Recursos
Hídricos na Comunidade de Triângulo: potencial de aproveitamento e gestão.
O uso racional
da água é fundamental em regiões semiáridas. No povoado de Triângulo, no
município de Caém-BA, não há ações por parte dos moradores em preservar os
recursos hídricos, por estes serem abundantes. O objetivo deste trabalho foi
avaliar a qualidade da água das fontes e descobrir quais são as preocupações da
comunidade a respeito desses recursos.
Numa reunião,
os moradores foram consultados quanto ao modo de utilização das fontes de água
da comunidade. Foram feitas análises para averiguar as condições químicas e
biológicas da água e percebeu-se que além da ausência de ações por parte dos
moradores para melhorar ou conservar suas fontes, estas se encontram
contaminadas por microrganismos patogênicos, podendo trazer problemas de saúde
para seus usuários. A comunidade de Triângulo, no município de Caém-BA, precisa
urgentemente fazer o tratamento da água da fonte de Mata Verde e
consequentemente do reservatório que abastece a referida comunidade.
Introdução
O uso racional
da água é uma preocupação global e deve ser redobrada em regiões semiáridas. Na
região Nordeste do Brasil o acesso a água é, em geral, bastante limitado e
direcionado para empreendimentos agrícolas e industriais. Porém, quando se
trata de fontes existentes em pequenas comunidades, não existem ações do poder
público para gestão de tais recursos. Todavia, é premente a preocupação com
essas fontes e que a gestão desses recursos seja discutida, para que o cidadão
entenda que a água não é mais considerada um bem inesgotável, gerando assim, a
necessidade de preservação de tais recursos.
Na comunidade
de Triângulo o acesso a água se contrapõe a realidade do semiárido à sua volta.
Trata-se de uma comunidade com grande disponibilidade de água, rodeada de
nascentes, riachos, rios e cachoeiras. Porém, seu uso racional não é uma
preocupação do poder público municipal ou estadual, e com isso, seu potencial
de uso pode estar sendo comprometido pela contaminação, devido principalmente a
utilização de encanações e construção de barragens irregulares, falta de
fiscalização quanto à outorga, bem como, a retirada de solo, rocha e vegetação
nativa das margens para a comercialização.
Outro fator
importante é o monitoramento da qualidade dessas águas para consumo.
De acordo com
Cavalcante, a falta de monitoramento das diferentes fontes de água e o
desconhecimento da população das causas e dos problemas associados à contaminação
decorrem para a alta incidência de doenças de veiculação hídrica em comunidades
rurais.
Outros
pesquisadores também tem comprovado que a contaminação de fontes de água tem
sido um fato comum.
O problema mais
grave, entretanto, é a qualidade sanitária da água. Cavalcante concluiu que a
água utilizada pela comunidade rural foi identificada como um importante fator
de risco à saúde da população, visto que todas as fontes de água analisadas
apresentam índices de coliformes totais e E. Coli acima do permitido para
consumo humano. Segundo Amaral et al., no meio rural as principais fontes de
abastecimento de água são os poços rasos e nascentes, fontes bastante
susceptíveis à contaminação e, a ausência do monitoramento da qualidade da água
contribui com o aumento de doenças.
A deficiência
do poder público na gestão dos recursos hídricos, a falta de uma estrutura
apropriada de coleta de água e o saneamento da mesma contribuem para aumento no
número de doenças das populações rurais. Todavia, segundo Hossoi, um dos
grandes desafios do saneamento brasileiro, atualmente, é desenvolver um “modelo
sustentável” para levar água de qualidade e tratamento de esgoto às comunidades
isoladas, isto é, comunidades de difícil acesso, cuja interligação aos sistemas
municipais demonstra-se inviável, exigindo soluções independentes.
Neste contexto,
o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade da água das fontes da
comunidade de Triângulo, município de Caém, no semiárido Baiano, e descobrir
quais são as preocupações e ações da comunidade para preservação desses
recursos.
Materiais e
métodos
Esta Pesquisa
foi desenvolvida na comunidade de Triangulo, município de Caém, localizado no
Norte Baiano, mais precisamente no Piemonte da Chapada. A comunidade tem
aproximadamente 106 famílias, composta na sua maioria por pequenos
agricultores. Faz parte do Bioma Caatinga, tem um clima semiárido, com
temperatura média variando entre 22 a 30°C.
O município
está inserido numa área suscetível a prolongados períodos de estiagem.
