quarta-feira, 29 de junho de 2016

Fórum mundial da Água envolverá governos em busca de soluções

Fórum mundial da Água vai envolver governos locais na busca de soluções hídricas
Evento preparatório para o 8º Fórum Mundial da Água programado para 2018 em Brasília, reúne representantes de diversos países.
O Fórum Mundial da Água, programado para março de 2018 em Brasília, quer envolver governos locais e parlamentares na busca de soluções de problemas envolvendo recursos hídricos. De acordo com o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, apesar de não ter declarações vinculantes, o fórum produz resultados práticos importantes, que influenciam diretamente os municípios, além de ter a participação de parlamentares, responsáveis por estabelecer leis de regulação e aprovar os orçamentos para os diferentes setores.
“Estamos trabalhando com os governos locais. No âmbito da água e do saneamento, a força política importante são os municípios, porque em todo o mundo esse é um problema local”, disse, durante o evento de lançamento do fórum em 27/06/16 na capital federal.
Braga explica que a questão do financiamento também será um ponto importante de discussão. “Como achar soluções de financiamento que sejam benéficas para quem recebe e para quem doa. Vamos trabalhar com os bancos a importância do financiamento para esse setor”, afirmou, ao ressaltar que 2,4 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à água potável de fonte confiável. “As Nações Unidas dizem que são 800 milhões, mas água no cano não significa que está limpa.”
Com o tema Compartilhando Água, a expectativa é reunir cerca de 40 mil pessoas em 2018 e, segundo o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, dar à agenda da água a mesma relevância política de outros temas públicos. “Temos uma imensa expectativa que esse fórum possa produzir um legado robusto para a gestão de recursos hídricos no país.”
Para o diretor-presidente da ANA, os Planos de Bacias Hidrográficas devem ser reconhecidos como instrumentos precisos para a gestão da água. “Mais da metade do nosso território tem planos de recursos hídricos, mas muitas vezes esses planos não têm repercussão direta sobre a aplicação de políticas públicas”, disse, ao explicar que é preciso fortalecer os órgãos gestores locais e regionais para promover a gestão descentralizada da água.
O Fórum Mundial da Água ocorre a cada três anos desde 1997. A 8ª edição será promovida de 18 a 23 de março de 2018, em Brasília. O primeiro evento preparatório para o fórum ocorre em 28 e 29/06/16 e reúne cerca de 800 representantes de diversos países para colher informações temáticas que nortearão as discussões do fórum.
Preparativos
Segundo o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, ao longo dos próximos dois anos, serão investidos em torno de R$ 80 milhões, sendo R$ 50 milhões da iniciativa privada e R$ 30 milhões divididos entre o governo federal e o do Distrito Federal. A verba servirá para a promoção de eventos oficiais do fórum e para incentivar o envolvimento da comunidade. “Só os dividendos políticos, sociais, educativos e econômicos já são superiores aos investimentos financeiros realizados.”
Rollemberg explicou que os recursos hídricos serão tema interdisciplinar permanente nas escolas públicas e particulares do Distrito Federal. “As ações já começaram, tivemos uma primeira oficina com professores, para que Brasília aproveite esta oportunidade de dar um salto qualitativo na conscientização das pessoas pelo compartilhamento e sustentabilidade da água”, disse. (ecodebate)

Sobradinho poderá chegar a 2,7% em dezembro/16

Sobradinho poderá chegar a 2,7% em dezembro, aponta ONS
Restrições de geração na Bacia do São Francisco serão mantidas para evitar que os reservatórios zerem.
A projeção de vazões para o mês de julho apresentada em 23/06/16, mostra dois cenários distintos no país. De acordo com os dados apresentados pelo Operador Nacional do Setor Elétrico no primeiro dia de reunião do PMO de julho, é esperada energia natural afluente no Sudeste/Centro-Oeste em 98% da média de longo termo, no Sul está em 89% da MLT. Já no Nordeste e no Norte a expectativa é de que as ENAs fiquem em 25% e 52% da média histórica, respectivamente.
Apesar das projeções em nenhum submercado alcançar a média para o período, o ONS classifica que esses volumes não podem ser considerados ruins, à exceção no NE. Aliás, a situação nesse submercado continua a ser classificada como crítica. Tanto que, novamente, assim como em 2015, o reservatório de Sobradinho poderá chegar a níveis muito baixos, nesse ano a previsão é de alcançar 2,7% do volume útil em dezembro.
Com a perspectiva de chuvas é que se determinou a restrição de geração na bacia do São Francisco e que deverá ocasionar a elevação do PLD. Até o final de setembro, a Agência Nacional de Águas vai definir uma resolução sobre a defluência mínima na bacia. O estudo do ONS sobre o tema aponta um cenário que essa vazão se estenderia até abril do ano que vem o que manteria o seu impacto sobre os preços no mercado de curto prazo. Essa política de operação para o São Francisco tem como meta preservar os reservatórios para que não zerem até o final do ano.
Outro reservatório que está em situação pior do que a esperada para essa época do ano é o de Tucuruí. Segundo a apresentação do Operador, a curva está em 88% quando esse mesmo índice deveria ser de 96%. No momento estão minimizando a geração dessa UHE para poupar o reservatório caso haja a necessidade de maior participação dessa central entre os meses de outubro e novembro. Outros reservatórios que estão sendo poupados no momento são do Sul com a maximização da geração em Itaipu.
Em termos operacionais as regiões Sul e Sudeste estão exportando energia para o Nordeste e Norte. A inconstância da eólica no mês de junho levou à manutenção de térmicas fora da ordem de mérito e essa situação deverá perdurar até o final de julho, quando normalmente começam a ser registrados a ocorrência de mais ventos. Atrasos em transmissão para Belo Monte e as eólicas no Nordeste, que estavam a cargo da Abengoa, começaram a ser modeladas no Newave, com isso a ampliação do intercâmbio com o NE não aumenta ao longo do tempo o que pode causar a elevação do CMO naquela região no longo prazo.
Em termos de meteorologia, o ONS afirmou que ainda não é possível afirmar se teremos a formação do fenômeno La Niña, que é o esfriamento das águas do Pacífico. No momento, o oceano apresenta um comportamento classificado como neutro. A possibilidade de se registrar o La Niña existe, mas a chance de ocorrência ainda é duvidosa pela demora na queda da temperatura das águas.
A carga ainda continua acima do projetado para este ano. O motivo, segundo o ONS, é que a demanda no SE tem ficado elevada por conta de temperaturas mais elevadas no SE e Sul. Em relação a 2015 a carga está 1% acima e 4% a mais do que o projetado ao PEN. A revisão da carga deverá ser feita apenas no final de julho. Mas de qualquer forma, afirmou uma fonte que esteve na reunião, uma mudança mais significativa será vista para 2016, já para 2017 a 2020 a alteração deverá ser pequena. A segunda unidade de 611 MW da UHE Belo Monte, prevista para entrar em julho foi adiada para agosto. (canalenergia)

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Emissão de gases em plataformas marinha

