domingo, 29 de setembro de 2019

Amazônia pode desaparecer como floresta

A Amazônia pode desaparecer como floresta e isso vai impactar o mundo todo.
Amazônia: Cerca de 20% da floresta já foi devastada, porém perda de 25% a 40% da área original pode ser irreversível.
O programa Ambiente É o Meio conversou com o engenheiro, pesquisador e coordenador do Programa Amazônia, do INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Cláudio Aparecido de Almeida, sobre a monitoração do desmatamento na Amazônia.
O Programa Amazônia fornece dados e imagens de sensoriamento remoto para observar e monitorar o desmatamento e, também, os tipos de agricultura. Almeida conta que, até 2018, cerca de 20% da floresta original já havia sido desflorestada. Para ele, os dados são preocupantes, pois “modelos climáticos recentes apontam que, se o desmatamento eliminar entre 25% e 40% do tamanho original da floresta, não haverá mais retorno”.
O pesquisador conta que, somente no ano passado, houve desmate de cerca de 7,5 mil km². Entre os vetores estão ambientes de pastagem, cerca de 60% da área desflorestada e agricultura, como soja ou algodão, 6%. “É importante nos atentarmos para essa questão, pois estamos chegando próximos a um ponto em que não haverá mais retorno. A Amazônia pode desaparecer como floresta e isso vai impactar o mundo todo.”
Ambiente É o Meio é uma produção da Rádio USP Ribeirão Preto em parceria com professores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e Programa USP Recicla da Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da USP.
Sintonize Ambiente É o Meio em 107,9 MHz na Rádio USP Ribeirão ou em 93,7 MHz na Rádio USP São Paulo, todas as quartas-feiras, a partir das 13 horas. Reprise aos domingos, às 17h30, nas duas emissoras. (ecodebate)

