sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo

Devemos conhecer o passado para evitármos de cometermos os mesmos erros, mesmo assim devemos guardar os momentos felizes de alegria, paz e harmonia sempre em busca de concretizar nossos sonhos em busca da felicidade.
Que 2012 seja um ano zilhões de vezes melhor que 2011, repleto de muitas coisas excelentes.
Devemos entender estas coisas como ter saúde, poder gostar de quem gosta de vc, poder amar quem te ama, poder ter amigos de verdade, mesmo que estes sejam poucos, para dar boas risadas, poder viajar, poder conhecer novos lugares, poder cruzar com pessoas diferentes que te inspirem poder ter boas idéias, poder transformar estas boas ideias em realidade, poder ter prazer no que faz, poder mergulhar no mar, caminhar por belas matas, poder ler boas historias, poder assistir a bons filmes, poder dar mais algumas boas risadas além das que ja demos algumas linhas acima, poder dormir com que vc ama, poder acordar com quem vc ama, poder ter amigos trabalhando com vc, poder não se importar com a quantidade mas sim com a qualidade, poder melhorar o lugar onde mora, poder dar conforto a sua familia, poder sobrar algum dinheiro no fim do mes, poder ter opinião, poder saber que vc pode muita coisa.
Devemos fazer e tudo para agregarmos novos valores ao nosso conhecimento, sempre com com muito discernimento e sabedoria
E para poder, basta querer. Não espere que alguém faça tudo isso por vc, arregasse as mangas, pense positivo, não faça com os outros o que vc não gostaria que fizessem com vc.
Feliz Ano Novo.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

É possível governar sete bilhões de pessoas?

Tratamos já do desafio de como alimentar sete bilhões de pessoas. A escalada da população humana é crescente: em 1802 éramos um bilhão; em 1927, 2 bilhões, em 1961, 3 bilhões, em 1974, 4 bilhões, em 1987, 5 bilhões, em 1999, 6 bilhões e, por fim, em 2011, 7 bilhões. Em 2025, se o aquecimento abrupto não ocorrer, seremos 8 bilhões, em 2050, 9 bilhões e em 2070, 10 bilhões. Há biólogos como Lynn Margulis e Enzo Tiezzi que vem nesta aceleração um sinal do fim da espécie à semelhança das bactérias, quando colocadas num recipiente fechado. (capsula Petri). Pressentindo o fim dos nutrientes se multiplicam exponencialmente e então subitamente todas morrem. Seria a última florada do pessegueiro antes de morrer?
Independentemente desta ameaçadora questão temos o instigante desafio: como governar 7 bilhões de pessoas? É o tema da governança global, quer dizer, um centro multipolar com a função de coordenar democraticamente a coexistência dos seres humanos na mesma pátria e Casa Comum. Esta configuração é uma exigência da globalização, pois esta implica o entrelaçamento de todos com todos dentro de um mesmo e único espaço vital. Mais dia menos dia, uma governança global vai surgir, pois é uma urgência impostergável para enfrentar os problemas globais e garantir a sustentabilidade da Terra.