Pesquisa mensura emissão de gases em plataformas no mar
A indústria de petróleo e gás é uma das maiores responsáveis pela emissão de dióxido de carbono e metano (gases de efeito estufa) na indústria, devido à alta intensidade energética exigida nos processos de produção, refino e transporte de hidrocarbonetos. Dissertação de mestrado do engenheiro Victor Leonardo Acevedo Blanco traz um diagnóstico das emissões destes gases em plataformas offshore FPSO – que são geralmente navios de grande porte, sem sistemas de propulsão – amplamente utilizadas em águas profundas e ultra profundas (2.200 metros) e, portanto, preferenciais no caso do pré-sal brasileiro. A pesquisa foi orientada pelo professor Waldyr Luiz Ribeiro Gallo, na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM).
Victor Blanco explica que focou seu trabalho em plataformas FPSO (Floating Production Storage and Off-loading), que produzem, processam, armazenam e descarregam petróleo e gás. “As plataformas possuem sistemas de tratamento que deixam os hidrocarbonetos prontos para exportação às refinarias através de gasodutos e de navios aliviadores. O Brasil é um exemplo no uso de FPSO’s devido ao desenvolvimento de grande parte da produção (92,5% em 2014) em águas profundas e ultra profunda – e a descoberta de reservas provadas de 16,2 bilhões de barris tornam essas plataformas importantes soluções para extração nas bacias de Santos e de Campos, área do pré-sal.”
Segundo o autor da dissertação, o IBAMA tem estabelecido várias normativas em torno das emissões de GEE na produção de petróleo e gás, especialmente na prática de técnicas como o flaring e o venting. “O flaring é a queima do gás produzido em tocha (flare), que corresponde a sistemas de alívio de pressão em vasos e outros equipamentos, como medida de segurança operativa. O venting resulta de liberações para a atmosfera de gases de baixo poder calorífico (grande quantidade deles inertes) e que não precisam ser queimados. Existem ainda as emissões fugitivas, causadas por vazamentos de gás natural em válvulas, flanges, conectores e outros equipamentos.”
O engenheiro observa que os desafios ambientais desta indústria variam de acordo com o projeto, condições geográficas, profundidade do poço e viscosidade dos fluidos, entre outras características intrínsecas ao tipo de produção. “O perfil de emissões de GEE difere conforme o desenvolvimento do poço de produção. Em plataformas offshore, por exemplo, a energia para o processamento de hidrocarbonetos precisa ser gerada no local, através de turbinas a gás ou motores de combustão interna (o que representa maiores emissões).”
A profundidade do poço, prossegue Victor Blanco, determina a quantidade de energia requerida para extrair o petróleo do reservatório, em alguns casos com a necessidade de injeção de água ou gás. “Maiores profundidades exigem maiores quantidades de energia na injeção. Da mesma forma, maior viscosidade do óleo representa maior consumo de energia para o sistema de tratamento do hidrocarboneto. Enfim, a energia utilizada no processo afeta diretamente as emissões de efeito estufa na plataforma, por conta principalmente das turbinas a gás utilizadas para a geração de energia elétrica.”
O autor informa que sua pesquisa sobre emissões é parte de um projeto de análise de eficiência energética e emissões de dióxido de carbono (CO2) em plataformas FPSO, financiado pela empresa BG Group Brasil, que junto com a Petrobras instalará oito delas na área pré-sal na bacia de Santos. “Vale ressaltar que a análise foi realizada em plataformas ainda não instaladas (mas idênticas, denominadas replicantes), com dados de projeto fornecidos pela BG Group. O foco principal do trabalho é realizar um inventário inicial das emissões das plataformas como parâmetro base, visando implementar as ações em eficiência energética em diferentes processos.”
Metodologias
De acordo com o engenheiro, o gás produzido no reservatório da bacia de Santos tem como característica principal o alto conteúdo de CO2, que deve ser separado do gás destinado à exportação, o que representa um desafio adicional nas plataformas analisadas – o CO   separado do gás é reinjetado no poço. “As emissões são calculadas por meio de metodologias estabelecidas pelo API (American Petroleum Institute), IPCC [sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática] e EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos). São obtidos dados de produção da plataforma, requerimentos energéticos e quantidades de gás queimado.”

Blanco explica que para o diagnóstico de emissões de GEE são realizadas classificações de equipamentos segundo as maiores fontes de emissão na indústria de óleo e gás. “Como a análise se deu em plataformas que ainda não estão em operação, os resultados obtidos são baseados em dados estimados de produção detalhados no sistema de processamento e comparados com desenvolvimentos similares de FPSO’s já em operação. Segundo as análises, as emissões por combustão apresentam entre 94% e 95% do total das emissões, principalmente pelas turbinas a gás encarregadas de gerar a energia elétrica consumida na plataforma. As emissões fugitivas representam 0,19% e o restante (entre 4% e 5%) é por venting.”
Entre os resultados da dissertação, o autor destaca que os indicadores de emissão obtidos permitem comparar as plataformas analisadas com outras instaladas no mundo, algumas nas jazidas do pré-sal no Brasil. “A análise ocorreu em três etapas do processo na plataforma: de alta produção de hidrocarbonetos, alta produção de água e alta produção de água e CO2. As etapas iniciais de alta produção de hidrocarbonetos apresentam as menores emissões e consumo de energia por toneladas de hidrocarbonetos produzidos, registrando-se o caso contrário para a última etapa, em que se espera o decréscimo na produção de petróleo e gás e o aumento na produção de água e CO2, com altos consumos de energia inclusos”.
O engenheiro ressalta, também, que as emissões por conta do flaring (queima do gás em tocha) nas plataformas analisadas são significativamente menores em comparação às plataformas instaladas em nível mundial. “Isso mostra o importante impacto das regulações estabelecidas pelo IBAMA em termos de queima de gás em flare”.
Nas conclusões da dissertação, o autor afirma que a composição e a quantidade do gás produzido são determinantes nas emissões gerais de GEE na plataforma, por requererem maior carga de energia no processamento de hidrocarbonetos. “Altos teores de CO2 no gás produzido exigirão altas quantidades de energia para sua compressão e posterior reinjeção nos poços do reservatório. O principal desafio para redução das emissões está na geração de energia elétrica na plataforma: é a operação que responde por aproximadamente 60% das emissões totais de GEE, como mostram os três casos estudados.”
Victor Blanco observa, finalmente, que a geração de energia é um tema que abre várias possibilidades de pesquisa para o desenvolvimento destas plataformas offshore, buscando-se opções com menores impactos na atmosfera. “O dimensionamento dos equipamentos para os casos de máxima produção influencia, em grande medida, as emissões nas etapas produtivas posteriores. O funcionamento de compressores, turbinas e bombas, particularmente em cargas parciais, traz um aumento no consumo de energia. A melhoria da eficiência energética no acionamento destas cargas indica para uma redução nas emissões de GEE.” (unicamp.br)

