixa-negra que remontam a 1910 e se concentram na estrutura óssea chamada otólito, que apresenta anéis de crescimento anuais semelhantes aos encontrados em árvores.
Estudando dados de amostras de espécies do mar da Tasmânia, eles detectaram um crescimento acentuado nas populações da espécie no meio de áreas nas águas australianas nas quais as temperaturas subiram, mas ainda estão relativamente frescas.
Mas o crescimento diminuiu com as temperaturas em elevação na fronteira norte, mais quente, da área ao redor da Nova Zelândia.
Os cientistas descobriram que o decréscimo no crescimento pode estar relacionado com os maiores níveis de estresse causados pelas temperaturas em elevação, o consumo acentuado de oxigênio e uma queda na capacidade de nadar por longos períodos. (EcoDebate)

Aquecimento global está ‘devorando’ o Ártico

O aquecimento global está ‘devorando’ as costas do Ártico
Mudança climática destrói costas do Ártico, diz relatório – Segundo o estudo, as áreas mais afetadas são o mar de Laptev e o leste da Sibéria, ambos na Rússia, e o mar de Beaufort, que faz fronteira com as costas do Canadá e Alasca, nos EUA
O aquecimento global está devorando as costas do Ártico, onde erosões de até 10 metros ao ano estão afetando comunidades e ameaçando a sobrevivência de espécies de plantas e animais locais.
Esta é a principal conclusão de um duplo estudo [The Arctic Coastal Dynamics Database: A New Classification Scheme and Statistics on Arctic Permafrost Coastlines ] publicado no domingo, 17, por um consórcio de 30 cientistas de 10 países que analisou a situação de 100 mil quilômetros de costa, equivalente as fronteiras terrestres dos oito países que fazem fronteira ao norte com o oceano Ártico. Reportagem da Agência EFE.
“Parece que a erosão do litoral do Ártico está acelerando de forma dramática. O corte médio é de meio metro ao ano, mas em algumas zonas chega a ser de 10 metros ao ano”, diz Volker Rachold, investigador do Instituto Alfred Wegener de Potsdam, na Alemanha.
As áreas mais afetadas são, segundo o relatório científico, o mar de Laptev e o leste da Sibéria, ambos na Rússia, e o mar de Beaufort, que faz fronteira com as costas do Canadá e Alasca, nos EUA.
O estudo alerta que, como as costas do Ártico representam um terço do total do litoral do planeta, a erosão pode chegar a afetar áreas enormes no futuro.
Tal retrocesso do litoral é consequência, sem dúvida, do aquecimento global, um problema que se agrava no Círculo Polar Ártico, onde os incrementos dobram o aumento térmico meio global, explica o investigador alemão.
O processo climatológico está descongelando parte do permafrost litorâneo, a camada de gelo permanente dos níveis superficiais do solo própria das regiões muito frias.
“Vemos rápidas mudanças em uma situação que permaneceu estável durante milênios”, denuncia o estudo, o primeiro de caráter compreensivo que analisa as consequências físicas (geológicas e químicas), ecológicas e humanas da erosão do litoral árticas.
Seu impacto é “substancial” para os ecossistemas árticos litorâneos e para a população humana assentada nessas regiões, aponta o documento “Estado do litoral Ártica 2010″, de 170 páginas e disponível na internet.
Os mais afetados pelas mudanças são os animais selvagens que habitam nessas regiões, especialmente os extensos rebanhos de renas, e os frágeis ecossistemas dos lagos de água doce próximos à costa.
O homem também se vê afetado por este grave processo erosivo, mas dada a pouca população no litoral mais setentrional do planeta, o estudo retrata mais como incentivo que como vítima neste problema meio ambiental. (EcoDebate)