Governo brasileiro na contramão da sustentabilidade

Charge de Roque Sponholz, in https://www.humorpolitico.com.br
A maioria do povo brasileiro acreditou que o sujeito oculto seria a solução dos problemas de nossa sociedade, embora sejamos carentes de soluções reflexivas para quase todos nossos problemas. Apesar dos conflitos, o país vinha adotando políticas ambientais e de controle de queimadas que se tornaram um modelo de preservação ambiental para o mundo, embora a partir dos governos de Dilma e Temer as queimadas na Amazônia aumentaram de forma substancial. Contudo, no governo atual, o céu de fumaça tomou conta da região em níveis nunca vistos, depois da adoção de políticas voltadas para a devastação do maior jardim da natureza. Em resumo, a proposta ambiental do governo Bolsonaro assombrou o mundo.
A revolta nacional e, principalmente, internacional levou o governo a dar marcha ré no seu discurso agressivo e, pelo menos, propôs apagar as chamas. A consciência mundial de consumo sustentável e a fama de que o Brasil está adotando políticas ambientais predatórias surgiram imediatamente, de todos os lados, principalmente nos países desenvolvidos, que poderiam e ainda podem atingir em cheio a economia brasileira, com consequências desastrosas, prejuízos incalculáveis e o desemprego em massa. O boicote mundial aos produtos brasileiros é uma ameaça assustadora e medidas devem ser tomadas para amenizar o problema. O agronegócio no Brasil, reconhecido por não ter boas práticas de preservação ambiental, poderá adotar medidas para desfazer sua imagem predatória, mesmo tendo apoiado o atual governo. As grandes corporações mundiais começam a repensar a questão ambiental, na suas práticas de desenvolvimento sustentável.
Nos Estados Unidos, por exemplo, muitos Estados americanos e grandes empresas não seguem a política ambiental do governo Trump. As grandes montadoras, na Califórnia, por exemplo, são contrárias às suas políticas ambientais. Assim sendo, o setor do agronegócio no Brasil deve investir em pesquisas nas universidades para mostrar seu engajamento com a sustentabilidade. Eliminando as queimadas não resolve o problema. O que importa é a política de desmatamento da Amazônia, uma vez que, como já foi dito, “refazer a imagem do Brasil não é tarefa fácil”, diante do discurso do atual governo, que não se limita apenas às questões ambientais, mas a questões ideológicas falsas e infundadas, que tentam camuflar o repúdio às práticas democráticas, institucionalizadas no país a duras penas.
Relatório mostra que o Brasil vai na contramão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O medo que se tem é que as práticas avançadas de Responsabilidade Social Corporativa e de Sustentabilidade Social sejam vistas no discurso ideológico do atual governo como práticas comunistas. A moderna administração está cada vez mais dando atenção a forma como as empresas possam alinhar a sustentabilidade social com a competitividade e as pesquisas em Responsabilidade Social Corporativa e Sustentabilidade insistem de forma consistente que as empresas precisam mudar sua cultura corporativa para habilitar um enfoque integrado contemplando questões econômicas e sociais.
A sustentabilidade social implica em avançar em práticas democráticas, participação, inovações sociais, igualdade objetiva e subjetiva de oportunidades, diversidade cultural, solidariedade e tolerância e não intolerância e obscurantismo.
Recente relatório da ONG Amazon Watch denunciou práticas destrutivas de várias multinacionais na Amazônia, entre elas a JBS, Bunge, Cargill e o banco Santander. É possível que estas empresas apresentem comprometimentos com a sustentabilidade e governança em seus relatórios. Contudo, é preciso esclarecer que muitas destas empresas apresentam um conceito de sustentabilidade muito estreito, chamado de sustentabilidade fraca e que se limita a manter a continuação de suas atividades como sempre. Os próprios nativos da região reclamam das atividades destas empresas, ou seja, as atividades do agronegócio são incompatíveis com as atividades dos nativos. Isto demonstra a falta de um plano de desenvolvimento sustentável na região.
A região Amazônica é carente de conhecimento em todas as áreas para o seu desenvolvimento. Cabe ao agronegócio incentivar atividades de pesquisas sobre as práticas e gestão de negócios na região, entre outras, integrando todos os setores produtivos da região. Por sua vez, estas empresas devem mostrar para o mundo suas práticas de responsabilidade e sustentabilidade social e sua defesa não só da soberania nacional, mas a defesa e soberania da Mãe Terra. Portanto, podemos supor que a sustentabilidade social está expressa na cultura corporativa e está dentro da Responsabilidade Social Corporativa, onde estratégias, políticas e sistemas gerenciais podem assegurar considerações sociais juntamente com as questões econômicas.
O cuidado da natureza é um cuidado social e deve fazer parte da sustentabilidade social. Neste sentido, o planejamento e a implementação da sustentabilidade social deve ganhar importância para todos os dirigentes do setor do agronegócio no Brasil, mesmo contrariando políticas governamentais de devastação da natureza, que premiam a ignorância e o obscurantismo, em detrimento do desenvolvimento e da criação do conhecimento.
Brasil acelera na contramão do desenvolvimento sustentável.
Na esfera federal, políticas recentes representam retrocessos em mudanças do clima e conservação da biodiversidade, mas o quadro pode ser amenizado pelos municípios. (ecodebate)

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Diferenças entre a reciclagem e a reutilização de resíduos