Pizza e churrasco poluem o ar

Isso mesmo: pizza e churrasco são grandes poluidores
A adoração pela massa redonda representa 307 mil toneladas de madeira queimada por mês.
Por que pizzarias e churrascarias estão poluindo a cidade de São Paulo.
Massa, molho de tomate, recheio e queijo, muito queijo regado a azeite de oliva, orégano e manjericão. Poucas comidas têm tanto potencial democrático-pacificador quanto um bom pedaço de pizza. E o Brasil sabe muito bem disso: somos o segundo maior consumidor de pizza do mundo - perdemos apenas para os Estados Unidos. Comemos 1,5 milhão de pizzas por dia e os paulistanos são os mais glutões.
As 8 mil pizzarias de São Paulo produzem um milhão de redondas diariamente. A terra da garoa é tão aficionada pela iguaria que homenageia o prato todo domingo e instituiu dia 10 de julho como dia oficial da pizza.
Um estudo colaborativo feito por sete universidades, tocado majoritariamente pela Universidade inglesa de Surrey e a Universidade de São Paulo (USP), sobre poluição atmosférica acendeu um alerta sobre os fornos e churrasqueiras da capital paulistana. A pesquisa acaba de ser publicada no jornal Atmospheric Environment.
São Paulo foi escolhida para o estudo sobre qualidade do ar, porque é a megacidade que mais usa biocombustível em veículos no mundo - 75% gasolina e 25% etanol.  Os pesquisadores perceberam que o nível de poluentes vindos do trânsito não é tão alto quanto o de outras cidades do mesmo porte. Mesmo com oito milhões de veículos de circulação, ficou claro que uma parcela das emissões vem de outras fontes.
Os outros possíveis vilões para São Paulo não fazer bem aos seus pulmões podem estar bem debaixo do seu nariz, mais especificamente no seu prato. Mais de 7,5 hectares de Eucalipto são queimados todos os meses em prol de um bom pedaço de pizza e de um espeto suculento de picanha. Por mês, a adoração paulistana pela massa redonda representa 307,000 toneladas de madeira queimada. (yahoo)

sábado, 25 de junho de 2016

CO2 na atmosfera ultrapassa 400 partes por milhão

Concentração de CO2 na atmosfera ultrapassa 4 centenas de partes por milhão
Concentração de CO2 na atmosfera ultrapassa barreira simbólica de 4 centenas de partes por milhão e pode superar limiar da catástrofe em 25 anos, sugere estudo de grupo internacional.
Algumas coisas desagradáveis são para sempre: ex-cônjuges, impostos e, agora, 400 partes por milhão de CO2 na atmosfera. Perto do último item, os dois primeiros são uma bênção.
Um grupo internacional de cientistas acaba de publicar um estudo no qual prevê que a concentração de dióxido de carbono no ar em 2016 terá a maior elevação de todos os tempos e terminará o ano no patamar de 404 ppm. Ou seja, em cada milhão de moléculas de ar no planeta, haverá 404 do principal gás de efeito estufa.
Dito assim parece pouca coisa. Mas, nos últimos 800 mil anos, essa concentração jamais ultrapassou 300 ppm. E, quando chegou nesta faixa, o mar subiu cerca de 10 metros no mundo todo, devido ao derretimento do gelo da Groenlândia e de parte da Antártida.
É que o gás carbônico segue a máxima segundo a qual os piores venenos estão nos menores frascos: ele é tão eficiente em aprisionar o calor irradiado pela Terra na atmosfera que mesmo uma quantidade ínfima tem grande potencial de aquecer o planeta.
Então, 404 ppm definitivamente não parece um limiar recomendável para cruzar. Só que é tarde demais agora: o climatologista Richard Betts, do Met Office britânico, e seus colegas afirmam que não retornaremos tão cedo a patamares de concentração de CO2 menores do que 400 ppm. Mesmo que a taxa anual de acúmulo desse gás no ar caia nos próximos anos em relação a 2016 – o que é muito provável que aconteça –, a humanidade poderá ultrapassar o limite de 450 ppm em cerca de 25 anos. Este é o limite que separa o mundo de um aquecimento potencialmente catastrófico neste século.
A nova análise foi publicada em 13/06/16 na edição on-line da revista Nature Climate Change. Ela tem entre seus autores o americano Ralph Keeling, da Universidade de San Diego, que dedica sua vida a medir CO2 no alto do vulcão Mauna Loa, no Havaí. Trata-se de um antigo negócio de família, que rendeu ao mundo uma das constatações mais chocantes sobre o aquecimento global.
Tal pai, tal filho
Keeling ainda não era nascido em 1958, quando seu pai, Charles, instalou no alto do mesmo vulcão o primeiro equipamento para medir as concentrações de CO2 na atmosfera. A pesquisa de Charles Keeling tinha como objetivo comprovar ou não a tese de um professor dele, Roger Revelle, de que o CO2 produzido por atividades humanas estava se acumulando perigosamente no ar e aquecendo o planeta. A resposta, dada já ao final do primeiro ano de medições, era positiva.
Keeling pai iniciou uma série de medidas mensais do CO2 que resultou em um dos gráficos mais famosos da história da ciência, a chamada curva de Keeling (que ilustra esta página). As medições foram continuadas por Ralph após a morte de Charles, em 2005.
A curva é cheia de “dentes”, que correspondem à variação sazonal da quantidade de carbono no ar: esta sobe no outono e no inverno, quando as florestas do hemisfério Norte perdem suas folhas (liberando carbono por decomposição), e cai na primavera e no verão, quando ocorre a rebrota (e o sequestro de CO2 do ar). Ano após ano, porém, o que a curva mostra é um crescimento contínuo das concentrações do gás. No primeiro ano de medição, havia 315 ppm de CO2 na atmosfera. Em 2013, o limiar de 400 ppm foi cruzado pela primeira vez no outono, no pico sazonal. Mas a média anual ainda estava abaixo disso. Em 2015, o valor anual fechou em 400,9 ppm.
Na última década, a concentração de gás carbônico no ar tem crescido a uma taxa média de 2,1 ppm por ano. Só que em 2016 ela deve ser ainda maior: 3,15 ppm. Trata-se de uma previsão feita por Betts, Ralph Keeling e colegas com base no comportamento de dois fatores conhecidos: o ciclo de carbono, que inclui as emissões de CO2 por desmatamento e combustíveis fósseis, e as temperaturas do oceano, que determinam quanto CO2 dissolvido no mar acabará na atmosfera (quanto mais quente, menos CO2 o mar absorve).
A aceleração prevista se deve, neste ano, ao malvado favorito do momento entre os climatologistas: o El Niño. O fenômeno cíclico do aquecimento do Oceano Pacífico aumenta a emissão de carbono por ecossistemas tropicais e o risco de incêndios florestais, como ocorreram em 1998 na Amazônia e na Indonésia e neste ano novamente na Indonésia.
O modelo usado pelos pesquisadores para fazer sua previsão da concentração anual foi testado para alguns meses deste ano. A previsão era a de que o CO2 chegasse a 407,57 ppm em maio e 406,7 em abril. A medição no Mauna Loa, porém, registrou 407,57 ppm já em abril, o que sugere que o modelo pode ser ligeiramente otimista. A força do El Niño deste ano é tamanha, notam os pesquisadores, que a alta é esperada mesmo com a ligeira queda na taxa de emissões por uso de energia no mundo entre 2014 e 2015.
Mas e depois que o El Niño passar e o planeta entrar na fase fria conhecida como La Niña, ainda este ano?
“As concentrações mínimas anuais de CO2 poderiam cair novamente abaixo de 400 ppm? Isso é excepcionalmente improvável”, escreveram os autores. Aqui quem entra em ação para controlar a marionete do CO2 são as emissões humanas. E, mesmo no cenário mais benigno de emissões descrito pelo IPCC, o painel do clima da ONU – um cenário que envolve sequestro maciço de carbono em usinas de bioenergia e que Keeling, Betts e colegas dizem que é também pouco crível de alcançar –, as concentrações ficam acima de 400 ppm até o ano 2150. “Portanto, nossa previsão apoia a sugestão de que o registro do Mauna Loa não voltará a mostrar concentrações menores que 400 ppm no nosso tempo de vida.” (ecodebate)

