PNAD 2013: insegurança alimentar nos domicílios cai de 30,2%
em 2009 para 22,6% em 2013
O percentual de domicílios
particulares brasileiros que se encontravam em algum grau de insegurança
alimentar caiu de 30,2% em 2009 para 22,6% em 2013. No ano passado, 52,0
milhões de pessoas residentes em 14,7 milhões de domicílios apresentavam alguma
restrição alimentar ou, pelo menos, alguma preocupação com a possibilidade de
ocorrer restrição, devido à falta de recursos para adquirir alimentos. Entre
2009 e 2013, houve queda de 3,2 milhões de domicílios (ou 14,2 milhões de
moradores) em situação de insegurança alimentar.
A insegurança alimentar grave
apresentou reduções importantes em relação aos levantamentos anteriores. Esse
indicador caiu de 6,9% em 2004 para 5,0% em 2009 e, em 2013, atingiu seu
patamar mais baixo: 3,2%. São domicílios onde, além dos membros adultos, as
crianças, quando havia, também passavam pela privação de alimentos.
Dos 65,3 milhões de
domicílios particulares no Brasil, 77,4% estavam em situação de segurança
alimentar em 2013. Eram 50,5 milhões de residências com 149,4 milhões de
pessoas, o equivalente a 74,2% dos moradores em domicílios particulares do
país. Isso significa um aumento de 9,1 milhões de domicílios (ou 21,7 milhões
de moradores) em situação de segurança alimentar em quatro anos.
A insegurança alimentar era
maior nas regiões Norte e Nordeste, atingindo, respectivamente, 36,1% e 38,1%
dos domicílios, bem como na área rural (35,3%). Além disso, a insegurança
alimentar era maior em domicílios onde residiam menores de 18 anos (28,8%),
entre os pretos e pardos (33,4%) e para aqueles com um a três anos de estudo
(13,7% com insegurança alimentar moderada ou grave).
Essas são algumas das
informações do levantamento suplementar da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) 2013 sobre segurança alimentar. Ele foi realizado pelo IBGE
em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),
assim como ocorreu nas edições de 2004 e 2009. A publicação completa referente
a 2013 e os dados reponderados de 2004 e 2009 podem ser acessados na páginawww.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/seguranca_alimentar_2013/.
A pesquisa utiliza a
classificação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA),
considerando o período de referência dos três últimos meses anteriores à data
da entrevista. São domicílios em condição de segurança alimentar aqueles onde os moradores
tiveram acesso aos alimentos em quantidade e qualidade adequadas e sequer se
sentiam na iminência de sofrer qualquer restrição no futuro próximo. Os
domicílios com insegurança
alimentar leve são aqueles nos quais foi detectada alguma preocupação
com a quantidade e qualidade dos alimentos disponíveis. Nos domicílios com insegurança alimentar moderada, os moradores conviveram com
a restrição quantitativa de alimento. Por fim, nos domicílios com insegurança alimentar grave, além dos membros adultos,
as crianças, quando havia, também passavam pela privação de alimentos, podendo
chegar à sua expressão mais grave, a fome.
Em 2013, a pesquisa registrou
65,3 milhões de domicílios particulares no Brasil. Destes, 50,5 milhões (77,4%)
estavam em situação de segurança alimentar. Nestes domicílios moravam 149,4
milhões de pessoas, o equivalente a 74,2% dos moradores em domicílios
particulares do país. Os 14,7 milhões de domicílios particulares restantes
(22,6%) se encontravam em algum grau de insegurança alimentar. Neles viviam
cerca de 52,0 milhões de pessoas (25,8%).
A prevalência de domicílios
com pessoas em situação de insegurança alimentar leve foi estimada em 14,8%, ou
9,6 milhões de domicílios, onde viviam 34,5 milhões de pessoas (17,1% da
população residente em domicílios particulares). A proporção de domicílios
particulares com moradores vivendo em situação de insegurança alimentar
moderada foi 4,6% (equivalente a 3,0 milhões), onde moravam 10,3 milhões de
pessoas (5,1% dos moradores). Do total de domicílios, 3,2% (2,1 milhões) foram
classificados como sofrendo insegurança alimentar grave. Esta situação atingia
7,2 milhões de pessoas (3,6%).