Seus solos são,
essencialmente, Latossolos distróficos, Luvissolos ou Planossolos eutróficos e
Neossolos Litólicos distróficos. Segundo dados da Secretaria Municipal de
Agricultura, o município tem um índice pluviométrico em média de 900 a 1200
mm/ano.
Para conhecer
outros aspectos relativos à disponibilidade de água da comunidade, foi
realizada no dia 27/11/15 um encontro com moradores, onde estavam presentes 30
moradores da comunidade de Triângulo, município de Caém-BA. Os participantes
eram 10 crianças, 9 jovens, 5 homens e 6 mulheres. Estes sujeitos foram
previamente convidados pela pesquisadora, acompanhada do Agente Comunitário de
Saúde local.
O encontro foi
motivado por um questionário composto por 13 questões, sistematicamente
articuladas, que se destinaram a levantar informações escritas por parte dos
sujeitos pesquisados e questões com opções sinalizadas. Trata-se de um estudo
de caráter qualitativo.
Os moradores
discutiram acerca dos recursos hídricos e como poderiam atuar para melhorar a
gestão desses recursos. Todos os presentes foram ainda consultados quanto à
importância dos recursos hídricos disponíveis em sua comunidade Para garantir o
retorno dos questionários devidamente respondidos e obter uma amostragem que de
fato representasse a realidade da comunidade, os pesquisados foram reunidos em
um espaço da comunidade para responder as questões em conjunto e posteriormente
já devolver à pesquisadora. Para facilitar o entendimento das questões, o grupo
foi dividido por faixa etária, seguido de leitura previa e esclarecimento das
questões.
Na comunidade
de Triângulo existem três fontes de água para o seu abastecimento:
Fonte de
Triangulo, Mata Verde e Rio Charneca. A fim de trazer água para um reservatório
instalado na comunidade com capacidade de 10.000 l, foi instalada uma tubulação
que liga a fonte Mata Verde com esse reservatório. A prefeitura municipal de
Caém providenciou os equipamentos, que foram instalados pelos próprios
moradores. A água desse reservatório é repassada à comunidade sem custos.
Foi medida a
vazão das fontes através das estimativas médias da velocidade seguindo a
metodologia de Guerra e Cunha. Na mesma ocasião foi realizada a coleta de
amostras da água dos mananciais em 28/06/16, que foram encaminhadas para o
Laboratório da Empresa Baiana de Água e Saneamento - EMBASA para análise dos
seguintes fatores: Alcalinidade, organismos heterotróficos, PH, turbidez, cor
aparente, coliformes totais, e E. Coli. A coleta foi realizada pela própria
pesquisadora, seguindo as orientações do referido laboratório: Lavar as mãos
com água e sabão, coletar 2 amostras da água em recipientes de plástico,
fornecido pelo referido laboratório, devidamente esterilizados, encher com pelo
menos ¾ de seu volume, tampar o frasco,
identificá-lo, anotando endereço, hora, e nome do coletor, etc, marcar o frasco
com o número da amostra, correspondente ao ponto de coleta, preencher a ficha
de identificação da amostra de água, colocar o frasco das amostras na caixa de
isopor com gelo, lacrar, identificar e enviar a caixa para o laboratório. O
tempo de coleta não deve exceder às 08 horas e a realização do exame não deve
exceder 24 horas. Na mesma ocasião as referidas fontes foram devidamente
identificas atrás de aparelho GPS.
Os
resultados deste trabalho serão apresentados para os moradores através de um
seminário na comunidade de Triângulo.
Resultados e
discussão
Estavam
presentes na reunião comunitária 30 pessoas, sendo um percentual muito elevado
de crianças e jovens, num total de 19 indivíduos, ou seja, 63% dos presentes.
A
pesar da ausência dos adultos, a presença das crianças e jovens gera uma
expectativa muito boa, visto que, eles são fundamentais no sentido de mobilizar
as famílias e comunidade no presente, além de percebermos uma geração de poderá
atuar mais consciente no futuro frente às questões sócio ambientais.
Cavalcante
mostrou que a falta de informação da população em geral, é um dos principais
desafios enfrentados para conservação e uso racional da água no semiárido
brasileiro. Na comunidade de Triângulo, essa é uma realidade que atinge a
população adulta.
Os mais jovens
demonstraram está mais apropriados da importância das questões referentes à
gestão e o uso racional da água pela comunidade.
Com relação à
vazão da água, ela é considerada suficiente pelos moradores e supre suas
necessidades de abastecimento durante todo o ano. A comunidade ainda não sente
os impactos dos meses de estiagem, apesar disso é importante cuidar dessas
fontes, pois já é sabido que a água não é um recurso inesgotável.