Poluição aumenta 8% e mata 7 milhões por ano

Poluição nas cidades aumenta 8% e mata 7 milhões por ano
Poluição do ar nas cidades aumenta 8% e mata 7 milhões de pessoas por ano, alertam agências da ONU.
Aumento foi verificado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) entre 2008 e 2013, com apoio de dados da Organização Mundial da Saúde. Menos de 20% dos países avaliados pela agência da ONU regulam a queima a céu aberto de resíduos, que é uma das principais causas da poluição do ar. Brasil é citado por tentar promover eficiência energética e ampliar redes de transporte público.
Poluição no centro de Pequim.
Os níveis de poluição do ar nas zonas urbanas aumentaram em 8% de 2008 a 2013, advertiu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em relatório publicado em 24/05/16. O organismo internacional destacou a importância do uso de mais energias renováveis e de fogões ecológicos — ações vitais para o combate da situação de emergência da saúde pública.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar mata 7 milhões de pessoas a cada ano, com mais de 80% dos indivíduos que vivem em áreas urbanas sendo expostas a níveis de qualidade do ar que excedem os limites de segurança da OMS.
“A atual resposta global à má qualidade do ar é inadequada”, disse o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner.
“No entanto, apesar da falta de uma resposta global, numerosos países e regiões estão apresentando eficazes – e rentáveis – medidas destinadas a melhorar a qualidade do ar. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável proporcionam uma oportunidade para a implementação dessas melhorias a nível mundial e para um ar mais limpo, com benefícios sociais e econômicos em todo o mundo”, completou.
De acordo com o relatório, pelo menos 82 países dos 193 analisados têm incentivos que promovem o investimento na produção de energia renovável, em produção mais limpa, em eficiência energética e/ou equipamentos de controle de poluição.
Em 2015, pela primeira vez, as energias renováveis representaram a maioria da nova capacidade de geração de eletricidade em todo o mundo, com um investimento de 286 bilhões de dólares, de acordo com pesquisa realizada pelo PNUMA, pela Bloomberg e pela Escola de Frankfurt.
Porém, embora as políticas e normas sobre combustíveis limpos e veículos possam reduzir as emissões em 90%, apenas 29 % dos países do mundo adotaram padrões de emissões de veículos ‘Euro 4 ” ou acima. Enquanto isso, menos de 20 % dos países regulam a queima a céu aberto de resíduos, uma das principais causas da poluição do ar.
Apesar dos desafios, o levantamento destaca que 97 países aumentaram o percentual de domicílios que têm acesso a combustíveis de queima mais limpa para mais de 85% – um progresso fundamental para combater a poluição do ar que afeta ambientes fechados.
A sujeira presente no ar de espaços interiores é responsável por mais da metade das 7 milhões de mortes anuais associadas à poluição da atmosfera.
Brasil promove avanços
A rápida urbanização e industrialização brasileira têm tido impactos sobre a qualidade do ar nos grandes centros urbanos. No entanto, segundo o relatório do PNUMA, o Brasil tem implementado vários incentivos regulatórios, institucionais e econômicos que estimulam investimentos em energia renovável, especialmente eólica, solar e mini hídrica.
O Programa de Eficiência Energética brasileiro, por exemplo, exige que produtores gastem, no mínimo, 5% em programas de eficiência energética.
Em relação ao transporte, mesmo ainda com grandes desafios, tais como o crescimento do número de veículos, frotas antigas, combustível sujo, pouca condução pública, o Brasil tem apresentado avanços.
A agência da ONU destaca que, como resultado dos protestos de junho de 2013, o governo federal aumentou os investimentos em transporte através do Pacto de Mobilidade — iniciativa que tem por objetivo oferecer maior qualidade ao transporte público e desafogar o trânsito nas cidades.
O levantamento do PNUMA ressalta também que, no Rio de Janeiro, uma série de ações estão sendo implementadas, incluindo um sistema rápido de ônibus, com novas linhas que estão sendo adicionadas para os Jogos Olímpicos de 2016, bem como a expansão do metrô.
Em Curitiba, corredores de trânsito de alta densidade foram integrados no plano da cidade para promover o desenvolvimento residencial e industrial em algumas áreas.
Como resultado dessa ação e de outras decisões de planejamento de trânsito inteligente, Curitiba usa cerca de 30% menos combustível per capita em comparação a outras oito cidades brasileiras de tamanho similar.
Cerca de 80% dos curitibanos vão ao trabalho utilizando o sistema de ônibus mais rápidos, contribuindo para uma redução de aproximadamente 27 milhões no número totais de viagens dos veículos por ano. O conjunto de pessoas que usam transporte público aumentou 50 vezes nos últimos 20 anos, na cidade. (ecodebate)

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Gases de efeito estufa modificados

Cientistas transformam gases de efeito estufa em pedra.
Método visa evitar a subida de gases que provocam o efeito estufa que destrói a camada de ozônio.
Veja que forma interessante para evitar a subida de gases que provocam o efeito estufa – que destrói a camada de ozônio, a proteção natural da terra contra o calor do sol.
Pesquisadores da Islândia conseguiram converter dióxido de carbono (CO2) e água, em um produto sólido, com consistência de giz. A descoberta está sendo anunciada como uma maneira inteligente de reduzir as emissões de dióxido de carbono, transformando-as em pedras.
O estudo foi divulgado pelo grupo de cientistas em artigo na revista Science. “De 220 toneladas de gás carbônico injetado, 95% foram convertidas em pedra calcária em menos de dois anos”, afirma o coordenador da pesquisa, Juerg Matter, da Universidade de Southampton, no Reino Unido.
Com o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, e o consequente aquecimento do planeta, pesquisadores estão ansiosos para investigar as chamadas soluções de sequestro e conservação de carbono.
Ainda há, no entanto, o problema do custo. Capturar CO2 em usinas e outros complexos industriais é caro – sem incentivos, o processo estaria condenado ao prejuízo. Outro ponto a ser considerado é a infraestrutura necessária para bombear gás até o local em questão.
No caso do Projeto Carbfix, há necessidade de um volume significativo de água. Apenas 5% da massa bombeada terra abaixo é CO2. (yahoo)