Quais as diferenças entre a reciclagem e a reutilização de resíduos?
Reciclagem e reutilização de resíduos – quais são as diferenças entre os métodos.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a taxa de reciclagem no Brasil teve um aumento mínimo – passando de 2% para 3% de 2016 para 2017. Isto é, mais de 7 milhões de toneladas de lixo por ano continuam sendo descartados de forma irregular. Se calcularmos o prejuízo em reais, o país perde entre R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões por ano com falhas na reciclagem de resíduos sólidos urbanos, sem considerar ainda resíduos industriais.
Um dos pontos que ainda gera muitas dúvidas é qual a melhor prática a se utilizar na hora de descartar os resíduos gerados nos processos produtivos e no consumo de nossas casas – reciclagem ou reutilização? Apesar de terem o mesmo objetivo, combater o desperdício, os processos são diferentes.
Para se ter uma ideia, a reciclagem é um método que consiste em transformar um resíduo em algo novo. Ou seja, o propósito aqui é que o material seja reprocessado e inserido novamente em um novo ciclo de produção. Vale lembrar que quando separamos os resíduos orgânicos degradáveis como copos e canudos biodegradáveis, cascas de frutas, legumes, entre outros, ou até mesmo alimentos, esses itens também se enquadram no conceito da reciclagem, mas para isso, eles precisam ser compostados.
Acredito que boa parte das pessoas sabem quais são os tipos de materiais que podem e devem ser reciclados. Em muitos estabelecimentos residenciais e comerciais, é possível encontrarmos diversos pontos de coletas identificados, como por exemplo, vidro, papel, metal, plástico, componentes eletrônicos, entre outros, auxiliando na educação do consumidor quando o assunto é descarte correto. Quando fazemos nossa parte na hora de descartar nosso resíduo, contribuímos para um mundo mais sustentável e econômico, sem desperdícios. De acordo com dados do IPEA, quando os resíduos são separados corretamente na coleta seletiva doméstica, o índice de aproveitamento supera 70%. Porém, a mesma pesquisa também aponta que somente 8% das cidades brasileiras têm uma estrutura adequada para a reciclagem.
Quando o assunto é a reutilização, é preciso entender que o material é transformado em um novo produto que pode ser reaproveitado em diversas possibilidades. Para ficar mais fácil o entendimento, o descarte de papéis usados pode ser utilizado como bloco de notas, as garrafas PETs, muitas vezes, são feitas de objetos de decoração e por aí vai. Quem nunca utilizou um pote de sorvete usado para guardar algo, não é mesmo? Temos inúmeras possibilidades de reutilização de produtos. O que precisamos entender é que quando você opta por reutilizar alguns materiais, você está colaborando para a gestão do resíduo, reaproveitamento da matéria-prima que seria descartada incorretamente nos mais de 3 mil lixões que temos espalhados pelo país.
Por fim, independente do processo em que você opte por usar, a mensagem que fica é entender a importância e o impacto de ambos para o meio ambiente. Quando não utilizamos nenhum e nem outro, contribuímos negativamente para o impacto ambiental urbano. Se cada um fizer a sua parte, tenho certeza que iremos evoluir bastante no quesito – reciclagem e reutilização de resíduos. Pensem nisso!
Renato Paquet é formado em Ecologia com ênfase em economia circular e gestão na UFRJ, Diretor Presidente de Cleantechs da Associação Brasileira de Startups e fundador da Polen, uma startup de sustentabilidade que realiza a logística reversa e transforma resíduos em matéria-prima e para mais de 800 empresas no Brasil e em 6 países. (ecodebate)

Revitalização de Pequenas Bacias Hidrográficas

Resenha: Revitalização de Pequenas Bacias Hidrográficas (eBook Kindle)
(Disponível na Amazon, em formato digital, eBook Kindle)
O livro trata bacia hidrográfica como “fábrica natural de água”. Ela recebe volumes de chuva como matéria-prima, processa, devolve parte à atmosfera por evapotranspiração, importante para manter o ciclo hidrológico, armazena outra parte em aquíferos e libera volumes também para os córregos. Se a fábrica opera direito, sabendo que o fornecimento de matéria-prima é concentrado nos períodos chuvosos, ela guarda boa parte dos volumes recebidos em aquíferos para abastecer nascentes e córregos, mesmo nos períodos de estiagens.
Por que revitalizar essa fábrica? Porque com o aumento da ocupação humana as superfícies das bacias hidrográficas passaram a não ter bons comportamentos hidrológicos; passaram a não processar adequadamente os volumes de água recebidos pelas chuvas. Como resultante, temos visto o aumento de cheias e inundações e escassez de água nas épocas de estiagens para atendimento das necessidades de consumo.

E quais são as principais fontes de água capazes de atender as demandas de consumo ao longo de todo o ano, na maioria das regiões brasileiras. São os aquíferos ou lençóis subterrâneos, quer por meio de poços rasos ou profundos, quer pelas nascentes e os respectivos córregos formados. Salvar aquíferos, nascentes e córregos é, portanto, a tarefa de quem quer garantir abastecimento de água ao longo dos anos.
Por que adotar pequenas bacias e concentrar atenção em córregos e não em rios? Porque as grandes bacias hidrográficas são formadas pelo ajuntamento de pequenas e os rios pelo ajuntamento de córregos. E nada mais próprio e eficiente do que tratar os problemas em suas origens e em unidades menores, facilitando análises mais detalhadas dos ecossistemas hidrológicos envolvidos.