Derretimento polar mudará padrões das correntes

Cientistas afirmam que derretimento polar pode mudar padrões das correntes marinhas e da circulação atmosférica
Água doce no Ártico pode alterar clima na Europa
A crescente massa de água doce procedente do gelo derretido no oceano Ártico é uma incógnita de consequências imprevisíveis em futuros cenários climáticos, segundo pesquisadores de dez países europeus.
A massa de água, que em 2009 tinha um volume equivalente a duas vezes o Lago Vitória na África (o segundo maior do mundo) e cujo tamanho aumenta, poderia se precipitar bruscamente no oceano Atlântico caso mudem os padrões atmosféricos atuais. Reportagem da Agência EFE.
Esta é uma das conclusões do projeto Clamer, feito por 17 institutos de 10 países europeus e que consiste em reunir e sintetizar mais de 300 pesquisas financiadas pela União Europeia nos últimos 13 anos sobre a mudança climática e seus efeitos sobre os oceanos e mares europeus.
O relatório completo, que teve algumas conclusões reveladas nesta terça-feira em uma nota divulgada à imprensa pelo Instituto Marinho de Flandres, será apresentado em uma conferência internacional na Academia Real Flamenga da Bélgica nos próximos dias 14 e 15 de setembro em Bruxelas.
Durante os últimos 12 anos, os ventos que circulam no sentido horário no Ártico contiveram, sobretudo na região da bacia canadense, uma massa de água relativamente doce proveniente da corrente excepcionalmente elevada dos rios (canadenses e siberianos) e do gelo marinho derretido, explicou a oceanógrafa holandesa Laura de Steur.
Quando este padrão mudar, a água fria penetrará no oceano Atlântico e interferirá no sistema de correntes marinhas (circulação termohalina) que transmite calor em direção ao norte, modera o clima na Europa e leva nutrientes essenciais para a vida marinha.
O que acontecerá então é “difícil de prever”, afirma De Steur, embora a cientista descarte como “absurdo hollywoodiano” o cenário de “catástrofe congelada” descrito em 2004 no filme “O Dia Depois de Amanhã”.
“As eras do gelo ocorrem em períodos geológicos de dezenas de milhares de anos”, assinala De Steur na nota, apesar de admitir que “pode haver grandes mudanças regionais se a circulação do oceano mudar”.
Um aumento no fluxo de água doce na superfície do Atlântico Norte pode levar a um significativo enfraquecimento ou um completo colapso na circulação termohalina, visto que provocaria a diluição da água salina e a perda de densidade.
A circulação ocorre por diferenças de densidade, com as massas mais densas tendendo a afundar e as menos densas, a ascender.
Segundo Detlef Quadfasel, do centro climático da Universidade de Hamburgo, as mudanças nestas correntes podem ser abruptas – uma década ou duas -, mas espera-se que sejam mais gradativas.
A maioria dos modelos climáticos prediz para o final deste século um enfraquecimento da ordem de 20% neste fenômeno natural fundamental para o clima e a vida marinha.
“As mudanças nestes parâmetros físicos podem alterar totalmente as condições de vida e a distribuição de muitas espécies” em todas as profundidades, destaca na nota o cientista alemão Thomas Neumann.
No entanto, os cientistas afirmam que o aumento de temperaturas devido à acumulação de gases do efeito estufa na atmosfera pode compensar em parte o efeito de esfriamento que uma redução destas correntes submarinas causaria na Europa.
A mudança climática produzirá outras alterações nos oceanos, segundo os especialistas europeus, como o aumento do nível de água, que será mais quente e ácida, e uma maior proliferação de tempestades. (EcoDebate)

Geleiras chilenas estão ficando menores

As altas temperaturas e as chuvas escassas estão reduzindo o volume da maioria das geleiras da Terra do Fogo, uma das regiões com as maiores reservas de água doce do Chile.

Uma foto tirada em 2007 no Parque Nacional Torres del Paine mostra que o aquecimento global está reduzindo as geleiras da região.

O glaciólogo chileno Andrés Rivera concluiu que o aumento das temperaturas e a escassez das chuvas estão reduzindo o volume da maioria das geleiras da Terra do Fogo.
SANTIAGO, Chile — As altas temperaturas e as chuvas escassas estão reduzindo o volume da maioria das geleiras da Terra do Fogo, uma das regiões com as maiores reservas de água doce do Chile.
A afirmação foi feita à EFE pelo glaciólogo chileno Andrés Rivera, que estuda o volume das geleiras da área e das ilhas situadas ao sul do Estreito de Magalhães, no extremo sul do continente americano.
O estudo de Rivera, pesquisador do Centro de Estudos Científicos de Valdivia, detectou a existência de 1.682 maciços de gelo. Segundo La Tercera, eles totalizam uma área de 3.289 km². Rivera explicou que a superfície calculada foi uma surpresa, pois medições anteriores estimavam que fosse de 2.500 km². O pesquisador afirmou que, pela sua grande extensão, as geleiras podem contribuir para o aumento ou a redução do nível do mar em todo o mundo.
Também conforme La Tercera, Rivera constatou que a maior parte das geleiras está diminuindo por causa da alteração dos índices de precipitação e de temperatura no Estreito de Magalhães nos últimos 100 anos. A temperatura da área aumentou 0,98 ºC nas quatro últimas décadas. Já o índice pluviométrico na estação de Puerto Williams caiu 200 mm nos últimos 50 anos.
Mesmo assim, Rivera prevê que a Terra do Fogo, por contar com grandes superfícies de gelo, continuará tendo geleiras por um bom tempo. Mas a realidade no resto do país é outra. Ele advertiu que, em médio prazo, as geleiras de menor dimensão desaparecerão no centro e norte do Chile, o mesmo acontecendo em outros países andinos como Peru, Bolívia, Equador e Colômbia.
Para deter a deterioração das geleiras e preservar esta reserva estratégica de recursos hídricos, Rivera ressaltou à EFE a necessidade de um compromisso global para fixar novas taxas de redução de gases de efeito estufa e novas políticas ambientais. O consenso poderá ser atingido no final deste ano, quando dezenas de governos negociarão em Copenhague (Dinamarca) um novo acordo que está sendo apelidado de pós-Quioto 2012. (infosurhoy)