Poluição em Manaus inibe fotossíntese da floresta e reduz chuva

Poluição de Manaus inibe a fotossíntese da floresta e reduz a formação de chuvas
Artigo publicado na PNAS apresenta resultados de pesquisas realizadas no âmbito do experimento GoAmazon (Foto:Equipamento instalado em Manacapuru (sítio T3), uma das áreas onde se realiza o experimento GOAmazon/Eduardo Cesar/Pesquisa FAPESP)
Está comprovado: a poluição urbana produzida pela cidade de Manaus tem influência direta – e potencialmente prejudicial – sobre a biogeoquímica da floresta amazônica. Por onde passa, a pluma de poluição que emana da capital amazonense interfere nos mecanismos de produção de partículas de aerossóis, com consequências nos mecanismos de formação de nuvens, sua evolução e a produção de chuva. A interação da pluma urbana com as emissões naturais da floresta produz ozônio em níveis que podem ser fitotóxicos para a vegetação.
É o que mostra o artigo “Fotoquímica do isopreno sobre a Floresta Amazônica”, que acaba de ser publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Trata-se de um dos primeiros resultados da campanha científica internacional GoAmazon, um grande experimento realizada ao longo de 2014 e 2015 ao redor de Manaus, envolvendo vários projetos financiados pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos (DoE, na sigla em inglês), a FAPESP e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), entre outros parceiros.
O projeto liderado por Artaxo, “GoAmazon: Interação da pluma urbana de Manaus com emissões biogênicas da Floresta Amazônica”, foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas da FAPESP, e utilizou, entre outros recursos, dois aviões de pesquisa com instrumentos de última geração que sobrevoaram extensivamente a Amazônia central ao longo de 2014 (Mais informações em: agencia.fapesp.br/20150/).
“O foco dos estudos foi desvendar os mecanismos de interação entre as emissões de Manaus e as da floresta”, diz Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e um dos coordenadores do experimento GoAmazon. Com cerca de 400 trabalhos publicados e mais de 12 mil citações, Artaxo foi um dos quatro brasileiros citados no início do ano entre os pesquisadores “mais influentes” do mundo pela empresa Thomson Reuters.
Segundo Artaxo, a floresta emite naturalmente os chamados compostos orgânicos voláteis (VOCs) como parte do seu metabolismo. Uma vez na atmosfera, os VOCs interagem com outros gases e são oxidados. Esse processo tem papel fundamental na formação de nuvens e, consequentemente, da chuva que cai na região.
É neste ponto que a pluma de poluição manauara mostra a sua influência. As emissões que saem das chaminés industriais e dos escapamentos da frota de veículos formam uma pluma de poluentes na troposfera sobre Manaus. Tal pluma é continuamente transportada pelos ventos para longe da cidade, geralmente na direção oeste, formando uma mancha atmosférica que se estende por 100, 200 e até 300 quilômetros (km) de distância.
Barcos em Manaus: a interação da pluma urbana com as emissões naturais da floresta produz ozônio em níveis que podem ser fitotóxicos para a vegetação.
Os gases poluentes da pluma alteram as reações químicas dos VOCs na atmosfera, produzindo mais ozônio e mais partículas de aerossóis do que ocorreria naturalmente longe da presença da pluma de poluição. “O ozônio é um gás fitotóxico. Ele é tóxico para as plantas em altas concentrações”, diz Artaxo.
A concentração normal de ozônio na troposfera da Amazônia é muito baixa, de 10 a 15 partes por bilhão (ppb) no meio do dia. Por onde passa a pluma poluente de Manaus, as concentrações de ozônio quadruplicam, saltando para 40 a 50 ppb. “A maior concentração de ozônio inibe a fotossíntese, pois faz com que os estômatos não se abram para a realização da fotossíntese. Como resultado, as plantas absorvem menos carbono da atmosfera. Nessas condições, a vegetação tem a fotossíntese reduzida”, afirma Artaxo. “Uma exposição de longo prazo da vegetação a elevadas concentrações de ozônio levaria a uma redução na quantidade de biomassa da floresta que estiver sob a influência da pluma de Manaus.”
Tal redução ainda não foi verificada in loco, sublinha o físico brasileiro. “Esta aferição é muito difícil. Requer um monitoramento de longo prazo. Sabemos do efeito nocivo das altas concentrações de ozônio sobre as plantas graças aos estudos em estufas artificiais. Quando as plantas são submetidas a concentrações de ozônio de 40 a 50 ppb, a fotossíntese é reduzida. Estamos neste momento desenhando novos experimentos que vão tentar quantificar qual seria o efeito da pluma de Manaus na floresta,” completa Artaxo.
Interações entre partículas
Um segundo efeito importante observado no experimento GoAmazon diz respeito às interações entre as partículas formadas pela interação dos VOCs naturais da floresta com os óxidos de nitrogênio emitidos pelos carros e indústrias. Foi observada uma produção alta de partículas como resultado da interação da poluição com as emissões da floresta.
Essas partículas afetam os mecanismos de formações de nuvens, formando gotas menores, que demoram mais para crescer e evoluir, potencialmente diminuindo a chuva para nuvens formadas a partir da interação entre a poluição com as emissões da floresta. “Ainda não temos uma quantificação precisa do efeito, só estudamos os mecanismos até o momento”, afirma Artaxo.
A compreensão de tais efeitos terá aplicação em toda a Amazônia, dado que a pluma de poluição sobre a floresta não é uma exclusividade da área urbana de Manaus. Ela existe, em menor grau, em todas as outras cidades amazônicas, como Belém, Santarém, Porto Velho e Rio Branco. (ecodebate)