A ideia em si não é nova. Como pensamento, estava presente em Erasmo e em Kant mas ganhou seus primeiros contornos reais com a Liga das Nações, após a Primeira Guerra mundial e definitivamente depois da Segunda Guerra Mundial com a ONU. Esta não funciona por causa do veto antidemocrático de alguns países que inviabilizam qualquer encaminhamento global contrario a seus interesses. Organismos como o FMI, o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio, da Saúde, do Trabalho, das Tarifas, do Comércio (GATT) e a UNESCO expressam a presença de certa governança global.
Atualmente, o agravamento de problemas sistêmicos como o aquecimento global, a escassez de água potável, a má distribuição dos alimentos, a crise econômico-financeira e as guerras estão demandando uma governança global.
A Comissão sobre Governança Global da ONU a define como “a soma das várias maneiras de indivíduos e instituições, públicas e privadas, administrarem seus assuntos comuns e acomodarem conflitos e interesses diversos de forma cooperativa. Envolve não só relações intergovernamentais, mas também organizações não-governamentais, movimentos de cidadãos, corporações multinacionais e o mercado de capitais global”(veja o respectivo site da ONU na internet).
Esta globalização se dá também em nível cibernético, feita por redes globais, uma espécie de governança sem Governo. O terrorismo provocou a governança securitária nos países ameaçados. Há um governança global perversa que podemos chamar de governança do poder corporativo mundial feita pelos grandes conglomerados econômico-financeiros que se articulam de forma concêntrica até chegar a um pequeno grupo que controla cerca de 80% do processo econômico. Isso foi demonstrado pelo Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica (ETH) que rivaliza em qualidade com o MIT e entre nós divulgada pelo economista da PUC-SP Ladislau Dowbor. Esta governança não se dá muito a conhecer e a partir da economia influencia fortemente a política mundial.
Estes são os conteúdos básicos de uma governança global sadia: a paz e a segurança, evitando o uso da violência resolutiva; o combate à fome e à pobreza de milhões; a educação acessível a todos para serem atores da história; a saúde como direito humano fundamental; moradia minimamente decente; direitos humanos pessoais, sociais, culturais e de gênero; direitos da Mãe Terra e da natureza, preservada para nós e para as futuras gerações.
Para garantir estes mínimos, comuns a todos os humanos e também à comunidade de vida, precisamos relativizar a figura dos Estados nacionais que tendencialmente irão desaparecer em nome da unificação da espécie humana sobre o planeta Terra. Como há uma só Terra, uma só Humanidade, um só destino comum, deve surgir também uma só governança, una e complexa, que dê conta desta nova realidade planetizada e permita a continuidade da civilização humana.
Leonardo Boff (*1938) doutorou-se em teologia pela Universidade de Munique. Foi professor de teologia sistemática e ecumênica com os Franciscanos em Petrópolis e depois professor de ética, filosofia da religião e de ecologia filosófica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É autor, dentre outros, de “Cuidar da Terra-proteger a vida”, Record, Rio de Janeiro 2010. (EcoDebate)