Os problemas
podem chegar, visto que, a referida comunidade está inserida em um contexto
geográfico e sociocultural com características comuns. Jardim, afirma que o
problema da escassez de água é bastante recorrente no “Semiárido brasileiro”,
lugar onde a água é considerada assunto estratégico para o desenvolvimento. Apesar disso,
como relata Barbosa e Baptista, o Nordeste tem uma rica biodiversidade,
chegando a mais de 160 microclimas, e mesmo no período de escassez hídrica a
fauna e a flora resistem, ao cair às chuvas tudo se renova.
Vale ressaltar
que a fonte que possui maior vazão de água, Mata Verde, é a que abastece a
comunidade de Triângulo, Caém-BA. Os moradores presentes na reunião comunitária
afirmaram que a água é utilizada apenas para consumo humano pelas comunidades
de Triangulo, Gravatá e Caém de Baixo. Porém existe o uso para irrigações por
alguns produtores de frutas na comunidade.
A distribuição
da água é realizada através de encanação e o sistema foi implantado pelos
próprios moradores, com o apoio financeiro do poder público municipal. Quanto à
distribuição e gestão da água, ela é feita por voluntários da própria
comunidade e não se paga conta de água. Apesar de não existir um plano de
gestão estruturado e uma organização institucional em torno desse processo, a
comunidade afirma que água que chega às suas casas é suficiente para suprir as
necessidades domésticas.
Quando ocorre
algum problema de manutenção e a água falta nas torneiras, as famílias também
dispões de cisternas para consumo com água captada da chuva, que Jardim, define
como tecnologia social que propicia
o acesso à água próximo à casa, atendendo a uma primeira necessidade – água
para beber e cozinhar.
Quando
perguntados sobre a situação das fontes de água, a maioria dos presentes na
reunião comunitária afirmaram que ainda estão conservadas (21 moradores, 70%).
Porém um número bastante considerável (30%) afirma que já se encontram em
situação pouco conservada, sobretudo porque, quando foram questionados se
existe algum tipo de exploração dos recursos naturais da comunidade, a maioria
respondeu que sim. Estas respostas dos moradores da comunidade de Triângulo são
preocupantes, pois, em estudo realizado por Amaral et al., 100% dos moradores
da comunidade rural pesquisada na ocasião consideravam a água de boa qualidade
e que não havia contaminação, mas a realidade era bem diferente do que pensavam
os moradores. As fontes estavam contaminadas.
Todos os
presentes à reunião informaram que há desmatamento e retirada de rochas
indevida por parte de terceiros. Eles dizem que cuidam na medida do possível de
seus recursos naturais, sobretudo, na economia de água, mas não existe nenhuma
ação especifica voltada para esta questão, seja de conscientização ou
fiscalização e demonstraram desconhecer os caminhos legais para coibir a
entrada de terceiros para explorar os recursos disponíveis. Todavia essas são
ações individuais, de acordo com o nível de consciência de cada um. Barbosa,
demonstra preocupação quando afirma que a caatinga vem em uma crescente
devastação para a fabricação de carvão, criação de gado e para dar lugar à
monocultura e mineração, entre outros fatores.
De acordo com
Cavalcante, para se ter uma água de boa qualidade para uso doméstico, além do
aporte financeiro, precisa-se também de mão-de-obra especializada ou técnica. O
Instituto Nacional do Semiárido-INSA, afirma que o cenário de mudança climática
nessas regiões desperta a urgência de maiores investimentos em ciência,
tecnologia e inovação, que propiciem convivência adequada com as incertezas
futuras.
Em relação à
comunidade de Triângulo, as fontes não estão devidamente protegidas,
facilitando a entrada de alguns animais, o que contribui para mais
contaminação.
Sendo assim, se faz necessário expandir o conhecimento e o
fortalecimento das assistências técnicas entre moradores e produtores como está
descrito em estudo do Instituto Nacional do Semiárido-INSA, de forma a garantir
o mínimo de habilidade no desempenho desta função e minimizar os problemas onde
as politicas públicas demoram a chegar.
Outro fator
relevante levantado nesta conversa trata-se da falta de diálogo entre os
moradores da comunidade. Foi possível perceber que a comunidade de Triângulo
quase nunca senta para discutir os problemas relacionados à água, e o maior
impacto são ações antrópicas, ligadas ao desmatamento, retirada de rochas e
solo para comercialização.
