terça-feira, 29 de novembro de 2016

Descarte inadequado de lixo prejudica aquífero


Estudo da USP aponta que descarte inadequado de lixo prejudica Aquífero

Pesquisa identifica compostos orgânicos que podem causar problemas na tireoide e no fígado e comprometem o desenvolvimento neurológico.

Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) aponta que o descarte inadequado de lixo e entulho compromete Aquífero Guarani. Isso porque amostras analisadas para estudo detectaram a presença de poluentes chamados éteres difenílicos polibromados (PBDE’s).

O estudo, realizado pela aluna da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP Alecsandra Oliveira de Souza, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), analisou amostras de sedimento da Lagoa do Saibro, na Zona Leste de Ribeirão Preto, um dos pontos de recarga do Aquífero Guarani, e identificou a presença destes poluentes orgânicos.



Segundo a CETESB, estes compostos são adicionados a produtos eletrônicos, tecidos e espumas para se evitar de propagar chamas. Porém, eles causam efeitos negativos nas pessoas, pois podem alterar o funcionamento da tireoide, no desenvolvimento neurológico e também podem causar problemas no fígado.

Tanto que algumas misturas deste material são abolidas em alguns países, que assim como o Brasil, são signatários da Convenção de Estocolmo, de 2001, assinada por 152 países – cuja principal ausência é os Estados Unidos -, e que reconhece as propriedades tóxicas destes componentes. Eles estão na lista de poluentes orgânicos persistentes (POP), que são aqueles compostos que não se degradam com facilidade.

O professor Daniel Junqueira Dorta, da FFCLRP, orientador do trabalho, aponta que no Brasil não há leis que regulamentem a proibição desses retardantes de chamas e nem estão inclusos em análises de rotina de amostras ambientais, embora, desde 2004, o acordo esteja em vigor no País.


A pesquisa aponta que os teores dos componentes encontrados na lagoa são semelhantes aos de fontes de água localizadas próximas a regiões industrializadas. Dorta aponta que um dos motivos de terem sido achados estes compostos no local são descarte irregular do lixo e de entulho.

“Infelizmente, como pode ser observado por reportagens sobre essa lagoa, diversos bens de consumo já foram retirados da lagoa, como armários e até mesmo, carro. Além disso, o esgoto ou a água de chuva que desembocam ou já desembocaram na lagoa podem trazer tais compostos”, afirma.

Ele lembra que já foram observadas concentrações elevadas do componente até em ursos polares, que vivem bem distantes dos locais de produção, utilização ou descarte, o que demonstra a alta estabilidade destes compostos no ambiente e também, a capacidade de se deslocarem para locais distantes das fontes de emissão. (revide)


Descarte inadequado de lixo e entulho compromete aquífero


Descarte inadequado de lixo e entulho em área de recarga compromete Aquífero Guarani.

Análise de amostras de sedimento da Lagoa do Saibro, área de recarga do aquífero, em Ribeirão Preto, identificou a presença de vários contaminantes.
Lagoa do Saibro, área de recarga do Aquífero Guarani.
O hábito da população de descartar objetos e materiais em qualquer local, principalmente em rios, lagos, lagoas e mares, pode comprometer o meio ambiente e também a população que vive nas redondezas, como é o caso da Lagoa do Saibro (foto ao lado), em Ribeirão Preto.
A Lagoa do Saibro, localizada na Zona Leste de Ribeirão Preto, é de importância vital, pois é área de recarga do Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce da América do Sul, e que faz o abastecimento público de várias cidades, incluindo Ribeirão Preto. Mas nem a importância da Lagoa do Saibro a fez escapar do péssimo hábito da população de descartar lixos e entulhos em qualquer lugar.
Estudo realizado na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), analisou amostras de sedimento da Lagoa do Saibro e identificou a presença de vários contaminantes, compostos químicos chamados éteres difenílicos polibromados (PBDEs). Os PBDEs estão presentes em diversos bens de consumo, como colchões, estofamento de móveis e automóveis, carpetes, computadores, equipamentos eletrônicos, nylon, adesivos e isolantes de fios. Os valores encontrados de PBDEs na lagoa foram semelhantes aos de lagoas próximas a regiões industrializadas.
Pesquisa identifica compostos orgânicos que podem causar problemas na tireoide e no fígado e comprometem o desenvolvimento neurológico.
Segundo o professor Daniel Junqueira Dorta, da FFCLRP e orientador da pesquisa, a contaminação da lagoa está relacionada ao descarte inadequado de produtos que possuem os PBDEs, uma vez que a área não é industrial. “Infelizmente, como pode ser observado por reportagens sobre essa lagoa, diversos bens de consumo já foram retirados da lagoa, como armários e até mesmo carro. Além disso, o esgoto e a água de chuva que desembocam ou já desembocaram na lagoa podem trazer tais compostos”, afirma.
Segundo Dorta, as principais fontes de contaminação pelos PBDEs são pelo ar, por meio da poeira, e pela dieta, por meio do consumo de peixes, por exemplo, que vivem na área contaminada. “Devido às características físico-químicas, os PBDEs contaminam preferencialmente o sedimento e ambientes com maiores concentrações de gorduras; entretanto, nada impede que esses compostos também estejam presentes na água e contaminem quem a consumir”, diz.
O pesquisador lembra que o composto pode colocar em risco a saúde da população. “Na literatura pesquisas já demonstraram que os PBDEs podem induzir o crescimento anormal de órgãos reprodutivos femininos, ter efeitos neurotóxicos, alterações endócrinas e deficiência de aprendizagem e memória”. “Estamos avaliando no laboratório a toxicidade deste composto, que tem mostrado capacidade de induzir danos às células e induzir morte celular”, esclarece o professor.
Reserva de água no Aquífero Guarani.