Pegada Ecológica

Pegada Ecológica: e se eliminarmos os Estados Unidos?
A Terra é um Planeta finito. Isto significa que os seres vivos possuem um espaço comum e delimitado para a sobrevivência conjunta. O crescimento exponencial de uma espécie significa a redução do espaço para a vida de outras espécies. Da mesma forma, o crescimento ilimitado de cada país aumenta a demanda global por matérias-primas e commodities e contribui para o sobre uso dos recursos naturais.
A Pegada Ecológica é uma metodologia que mede o impacto humano sobre as áreas terrestres e aquáticas, consideradas biologicamente produtivas e necessárias à disponibilização de recursos ecológicos e serviços, como alimentos, fibras, madeira, terreno para construção e para a absorção do dióxido de carbono (CO2) emitido pela combustão de combustíveis fósseis etc. A Pegada Ecológica mede a quantidade de área biologicamente produtiva – zona de cultivo, pasto, floresta e pesca – disponível para responder às necessidades da humanidade.
Segundo o Relatório Planeta Vivo, da WWF, com dados de 2007, as atividade antrópicas já haviam ultrapassado a biocapacidade da Terra, que é de 13,4 bilhões de hectares globais (gha). A Pegada Ecológica da humanidade atingiu 2,7 gha por pessoa para uma população de 6,7 bilhões de habitantes em 2007. Isto significa que a humanidade já estava utilizando 18,1 bilhões de gha, 35% a mais do que a capacidade de regeneração do Planeta.
Os países do mundo com maior pegada ecológica, em 2007, eram Emirados Árabes e Qatar, com mais de 10 gha por pessoa. Porém, como são países com baixo número de habitantes, o impacto global é pequeno. Já os Estados Unidos da América (EUA) tinha uma população de 308 milhões de habitantes e uma pegada de 8 gha por pessoa, em 2007. Isto quer dizer que o impacto global dos EUA foi de 2,46 bilhões de gha.
A população dos EUA que representava 4,6% da população mundial, estava utilizando 18,4% dos 13,4 bilhões de hectares globais disponíveis no Planeta, naquele ano. Se a população mundial adotasse o mesmo padrão de produção e consumo dos Estados Unidos seria preciso 5 (cinco) Planetas para dar conta do tamanho da Pegada Ecológica, em 2007. Ou seja, o “American way of life” (o modelo americano de vida) é insustentável e não pode servir de referência para o resto do planeta.
Porém, se não devemos copiar o modelo americano, também não devemos culpá-lo por todos os males do mundo. A título de exemplo, vamos, matematicamente, eliminar os EUA dos cálculos da Pegada Ecológica global.
Como apresentado anteriormente, a Pegada Ecológica global foi de 18,1 gha em 2007. Toda a Pegada dos EUA foi de 2,46 bilhões de gha. Eliminando os Estados Unidos do cálculo mundial, o resultado é que a Pegada Ecológica do Planeta (sem os EUA) foi de 15,6 bilhões de gha, ou seja, 17% superior aos 13,4 bilhões de gha disponíveis.
Portanto, mesmo eliminando os EUA do cálculo da Pegada Ecológica mundial as atividades antrópicas do resto da população continuam superiores à capacidade de regeneração da biosfera. A China, por exemplo, tem Pegada Ecológia per capita relativamente baixa (de 2,2 gha). Mas como tem uma população muito grande, apresentou uma Pegada Ecológica total de 2,92 bilhões de gha, representando 22% dos 13,4 bilhões de gha disponíveis no mundo. A China já é o país com maior impacto ecológico do globo.
Os cálculos acima não tiram as responsabilidades dos EUA como um dos maiores poluidores do Planeta. Apenas mostram a real dimensão dos problemas causados pelos tamanhos do consumo e da população mundial. Os EUA não são um modelo a ser seguido. Mas também não são os únicos culpados pelos danos ambientais do mundo.
Seguindo o princípio das “Responsabilidades comuns mas diferenciadas” a Rio + 20 deve cobrar dos Estados Unidos e dos demais países desenvolvidos suas dívidas pelos danos causados ao meio ambiente global. Mas, acima de tudo, é preciso que toda a comunidade internacional se engaje na luta pela mudança de atual modelo marron de desenvolvimento e de consumismo exacerbado. Só uma economia de baixo carbono, verde, limpa e socialmente inclusiva pode mitigar o desastre do aquecimento global e os danos mais impactantes da degradação ambiental. (EcoDebate)