Em relação aos anos
anteriores da investigação (2004 e 2009), a prevalência de domicílios em
situação de segurança alimentar aumentou (65,1%, em 2004 e 69,8%, em 2009). Em
2004, o percentual de domicílios particulares em insegurança alimentar leve,
moderada e grave eram, respectivamente, 18,0%, 9,9% e 6,9%. Em 2009, as
prevalências eram 18,7%, 6,5% e 5,0%. De 2004 para 2009, houve crescimento do
percentual de insegurança leve e redução dos percentuais de insegurança
alimentar moderada e grave. No entanto, de 2009 para 2013, a prevalência de
insegurança alimentar reduziu nos três níveis. Nesse período, houve queda de
3,2 milhões de domicílios (ou 14,2 milhões de moradores) em situação de
insegurança alimentar e aumento de 9,1 milhões de domicílios (ou 21,7 milhões
de moradores) em situação de segurança alimentar.
Insegurança alimentar moderada ou grave é
maior na área rural (13,9%)
As prevalências de
insegurança alimentar na área rural eram maiores que as verificadas nas áreas
urbanas. Em 2013, enquanto 20,5% dos domicílios da área urbana tinham moradores
em situação de insegurança alimentar (6,8% moderada ou grave), na área rural, a
proporção foi 35,3% (13,9% moderada ou grave). Nos domicílios particulares
urbanos em insegurança alimentar moderada ou grave viviam 7,4% da população
urbana, enquanto nos rurais viviam 15,8% da população rural.
Enquanto na área rural, em
relação a 2009, houve queda na proporção de domicílios em situação de
insegurança alimentar moderada ou grave (15,6%, em 2009, para 13,9%, em 2013),
para os domicílios em situação de insegurança alimentar leve houve aumento na
proporção (19,5% para 21,4%). Deste modo, a prevalência de segurança alimentar
não registrou variação significativa (64,8% para 64,7%) entre esses anos. Entretanto,
na área urbana, a proporção de domicílios em segurança alimentar aumentou,
passando de 70,7%, em 2009, para 79,5%, em 2013. A prevalência de domicílios em
insegurança alimentar moderada ou grave na área urbana, em 2013, era 6,8%
(10,8% em 2009).
As cinco grandes regiões
apresentaram prevalências de domicílios em situação de insegurança alimentar de
forma diferenciada. As regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores
proporções (36,1% e 38,1%, respectivamente). Nas demais regiões, o percentual de
domicílios em situação de insegurança alimentar ficou abaixo dos 20%: 14,5% na
Sudeste; 14,9% na Sul; e 18,2% na Centro-Oeste. Considerando a insegurança
alimentar grave, o panorama de desigualdade regional permanece. Nas regiões
Norte e Nordeste, as proporções de domicílios onde algum morador passou pela
experiência de fome foram 6,7% e 5,6%, respectivamente. Nas regiões Sudeste e
Sul, a prevalência ficou em 1,9% e, na Centro-Oeste, 2,3%.
Em relação a 2004 e 2009,
houve aumento do percentual de domicílios que não tinham qualquer preocupação
com restrição quantitativa na alimentação em todas as regiões. Contudo, no
período de 2004 a 2013, a região Nordeste foi a que registrou o aumento mais
expressivo (15,5 pontos percentuais) de domicílios em situação de segurança
alimentar, pois em 2004 menos da metade (46,4%) dos domicílios estavam nesta
condição e, em 2013, essa proporção passou a 61,9%, embora ainda seja a menor
prevalência de segurança alimentar entre as regiões. Embora apenas 26,2% dos
domicílios particulares do país estejam situados nesta região, ela concentra
44,2% dos domicílios em situação de insegurança alimentar.
Após ter apresentado um
pequeno aumento da prevalência de segurança alimentar de 2004 para 2009 (de
68,8% para 69,8%), a região Centro-Oeste registrou, deste último ano para 2013,
um aumento de 12,1 pontos percentuais, atingindo 81,8% dos domicílios. O
aumento da proporção de domicílios com segurança alimentar observada no
Centro-Oeste se deu praticamente apenas na área urbana, onde a proporção passou
de 68,4% para 82,2%.
Em todas as grandes regiões,
em 2013, a proporção de domicílios com moradores em situação de segurança
alimentar era maior na área urbana que na rural, diferente do observado em
2009, quando nas regiões Sul e Centro-Oeste a prevalência de segurança
alimentar era maior na área rural. A região Norte apresentou o maior percentual
de domicílios em situação de insegurança alimentar moderada ou grave na área
urbana (13,1%) e a Nordeste na área rural (20,1%).