Brasil não cumpre Convenção de Estocolmo

Em 2001, na Convenção de Estocolmo, vários países, incluindo o Brasil, assinaram tratado que visava ao controle ou restrição da produção e consumo dos compostos presentes na lista de poluentes orgânicos persistentes (POPs), ou seja, que não se degradam facilmente.
Segundo Dorta, os PBDEs estão presentes na lista de POPs, entretanto, diferentemente de outros países europeus, no Brasil não há leis que regulamentam a proibição desses retardantes de chamas nem estão incluídos em análises de rotina de amostras ambientais. “É necessário que o Brasil crie políticas públicas para controlar e proibir a produção e uso desses compostos, pois além de contaminarem o meio ambiente, não são fáceis de se degradarem”, alerta.
O professor ainda relembra: “Concentrações altas já foram observadas até em ursos polares, que vivem bem distantes dos locais de produção, utilização ou descarte, o que demonstra a alta estabilidade desses compostos no ambiente e também a capacidade de se deslocarem para locais distantes das fontes de emissão”, observa o orientador.
No Brasil, existem poucas pesquisas que avaliam os PBDEs em qualquer tipo de amostra, seja ela ambiental ou biológica, porém no mundo todo existem vários grupos que avaliam esses compostos. “Nosso trabalho é muito relevante quando se pensa em preservação de uma fonte de água tão importante e, também, na preservação da saúde da população ribeirão-pretana”, conta Dorta.
Entre as próximas etapas da pesquisa está a avaliação dos mecanismos de ação tóxica dos PBDEs. “Além da nossa observação nas células, também analisaremos amostras de leite materno para ter uma avaliação da exposição humana a esses compostos”, conclui o professor.
Lixão
A tese Risco da exposição aos congêneres de éteres difenílicos polibromados (PBDE-47, -99, -154, -209): Efeitos citotóxicos, genotóxicos, mutagênicos e quantificação ambiental, do Programa de Pós-Graduação em Química da FFCLRP da USP, foi defendida no último mês de outubro pela pós-graduanda Alecsandra Oliveira de Souza. (ecodebate)


Programa Produtor de Água

O Programa Produtor de Água, desenvolvido pela Agência Nacional de Águas (ANA), que usa o pagamento por serviços ambientais como forma de incentivar os produtores rurais a adotarem boas práticas conservacionista em ganhado destaque no país.


Atualmente, são 38 projetos em execução, abrangendo cerca de 400 mil hectares, dos quais 40 mil de áreas já recuperadas.
A iniciativa convoca produtores rurais a aderirem, de forma voluntária, a práticas e manejos para conservação do solo e da água para reduzir a erosão e o assoreamento de mananciais, no meio rural, reverter a infiltração da água no solo, melhorando a oferta e a qualidade da água e o aumento das vazões médias dos rios, em bacias hidrográficas. Atualmente, cerca de 70% dos projetos do programa são nos estados de Minas Gerais e São Paulo.


Nesta entrevista ao programa Brasil Rural, da Rádio Nacional AM, Rádio Nacional da Amazônia, e Rádio Nacional do Alto Solimões, o Coordenador do programa, Devanir Garcia, fala sobre a adesão dos voluntários e a remuneração de serviços ambientais, pelas prefeituras e empresas de saneamento.
A previsão é de que, até 2019, o orçamento do programa receba um aporte de R$ 30 milhões. (ecodebate)

Falta d’água afeta mais quem?


Falta d'água afeta mais mulheres que homens.
Direito humano fundamental, o acesso à água segura e ao esgoto sanitário não estão disponíveis da mesma forma para homens e mulheres.
Relatório da ONU.
ONU: falta de água e de tratamento de esgoto afeta principalmente mulheres.


Segundo relatório da ONU, o acesso à água segura e ao esgotamento sanitário não estão disponíveis da mesma forma para homens, mulheres e outras identidades de gênero.
Direito humano fundamental, o acesso à água segura e ao esgotamento sanitário não estão disponíveis da mesma forma para homens, mulheres e outras identidades de gênero, mostra relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). O estudo foi coordenado pelo pesquisador brasileiro Léo Heller, que é relator especial sobre o direito humano à água potável segura e ao esgotamento sanitário da instituição. Heller, que também coordena o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas e Saneamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), contou que  verificou que em quase todas as localidades onde há falta ou má distribuição de serviços de saneamento são as mulheres que coletam água para manter a higiene do lar.
“A situação mais usual é que quando não há água nas proximidades da residência, as mulheres e meninas são, na maioria das vezes, encarregadas de buscá-la em algum lugar, o que demanda tempo elevado. Em um país que visitei, o Tadjiquistão, um estudo mostra que as mulheres demoram de quatro a seis horas por dia para fazer isso”, acrescentou, ressaltando que essa situação reforça a dependência econômica delas dos maridos, já que não são remuneradas por esse tempo. O longo percurso também apresenta riscos a essas mulheres de sofrerem ataques de animais selvagens e violência sexual, sobretudo no local onde lavam a roupa e tomam banho.
O risco da violência sexual e o estresse também se apresentam em situações em que as mulheres não têm acesso a banheiros e precisam fazer suas necessidades básicas a céu aberto, o que as deixa vulneráveis. Algumas mulheres e meninas relataram ter sofrido abordagens grosseiras, lançamento de pedras, esfaqueamento e estupro enquanto procuravam por locais para as necessidades básicas.
De acordo com o relatório, essa falta prejudica a vida de muitas mulheres, que muitas vezes preferem não sair de casa por não ter privacidade para a higiene íntima, especialmente no período menstrual.
O problema também afeta a saúde de muitas que seguram a urina por longos períodos de tempo e deixam de ingerir líquidos, aumentando o risco de infecções de bexiga e rins. O Brasil não é exceção e os casos mais comuns são vistos nas zonas rurais, onde o problema da seca é uma constante.


Transgêneros
A inadequação dos espaços públicos atinge ainda as mulheres trans que ficam expostas a agressões morais e físicas ao usar instalações sanitárias separadas pelo sexo biológico. Estudos feitos na Índia revelam que os transexuais enfrentam dificuldades em encontrar casas para alugar, sendo forçados a viver em favelas e áreas remotas, com sérios problemas de esgoto e distribuição de água.
Outro grupo atingido é a população em situação de rua. Em Belo Horizonte (MG), um estudo coordenado por Heller mostra que os albergues e as unidades de acolhimento não são em número suficiente para a quantidade de pessoas sem moradia. Embora a maior parte desse público seja composta por homens, são as mulheres que mais sofrem com a falta de privacidade.
Recomendações
O pesquisador ressaltou que o estudo é importante para orientar políticas públicas voltadas para serviços de água e esgoto. “Às vezes, a legislação e as políticas públicas, quando são neutras em relação à questão de gênero, acabam favorecendo os homens. Nesse caso, por exemplo, se fazem necessárias ações afirmativas para mulheres”.
Uma das recomendações do relatório é que essas políticas incluam mulheres e grupos marginalizados na tomada de decisões de todas as fases do planejamento e políticas e leis de saneamento, monitoramento e avaliação.
O estudo sugere ainda que os governos criem um sistema de indicadores de gênero para melhorar a coleta de dados desagregados por sexo e outros fatores relevantes, que são necessários para avaliar o impacto e a efetividade das políticas que visam à igualdade de gênero e ao fortalecimento da fruição dos direitos das mulheres à água e ao esgotamento sanitário. (yahoo)