Depois de tratar dos fundamentos hidrológicos com cuidado e com linguagem simples, o livro mostra como escolher e dimensionar estruturas de conservação para fazer com que a pequena bacia possa ter comportamento eficiente para suprir demandas de água para usos diversos. A falta dos fundamentos hidrológicos está na raiz do fracasso de muitos projetos já implantados em bacias hidrográficas brasileiras.
Formato: eBook Kindle - Tamanho do arquivo: 7133 KB - Vendido por: Amazon Serviços de Varejo do Brasil Ltda.
Idioma: Português - ASIN: B07X7PN4VH (ecodebate)

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Solos serão afetados pelas mudanças climáticas, impactando água e alimentos

Os solos podem ser afetados pelas mudanças climáticas, impactando a água e os alimentos.
Mudanças Climáticas – Estudo mostra como o aumento da chuva pode reduzir a infiltração de água nos solos.
Costas, oceanos, ecossistemas, clima e saúde humana enfrentam impactos das mudanças climáticas, e agora solos valiosos também podem ser afetados.
As mudanças climáticas podem reduzir a capacidade dos solos de absorver água em muitas partes do mundo, de acordo com um estudo conduzido por Rutgers. E isso pode ter sérias implicações no abastecimento de água subterrânea, produção e segurança de alimentos, escoamento de águas pluviais, biodiversidade e ecossistemas.
“Como os padrões de chuva e outras condições ambientais estão mudando globalmente como resultado das mudanças climáticas, nossos resultados sugerem que a forma como a água interage com o solo pode mudar consideravelmente em muitas partes do mundo e fazê-lo rapidamente”, disse o coautor Daniel Giménez, um cientista do solo e professor do Departamento de Ciências ambientais na Rutgers University-New Brunswick. “Propomos que a direção, magnitude e taxa das mudanças sejam medidas e incorporadas nas previsões de respostas dos ecossistemas às mudanças climáticas”.
A água no solo é crucial para armazenar carbono, e as mudanças no solo podem influenciar o nível de dióxido de carbono no ar de uma maneira imprevisível, segundo Giménez, da Escola de Ciências Ambientais e Biológicas. O dióxido de carbono é um dos principais gases do efeito estufa relacionados às mudanças climáticas.
Giménez foi coautor de um estudo publicado na revista Nature no ano passado, mostrando que os aumentos regionais na precipitação devido às mudanças climáticas podem levar a menos infiltração de água, mais escoamento e erosão e maior risco de inundações repentinas.
Se a chuva se infiltrar ou escorrer do solo determina quanta água estará disponível para as plantas ou evaporará no ar. Estudos têm mostrado que a infiltração de água no solo pode mudar de uma a duas décadas com o aumento das chuvas, e as mudanças climáticas devem aumentar as chuvas em muitas áreas do mundo.
Durante um experimento de 25 anos no Kansas, que envolveu a irrigação do solo da pradaria com aspersores, uma equipe de cientistas liderada por Rutgers descobriu que um aumento de 35% na precipitação levou a uma redução de 21% a 33% nas taxas de infiltração de água no solo e apenas um pequeno aumento na retenção de água.
As maiores mudanças foram ligadas a mudanças nos poros ou espaços relativamente grandes do solo. Os poros grandes capturam a água que as plantas e os micro-organismos podem usar e isso contribui para o aumento da atividade biológica e da ciclagem de nutrientes no solo e diminui as perdas do solo por erosão.
Com o aumento das chuvas, as comunidades vegetais tinham raízes mais espessas que entupiam os poros maiores e havia ciclos menos intensos de expansão do solo quando a água era adicionada ou de contração quando a água era removida.
O próximo passo é investigar os mecanismos que impulsionam as mudanças observadas, a fim de extrapolar as descobertas para outras regiões do mundo e incorporá-las nas previsões de como os ecossistemas responderão às mudanças climáticas. Os cientistas também querem estudar uma ampla variedade de fatores ambientais e tipos de solo, além de identificar outras mudanças no solo que podem resultar de mudanças no clima.
O principal autor é Joshua S. Caplan, ex-associado de pós-doutorado de Rutgers atualmente na Temple University. Cientistas da Universidade da Califórnia, Riverside, Universidade do Kansas, Kansas State University e Colorado State University contribuíram para o estudo.
O aumento da irrigação por aspersores na Estação Biológica Konza Prairie, nas colinas de Flint, no nordeste do Kansas, alterou o sistema de poros do solo de um solo da pradaria. (ecodebate)