Considerando as unidades da
Federação, em 2013, o Espírito Santo apresentou a maior prevalência de
segurança alimentar (89,6%), seguido por Santa Catarina (88,9%) e São Paulo
(88,4%). As unidades da Federação com as menores prevalências foram Maranhão
(39,1%) e Piauí (44,4%), que sequer chegavam à metade dos domicílios
particulares com alimentação assegurada. Em relação a 2009, esses estados
registraram aumentos de 3,8 e 3,0 pontos percentuais, respectivamente.
No Nordeste, todos os estados
apresentaram taxas de prevalência de segurança alimentar inferiores à média
nacional (77,4%). Na região Norte, apenas Rondônia registrou prevalência de
segurança alimentar (78,4%) acima da média nacional.
Comprar fiado foi a principal atitude adotada
pelas famílias com falta de alimento
Pela primeira vez, a PNAD
investigou qual a estratégia utilizada pelas famílias em situação de
insegurança alimentar. Comprar fiado foi a principal atitude adotada (43,3%),
seguida por pedir alimentos emprestados a parentes, vizinhos e/ou amigos (27,8%);
deixar de comprar alimentos supérfluos (7,2%); pedir dinheiro emprestado
(5,0%); comer menos carnes (3,5%); receber alimentos da comunidade, vizinhos,
parentes e amigos (3,3%), prestar pequenos serviços a parentes e amigos em
troca de alimentos (2,8%) ou outras atitudes (7,1%). Nas grandes regiões,
comprar fiado foi a principal atitude no Nordeste (53,8%), Norte (50,2%) e
Centro-Oeste (37,3%). Pedir alimentos emprestados a parentes, vizinhos e/ou
amigos foi a principal atitude no Sul (34,2%) e Sudeste (33,5%).
Proporção de posse de bens duráveis é menor em
domicílios com insegurança alimentar
Em relação à posse de bens,
98,3% dos domicílios em segurança alimentar possuíam geladeira, ao passo que,
entre os com insegurança grave, 85,8% possuíam este bem. Estas diferenças
ocorreram para todos os bens investigados e, quanto mais intensa a situação de
insegurança, menor era a proporção de domicílios que possuíam o bem em questão,
para a maioria dos bens. As maiores diferenças entre a proporção de domicílios
em situação de segurança alimentar e a de insegurança alimentar grave, de
acordo com a posse de bens, ocorreram para a máquina de lavar roupa (64,5%
contra 21,8%), o microcomputador (54,8% contra 13,8%) e o microcomputador com
acesso à internet (48,2% contra 10,0%).
Em relação a 2009, os
indicadores mostraram, tanto para domicílios em situação de segurança alimentar
quanto em insegurança alimentar, aumento na proporção daqueles com posse dos
bens investigados pela pesquisa, mesmo entre os domicílios em insegurança
alimentar grave. Em 2009, 6,0% deles possuíam computador, em 2013, 13,8%. Ainda
entre os domicílios em insegurança alimentar grave, em 2013, 10,0% possuíam
microcomputador com acesso à Internet, contra 3,3% em 2009.
Em 2013, o comportamento em
relação à posse de bens foi diferente para os domicílios que não possuíam
telefone fixo, mas tinham telefone celular e para aqueles com posse de
motocicleta. Entre os domicílios em segurança alimentar, 50,2% possuíam apenas
telefone celular, para aqueles em insegurança alimentar leve, o percentual
aumentava para 66,9%, para aqueles com insegurança alimentar moderada,
aumentava ainda mais para 69,2%, e voltando a reduzir entre os domicílios com
insegurança alimentar grave (64,0%). Considerando os domicílios onde existiam
motocicleta, foi entre aqueles com insegurança alimentar leve que se observou a
maior proporção (23,7%).
Domicílios com insegurança alimentar são menos
atendidos por serviços e têm mais moradores
Em relação aos serviços
pesquisados, quanto mais intensa a situação de insegurança, menor era a
proporção de domicílios atendidos. Os domicílios em insegurança alimentar leve
eram menos atendidos pela rede coletora de esgotamento sanitário (44,2%) do que
aqueles em segurança alimentar (63,2%). A proporção de domicílios em
insegurança alimentar grave atendidos por este serviço era ainda menor (34,4%).
Entre os domicílios com segurança alimentar, 92,0% tinham lixo coletado
diretamente; 87,2% contavam com a rede geral de abastecimento de água e 98,8%
tinham banheiro. Para aqueles em insegurança alimentar grave, os percentuais
foram 75,2%; 73,6% e 87,5%, respectivamente.