domingo, 27 de novembro de 2016

Esgoto pode virar água potável

Quando estava cursando o mestrado em Houston, por indicação da Fundação de Ensino e Tecnologia de Alfenas, tive oportunidade de entrar, pela primeira vez, em uma estação de tratamento de esgoto.
Qual não foi minha surpresa ao verificar que o efluente praticamente não tinha cor ou turbidez. Entusiasmado, perguntei o que era feito com ele.
– Vai ser jogado fora – foi a resposta.


Mais tarde, perguntei por que esse efluente não era aproveitado em uma estação de tratamento de água. Informaram-me que o americano jamais aceitaria beber água que foi esgoto.
Hoje, a situação mudou. São diversas as estações de potabilização de esgoto existentes ao redor do mundo, várias delas nos Estados Unidos. Mas o preconceito continua. Na estação Orange County Water District, em Fountay Walley, que abastece 2,4 milhões de pessoas na Califórnia, o visitante é convidado a tomar um copo de água potável produzida pela potabilização do esgoto, mas são poucos aqueles que aceitam tomá-la.


O pior é que, até hoje, ninguém se aventurou a fazer a primeira estação de potabilização de esgoto na América Latina. Diante disso, resolvi quebrar o tabu e construir a primeira estação, se não de fato, ao menos na ficção. Escrevi um livro intitulado “A primeira estação de potabilização de esgoto da América Latina”, em que os personagens constroem uma estação de potabilização de esgoto passo a passo.
O livro é dedicado ao saudoso Prof. Edson Antônio Velano, fundador da Unifenas e seu primeiro reitor, por ter-me indicado a disputar a bolsa de estudos, com a qual cursei o mestrado e, como digo na dedicatória, “onde tudo começou”. (ecodebate)

Após 5 anos de seca nordestina, a possibilidade de colapso é significativa


Depois de cinco anos de seca no Nordeste, a possibilidade de um colapso é significativa.
Os cinco anos consecutivos de seca no Nordeste brasileiro são explicados pela presença do El Niño e pela não ocorrência do fenômeno climático La Niña, que “favorece bastante a ocorrência de chuvas” na região, diz David Ferran à IHU On-Line, na entrevista a seguir, concedida por telefone. Segundo ele, a não ocorrência do fenômeno se deve a “uma condição de neutralidade no Oceano Pacífico” e de uma “configuração das temperaturas do Oceano Atlântico tropical”.
De acordo com o meteorologista, nos últimos cem anos “nunca houve uma sequência de cinco anos com tão pouca chuva”, e apesar do quadro atual, ainda não há como saber “se esses períodos de seca continuarão ou não nessa intensidade”. A “previsão” para o próximo ano, frisa, “é de que o Oceano Pacífico esteja com mais de 60% e 70% de chances de estar em neutralidade, ou seja, a expectativa é de que não ocorra o El Niño nem a La Niña”. Diante desse cenário, explica, “tudo pode acontecer, isto é, as chances de ter seca são iguais as chances de se ter um período chuvoso”.
Na entrevista a seguir, David Ferran menciona ainda que “praticamente todos os estados do Nordeste estão com graus avançados de severidade de seca: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e parte de Alagoas estão com secas excepcionais, e todas as demais regiões enfrentam essa seca em maior ou menor grau de severidade”. Mesmo que comece a chover daqui para frente, diz, “os reservatórios só serão reabastecidos em março. Isto é, a chance de acontecer um colapso por falta de abastecimento de água em áreas urbanas, com mais de um milhão de habitantes, é bastante significativa”.
David Ferran é graduado em Meteorologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestre em Geociências pela Universidade de São Paulo. Atualmente é pesquisador da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos.