Serão fiscalizados frigoríficos que não assumem compromissos de controle de origem da carne

Desmatamento na Amazônia Legal: frigoríficos que não assumiram compromissos de controle de origem da carne devem ser fiscalizados.
Quarenta e três frigoríficos de estados da Amazônia Legal que ainda não firmaram compromissos públicos de controle da origem de matéria-prima deverão receber fiscalização especial do Ministério do Meio Ambiente e do IBAMA. É o que pede o Ministério Público Federal (MPF), em recomendações enviadas aos órgãos ambientais em 04/09/19. O documento lista 13 medidas urgentes para conter o desmatamento e as queimadas registradas na floresta. Uma das providências é justamente a fiscalização nas empresas frigoríficas listadas na recomendação, já que elas não se comprometeram a verificar a origem da carne e a criação de gado responde por boa parte do desmatamento ilegal registrado na Amazônia.
Ao todo, devem receber a fiscalização dez empresas no Acre, nove no Tocantins, oito em Rondônia, sete no Mato Grosso, três em Roraima, duas no Amapá, duas no Maranhão, uma no Amazonas e uma no Pará (veja a lista completa das empresas abaixo). As recomendações são assinadas pela Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (4CCR) e pelos procuradores da República que atuam na Amazônia Legal.
Carne legal – A verificação da procedência da carne é uma das formas mais eficazes de combate ao desmatamento ilegal. Em 2009, o MPF lançou o projeto Carne Legal, com o objetivo de monitorar e fazer o controle ambiental da cadeia produtiva da pecuária na Amazônia. Mais de 30 empresas que vendem gado, carne ou couro bovinos produzidos na região amazônica já assinaram o TAC da Carne, um acordo que prevê diversas obrigações, entre elas a de não adquirir gado criado em áreas de desmatamento ilegal ou de fornecedores em desconformidade com a legislação trabalhista e ambiental.
O projeto Carne Legal, desenvolvido pelo Grupo de Trabalho Amazônia da Câmara de Meio Ambiente do MPF, já ganhou diversos prêmios, tendo sido reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um avanço na preservação ambiental.
Lista das empresas que devem ser fiscalizadas:
Nome da empresa
Município
Frigorífico Boi Bom
Acrelândia/AC
Frigoporto
Porto Acre/AC
C.R.O. Ribeiro
Senador Guiomard/AC
Alexandrino
Brasiléia/AC
Matadouro Refúgio
Feijó/AC
Organizações G.C. Ltda
Plácido de Castro/AC
J.P. – A.J. Rodrigues de Mesquita Imp. e Exp.
Epitaciolândia/AC
Boi Verde – Cooperativa dos Agricultores e Pecuaristas de Tarauacá
Tarauacá/AC
Frisacre – Frigorífico Santo Antonio do Acre Ltda
Rio Branco/AC
Frigorífico Nosso Ltda
Senador Guiomard/AC
Frimap – Matadouro Braga Empreendimentos Ltda
Macapá/AP
Friaap – Frigorífico Amazônia Empreendimentos
Santana/AP
Bovinorte
Itacoatiara/AM
Frigodhias – Frigorífico Dhias Ltda
Axixá/MA
Fribal – Comércio de Carne Ltda
Igarapé do Meio/MA
Frigorífico Rondonópolis
Rondonópolis/MT
Nutrifrigo Alimentos Ltda
Primavera do Leste/MT
Matadouro Juba
Cáceres/MT
Frigorífico Alvorada
Alta Floresta/MT
Brasfri S/A
Nova Monte Verde/MT
VPR Brasil – Importações e Exportações Ltda
São José do Rio Claro/MT
Mataboi Alimentos S/A
Rondonópolis/MT
Frinort
Tomé-Açu/PA
Frigorífico Rondônia
Ji-Paraná/RO
Frigocal – Frigorífico Cacoal
Cacoal/RO
Frigorífico Roma
Guajará Mirim/RO
Frigorífico Dallas
Ariquemes/RO
Distriboi – Indústria, Comércio e Transporte de Carnes
Cacoal/RO
Frigon – Frigorífico Irmãos Gonçalves
Jaru/RO
Frigomil – Frigorífico Mil Ltda
Pimenta Bueno/RO
Frigoari – Frigorífico Ariquemes S/A
Ariquemes/RO
Frigorífico ABF Boi Norte Ltda
Caracaraí/RR
Frican – Defanti e Defanti Ltda
Cantá/RR
Mafir – Matadouro Frigorífico de Roraima
Boa Vista/RR
Assocarne Frigorífico
Araguaína/TO
Frigorífico Jatobá – Comercial de Carnes Brasil Ltda
Porto Nacional/TO
Frigorífico Savana
Silvanópolis/TO
Indústria e Comércio de Carnes e Derivados Boi Brasil Ltda
Alvorada/TO
Indústria de Carnes e Derivados Bonutt Ltda
Araguaína/TO
Frigorífico Paraíso Ltda
Paraíso do Tocantins/TO
Novo Progresso – Alimentos A.M.I.
Araguaçu/TO
Cooperativa dos Produtores de Carne e Derivados de Gurupi
Gurupi/TO
Boiforte Frigoríficos Ltda
Araguaína/TO
 