Geleiras de cordilheira no Peru encolhem 30%

As geleiras da Cordilheira Branca, no Peru, retrocederam 30% nos últimos 40 anos por causa das mudanças climáticas.
Dos 720 km² de glaciares que existiam no Peru em 1970, restam agora 510 km², afirmou César Portocarrero, responsável pela Unidade de Glaciologia da Autoridade Nacional de Água peruana.
Outras geleiras no Peru perderam ainda mais com o aquecimento global e o retrocesso é mais acelerado nos glaciares de pequeno tamanho: alguns perderam 70% de superfície.
Portocarrero não tem uma visão otimista da situação. Ele acredita que entre 20 e 30 anos as geleiras do país poderão desaparecer.
Um dos riscos diretos para a população é de deslizamentos ou de alagamento de povoados localizados perto de glaciares - já que os lagos que recebem a água derretida nas geleiras podem ficar sobrecarregados.
Por isso, ele defende que sejam tomadas medidas preventivas, como a construção de barragens e diques, para evitar desastres como o de 1941, quando uma inundação em Huaraz, que fica na região da Cordilheira Branca, resultou na morte de cerca de 5 mil pessoas.
Outro problema com a perda dos glaciares será a falta de água para a população que vive na região - Portocarrero avalia que em 20 anos já será notada a escassez de água. (OESP)