Por isso,
torna-se urgente à busca de soluções que viabilizem a reversão deste quadro, ou
pelo menos minimizar suas consequências.
Segundo
Cavalcante, a participação comunitária é muito importante para se discutir os
problemas relacionados à qualidade da água, principalmente referentes à saúde,
uma vez que água contaminada resulta em doenças para a população. É preciso
considerar as perspectivas de convivência com a região, reconhecer que é viável
o convívio no semiárido.
Jardim nos diz
que, ainda são lentos os processos de transformação socioeconômica, porém estas
transformações hoje, já é fato.
Segundo estudo
apresentado na Jornada Integrada de Meio Ambiente, um dos grandes desafios é
transformar os indivíduos em cidadãos ativos nos espaços onde vivem, em
proteção ao meio ambiente, tomadores de decisão de forma coletiva com relação
às questões socioambientais, em busca da homogeneidade de interesses entre as diversas
classes sociais. E na comunidade de Triângulo não seria diferente, pois estão
inseridos no mesmo ambiente os moradores que na sua maioria são pequenos
agricultores, que praticam a agricultura familiar, grandes produtores de frutas
e pecuaristas.
A avaliação da
qualidade da água
Após a análise
da qualidade da água, percebeu-se que os recursos hídricos da comunidade de
Triângulo poderão trazer riscos aos moradores que utilizam essa água para
consumo e não se preocupam com a limpeza do reservatório da comunidade.
Cavalcante, em pesquisa realizada no semiárido alagoano, notou na água que
chegava ao reservatório da comunidade, qualidade similar à da fonte e que nas
residências os problemas ainda eram piores, pois as caixas d’água
encontravam-se sem limpeza e não possuíam tampa.
Segundo Santos,
a alcalinidade que dizer carbonato de cálcio, esta também é conhecida como
dureza da água, quanto maior o nível dificulta, por exemplo, a atuação do
sabão, mas com valores abaixo de 50 mg/L, essa água é considerada mole ou
branda, não trazendo problemas maiores. O pH (Potencial Hidrogeniônico), não
passando de 8,3 indica apenas presença de bicarbonatos. As fontes da Mata Verde
e o Reservatório são as que apresentam valores mais elevados, visto que, se
trata da mesma água. Em pesquisa realizada no semiárido de Alagoas, Cavalcante
também percebeu que a água que chegava ao reservatório da comunidade tinha
qualidade similar à da fonte.
O pH em uma
escala logarítmica que mede o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade da
água, pois as águas ácidas são corrosivas, ao passo que as alcalinas são
incrustantes. De acordo com a tabela de classificação química todas as amostras
apresentam resultados entre bom e ideal, com exceção da fonte de Triângulo, que
apresenta PH 5,8. O PH das águas para abastecimento público deve apresentar
valores entre 6,0 e 9,5, de acordo com a Portaria 518 do Ministério da Saúde.
Quanto a
Turbidez, representa a propriedade óptica de absorção e reflexão da luz, e
serve como um importante parâmetro das condições adequadas para consumo da
água. A turbidez é causada por partículas sólidas em suspensão, como argila e
matéria orgânica, que formam coloides e interferem na propagação da luz pela
água. Todavia, nas amostras analisadas, a turbidez não é problema, pois seus
valores são muito baixos, inferiores a 2 uT.
A turbidez é
uma característica da água devida à suspensão de partículas de tamanhos dos
mais variáveis, dependendo do grau de agitação da água, considerando a presença
dessas partículas inorgânicas (argila, lodo, areia, silte), esgoto e
microrganismos como algas, bactérias e plâncton em geral.
No caso em
estudo, os valores encontrados para turbidez e cor aparente foram, em quase sua
totalidade, inferiores ao padrão aceitável para consumo humano, correspondentes
a 5 uT e 15 uC, respectivamente, conforme Portaria n° 2914/2011 do Ministério
da Saúde, com exceção do Rio Charneca, que apresentou cor aparente de 220 uC.
Nesse contexto,
percebe-se um número relevante de Organismos Heterotróficos presentes nas
amostras da Mata Verde e Rio Charneca. Esses organismos são definidas como
microrganismos que requerem carbono orgânico como fonte de nutrientes para seu
crescimento e para a síntese de material celular, onde a grande maioria não
trazem prejuízos à saúde, mas alguns podem ser patogênicos. Segundo Scuracchio,
quando a contagem de organismos heterotróficos ultrapassa 500 UFC/ml, eles
podem impedir a detecção de coliformes e deterioração da qualidade da água,
podendo torná-la imprópria para o consumo. Por outro lado, o reservatório da
comunidade de Triângulo apresenta valores bem baixos (68 UFC/ml),
provavelmente, devido à falta de alimento para o desenvolvimento de colônias.