terça-feira, 21 de junho de 2016

Densidade demográfica na África Subsaariana

Em artigo anterior, mostrei, com base em paper acadêmico de John Bongaarts (apresentado na PAA, em Washington, em abril de 2016) que a transição demográfica da África Subsaariana, em relação a outros países e regiões, tem acontecido de maneira tardia (later), em ritmo mais lento (slower), teve início em um limiar de desenvolvimento mais baixo (Earlier) e o nível da fecundidade é mais elevado (higher) do que em outras regiões do mundo, assim como é menor o uso de métodos contraceptivos.
Evidentemente, o atraso na transição demográfica implica no atraso no bônus demográfico, o que dificulta as condições para o sucesso da luta pela erradicação da pobreza. Sem a transição demográfica a África Subsaariana pode ficar presa à “armadilha da pobreza”.
Segundo a Divisão de População da ONU, em 1950, a população da Europa era de 549 milhões de habitantes, de 544 milhões na China, 179 milhões na África Subsaariana e 169 milhões na América Latina e Caribe (ALC). A população somada de Europa, China, Índia e ALC era de 1,6 bilhão de habitantes, sendo que a população da África Subsaariana naquela época representava cerca de 10% deste total. No final do século XXI, a população deve decrescer na maior parte do mundo, mas vai continuar crescendo na África Subsaariana e deve atingir 4 bilhões de habitantes em 2100. Ou seja, no final do século, a população da África Subsaariana será equivalente à população de Índia, China, Europa e ALC também com 4 bilhões de habitantes.
O aumento da população da África Subsaariana deve passar de 1 bilhão de habitantes atualmente para 4 bilhões em 2100. Isto vai provocar um grande aumento do número de habitantes por km2. A densidade demográfica de um país não é um bom indicador de desenvolvimento humano e econômico. Podemos encontrar países altamente desenvolvidos com baixa e alta densidade e países muito pobres com baixa e alta densidade demográfica.
Alguns países com alta densidade demográfica (como Japão, Coréia do Sul, Singapura, Holanda, etc.) possuem alto índice de desenvolvimento humano (IDH). Mas também há aqueles com alto nível de IDH e baixíssima densidade demográfica (como Canadá, Austrália, etc.). De outro lado, existem países com baixa densidade demográfica e baixo IDH (como Angola, Gabão, Mauritânia, etc.), assim como países com alta densidade demográfica e baixo IDH (Bangladesh, Índia, Ruanda, etc.). A seguir vamos verificar o comportamento da densidade demográfica na África Subsaariana, no mundo, algumas regiões e países.
O primeiro gráfico mostra que a densidade demográfica do mundo era de 57 habitantes por km2, em 2015. Abaixo deste valor estavam a África Subsaariana (44 hab/km2), Europa (33 hab/km2) e ALC – América Latina e Caribe (32 hab/km2). Acima da média, estavam a Ásia (142 hab/km2), e a China (147 hab/km2). No final do século, a África Subsaariana poderá ter uma densidade de 180 hab/km2. A Europa (29 hab/km2) e a ALC (36 hab/km2) terão poucas modificações. A China terá uma grande queda da densidade (107 hab/km2) até 2100. A Ásia terá aumento da densidade até meados do século e depois queda até 2100, com 156 hab/km2.
Considerando alguns países com alta densidade, destacamos a Índia que é o segundo país mais populoso do mundo, mas assumirá o primeiro lugar até 2030. A Nigéria é o sexto país mais populoso do mundo, mas assumirá o terceiro lugar até meados do século. Em 2015, a densidade demográfica da Índia era de 441 habitantes por km2, subirá para cerca de 600 hab/km2, em 2060, e cairá para 558 hab/km2, em 2100. Já a Nigéria tinha uma densidade demográfica de 200 hab/km2 (menos da metade da Índia), crescerá continuamente e poderá chegar a 826 hab/km2, em 2100.
Dois exemplos de países com altas densidades demográficas são Bangladesh e Burundi. Enquanto o mundo tinha uma densidade de 57 habitantes por km2, em 2015, a densidade de Bangladesh era de 1.237 hab/km2 e a de Burundi era de 435 hab/km2. Mas em 2100 vai haver uma inversão, pois a densidade demográfica de Bangladesh irá subir e depois voltar para aproximadamente o mesmo patamar, chegando a 1303 hab/km2, em 2100. Já Burundi poderá ter uma densidade de 2.440 hab/km2 no final do século.
Enquanto as atividades antrópicas se espalham, a vida selvagem está diminuindo e inúmeras espécies estão desaparecendo. Em termos ambientais, a alta densidade da população humana tem impactos muito negativos para os ecossistemas e a biodiversidade. Em artigo anterior (Alves, 11/06/2014) mostrei que existe uma relação crescente entre a densidade demográfica e o déficit ambiental.
Evidentemente, não se pode culpar simplesmente as populações pobres pelo desastre ecológico. A concentração de renda e o consumo conspícuo tem papel central na degradação do meio ambiente. Mas não se deve ignorar que o crescimento populacional mundial serve de estímulo para a crescente produção de bens e serviços e tem ocorrido em detrimento da biodiversidade. Crescimento muito rápido da população e da densidade demográfica em países com baixo IDH, em geral, dificulta o processo de redução da pobreza e de melhoria das condições de vida.
Segundo Costa Azariadis, no artigo “The theory of poverty traps: What have we learned?” (2004), um país encontra-se em círculo vicioso quando a situação de pobreza convive com baixos níveis de investimento em educação e saúde pública, quando existem altas taxas de mortalidade infantil, grande insegurança pública, baixa esperança de vida, reduzido tempo de vida dedicado ao trabalho produtivo, baixo investimento em infraestrutura e baixos investimentos em setores produtivos, ciência e tecnologia, etc. A armadilha da pobreza seria uma situação em que o alto crescimento do número de pessoas pobres e um crescente densidade demográfica dificultariam a redução da percentagem da população pobre do país.
Azariadis considera que para sair da armadilha da pobreza é preciso garantir uma boa governança, manter a estabilidade institucional, combater os governos cleptomaníacos, aumentar os investimentos em políticas públicas de educação, saúde e habitação, reduzir as taxas de mortalidade infantil e de fecundidade, aumentar o percentual da população em idade ativa, aumentar a esperança de vida, aumentar as taxas de poupança e investimentos, aprofundar a base técnica para a produção de bens e serviços e para a maior geração de empregos e proteção social, etc. Somente com mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais se podem passar do círculo vicioso para o círculo virtuoso do desenvolvimento humano e ambientalmente sustentável.
Mapa da África destacando a região subsaariana (verde).
A revista F&D, do FMI, de junho de 2016, discute a tendência atual de interrupção do crescimento econômico da África após o superciclo das commodities. Artigo de Steven Radelet mostra que o crescimento econômico da África foi diferenciado entre os países e que “Over the next few years, growth will probably remain moderate across the region, and the pace of overall development progress is likely to slow. In some countries, especially those reliant on a few commodity exports, the slowdown could be quite significant”.
Ou seja, a perspectiva é que o crescimento econômico da África desacelere, enquanto o crescimento demográfico vai continuar durante todo o século. A disjunção entre os ritmos de crescimento econômico e populacional pode gerar muitos problemas no futuro e acirrar a crise emigratória e os conflitos ambientais. E se o IDH dos países pobres sobe quem sofre é o meio ambiente.
Em artigo sobre o “dividendo demográfico” na África, publicado no site da União Internacional de Estudos de População (IUSSP), Jane O’Sullivan e Roger Martin falam sobre a necessidade da queda da fecundidade para a redução da pobreza. Eles dizem: “High population growth is the main engine of impoverishment in Africa, and ending population growth is an absolute requirement for sustainable prosperity. Why must these simple facts be mired in such subterfuge?”.
Assim, a transição demográfica e a janela de oportunidade são fatores que ajudam na saída da armadilha da pobreza e a melhorar os índices de sustentabilidade ambiental, evitando o aumento exagerado da densidade populacional. Para o avanço econômico, social e ecológico seria preciso romper com as “estacas culturais pronatalistas” que dificultam a universalização dos direitos sexuais e reprodutivos. Condição para que as taxas de fecundidade fiquem abaixo do nível de reposição, sinalizando para uma redução na densidade demográfica futura. (ecodebate)

Governos reverterão a degeneração acelerada do meio ambiente

Ações de governo podem reverter a degeneração acelerada do meio ambiente, diz ONU
Meio ambiente está se deteriorando mais rapidamente do que se esperava, tornando-se imperativo que os governos ajam o quanto antes para reverter danos piores. Documento do PNUMA é o maior já publicado até então sobre o estado de saúde do planeta e inclui recomendações do caminho a tomar.
Degradação do meio ambiente e poluição estão associadas a um número cada vez maior de problemas de saúde, segundo o PNUMA.
O meio ambiente está se deteriorando mais rapidamente do que se esperava, tornando-se imperativo que os governos ajam o quanto antes para reverter os piores danos, advertiu o estudo “Perspectivas do Meio Ambiente Mundial: Avaliações Regionais”. O documento é o maior já publicado até então sobre o estado de saúde do planeta.
O estudo, uma compilação de seis relatórios, permite análises altamente detalhadas das questões ambientais que afetam cada uma das seis regiões do mundo, informou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) durante o lançamento, em maio deste ano.
“Agora, graças a este relatório, conhecemos o estado global do meio ambiente mais do que nunca. E é essencial que compreendamos o ritmo da mudança ambiental que está sobre nós”, disse o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner.
De acordo com o estudo, embora questões como as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade, a degradação do solo e a escassez da água estejam se intensificando, ainda há tempo para se resolver muitos dos piores impactos das mudanças ambientais.