Nos últimos cem anos nunca houve uma sequência de cinco anos com tão pouca chuva na região Nordeste.
IHU On-Line – Quais são os fatores climáticos que explicam os últimos cinco anos de seca consecutiva em parte do Nordeste brasileiro?
David Ferran – O último ano chuvoso no Nordeste foi 2011, quando ocorreu o evento La Niña, que favorece bastante a ocorrência de chuvas no estado do Ceará. Já nos anos de 2012, 2013 e 2014, durante o período chuvoso principal, que se estende de fevereiro a maio, não ocorreu o fenômeno La Niña, porque houve uma condição de neutralidade no Oceano Pacífico, ou seja, a redução das chuvas, nesses três anos, foi consequência da configuração das temperaturas do Oceano Atlântico Tropical. Nos anos de 2015 e 2016, já havia a presença do El Niño, que, conhecidamente, tende a reduzir as chuvas no estado do Ceará e em grande parte do Nordeste.
Uma análise que realizamos demonstra que de 1910 até o ano de 2016, nunca, no estado de Ceará, houve uma sequência de cinco anos com tão pouca chuva. Entre 1979 e 1983 há registros de cinco anos seguidos de pouca chuva, mas nesses cinco anos foram registrados 566 milímetros de chuva. Já no período recente, de 2012 a 2016, foram registrados apenas 516 milímetros de chuva. Ou seja, nesses últimos 100 anos nunca tínhamos passado por um sequência de cinco anos com tão pouca chuva no Ceará e em grande parte do Nordeste também.
IHU On-Line – Há uma previsão ou estudo sobre a continuidade desse fenômeno de seca para os próximos anos?
David Ferran – Não existe nenhum estudo que indique se esses períodos de seca continuarão ou não nessa intensidade. Para o ano de 2017, no período chuvoso principal – de fevereiro a maio –, a previsão é de que o Oceano Pacífico esteja com mais de 60% e 70% de chances de estar em neutralidade, ou seja, a expectativa é de que não ocorra o El Niño nem a La Niña. E em anos de Oceano Pacífico neutro, durante o período chuvoso principal, tudo pode acontecer, isto é, as chances de ter seca são iguais as chances de ser chuvoso.
De 1950 até hoje, em anos de Pacífico normal, nesse período de fevereiro a maio, ocorreram 12 anos de seca, 13 anos de períodos chuvosos e 13 anos do que consideramos um estágio normal, ou seja, nessas últimas décadas houve tanto secas quanto períodos chuvosos e, por conta disso, não conseguimos fazer uma previsão em função da neutralidade prevista no Oceano Pacífico durante o período chuvoso principal.
IHU On-Line – É possível associar esses períodos de seca extrema às mudanças climáticas?
David Ferran – Não se pode provar que sim, mas também não se pode dizer que não. Na realidade, nenhuma das duas hipóteses pode ser afirmada com 100% de certeza, pode-se estar associado à mudança climática, mas não tem como confirmar isso; precisariam mais estudos para dizer se isso está associado à mudança climática ou não.
IHU On-Line – Pode nos dar um panorama da situação dos estados atingidos pela seca no Nordeste? Quais são os estados que enfrentam uma situação mais crítica?
David Ferran – Segundo o Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas – ANA, praticamente todos os estados do Nordeste estão com graus avançados de severidade de seca: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e parte de Alagoas estão com secas excepcionais, e todas as demais regiões enfrentam essa seca em maior ou menor grau de severidade. Esse fenômeno é decorrente dessa sequência de cinco anos de seca.
Quando ocorre só um ano de seca, os médios e grandes açudes conseguem segurar os níveis de água, mas quando há uma sequência de secas por repetidos anos, os grandes açudes não conseguem suportar essa variação de chuva reduzida, e ficam com pouca água. O estado do Ceará como um todo está com menos de 8% de água acumulada nessa época do ano e, talvez, se chover, os reservatórios só serão reabastecidos em março. Isto é, a chance de acontecer um colapso por falta de abastecimento de água em áreas urbanas, com mais de um milhão de habitantes, é bastante significativa.
IHU On-Line – Há risco de aumentar o desabastecimento de água para o consumo humano ainda neste ano?
David Ferran – Várias cidades – centenas – já estão sem abastecimento, tanto no estado do Ceará, como em outros estados, como Paraíba e Rio Grande do Norte. Em algumas cidades o abastecimento está sendo feito pelos caminhões-pipa. Nas cidades pequenas ainda é possível adotar essa prática, mas imagina quando essa situação se estender para as cidades médias e grandes. Se tiver mais um ano de pouca chuva, as grandes cidades também sofrerão; e como nunca enfrentamos uma situação parecida, não temos um parâmetro para imaginar o que acontecerá.
IHU On-Line – O que é possível fazer para amenizar as consequências desses períodos de seca, especialmente em relação aos reservatórios de água? Seria preciso adotar uma política de gestão dos recursos hídricos ou que tipo de política seria adequada para dar conta desse cenário de secas?
David Ferran – Primeiro temos que lembrar o histórico climático: isso nunca havia acontecido em 100 anos, e vemos que as consequências no interior são mais brandas em relação a anos anteriores, especialmente por conta das políticas de distribuição de renda, como o Bolsa Família, o Seguro Safra, e a construção de novos açudes etc. Essas políticas, bem ou mal, amenizaram a situação, mas, de agora em diante, se a seca se estender por mais um ano, a situação chegará a um extremo nunca atingido anteriormente.

Também é importante considerar que a situação do Nordeste é diferente da do Centro-Oeste e da do resto do país. No Nordeste sempre há de seis a sete meses sem chuva nenhuma, então, há o período de chuva e o período seco. Isto é, no Nordeste, as pessoas estão relativamente acostumadas a passar seis ou sete meses sem chuva, e quando vem o período chuvoso, elas armazenam água para passar os próximos seis meses. Já no restante do país não se tem um ciclo tão bem definido de seca e de chuva. Muitos estados do Sudeste e do Sul, se passassem seis meses sem chuva, entrariam em colapso, mas no Nordeste, como historicamente é recorrente, a população já se organizou de modo a tentar enfrentar a situação e tem reservatórios dimensionados para resistir a seis meses sem chuva.

IHU On-Line – Nesses períodos anuais de seca, quando não há seca extrema, os reservatórios conseguem dar conta do abastecimento?

David Ferran – Conseguem dar conta, mesmo os pequenos reservatórios conseguem resistir à seca de um ano para o outro. Agora, o problema é que como já são cinco anos de seca, os médios e grandes também não estão conseguindo garantir o abastecimento. O reservatório funciona com a máquina do tempo no sentido de que ele consegue transportar água de um ano para o outro; quanto maior o reservatório, durante mais anos ele consegue transportar água.


Esses reservatórios enchem pelo escoamento da chuva: chove, encharca o solo e a água escoa para os reservatórios. Agora, em anos que chove pouco, por exemplo, menos de 1% da água da chuva, em todo o estado, se transforma em água de açude. Por exemplo, nos anos de 2012, 2013 e 2014, dos 500 milímetros que choveu em média, somente cinco milímetros chegaram ao reservatório; já em anos em que choveu uma quantidade maior, de 800 a 900 milímetros, a eficiência da água que chegou aos reservatórios foi quatro, cinco, até 10 vezes maior.
Portanto, nesse ano em que choveu 500 milímetros, só escoaram cinco milímetros para os reservatórios; em um ano que chove mil milímetros – o dobro -, escoa 10 vezes mais, ou seja, 50 milímetros para os reservatórios. Então, quando chove pouco, a eficiência da água de virar água no açude é muito pequena, e quando chove um pouco mais, a eficiência é maior, porque o solo encharca, enche os pequenos açudes e as pequenas barragens, e essa água escoa para os grandes e médios açudes. (ecodebate)




Reservatórios do Nordeste chegará a 7,5% no fim de novembro


CMSE diz que nível de reservatórios do Nordeste chegará a 7,5% no fim de novembro

Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) diz que nível de reservatórios do Nordeste chegará a 7,5% no fim de novembro/16.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) estima que o nível de armazenamento nos reservatórios da Região Nordeste chegue a 7,5% no fim de novembro. No reservatório de Sobradinho, no norte da Bahia, a situação é mais grave e o nível deve chegar a 4%. Atualmente, o nível de armazenamento das represas na região está em 9,95% e, em Sobradinho, 6,76%.