Quanto à
análise microbiológica, atualmente está em vigor a portaria nº 2.914/2011, a
qual estabelece a determinação da presença de coliformes totais e E. Coli para
verificar a qualidade da água para consumo humano. Os resultados das análises
mostram, no geral, valores de coliformes totais e E. Coli muito acima do que é
preconizado pela legislação, principalmente para a Mata Verde e Reservatório.
Esta contaminação identificada na fonte de água e no ponto de consumo ressalta
a importância de intervenções adicionais para melhoria estrutural do
abastecimento de água na comunidade de Triângulo, em especial medidas de
saneamento e armazenamento apropriado, a fim de melhorar e preservar a saúde
dos habitantes desta comunidade.
Porém, a
comunidade de Triângulo considera a água que consomem de boa qualidade e por
conta disso, essa água não passa por nenhum tratamento adequado. Isto é muito
perigoso, pois segundo Amaral, percebeu que apesar de toda a comunidade
consideraram a água das propriedades de boa qualidade, e por isso não haver a
ausência de qualquer tratamento da água consumida os resultados das análises
diferem muito do conceito dos moradores, uma vez que elevadas percentagens de
amostras de água das fontes (nascentes e poços) estavam fora dos padrões
microbiológicos de potabilidade para água de consumo humano.
Scuracchio percebeu que os valores de coliformes totais
e E. Coli foram controlados após uma limpeza da caixa d’água do local do estudo
e que medidas simples, como apenas colocar tampa no reservatório melhora a
qualidade da água. Todavia, uma vez que a fonte está contaminada, não adianta
limpar o reservatório, afirma.
Das amostras
analisadas, apenas a fonte de Triângulo está dentro do limite aceitável, as
demais apresentam resultados muito acima do que se espera de uma água própria
para o consumo humano. Vale salientar que a maioria das famílias, consome a
água da fonte da Mata Verde, que não corresponde aos padrões de qualidade.
Segundo Cavalcante, a falta de monitoramento das diferentes fontes de água e o
desconhecimento da população das causas e problemas associados à contaminação
contribui para a alta incidência de doenças de veiculação hídrica em
comunidades rurais.
Com
os resultados apresentados, podemos considerar a água utilizada na comunidade
de Triângulo, município de Caém-BA, como um fator de risco à saúde dos seres
humanos que a utilizam, considerando os resultados obtidos na análise
laboratorial.
São doenças veiculadas pela água e seus agentes: enterites,
diarreias infantis e doenças epidêmicas – como a febre tifoide – que constituem
grave risco para a saúde humana.
Essas doenças transmitem-se principalmente por
meio de excretas de origem humana ou animal, por sua introdução nas fontes de
água. Pesquisadores recomendam um trabalho de educação sanitária para a
população do meio rural, a adoção de medidas preventivas visando à preservação
das fontes de água e o tratamento das águas já comprometidas, como ferramentas
necessárias para diminuir ao máximo o risco de ocorrência de enfermidades de
veiculação hídrica.
Considerações
finais
A participação
da comunidade pesquisada foi abaixo do esperado, principalmente os adultos. O
fato da comunidade não se reunir para discutir suas demandas, dificulta sua
organização, sobretudo pensar estratégias de preservação e melhor
aproveitamento dos recursos naturais. As crianças e jovens tiveram uma
participação mais efetiva, além de demonstrarem maior preocupação com as
questões relacionadas à água e ao meio ambiente local. Diante disso, podemos
perceber que só acorrerão mudanças significativas se houver uma mobilização por
parte dos jovens e crianças em parceria com a escola.
Por outro lado,
a necessidade é urgente, visto que, através das analises da qualidade da água
consumida pela comunidade, pôde-se observar que a mesma está exposta ao risco
de doenças de veiculação hídrica, devido à presença de organismos
heterotróficos, coliformes totais e E. Coli encontradas nas amostras,
sobretudo, das fontes da Mata Verde, que abastece o Reservatório da comunidade
de Triângulo-BA. Espera-se que esse estudo possa despertar o interesse e
preocupação dos moradores em buscar estratégias para preservação das fontes,
bem como, para melhoria da qualidade da água consumida. (ecodebate)