(ecodebate)

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Desertificação atinge 13% do semiárido brasileiro e ameaça a caatinga

Estimativa é do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis). Processo é causado pela ação humana e por mudanças climáticas.
Desertificação ameaça áreas da caatinga e pode ser irreversível
Único bioma exclusivamente brasileiro, a caatinga sofre. O famoso chão rachado faz pensar num ambiente onde a terra dá pouco e pede muito das pessoas que vivem ali. Mas é a própria ação humana que tem colocado a caatinga em risco. A ponto de, em algumas áreas, a situação chegar a um estágio quase irreversível: a desertificação.
De acordo com estimativas do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens e Satélites (Lapis), ligado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), 12,85% do semiárido brasileiro enfrenta o processo de desertificação. Ou seja, considerando uma área total de 982.563,3 km² dessa região, 126.336 km² estão se transformando em deserto – conforme monitoramento realizado entre 2013 e 2017 e divulgado no início de julho.
Esse território, que basicamente é o que conhecemos como o sertão no Nordeste brasileiro, tem quase o tamanho da Grécia.
Vegetação da caatinga está adaptada ao clima seco, mas o processo de desertificação remove a cobertura do solo e dificulta a regeneração das plantas.
O cenário é ainda mais alarmante se olharmos para as chamadas "áreas suscetíveis a desertificação" (ASDs) do Nordeste brasileiro, nas quais o processo de formação de pequenos desertos pode se instalar se os fatores contribuintes forem mantidos. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, elas constituem:
1.340.863 km² (16% do território brasileiro) – equivalente às áreas somadas de França, Alemanha, Itália e Holanda;
1.488 municípios (27% do total do país);
Partes dos 9 estados da região Nordeste e de 2 estados do Sudeste (Minas Gerais e Espírito Santo);
31,7 milhões de habitantes (17% da população brasileira);
85% das pessoas pobres do país.
Nesta série de reportagens do Desafio Natureza sobre a desertificação, o G1 observou territórios degradados e preservados da caatinga, ouviu pessoas locais sobre como a destruição do bioma pode afetar suas vidas, e acompanhou projetos que tentam reverter a desertificação.
Abaixo, entenda o que é a desertificação e por que ela ameaça a conservação da caatinga no Sertão nordestino.
O que é a desertificação?
É um dos processos mais graves de degradação da terra. Ela ocorre exclusivamente nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas do planeta, conforme a definição das Nações Unidas (ONU). A rigor, a degradação observada em outras regiões, mais úmidas, não é desertificação.
Isso porque, nas regiões secas, o solo é naturalmente mais frágil, com pouca água e pouca matéria orgânica (carbono). A retirada da cobertura vegetal – desmatamento – deixa a terra exposta ao sol e agrava a situação. O solo fica rapidamente arenoso ou rochoso. Sem nutrientes e sem água, é quase impossível que novos seres vivos se estabeleçam.
A desertificação pode ser despertada por vários fatores, especialmente os eventos climáticos e a ação humana. Pode ser consequência da elevação das temperaturas. Mas também acentua seus efeitos, num ciclo vicioso.
Ampla área do semiárido brasileiro está suscetível ao processo de desertificação.
De acordo com a Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), mais de 2,7 bilhões de pessoas são prejudicadas pela desertificação em todo o mundo.