Maior reservatório do Nordeste, Sobradinho deve terminar novembro com apenas 4% de sua capacidade.
Recentemente, a Agência Nacional de Águas (ANA) autorizou a redução da vazão mínima das barragens de Sobradinho e Xingó (AL/SE), no Rio São Francisco, para 700 m³/s, o menor já adotado para os dois reservatórios.
“O CMSE destacou o papel fundamental dos reservatórios na mitigação dos riscos de indisponibilidade e de baixa qualidade da água aos usuários do Rio São Francisco, principalmente em situações de escassez como a vivenciada atualmente”, informou o comitê.
Para os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, a estimativa do CMSE é que cheguem ao fim do mês com 30,7% da sua capacidade. No Sul, o armazenamento deve ficar em 80,9% e, na Região Norte, em 13,7%. O CMSE avalia que o risco de déficit de energia no ano que vem é de 0,9% para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste e de 0,1% para o Nordeste. Neste ano, o risco de déficit é de 0% nos dois subsistemas.

Chuvas
O comitê também analisa as condições meteorológicas para verificar se há possibilidade de chuvas nas regiões onde ficam os reservatórios das hidrelétricas. De acordo com estudos dos ministérios de Minas e Energia e de Ciência e Tecnologia, continuam atuantes as condições de neutralidade no Oceano Pacífico Tropical, sendo mais provável o desenvolvimento de um episódio de La Niña de curta duração e fraca intensidade. “Nessas condições, todavia, é pouco provável que a situação oceânica no Pacífico exerça influência sobre as precipitações da atual estação chuvosa do Sudeste/Centro-Oeste.”
Segundo o CMSE, a expansão da capacidade instalada elétrica em 2016 totalizou 8.611 megawatts (MW,) já tendo ultrapassado o recorde de expansão anual anteriormente registrado para o sistema elétrico brasileiro (7.509 MW em 2014) antes do fim deste ano. (ecodebate)

FAU/USP alia usos múltiplos de águas e do lazer à macrodrenagem


Projeto da FAU/USP, para rios paulistanos, alia usos múltiplos das águas, do lazer à macrodrenagem.

Proposta prevê implantação de parques em orlas fluviais e a criação de lagos nas nascentes e foz de rios como alternativa para prevenção contra enchentes
Pesquisa da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP propõe uma série de intervenções para as orlas fluviais de três rios da cidade de São Paulo. O trabalho da arquiteta Eloísa Balieiro Ikeda prevê a construção de dois níveis de cais ao longo do canal Pinheiros, com passeios para pedestres e áreas arborizadas em ambos os espaços, a implantação de bulevares às margens do ribeirão Jaguaré e de parques e lagos no córrego Água Podre. Os parques proporcionariam uma opção de lazer para a população e os lagos, além da composição de paisagens urbanas com qualidade, reteriam as águas das chuvas, realizando a macrodrenagem de maneira sistêmica, ao longo de cada afluente, e prevenindo inundações.
A base do projeto, desenvolvido no Grupo Metrópole Fluvial da FAU, é o Estudo de pré-viabilidade do Hidroanel Metropolitano de São Paulo, apresentado em 2011 e coordenado pelo professor Alexandre Delijaicov, orientador da pesquisa. “Tendo essa proposta como eixo, os pesquisadores do grupo desenvolvem projetos e aprofundam conceitos relacionados à arquitetura de infraestrutura urbana fluvial”, conta a arquiteta. “Há no Brasil uma carência de projetos que reconheçam o papel dos rios como estruturadores urbanos que devem ser o logradouro público principal, um ambiente de convergência e encontro, a identidade de um lugar, que orienta as pessoas na cidade.”


Esquema de Infraestrutura Azul e Verde: Águas Fluviais e Parques/Praças/Jardins.
O projeto elaborado na pesquisa abrange as orlas fluviais do canal do Pinheiros inferior, que vai da barragem da Traição até a barragem do Retiro, próximo da confluência com o Rio Tietê. “Foram escolhidos três rios para o desenvolvimento do projeto e pesquisa, o Pinheiros, um de seus afluentes, o Jaguaré, e o Água Podre, afluente do Jaguaré”, explica Eloísa. “São três escalas distintas de cursos d’água e de orlas fluviais, de modo a demonstrar a possibilidade de irradiação de desenvolvimento urbano a partir dessa ramificação de eixos de infraestrutura.”
No canal Pinheiros, a proposta prevê um tipo de intervenção comum em rios que cortam cidades na Europa, que é a construção de um cais alto, ou seja, de um novo térreo para a cidade. “Em Paris, por exemplo, o Rio Sena possui um cais baixo, próximo ao nível d’água do rio, e um cais alto construído alguns metros acima, que está no nível da malha urbana que tem uma continuidade em ambas as margens do rio, transpondo-o em nível, sem a necessidade de subir e descer pontes”, conta a arquiteta.
No caso do Pinheiros, as vias expressas, as marginais, seriam mantidas no nível do cais baixo. Sobre essas vias seria construído o novo térreo da cidade, no nível do cais alto. “Esse novo térreo teria um uso urbano adequado, oposto ao das vias expressas exclusivas para veículos, com bulevares arborizados com generosos passeios para pedestres ao longo de todo o canal. Assim, as pessoas teriam espaço para passeio no cais baixo, próximo ao rio, e também nos bulevares do cais alto”, descreve Eloisa. “No nível do cais baixo, voltado para o canal, seriam reservadas áreas para bares, restaurantes, comércio em geral, com arcadas e varandas voltadas para o rio.”