Derretimento do gelo no Ártico

Derretimento do gelo no Ártico evidencia problemas do clima global
Efeitos do aquecimento global são cada vez mais visíveis
O Ártico não é uma região isolada das demais, mas um ponto central, onde se encontram três continentes e dois oceanos. As mudanças que lá ocorrem afetam o clima de todo o planeta, dizem especialistas.
Os exploradores russos Daniel Gavrilov e Elena Soloveva estão orgulhosos do recorde mundial alcançado por eles e outros navegadores a bordo do barco Peter 1º em 2010. Pela primeira vez, uma embarcação conseguiu numa só temporada cruzar, sem a ajuda de quebra-gelos, tanto a Passagem do Nordeste quanto a do Noroeste.
“Tivemos sorte”, diz Soloveva. “O estado da cobertura de gelo tornou isso possível”, completa. Hoje está claro para ela que o recorde só foi possível devido ao rápido aquecimento do clima no Ártico. “O gelo está derretendo na parte superior. O clima está mesmo mudando”, diz Soloveva.
O norueguês Borge Ousland, que circunavegou o Polo Norte na mesma época que Gavrilov e Soloveva, faz a mesma observação. Há mais de 20 anos ele participa de expedições pelo Ártico. “Na minha primeira expedição no Polo Norte, em 1990, o gelo tinha de 3 a 4 metros de espessura e havia se formado havia muitos anos”, lembra o explorador, um especialista na região.
“Isso mudou consideravelmente nos últimos anos”, diz. Em 2007, Ousland examinou o gelo local numa expedição patrocinada pelo Instituto Polar Norueguês. “A espessura era de apenas 1,5 a 2 metros”, completa.
Com a sua circunavegação do Polo Norte, Ousland quis chamar a atenção para as mudanças climáticas na região. Para ele, números e resultados são muito abstratos para o cidadão comum, por isso sua ideia era expor visualmente o que acontece com as geleiras e como isso influi no clima global.
“O gelo flutuante funciona como um escudo. A superfície branca reflete a energia solar de volta para o espaço. Se o gelo derrete, a superfície escura da água absorve essa energia, o que eleva as temperaturas da água e do ar não apenas no Ártico, mas em todo o planeta.”
Ponto crítico no extremo norte
Segundo os pesquisadores, os bancos de gelo no mar, ou banquisas, são um dos diversos fatores que podem desestabilizar o clima da Terra. O Ártico não deve ser visto como uma região isolada, afirma o biólogo marinho espanhol Carlos Duarte, especialista em questões relacionadas à região. Segundo ele, o Ártico deve ser acima de tudo visto como um ponto central, onde se encontram três continentes e dois oceanos.
“Por isso, as mudanças que ocorrerem ali trarão efeitos para todo o sistema da Terra”, explica Duarte, um dos coordenadores do projeto Arctic Tipping Points, financiado pela União Europeia.
“O Ártico controla em grandes proporções as mais importantes correntes marítimas da Terra; o gelo derretido modifica a temperatura e o nível de salinidade do mar; as geleiras da Groenlândia influenciam o nível do mar; e no Ártico são também armazenadas quantidades enormes de gases estufa, como o metano, de relevância global”, completa o especialista.
Bomba-relógio sob o gelo
Duarte e sua equipe de pesquisadores calculam que em menos de dez anos o Ártico não terá mais gelo no verão, sendo que esse tipo de evolução poderá desencadear outros processos, já hoje apontados como sinais de alarme.
O gelo continental na Groenlândia derreteu de maneira recorde, apontam os resultados de pesquisas do ano de 2010. Caso não haja uma redução radical da emissão de CO2 até o ano de 2020, poderão derreter até 60% do permafrost (solo formado por terra, rochas e gelo que permanece congelado em toda a faixa do Ártico). Isso provocaria a liberação de grandes quantidades de CO 2 e metano, aquecendo ainda mais a Terra.
Duarte mostra-se especialmente preocupado com o risco de que um aumento da temperatura da água possa, de súbito, liberar grandes quantidades de metano congeladas no solo marinho sob o Ártico. “Se isso acontecesse, poderia ser liberada, em poucos anos, uma quantidade de gases poluentes cinco vezes maior do que a liberada nos últimos 150 anos”, explica.
Incêndios nas turfas
Outro fator que ainda não pôde ser considerado pelo Conselho Global do Clima é o ressecamento das superfícies de turfas no extremo norte do globo. Duarte vê os incêndios nas turfas da Rússia, em meados do último ano, como um sinal de alerta de que também lá podem estar sendo atingidos pontos críticos.
Incêndios que se alastraram por grandes superfícies em regiões desertas da Rússia e do Canadá só puderam ser debelados com dificuldade, tendo liberado também mais gases estufa. Há alguns anos, Vladimir Putin afirmou que a Rússia poderia ainda suportar um pouco mais de aquecimento, lembra o especialista espanhol. Hoje, até mesmo as lideranças do país reconhecem que as mudanças climáticas trazem mais riscos do que se supunha.
Ação política mais que necessária
Para Duarte, está passando da hora de agir politicamente, a fim de reduzir as emissões de CO2. Ele ressalta que as discussões sobre os primeiros passos rumo a uma economia global, que gere menos poluentes, começaram tarde demais. “Alguém tem que simplesmente fazer isso na esperança de que outros o sigam”, completa.
O pesquisador alemão Dirk Notz, do Instituto Max Planck de Meteorologia, apela por uma ação política mais imediata: “Há 20 anos, os cientistas vêm dando um sinal claro de que são necessárias medidas firmes”, aponta o especialista. “Voltamos quase ao mesmo ponto de 20 anos atrás. Quando se tem, como cidadão, interesse em manter nosso clima pelo menos como ele está hoje, é preciso que o setor político faça algo para, por exemplo, salvar o gelo no Ártico”, completa Notz.
O pesquisador, que passa boa parte de seu tempo no Ártico, vê as mudanças climáticas na região como um sinal de alerta para todo o planeta. No Ártico, diz ele, o abstrato conceito de “mudança climática” tornou-se visível.
“Ao observar como nessa região da Terra tão pouco povoada podem ser desencadeados conflitos geopolíticos devido às riquezas naturais ali estimadas, pode-se ter uma ideia do que poderia acontecer quando as mudanças climáticas chegarem a regiões onde vive realmente muita gente. E também do quanto essas mudanças poderão influenciar a vida das pessoas que ali vivem. Há dez anos, ninguém teria previsto uma evolução como essa. (EcoDebate)