A proporção de domicílios com
mais moradores era maior entre aqueles com insegurança alimentar. Enquanto
apenas 1,7% dos domicílios em situação de segurança alimentar tinham sete ou
mais moradores, para aqueles em insegurança alimentar moderada ou grave, o
percentual era de 7,4%. Nos domicílios onde existia pelo menos um morador de
menos de 18 anos de idade em segurança alimentar, 3,6% tinham sete moradores ou
mais e para aqueles em insegurança alimentar, 13,7%.
78,9% dos domicílios em insegurança alimentar
moderada ou grave tem rendimento per capita de até um salário mínimo
A distribuição dos domicílios
em segurança alimentar por classes de rendimento domiciliar per capita mostra que há uma ligeira concentração deles nas
classes mais elevadas: 53,5% dos domicílios nestas condições estavam na classe
de rendimento mensal domiciliar per
capita acima de um
salário mínimo, sendo 23,9% na classe de mais de dois salários mínimos. Por
outro lado, 78,9% dos domicílios em insegurança alimentar pertenciam à classe
de rendimento per capita de até um salário mínimo (excluindo os
sem rendimento) e 2,2% à de mais de dois salários mínimos.
Na área urbana, 56,4% dos
domicílios em segurança alimentar possuíam rendimento médio mensal domiciliar per capita superior a um salário mínimo,
enquanto 15,7% dos domicílios em insegurança alimentar moderada ou grave
possuíam este rendimento. A maior concentração destes domicílios estava na
classe de mais de meio a um salário mínimo (30,7%).
Na área rural, enquanto 32,7%
dos domicílios em segurança alimentar tinham rendimento médio mensal domiciliar per capita superior a um salário mínimo, nos
domicílios em insegurança alimentar moderada ou grave o percentual era de 7,2%.
Na área rural, 35,9% dos domicílios em insegurança alimentar moderada ou grave tinham rendimento de até 1/4 do salário mínimo e 28,9% tinham
de mais de 1/4 a meio salário mínimo.
Domicílios com menores de 18 anos tem maior
insegurança alimentar
Os domicílios particulares
com pelo menos um morador de menos de 18 anos de idade registraram prevalências
de insegurança alimentar acima da verificada em domicílios onde só viviam
adultos. Foram classificados em situação de segurança alimentar 83,4% dos
domicílios sem moradores menores de 18 anos, enquanto a presença de algum
morador abaixo desta idade reduzia a prevalência para 71,2%. Este comportamento
dos dados se repetiu em todas as grandes regiões, sendo na Nordeste onde se
verificou a maior diferença (70,7% contra 54,7%) e na Sul a menor (88,3% contra
81,3%).
Entre 2009 e 2013, a
prevalência de segurança alimentar aumentou para todas as grandes regiões,
contudo aconteceu com mais intensidade nos domicílios onde existia a presença
de moradores com menos de 18 anos, especialmente no Sudeste (10,5 pontos
percentuais) e Centro-Oeste (13,4 pontos percentuais).
No Brasil, em 2013, conviviam
com insegurança grave 4,8% da população de zero a quatro anos de idade e 4,9%
da população de cinco a 17 anos de idade. Na população de 65 anos ou mais de
idade esta proporção foi 2,4%. No período de 2009 a 2013, o aumento da
prevalência de segurança alimentar ocorreu com mais intensidade para os
moradores de grupos etários mais jovens. Em 2009, 56,6% das crianças de zero a
quatro anos de idade viviam em domicílios em que não havia sido reportada
qualquer preocupação com uma possível falta de alimentos por não haver dinheiro
suficiente para comprá-los. Em 2013, este percentual aumentou para 65,8%. No
grupo de cinco a 17 anos, a prevalência de segurança alimentar aumentou de
57,9% em 2009 para 66,8% em 2013, enquanto que para o grupo de 65 anos ou mais
de idade subiu de 76,2% em 2009 para 82,4% em 2013.
Insegurança alimentar é maior em domicílios
chefiados por mulheres e por pretos ou pardos
A prevalência de insegurança
alimentar moderada ou grave era maior nos domicílios cuja pessoa de referência
eram mulheres, tanto em domicílios particulares (9,3%) quanto em domicílios
particulares com pelo menos um morador de menos de 18 anos de idade (10,7%).