No entanto, para o mundo atingir as metas estabelecidas na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, é necessário mudança.
As recomendações do relatório incluem, entre outras coisas, o aumento da produção e do consumo sustentável; o investimento em planejamento urbano, através de uma melhor utilização da infraestrutura ambientalmente saudável e da implementação de transportes não poluentes; e a redução da dependência de combustíveis fósseis e a diversificação das fontes de energia, entre outros.
O estudo foi publicado pouco antes da segunda Assembleia Ambiental das Nações Unidas (UNEA-2), que ocorreu na semana passada em Nairóbi, no Quênia, e envolveu a participação de mais de 1,2 mil cientistas, centenas de instituições científicas e mais de 160 governos.
Áreas afetadas
Como uma das primeiras áreas do mundo a experimentar os impactos da mudança climática, a região do Ártico serve como um indicativo para a mudança no resto do mundo. O aquecimento por lá tem aumentado em duas vezes a média global desde 1980.
As geleiras no Alasca, do Ártico canadense, e a camada de gelo da Groenlândia, bem como a região dos Andes do sul e as montanhas da Ásia representam juntas mais de 80% da perda total do gelo global.
Para o mundo atingir as metas estabelecidas na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, é necessário mudança.
A região Ásia-Pacífico, por sua vez, se configura como a área mais propensa a desastres no mundo. Cerca de 41% de todos os desastres naturais relatados ao longo das últimas duas décadas ocorreram na região, que também foi responsável por 91% das mortes do mundo atribuídas a desastres naturais no século passado.
Na África, o continente mais precioso para a produção de alimentos, saúde nutricional e para o desenvolvimento econômico, 500 mil metros quadrados de terra estão se degradando devido à erosão do solo, salinização, poluição e desmatamento.
Essa degradação prejudica a produtividade agrícola, bem como a nutrição e saúde humana.
Aumento da população e a crise dos refugiados afetam o meio ambiente
A expansão da população em todo o mundo, assim como a rápida urbanização e o aumento do nível do consumo, são alguns dos principais fatores para o crescimento dos danos ambientais.
Calcula-se que o tamanho da classe média global aumente de 1,8 bilhão em 2009 para 4,9 bilhões em 2030, com a maior parte desse crescimento vindo da Ásia.
Na região da América Latina e do Caribe, a população urbana da região aumentou em mais de 35 milhões entre 2010 e 2015. Espera-se que esse número suba para um total de 567 milhões de pessoas em 2025.
O conflito contínuo e o deslocamento em massa de pessoas em toda a região da Ásia Ocidental também estão provocando impactos ambientais graves, que põem em perigo a saúde das pessoas.
Os 2,97 milhões de refugiados no Líbano, Jordânia, Iêmen e Iraque, por exemplo, estão colocando uma sobrecarga ambiental imensa para a região. Em 2015, eles foram responsáveis por produzir cerca de 1.440 toneladas de resíduos por dia em 2015, aumentando o risco de surtos de doenças. (ecodebate)

domingo, 19 de junho de 2016

Preservar oceanos é fundamental para a manutenção da vida

ONU: Preservar oceanos é fundamental para a manutenção da vida em todo o planeta.
Em 08/06//16, as Nações Unidas celebraram o Dia Mundial dos Oceanos e chamaram atenção para os perigos enfrentados pela vida marinha. Cerca de 20 milhões de toneladas de plástico são despejadas anualmente nos mares, ameaçando animais aquáticos e também humanos que se alimentam de frutos do mar.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, alertou em 08/06/16 – Dia Mundial dos Oceanos – que a preservação dos mares é fundamental para a manutenção da vida na Terra. O chefe da ONU destacou que os oceanos contribuem para a regulação do clima, além de oferecerem recursos naturais e alimentos para bilhões de pessoas.
“Embora os oceanos pareçam infinitos, sua capacidade de resistir às atividades humanas é limitada, particularmente porque eles também enfrentam as ameaças colocadas pelas mudanças climáticas”, destacou Ban Ki-moon.
Em 2016, as celebrações do Dia Mundial contam com o tema “Oceanos saudáveis, planeta saudável”. Atividades na sede das Nações Unidas em Nova York e em outras partes do mundo vão chamar atenção para os riscos associados ao despejo de cerca 20 milhões toneladas de plástico nos mares por ano.
A poluição provocada por esse tipo material ameaça não apenas os animais aquáticos – que confundem as micropartículas de plástico com alimento –, mas também as pessoas que comem essas espécies e podem acabar ingerindo o poluente.
Ban Ki-moon também destacou a importância da pesquisa científica, que fornece informações importantes sobre os perigos enfrentados pela vida marítima. O secretário-geral lembrou que, em dezembro do ano passado, a Assembleia Geral da ONU recebeu a primeira Avaliação Mundial do Oceano – relatório que foi publicado em janeiro de 2016 contendo um panorama sobre o atual estado dos mares.
‘Oceano é chave para nova Agenda Global’
Também por ocasião do Dia Mundial, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, ressaltou que os oceanos “são parte integral de nosso planeta e um componente absolutamente essencial das vidas humanas, dos meios de subsistência e do meio ambiente que nos sustenta”.
“Da pesca e do turismo ao transporte e à regulação climática, o oceano é chave para implementar a nova Agenda Global”, enfatizou a dirigente, que lembrou que um dos novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é dedicado à conservação da vida na água.
“Seja no litoral ou no alto-mar longe de todos, a salvaguarda de sítios marinhos ricos em biodiversidade é essencial para se garantir o uso sustentável e de longo prazo de recursos naturais preciosos.”
Bokova lembrou ainda que a UNESCO possui uma Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI), responsável por apoiar os Estados-membros na implementação das metas relativas à vida marinha da Agenda 2030. “A COI está comprometida com o incentivo ao desenvolvimento de políticas nacionais que promovam o crescimento sustentável ambientalmente consciente.” (ecodebate)