sábado, 23 de abril de 2011

22 de Abril - Dia do Planeta Terra

Dia do Planeta Terra foi criado em 1970 nos Estados Unidos
Consciência é o primeiro passo, ação é o segundo.
No Ano das florestas, comemoramos no dia 22 de abril de 2011 mais um Dia da Terra. Esta reportagem honra o planeta verde e azul que nos acolhe, generoso e tantas vezes esquecido, que tem dado claros sinais de alerta.
História
O Dia do Planeta Terra foi criado em 1970 nos Estados Unidos, pelo Senador norte-americano Gaylord Nelson. Festejado em 22 de abril, foi o primeiro protesto nacional contra a poluição e ganhou países adeptos ao movimento, a partir de 1990. Coincidência ou não, é também o Dia do Descobrimento do Brasil, uma “terra abençoada por Deus”, como costuma cantar o nosso povo.
A força das redes
Antigamente, quando eu fazia essa reportagem (porque há muitos anos o itu.com.br faz questão de celebrar este dia), eu buscava no Google as principais ações que estavam sendo feitas no Brasil, no mundo e na região. Hoje isso não é mais possível. E a boa notícia é que as ações se multiplicaram. Com a força cada vez maior das mídias sociais, em especial Twitter e Facebook, as pessoas tem se unido em tribos, bairros, escolas, cidades, ONGs, e agido. Realmente, estamos fazendo mais, com a consciência mais desperta.
Na contramão - Belo Monte
No entanto, pela lei da compensação, os absurdos também estão mais à tona e continuam a acontecer. No Brasil, casos inacreditáveis como a construção da Usina Monte Belo ainda mostram a clara ganância e falta de visão de muitos políticos que, lamentavelmente, ainda decidem o futuro do nosso país. Não é fácil entender o caso da construção dessa usina, e a grande mídia não explica direito. Entenda boa parte do caso Monte Belo ouvindo o áudio desta excelente matéria da CBN. Ou veja um vídeo (em inglês) que retrata muito bem esse assunto! Se vc quer fazer algo, ainda pode assinar esta petição!
Se pensarmos que o Dia do Planeta Terra nasceu como um protesto à poluição em 1970, podemos avaliar que a humanidade conseguiu fazer muito pouco nos últimos 40 anos. Os rios estão cada vez mais poluídos, as florestas desmatadas, o ar carregado. A violência invade os lares, as escolas, as empresas e todos os espaços coletivos. O lixo ainda está longe de ser reciclado como deveria. O consumismo desenfreado ainda impera em muitos países. A água, o bem mais precioso da humanidade, está escassa. As geleiras estão derretendo. Usinas nucleares ameaçam a vida, como pudemos ver recentemente no caso da Fukushima, no Japão, afetada pelo terremoto de nove graus, seguido de tsunami, que atingiram o país, em 11 de março. O homem, o único que poderia fazer alguma coisa, ainda está adormecido. Apesar de ter uma parcela cada vez maior de pessoas acordando e alterando significativamente seu modo de vida, ainda há um longo caminho a ser percorrido.
Carta da Terra
A Carta da Terra nasceu como resultado de uma década de diálogo intercultural, em torno de objetivos comuns e valores compartilhados. O projeto começou como uma iniciativa das Nações Unidas, mas se desenvolveu e finalizou como uma iniciativa global da sociedade civil. Em 2000 a Comissão da Carta da Terra, uma entidade internacional independente, concluiu e divulgou o documento como a carta dos povos. A redação da Carta da Terra envolveu o mais inclusivo e participativo processo associado à criação de uma declaração internacional. Esse processo é a fonte básica de sua legitimidade como um marco de guia ético. A legitimidade do documento foi fortalecida pela adesão de mais de 4.500 organizações, incluindo vários organismos governamentais e organizações internacionais. É uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada voltado para o bem-estar de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. É uma visão de esperança e um chamado à ação.
Fórum Mundial de Sustentabilidade