Corte do canal Pinheiros na altura da ponte que conecta a Raia Olímpica da USP e o Parque Villa-Lobos. Propõe-se que a área da Raia Olímpica da USP seja transformada em parque público.
Bulevares fluviais
O Córrego Jaguaré, “encurralado” entre as pistas da Avenida Escola Politécnica, apresenta algumas partes fechadas. “O projeto prevê que todo o canal seja reaberto e ao longo das orlas imediatas sejam implantados bulevares fluviais e áreas acessíveis para passeio conjugadas ao córrego”, aponta a arquiteta. “O canal, ou o córrego aberto, é o eixo de um feixe de infraestrutura, composto de túneis-canais que captam separadamente as águas de chuva e esgotos, impedindo a contaminação das águas fluviais.”
O Córrego da Água Podre tem parte de seu percurso aberto, e na região das nascentes há um lago, na área pertencente ao Centro de Ensino Unificado (CEU) Butantã. “Neste caso o canal seria totalmente reaberto, parques e lagos seriam implantados no trecho das nascentes, foz e ao longo do canal, ocupando áreas públicas livres do próprio leito maior do ribeirão e também terrenos desocupados”, conta Eloisa. “As ruas nas margens do Água Podre são bastante estreitas, o que exigiria um redesenho para torná-las espaços compartilhados entre pedestres, veículos, árvores, áreas de estar com bancos e outros mobiliários urbanos.”

Córrego Água Podre
A arquiteta observa que o aproveitamento dos usos múltiplos das águas, conforme prevê a Política Nacional de Recursos Hídricos, pode ser feito em todos os rios de São Paulo. “Além dos lagos, que retêm água, proporcionando uma drenagem descentralizada em substituição aos piscinões, os parques são uma opção de lazer, o que é atualmente um uso ignorado”, ressalta. “Os rios tornaram-se barreiras urbanas, esgotos a céu aberto, leitos inacessíveis e indesejados. Essa é uma cultura de construção de cidade insustentável que deve ser transformada.”
De acordo com Eloísa, apesar de o projeto elaborado na pesquisa não ter se aprofundado na questão da navegação fluvial, ela está presente na proposição do Hidroanel. “Ela seria utilizada no transporte de grandes volumes de cargas públicas, em especial resíduos urbanos, como lixo, entulho, lodo, ou o próprio sedimento de dragagem dos rios”, afirma. “Inclusive, a navegação é o que financeiramente viabiliza a construção do Hidroanel.” A pesquisa é descrita em dissertação de mestrado apresentada na FAU.
A proposta do Hidroanel, que interliga os rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, além das represas Billings, Guarapiranga e Taiaçupeba, surgiu a partir de uma demanda do governo do Estado. Posteriormente, um estudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo demonstrou a viabilidade financeira do projeto, que inclui a construção de um canal ligando as represas Billings e Taiaçupeba, entre as cidades de Ribeirão Pires e Suzano. No entanto, apenas algumas iniciativas isoladas estão em execução, como a construção da eclusa da Penha, no Rio Tietê. (ecodebate)


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Concentração de CO2 atinge o maior nível em milhões de anos

Concentração de CO2 na atmosfera atinge seu mais alto nível em milhões de anos, alerta ONU.
Citando os graves impactos que os recordes de emissões CO2 causaram no mês de setembro, o Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR) pediu que países aumentem o compromisso com a redução da emissão dos gases de efeito estufa.
“É profundamente perturbador saber que os níveis globais das 400 partes por milhão (ppm) já tenham sido alcançados no mês de setembro pela primeira vez”, disse o diretor da agência da ONU, Robert Glasser.
Para o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner, a América Latina e o Caribe estão na “vanguarda” da luta contra o efeito estufa, buscando fontes renováveis de energia para alcançar o desenvolvimento sustentável.


Citando os graves impactos que os recordes – em 15 a 20 milhões de anos – de emissões CO2 causaram no mês de setembro, o Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR) pediu que os governos aumentem o compromisso com a redução da emissão dos gases de efeito estufa.
“É profundamente perturbador saber que os níveis globais das 400 partes por milhão (ppm) já tenham sido alcançados no mês de setembro pela primeira vez”, disse o diretor da agência da ONU, Robert Glasser, em comunicado à imprensa.
“A última vez que os níveis de dióxido de carbono atingiram esse patamar foi há 15 a 20 milhões de anos”, acrescentou.
Segundo Robert Glasser, os níveis mais baixos são geralmente registrados em setembro, o que traduz a improbabilidade de se ver níveis menores que das 400 partes por milhão (ppm) no futuro.
“Estamos elevando sistematicamente os níveis de risco de desastres para as gerações futuras. É possível que eventos climáticos mais severos aconteçam nos próximos anos”, sublinhou Glasser.


Catástrofes climáticas já são responsáveis por 90% de todas as devastações causadas por desastres naturais. Esses desastres são potencialmente prejudiciais, especialmente para os países de baixa e média renda que contribuem pouco paras as emissões de gases de efeitos estufa, mas têm grandes populações expostas a secas, inundações e tempestades.


"Uma ação muito mais vigorosa é necessária para uma razoável chance de limitar o aquecimento global a 2°C, embora o Acordo de Paris reconheça que limitar o aquecimento global a 1,5°C reduziria significativamente os riscos e os impactos da mudança climática”, frisou Glasser.
A UNISDR é o ponto focal entre as Nações Unidas e das organizações regionais para a coordenação da redução de desastres. (ecodebate)

Reduzir emissão de gás estufa controlando o desmatamento


Diminuir desmatamento reduz emissão de gases de efeito estufa no Rio, diz estudo.