Outra estimativa, usada pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) em relatório divulgado no início de agosto, é de que 50% da caatinga passa por alguma forma de degradação, inclusive a desertificação. O dado se refere a 2005. Cerca de 8% do território do Brasil enfrenta algum tipo de degradação, sendo a caatinga o bioma menos preservado.
Oficialmente, os chamados "núcleos de desertificação" são áreas onde o problema se manifesta de forma mais acentuada no Nordeste brasileiro: Seridó (RN/PB), Cariris Velhos (PB), Inhamuns (CE), Gilbués (PI), Sertão Central (PE), Sertão do São Francisco (BA).
O solo argiloso, típico do semiárido brasileiro, racha quando seca.
Não é a mesma coisa que seca
Segundo o pesquisador Aldrin Pérez-Marin, do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), que estuda o problema com indicadores de qualidade dos solos, 85% do semiárido brasileiro está em processo de desertificação moderado e 9% está efetivamente desertificado. Ou seja, nesses 9% identificados pelo Insa, a reversão do processo é quase impossível.
Pérez-Marin ressalta que a desertificação não é sinônimo de seca.
A seca é período do ano em que chove pouco em algumas regiões do planeta. "É um fenômeno natural que ocorre em quase metade da Terra, mais comum do que parece", diz.
Cerca de 60% de tudo o que chove em um ano no semiárido cai em apenas um mês, acrescenta. E 30%, num único dia. As secas vêm ocorrendo no semiárido brasileiro, em média, a cada 26 anos. Porém, a tendência é que, no futuro, haja uma redução da quantidade de chuvas e sua frequência seja mais variável.
Em outras palavras, chove, sim, no sertão. Mas as chuvas caem de uma só vez e demoram pra voltar. Quando chove pouco, temos uma longa "estiagem" – ou "seca".
"A desertificação é um fenômeno antrópico, causado pelo ser humano e pelo seu modelo de desenvolvimento. Portanto, a desertificação é um fenômeno provocado (pelo homem)." – Aldrin Pérez-Marin, do Insa.
Adotada em 1994, uma convenção da ONU estabeleceu alguns parâmetros para combater a desertificação no mundo, o que também é uma das metas de desenvolvimento sustentável. O Brasil é signatário da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos das Secas (UNCCD), junto a outros 192 países.
Causas no Nordeste brasileiro
O desflorestamento é "o principal algoz da caatinga", diz o coordenador do Lapis e professor do Instituto de Ciências Atmosféricas (Icat), Humberto Barbosa. "Não temos números precisos sobre o desmatamento da caatinga, não sabemos as taxas anuais, e isso dificulta implementar políticas públicas."
O levantamento do Lapis usa o sistema alemão "EUMETCast" para monitorar a caatinga com dados de satélites europeus. Pesquisadores observam diariamente a cobertura vegetal no semiárido brasileiro. "Assim, podemos ter dados de alta frequência temporal para o monitoramento de áreas afetadas por seca e degradação", diz Barbosa, que é correspondente do IPCC no Brasil. "Os dados áreas têm sido validados com informações obtidas com drone".
Levantamento do Lapis/Unal sobre áreas em processo de desertificação.
O estudo mostra que o fenômeno da desertificação se intensificou no semiárido brasileiro nos últimos 10 anos.
"Até hoje a caatinga é pressionada pelo extrativismo. E nos últimos 10 anos houve fortes secas, como em 2012 a 2016, exercendo grande pressão climática na região. Isso acelerou os processos causados pelo ser humano." – Humberto Costa, do Lapis.
As intervenções humanas mudam os padrões locais de temperatura e chuva. O desmatamento da caatinga ocorre principalmente por meio de:
Ciclo da desertificação no semiárido brasileiro.
Como conter a desertificação
Para conter a expansão da desertificação na caatinga é preciso controlar os impactos da ação humana e manter algumas áreas preservadas, em pequenos territórios protegidos ou mesmo em Unidades de Conservação (UCs).
Isso também demanda um grande esforço de conscientização da população local, para que compreenda as consequências do desmatamento da caatinga. Uma das principais atividades econômicas no sertão brasileiro, a criação de caprinos e ovinos soltos na caatinga precisa ser conciliada com a conservação do ambiente natural.
Área desertificada em Canudos (BA) por causa das queimadas e da criação de animais.
Quando a caatinga perde a vegetação, chuvas carregam a superfície do solo e deixam poucos nutrientes, favorecendo a desertificação.
Técnico agrícola e sócio fundador do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), José Moacir dos Santos trabalha junto aos pequenos produtores promovendo um manejo mais adequado das áreas em risco de desertificação.
"A retirada de madeira para lenha, para estaca, para construção, e as queimadas para fazer roça de pasto ou, simplesmente, para queimar os cactos e dar de comer aos animais, ajudaram a provocar a desertificação", recorda Santos.
"A desertificação existe sim, mas não são grandes áreas contínuas. Na verdade, é exatamente onde o ser humano desenvolveu alguma atividade, de pecuária ou de agricultura, que o problema está mais evidente." – José Moacir dos Santos, do IRPAA.
Outra parte do desafio de conter a desertificação é que, numa área desertificada, a recuperação do solo não acontece naturalmente. No semiárido, as chuvas são pouco distribuídas ao longo do ano, e reverter a degradação é mais difícil do que em biomas de clima mais úmido, como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica.
O coordenador do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga, Luiz Cesar Pereira, explica que o processo natural de "sucessão da vegetação" que ocorre em outros biomas não é tão fácil de ser retomado na caatinga.
Grandes empreendimentos, como a construção de estradas e canais de irrigação, também podem provocar desertificação.
"Na Mata Atlântica e na Amazônia, as primeiras famílias de plantas, leguminosas e euforbiáceas, colonizam o solo num processo natural. Elas dão condições para que outras famílias cheguem. Mas, na caatinga, por falta de umidade, isso não acontece da mesma forma", conta Pereira.
"No processo evolutivo, as espécies da caatinga se adaptaram ao clima daqui. Mas a evolução levou muito tempo para montar esse sistema. Agora, nós chegamos aqui e, numa velocidade muito rápida, eliminamos essas espécies [de animais e plantas] do sistema." – Luiz Cesar Pereira, do Cemafauna.
Para recuperar áreas já degradadas da caatinga, é preciso intervir e tentar trazer de volta os nutrientes do solo. Aos poucos, as plantas nativas podem se restabelecer, começando pelas rasteiras até as árvores, e atrair os animais. O retorno da vegetação também permite restabelecer padrões climáticos e o regime de chuvas normal.
As folhas e galhos secos são paisagem típica no tempo de seca na caatinga. Mas, quando chove onde há vegetação, o sertão fica verde e floresce.
Área preservada da caatinga no Parque Nacional da Serra da Capivara.
Pássaros na caatinga. (g1)

Como a fumaça de incêndios florestais afeta a saúde humana

Dentre os sintomas de doenças e doenças observados relatam infecções do sistema respiratório superior, asma, conjuntivite, bronquite, irrita...