Desenvolvimento humano e o aumento da Pegada Ecológica

A Pegada Ecológica mede a quantidade de recursos naturais necessários para manter o padrão de consumo dos seres humanos. Tudo o que usamos e o ar que respiramos vêm da natureza e jamais deixará de pertencer à natureza. Em geral, a civilização produz luxo e descarta lixo. O avanço humano tem ocorrido em detrimento da saúde do Planeta.
O desenvolvimento humano está altamente correlacionado com o aumento da pegada ecológica. Países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) possuem pegada ecológica elevada e países com baixo IDH possuem pegada ecológica baixa. Isto quer dizer que o estilo de desenvolvimento adotado tem ocorrido às custas da degradação ambiental e em prejuízo da biocapacidade.
No quadrante superior direito da figura acima estão principalmente os países da América do Norte, da Europa e do Oriente Médio produtores de petróleo. Ou seja, são países que possuem alto IDH e também alta pegada ecológica. A grande maioria dos países da África possuem baixo IDH e baixa pegada ecológica.
Estes dados são da rede “Global Footprint Network” que trabalha com duas medidas para se avaliar o déficit ambiental. A Pegada Ecológica serve para avaliar o impacto humano sobre a biosfera. A Biocapacidade avalia o montante de terra e água – o saldo biologicamente produtivo – para prover bens e serviços ecossistêmicos. A unidade de medida é o hectare global (gha).
Nos últimos 45 anos a Pegada Ecológica mundial ultrapassou a biocapacidade do Planeta. Desde o início dos anos 1970, o déficit ambiental vem subindo constantemente. Em 2012, o mundo tinha uma população 7,1 bilhões de pessoas, com uma pegada ecológica per capita de 2,84 hectares globais (gha) e uma biocapacidade per capita de 1,73 gha, conforme anunciou a Global Footprint Network, em março de 2016.
O mundo tinha em 2012 uma biocapacidade total de 12,2 bilhões de hectares globais, mas tinha uma pegada ecológica de 20,1 bilhões de hectares globais. Portanto, a pegada ecológica ultrapassava a biocapacidade em 64%. Ou dito de outra maneira, o mundo estava consumindo o equivalente a 1,64 planetas. Portanto, a população mundial vive no vermelho e provoca um déficit ambiental que cresce a cada ano.
Evidentemente, este caminho é insustentável. A humanidade só consegue manter seu modelo de produção e consumo devido à herança acumulada no passado. Por exemplo, ao avançar com as atividades antrópicas e utilizar montantes crescentes de energia, o ser humano está esgotando as reservas de combustíveis fósseis. A queima desta herança fóssil reduz os estoques de hidrocarbonetos do subsolo e aumenta a emissão de gases de efeito estufa que provocam o aquecimento global.
A perda da biocapacidade ocorre devido ao desmatamento, à degradação dos solos, à sobreutilização das nascentes, rios, lagos e aquíferos, à redução do montante de peixe, à acidificação dos mares, à poluição generalizada, à degradação das riquezas naturais, etc. O progresso do ser humano está ocorrendo em função do regresso do meio ambiente e da redução da biodiversidade. Tudo isto contribui para o déficit ambiental.
Óbvio, são as parcelas mais ricas da população que mais contribuem para o aumento da pegada ecológica, como mostra o gráfico do IDH. Porém, mesmo que houvesse uma justa distribuição da riqueza dentro dos países e entre os países, a pegada ecológica média superaria ainda assim a biocapacidade média global. Existe um conflito social internacional e nacional, pois alguns países possuem alto IDH e a maioria possui baixo IDH, assim como no plano nacional uma parcela da população possui alto IDH e outra parcela excluída ou parcialmente incluída possui baixo IDH.
Além disto, o desenvolvimento da base material do progresso humano (aumento do IDH) tem gerado grandes déficits ambientais. A escala da presença humana no mundo ultrapassou os limites da sustentabilidade. Quanto maior for o IDH mundial, menor será a base ecológica que sustenta a vida na Terra. O tripé inclusão econômica justiça social e sustentabilidade ambiental virou trilema.
Sem dúvida, para evitar o colapso ambiental é preciso reduzir a pegada ecológica e para evitar as injustiças sociais é preciso reduzir os níveis de desigualdade. A solução não pode ser o crescimento econômico ilimitado. Ao contrário, será necessário não só o decrescimento da população mundial, mas também o decrescimento do padrão de consumo médio das pessoas, com equidade social. Acima de tudo, a humanidade precisa sair do déficit ecológico e voltar para o superávit ambiental, resgatando as reservas naturais, para o bem de todos os seres vivos da Terra. (ecodebate)

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Poluição atmosférica, equilíbrio do clima e ecossistemas amazônicos

Poluição atmosférica de Manaus interfere no equilíbrio do clima e ecossistemas amazônicos.
Poluição influencia a química de isopreno lançado pela vegetação da Amazônia na atmosfera, alterando a formação de nuvens e a ocorrência de chuvas.
O impacto da urbanização de Manaus na floresta amazônica é muito significativo, pois altera os mecanismos de formação e desenvolvimento de nuvens. E as chuvas constituem um dos ingredientes mais importante para o funcionamento do ecossistema amazônico. O alerta é do professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física (IF) da USP, um dos autores do artigo Isoprene photochemistry over the Amazon rainforest, publicado em 16/05/16 na revista científica PNAS. “Várias cidades da região amazônica como Santarém (Pará) e Porto Velho (Rondônia) também estão sofrendo um processo de crescimento acelerado. É preciso pensar quais consequências essa urbanização vai trazer para a floresta nas próximas décadas”, adverte.
Artaxo explica que o isopreno é o gás emitido para a atmosfera pelas plantas em maior quantidade entre todas as emissões da vegetação da floresta. Ele se transforma nas partículas que formam os núcleos de condensação de nuvens, e são estes núcleos que auxiliam na formação das chuvas da região.
O estudo avaliou quais são as razões de emissão de isopreno para a atmosfera; o quanto desse gás se transforma em núcleo de condensação de nuvens; e como a poluição de Manaus afeta o funcionamento natural da floresta ao alterar os mecanismos de oxidação do isopreno.
Conclusões
O estudo faz parte do experimento GoAmazon e envolveu, além da USP, cientistas de diversos polos de pesquisa do mundo: Universidade de Harvard, Brookhaven National Laboratory, Universidade de Wisconsin-Madison, Universidade da Califórnia, Instituto de Tecnologia da Califórnia e do Pacific Northwest National Laboratory, todas do Estados Unidos; e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e da Universidade do Estado do Amazonas, no Brasil.
Graças aos equipamentos sofisticados e às medições feitas em solo e com auxílio de avião do Departamento de Energia dos Estados Unidos, foi possível quantificar, com muita precisão, o fluxo de emissão de isopreno. ”Nós observamos que as razões de emissão são mais elevadas que os valores medidos anteriormente. Esses resultados alteram a importância da vegetação amazônica e seu impacto no clima da região”, esclarece Artaxo. O principal equipamento utilizado é o PTR-MS (sigla em inglês para Proton Transfer Reaction Mass Spectrometry), específico para medir a concentração de compostos orgânicos voláteis como o isopreno.
O estudo também obteve dados sobre a fração de isopreno que se transforma em partículas e qual o efeito delas para nuclear as gotas de nuvens. Para formar uma nuvem, explica Artaxo, é necessário vapor de água, e uma minúscula partícula que atue como semente dessas gotas de nuvens para que o vapor possa se condensar na superfície das partículas. “Sem elas, não se formam gotas de nuvem e, portanto, nem nuvens ou chuvas”, diz.
Controle climático da Amazônia
De acordo com Artaxo, até recentemente não se tinha uma ideia exata da fração que vem da oxidação de isopreno, pois havia somente medições pontuais em algumas torres do experimento LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera e Atmosfera da Amazônia). “O avião fez essa medição em uma escala muito grande, em um raio de 200 a 300 quilômetros de Manaus”, relata. Os dados obtidos reforçam a evidência do controle climático da Amazônia pela própria floresta. “A floresta controla a quantidade de núcleo de condensação de nuvens na atmosfera. Era uma suspeita que tínhamos há alguns anos. Este estudo confirmou e quantificou esse impacto.”
A pesquisa traz ainda dados sobre como a poluição de Manaus influencia a região. “Descobrimos que determinados compostos, como os óxidos de nitrogênio, expelidos por automóveis e indústrias, alteram os mecanismos de oxidação de isopreno. Essa oxidação é crítica para fazer esse isopreno formar novas partículas”, adverte o pesquisador.
Para efeitos comparativos, São Paulo tem 7 milhões de automóveis, 10 vezes mais que Manaus. Mas a capital amazonense está localizada em uma região muito isolada, no meio da floresta. “Trata-se de uma configuração muito especial. É uma fonte de poluição pontual completamente distinta do restante do planeta, pois está isolada por 1.500 quilômetros de florestas em todas as direções. Isso nos permitiu desenhar o experimento GoAmazon e analisar o impacto dos poluentes atmosféricos emitidos por automóveis nas emissões naturais da floresta”, conclui.
(ecodebate)

Como a fumaça de incêndios florestais afeta a saúde humana

Dentre os sintomas de doenças e doenças observados relatam infecções do sistema respiratório superior, asma, conjuntivite, bronquite, irrita...