O estado do Rio de Janeiro teve um avanço no combate ao desmatamento entre 2005 e 2010 e reduziu pela metade as emissões de gases de efeito estufa resultantes desse tipo de ação. A conclusão se baseia em dados que fazem parte do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), que teve edições para 2005 e 2010. Agora, haverá outro em relação ao ano de 2015, além das atualizações dos anteriores.
“Desde 2005 houve um controle muito bom do desmatamento no estado. No início desse novo século o estado do Rio era um dos campeões no desmatamento da Mata Atlântica e de lá para cá melhorou muito. A gente observou, de 2005 para 2010, uma queda pela metade das emissões devido ao desmatamento no estado. [Isso] mostra o acerto em diversas iniciativas que foram tomadas nesta área para incentivar os municípios”, disse o coordenador do CentroClima, professor Emílio La Rovere.
O Rio de Janeiro foi um dos campeões do desmatamento da Mata Atlântica. 
O professor diz que os estados e municípios têm tido um protagonismo no enfrentamento das mudanças climáticas e há várias redes entre eles que trocam de experiências para indicar como podem colaborar para cortar as emissões de gases de efeito estufa das atividades que ocorrem em cada território. “No caso do estado do Rio, temos uma Política Estadual de Mudanças Climáticas que foi feita a partir dos inventários anteriores, que estabelece limites de emissões que o estado persegue voluntariamente e que tem um plano de ação para diminuir e controlar essas emissões”, disse.
Queda de 86%
Conforme o estudo, na comparação entre 2005 e 2010, houve queda de 86% nas emissões de gases de efeito estufa pela mudança de cobertura e uso do solo no estado. Passando de 6,4 mil Gg de CO2 (gás carbônico) em 2005 para 0,9 mil Gg de CO2 em 2010. “De forma geral, isto indica uma baixa na intensidade de pressa o antro pica sobre as a reais com cobertura vegetal natural no estado do Rio de Janeiro”,  diz um trecho do documento ao qual a Agência Brasil teve acesso.
Os inventários permitem que o governo fluminense tenha mais informações para a elaboração de ações na política estadual sobre a Mudança Global do Clima e Desenvolvimento Sustentável, com o acompanhamento de metas de redução de gases do efeito estufa, avaliação da evolução das emissões a cada cinco anos, tendências e projeções. O convênio permite ainda a capacitação dos profissionais das instituições envolvidas nesta questão.
O trabalho é feito por meio de convênio entre o Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (CentroClima) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Secretaria de Estado do Ambiente e o Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea).
Ações em andamento
 
O secretário do Ambiente, André Corrêa, destacou projetos de reflorestamento e de silvicultura. 
O secretário do Ambiente, André Corrêa, diz que entre as ações em andamento para incentivar o reflorestamento no estado do Rio de Janeiro estão o Banco Público de Áreas de Restauração (Banpar) e o portal de restauração florestal, classificadas por ele, como importantes instrumentos para avançar no cumprimento de compensações ambientais que exigem replantio.
“O empreendedor poderá realizar seus compromissos ambientais de forma clara e objetiva e o proprietário ainda terá as áreas de sua propriedade restauradas. Além disso, estamos concluindo o mapeamento de áreas de abastecimento público que terá mapa georreferenciado e que serão priorizadas nas nossas ações de restauração florestal. Nós também estamos incentivando a prática da silvicultura [implantação e regeneração de florestas]”, disse.
Segundo o secretário, o estímulo à atividade econômica, com a venda de produtos da base florestal pelos produtores vai contribuir para a geração de emprego e renda para regiões estagnadas ou de baixo dinamismo econômico.
La Rovere disse que a Coppe fez convênios semelhantes com as prefeituras do Rio, São Paulo e Vitória e que durante os Jogos Rio 2016 houve compra de crédito de carbono para compensar parte das emissões da Olimpíada e da Paralimpíada. “Isso é uma tendência. Acho que a sociedade está ficando alerta para os perigos da mudança do clima”.
Piora
Para o professor, a atualização, que será feita graças ao convênio assinado em 17/10/16, vai ser possível avaliar a situação atual no estado, onde queima de combustíveis fósseis e de derivados de petróleo usados no transporte, na indústria, residências e comércio estão entre os principais pontos de emissão, acrescido dos resíduos sólidos urbanos de aterros, que emitem gases como o metano. La Rovere acrescentou que, ao contrário do desmatamento, nestes casos, a situação piorou.
“Continuou a ter aumento. Foram instaladas siderúrgicas no estado do Rio, porque houve um período de preços baixos da gasolina e do óleo diesel e aumento dos parques e de veículos. Isso tudo tende a aumentar o consumo de gasolina, de óleo diesel e coque siderúrgico e aumenta as emissões, então, esse é o maior desafio”, disse. (ecodebate)

Planeta ultrapassa marca de 400 ppm de CO2

Planeta ultrapassa marca de 400 ppm de CO2 de forma permanente
Os livros de História vão lembrar setembro de 2016 como um marco para as mudanças climáticas. O mês, que normalmente registra baixa na concentração de dióxido de carbono (CO2), ficou pela primeira vez acima de 400 partes por milhão (ppm). Para os cientistas, isso significa que este ano será oficialmente o primeiro a cruzar a marca simbólica das 400 ppm, de forma permanente.
“É possível que outubro produza um valor mensal inferior a setembro e retorne para abaixo de 400 ppm? É quase impossível”, escreveu Ralph Keeling, cientista responsável pelo programa de monitoramento de CO2 do Instituto Scripps para Oceanografia.
“Excursões breves para valores mais baixos são possíveis, mas já parece seguro concluir que não veremos um valor mensal abaixo de 400 ppm neste ano – ou nunca mais num futuro indefinido”.
Segundo Keeling, nas últimas duas décadas, quatro anos registraram níveis menores de concentração de CO2 em outubro em relação a setembro. Entretanto, a redução máxima foi de 0,45 ppm, o que não seria suficiente para levar a taxa para abaixo dos 400 ppm. Em novembro inicia o ciclo de alta, que pode levar a níveis inéditos acima das 410 ppm.
Normalmente, setembro registra as menores concentrações de dióxido de carbono na atmosfera por causa do crescimento das plantas no Hemisfério Norte durante o verão. Com a chegada do outono, as árvores perdem suas folhas que, quando entram em decomposição, liberam novamente o carbono estocado. Segundo o Observatório Mauna Loa, existem sinais de que este processo já foi iniciado, mas os níveis permaneceram acima dos 400 ppm.
Mesmo que a Humanidade zerasse as emissões, concentração de CO2 continuaria alta por décadas.
O Acordo Climático de Paris pode ser um alento, mas é improvável que o mundo retorne a níveis de poluição por carbono abaixo dos 400 ppm. Mesmo que a Humanidade encerrasse todas as emissões amanhã, levaria décadas para a concentração começar a cair.
“No melhor dos cenários, haveria um balanço no curto prazo e os níveis de CO2 não mudariam tanto, mas poderia começar a cair em uma década ou mais”, disse Gavin Schmidt, cientista-chefe da NASA, ao site Climate Central. “Na minha opinião, nós nunca mais veremos um mês abaixo de 400 ppm”.
Análises em camadas de gelo indicam que nos últimos 800 mil anos (até o período pré-industrial), a concentração de CO2 na atmosfera variou ciclicamente entre 180 ppm e 280 ppm. De acordo com um estudo publicado em 2009 pela Science, nos últimos 20 milhões de anos, os níveis de dióxido de carbono na atmosfera só estiveram perto do que temos hoje durante o Mioceno, entre 16 milhões e 12 milhões de anos atrás. Na época, as temperaturas eram entre 3 e 6°C maiores que as atuais, e o nível do mar era de 25 a 40 metros superior.
A marca de 400 ppm é simbólica, mas mostra que o mundo não está tomando medidas suficientes para manter o aquecimento do planeta dentro de níveis seguros. A meta de elevação máxima da temperatura em 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais acordada em Paris já foi comprometida, e é cada vez mais improvável que o aquecimento fique abaixo dos 2°C, marca considerada segura, apesar de já provocar danos incalculáveis a populações em diversas partes do mundo. (biodieselbr)