“Eu vim aqui porque verdadeiramente acredito que o Brasil está na beira de se tornar um dos países mais importantes do mundo. Vocês, as decisões e as políticas que tomarem agora, terão um profundo efeito no século 21, e por causa do Brasil ser um país (relativamente) novo em termos de poder, vocês podem criar algo agora mesmo. Tudo está ao seu alcance. Eu penso que vocês podem ver que o mundo está com fome de uma genuína liderança. Nós precisamos dela e essa liderança tem fracassado em termos nacionais. A vitalidade, a paixão, o entusiasmo e a inovação que existe aqui no Brasil são únicos em termos de um grande e desenvolvido país com rápido desenvolvimento. Portanto, é por isso que estou aqui!” (Paul Hawken, ambientalista, jornalista e autor de diversos livros, entre eles "Capitalismo Natural")
Não é á toa que o Brasil foi o país que sediou, nos dias 24 a 26 de março, o 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade – um dos principais eventos internacionais sobre o tema. E onde? Manaus, claro, que mora no coração da nossa floresta amazônica. Com o slogan "Sustentabilidade Econômica, Ambiental e Social da Amazônia e do Planeta", o encontro reuniu lideranças empresariais, políticas e ambientais de todo o mundo em prol do desenvolvimento sustentável. O evento contou com a presença de celebridades como Bill Clinton, Schwarznegger, Richard Branson e James Cameron (Avatar), que fez questão de mostrar que desaprova a construção de Belo Monte. O Itu.com.br também esteve presente, tendo como representante Alan Dubner, que após voltar do evento escreveu o artigo “Recursos Humanos Sustentáveis”.
Hora do Planeta
A “Hora do Planeta” é um ato simbólico, promovido há vários anos, no mundo todo, pela Rede WWF, no qual governos, empresas e a população demonstram a sua preocupação com o aquecimento global, apagando as suas luzes durante sessenta minutos. Em 2010, mais de um bilhão de pessoas em 4616 cidades, em 128 países, apagaram as luzes durante a Hora do Planeta. Monumentos como Cristo Redentor, Torre Eiffel, London Eye, Fontana de Trevi e Empire State foram alguns dos 1383 ícones que ficaram no escuro por 60 minutos. A expectativa para 2011 é ultrapassar a marca do último ano. Em 2011 a Hora do Planeta ocorreu no dia 26 de março e contou com a participação de todo o mundo. O itu.com.br apoiou a campanha divulgando e estimulando os estabelecimentos e pessoas a participar.
Sete bilhões em 2011
Pesquisas apontam que ao final de 2011, a população humana da Terra deve chegar a aproximadamente sete bilhões de pessoas. Você já se deu conta disso? Um vídeo impressionante da National Geographic mostra os números inacreditáveis e nos convida a refletir sobre o que podemos fazer para equilibrar essa assustadora situação. Com tanta gente consumindo e poluindo, como fica a saúde emocional, física e mental do nosso planeta? Apesar dos prognósticos pessimistas, mas reais, ainda existem pessoas e entidades interessadas em manter o equilíbrio do planeta. Elas fazem parte de uma minoria consciente, formada por idealistas que querem fazer uma diferença no mundo. As crianças fazem parte desse grupo, junto com jovens cheio de sonhos e adultos. Ongs, instituições, empresas, iniciativas públicas e escolas estão a cada dia mais se mobilizando. Junte-se a eles! Encontre sua tribo e coloque a mão na massa!
Salvar o Planeta Terra?
Colocar a mão na massa é começar com passos simples. Deixe de lado a mania de grandeza. Cuidado para não embarcar na “maquiagem verde” (Greenwashing) que muitas empresas estão fazendo para ganhar pontos e vendas. Aprenda a se informar para separar o joio do trigo e não cair nas “eco-ondas fakes”. Atenção ao repassar emails falsos só porque pega bem e assim você se sente melhor. Esqueça o ato heróico de salvar o planeta, que tantas campanhas nos levam a crer. Na verdade, somos pequenos demais para pensar com tanta arrogância. A Terra é muito maior do que nossa pequenez. Ela acolhe incondicionalmente todas as formas de vida, mesmo que você não esteja nem aí com ela. Sua grandeza pode ser percebida despertando o olhar atento: rios que correm, verde exuberante, azul celeste, oceanos profundos, milhares de árvores de todas as espécies, flores, aromas, animais e sons de todas as formas. Não podemos pensar em salvar a terra. É ela que pode nos salvar da ganância e da arrogância, se aprendermos a nos conectar com sua beleza e generosidade, e humildemente ler os seus ensinamentos. Comece simples. Comece dentro de você! E floresça novas atitudes! . (itu.com.br)

Como a fumaça de incêndios florestais afeta a saúde humana

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