Para domicílios onde a pessoa de referência era um homem os percentuais foram
6,9% e 7,2%, respectivamente.
Regionalmente, a proporção de
domicílios em que os moradores passavam por algum tipo de restrição aos
alimentos, de uma forma geral, era maior naqueles onde a pessoa de referência
era do sexo feminino, exceto na região Nordeste, onde a estimativa foi de 23,7%
quando a pessoa de referência era homem e 23,5% quando era mulher. Na região
Norte foram identificadas as maiores prevalências de insegurança alimentar
grave tanto em domicílios cuja pessoa de referência era uma mulher (7,7%) como
em domicílios cuja pessoa de referência era um homem (6,2%). Por outro lado,
foi no Nordeste onde se verificaram as maiores prevalências de insegurança
alimentar moderada: 9,6% nos domicílios com pessoa de referência mulher e 8,4%
naqueles onde a pessoa de referência era homem.
Os domicílios cuja pessoa de
referência era da cor ou raça preta ou parda registraram prevalências de
insegurança alimentar maiores em todas as suas dimensões do que os domicílios
com pessoa de referência da cor ou raça branca. Entre os domicílios com pessoa
de referência preta ou parda, 29,8% estava em situação de insegurança
alimentar, enquanto para os brancos a prevalência foi de 14,4%.
Maior escolaridade reduz incidência de
insegurança alimentar
Para o Brasil, urbano ou
rural, quanto maior o nível de escolaridade dos moradores, menor a prevalência
de insegurança alimentar moderada ou grave. Em 2013, 13,7% dos moradores com um
a três anos de estudo estavam em situação de insegurança alimentar moderada ou
grave. Para aqueles com 15 anos ou mais de estudo, o percentual era de 1,2%. As
grandes regiões apresentaram o mesmo comportamento, contudo Nordeste e Norte
apresentaram percentuais de moradores em insegurança alimentar moderada e grave
mais elevados que as demais regiões, em qualquer nível de escolaridade. Entre
2009 e 2013, houve redução da insegurança alimentar moderada ou grave em todos
os níveis de escolaridade, especialmente entre aqueles com um a três anos de
estudo (19,5%, em 2009).
Dos 55,5 milhões de moradores
de 18 anos ou menos de idade, no total de domicílios particulares, 79,8%
frequentavam escola ou creche, e entre os 6,2 milhões que viviam em domicílios
com insegurança alimentar moderada ou grave, esse percentual era de 75,7%. Em
relação a 2009, embora o percentual de moradores de menos de 18 anos que
frequentavam escola ou creche tenha aumentado (78,3%, em 2009) este fato não
foi tão significativo para os que viviam em domicílios em situação de
insegurança alimentar moderada ou grave (75,3%, em 2009).
A cor ou raça dos moradores
teve impactos diferenciados na prevalência de insegurança alimentar. Do total
de 93,2 milhões de moradores brancos, 17,2% conviviam ao menos com a
preocupação de que os alimentos pudessem faltar devido à falta de dinheiro para
comprar mais. Para os 106,6 milhões de moradores pretos ou pardos, este
percentual subia para 33,4%.
Não foi verificada diferença
na proporção de homens e mulheres sujeitos à restrição alimentar. Em 2013,
estes percentuais foram estimados em 25,8% dos moradores homens e moradoras
mulheres de domicílios particulares. Em termos absolutos, correspondia a 25,3
milhões de homens e 26,8 milhões de mulheres.
54,7% das pessoas em domicílios com
insegurança alimentar moderada ou grave trabalhavam
Em 2013, dos 14,3 milhões de
pessoas de 10 anos ou mais de idade que moravam em domicílios com insegurança
alimentar moderada ou grave, 54,7% estavam ocupados. Entre os ocupados, 31,5%
estavam em atividades agrícolas. O cenário nas áreas urbana e rural, em relação
à atividade, foi diferenciado. No rural, 73,7% dos ocupados estavam em
atividades agrícolas, contra 12,7% na área urbana.
Dos domicílios cuja pessoa de
referência estava ocupada, 22,7% estavam em algum nível de insegurança
alimentar. Analisando pela posição na ocupação, entre os empregadores a
prevalência era a menor (7,0%) e entre os trabalhadores na produção para
próprio consumo ou na construção para o próprio uso, 45,8% estavam com
insegurança alimentar. Entre os trabalhadores domésticos a prevalência de
insegurança alimentar também era elevada, 34,2%. (ecodebate)