92% da população mundial respiram ar inadequado


92% da população mundial respiram ar inadequado, diz OMS


A OMS alerta que as principais fontes de poluição do ar incluem modelos ineficientes de transporte.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou em 27/09/16 que 92% da população global vivem atualmente em áreas onde os níveis de qualidade do ar ultrapassam os limites mínimos estabelecidos pela entidade.

Os dados integram o mais completo relatório global já divulgado pela organização sobre zonas de perigo para poluição do ar, com base em informações de medições por satélite, modelos de transporte aéreo e monitores de estação terrestre de mais de 3 mil localidades rurais e urbanas.
Poluição atmosférica e saúde
A estimativa é que cerca de 3 milhões de mortes ao ano estejam ligadas à exposição à poluição externa do ar. A poluição interna do ar, entretanto, aparenta ser igualmente perigosa já que, em 2012, em torno de 6,5 milhões de mortes estavam associadas à poluição interna e externa juntas.
De acordo com a OMS, quase 90% das mortes relacionadas à poluição do ar são registradas em países de baixa e média renda, sendo que quase dois em cada três óbitos foram contabilizados no sudeste da Ásia e em regiões ocidentais do Pacífico.
Ainda segundo o relatório, 92% das mortes são provocadas por doenças não comunicáveis, sobretudo doenças cardiovasculares, derrame, doença obstrutiva pulmonar crônica e câncer de pulmão. A poluição do ar também aumenta os riscos de infecções respiratórias graves.
“A poluição do ar continua prejudicando a saúde das populações mais vulneráveis – mulheres, crianças e adultos de mais idade”, disse a diretora-geral adjunta da organização, Flavia Bustreo. “Para que as pessoas sejam saudáveis, elas precisam respirar ar limpo do primeiro ao último suspiro”, completou.
Fontes de poluição
A OMS alerta que as principais fontes de poluição do ar incluem modelos ineficientes de transporte; combustível doméstico e queima de resíduos; usinas de energia movidas a carvão; e atividades industriais em geral.
“Para enfrentar a poluição do ar, é preciso agir o mais rápido possível”, defendeu a diretora do Departamento de Saúde Pública e Determinantes Ambientais e Sociais de Saúde da OMS, Maria Neira.
“As soluções existem por meio do transporte sustentável nas cidades, da gestão de resíduos sólidos, do acesso a combustíveis domésticos limpos e fogões, bem como de energias renováveis e da redução de emissões industriais”, concluiu Maria. (ecodebate)

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Nós respiramos ar contaminado

OMS: 92% da população mundial respira ar contaminado.
A Organização estima que a cada ano cerca de 3 milhões de mortes estão relacionadas à exposição de agentes contaminantes no ar.
OMS adverte que 92% da população mundial respira ar inadequado.
Mulher recorre a uma máscara para se proteger da poluição do ar em Pequim.
Ao menos 92% dos habitantes do planeta vivem em locais onde a qualidade do ar não se enquadra nos padrões fixados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), adverte um relatório do órgão.
"É necessário, de forma urgente, a adoção de medidas para se enfrentar a contaminação do ar", afirma Maria Neira, diretora do departamento de Saúde Pública da OMS.
"Existem soluções, como um transporte sustentável nas cidades, a gestão dos rejeitos sólidos e a utilização de cozinhas e combustíveis limpos nas residências, assim como o uso de energias renováveis e a redução das emissões industriais".
Poluição do ar exterior é um fator cancerígeno para os seres humanos.
No relatório baseado em dados provenientes de mais de 3 mil locais - rurais e urbanos - a OMS conclui que 92% da população mundial vive onde os níveis da qualidade do ar não correspondem ao padrão em relação a partículas finas em suspensão, de menos de 2,5 micrômetros.
Estas partículas "incluem contaminantes como os sulfatos, os nitratos e a fuligem, que penetram profundamente nos pulmões e no sistema cardiovascular, o que representa um risco grave para a saúde humana".
O organismo detectou que os níveis de contaminação são especialmente elevados no Mediterrâneo oriental, no Sudeste Asiático e no Pacífico Ocidental.
A OMS identifica como principais causadores da má qualidade do ar "os modos ineficientes de transporte, a queima de combustível nas residências e de rejeitos, as centrais elétricas e as atividades industriais", mas também cita como fatores fenômenos naturais, como as tempestades de areia.
Graças aos novos dados existentes, os especialistas esperam poder alentar os Estados a realizar mais esforços para reduzir a contaminação do ar, especialmente após os líderes mundiais fixarem - em setembro de 2015 - como objetivo reduzir as mortes ligadas a esta ameaça até 2030.
A OMS estima que a cada ano cerca de 3 milhões de mortes estão relacionadas à exposição de agentes contaminantes no ar. Segundo os dados da organização em 2012, cerca de 6,5 milhões de mortes em todo o mundo, equivalentes a 11,6% do total, estiveram ligadas à contaminação do ar.
Estas mortes são provocadas especialmente por doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais pneumopatia obstrutiva crônica e câncer de pulmão, assinala a ONU, advertindo que a contaminação do ar também aumenta o risco de infecções respiratórias agudas.
Segundo a organização, cerca de 90% destas mortes ocorrem em países de renda média ou baixa, com dois a cada três óbitos em regiões do sudeste asiático e do Pacífico ocidental. (yahoo)

Como a fumaça de incêndios florestais afeta a saúde humana

Dentre os sintomas de doenças e doenças observados relatam infecções do sistema respiratório superior, asma, conjuntivite, bronquite, irrita...