Dívida ambiental dos países desenvolvidos

Dívida ambiental dos países desenvolvidos: quem vai pagar a conta?
Enquanto a dívida financeira dos Estados ocupa as manchetes dos jornais, outra dívida, mais discreta, mas não menos importante, busca um lugar para si entre as grandes questões internacionais: trata-se da dívida ambiental, conceito segundo o qual a industrialização dos países desenvolvidos e os danos ambientais por ela causados os tornariam devedores em relação a países em desenvolvimento. Uma dívida que poderia, portanto, aumentar ainda mais a dependência financeira do Norte em relação ao Sul.
Eloi Laurent, economista no Observatório Francês das Conjunturas Econômicas (OFCE) e professor do instituto Sciences Po, fala sobre as questões desse conceito, a duas semanas da abertura da cúpula de Durban sobre o clima, e às vésperas de um colóquio sobre esse mesmo tema na região de Île-de-France em 14/11, organizado pelo Sciences Po e pelo Instituto do Desenvolvimento Sustentável e das Relações Internacionais (Iddri).
Le Monde: Como o sr. define a dívida ambiental?
Eloi Laurent: Há inúmeras definições possíveis, então é preciso escolher. Uma definição genérica baseia-se na constatação da distribuição desigual dos custos econômicos e humanos das crises ambientais entre países que não contribuíram igualmente para elas. A ideia central é que esses custos são, no processo de desenvolvimento econômico, deslocados dos países ricos, que não querem assumir sua responsabilidade, para países pobres, que não podem assumir suas consequências.
Todavia, o conceito de dívida ambiental, apresentado nos fóruns internacionais há cerca de trinta anos, sofre por ter sido concebido inicialmente como uma contramedida à dívida financeira dos países latino-americanos. Nos anos 1980, esses países disseram: Tudo bem, nós devemos dólares aos países ricos, mas estes nos devem pelo buraco da camada de ozônio.
Quem é realmente credor de quem? Foi o pecado original do conceito de dívida ambiental, o que a afundou logo de início e a tornou hoje ainda mais frágil, considerando a grande reviravolta do endividamento mundial ao qual estamos assistindo.
O que ela representa exatamente para os países desenvolvidos?
Laurent: No sentido estrito, ela representa o reconhecimento de uma responsabilidade em relação aos países mais pobres. Quando levamos socorro ao Haiti porque esse país dispõe de capacidades institucionais muito frágeis diante das catástrofes que ele precisa enfrentar com frequência, nós quitamos uma espécie de dívida ambiental.
De maneira mais precisa, mas também mais duvidosa, podemos ver essa responsabilidade de uma forma mais retrospectiva, por exemplo, em matéria de mudança climática; falamos então de “responsabilidade histórica”. Mas o conceito, que implica a ideia de compensação, se torna muito delicado de se manejar. A Convenção das Nações Unidas sobre a mudança climática não reconhece essa “responsabilidade histórica” dos países ricos, mas menciona uma “responsabilidade comum, mas diferenciada”.
Para mim, esse é o verdadeiro sentido da dívida ambiental: não o reconhecimento da culpa de um em relação ao outro, mas de um erro coletivo em nossa estratégia de desenvolvimento, de uma corresponsabilidade diferenciada e de uma solidariedade em comum à qual cada país deve se associar de acordo com suas necessidades e capacidades. Vista por esse ângulo, é imensa a responsabilidade dos Estados Unidos, que há dez anos bloqueia as negociações climáticas.
Como definir a dívida ambiental ao longo do tempo, sendo que se trata de um conceito móvel, que deve evoluir?
Laurent: Vemos muito bem em que ponto a China mudou a configuração das coisas, no tempo e no espaço: ela emitiu quatro vezes menos gases de efeito estufa que os Estados Unidos desde a revolução industrial, se tomarmos como referência o início dos anos 2000; mas até 2050, se ela continuar com sua trajetória, ela terá emitido tanto quanto os EUA.
Ao mesmo tempo, uma equipe de Stanford mostrou que os fluxos de dióxido de carbono da China para os Estados Unidos atingem quase 350 milhões de toneladas, devido às importações americanas em energia, bens e serviços, ou seja, quase o mesmo tanto que as emissões associadas à produção na França. Como então se calcula a dívida ambiental dos Estados Unidos em relação à China?
O que não quer dizer que os princípios que fundamentam o conceito de dívida ambiental devam ser abandonados: as questões de Justiça estão no cerne de todos os debates ecológicos e há desigualdades ambientais consideráveis entre as nações e dentro das nações, é preciso medi-las para combatê-las. Mas isso só será feito mantendo-se uma distância de qualquer discurso simplista, pois a Justiça, especialmente entre as nações, é uma arte incrivelmente difícil.
Então que soma representa essa dívida, e como ela é calculada?
Laurent: Em um artigo publicado em 2008 pela revista “PNAS”, que até hoje é o exercício mais completo já feito sobre o conceito de dívida ecológica, Thara Srinivasan e seus coautores se esforçaram para avaliar, no período de 1961-2000, a distribuição dos custos ambientais, distinguindo três tipos de países de acordo com seu nível de desenvolvimento. O cálculo, certamente discutível, mostra que os países pobres arcam com a mesma participação “bruta” dos custos ambientais globais que os países ricos (20%), ao passo que os países de renda intermediária arcam com 60% dos custos.
Mas, uma vez que esses custos são ponderados por seu peso real, levando em conta o nível de desenvolvimento dos países que os assumem (o que pode se chamar de “custo líquido”), a distribuição muda: 45% para os países pobres, 52% para os países intermediários e somente 3% para os países ricos. Além do mais, mais da metade desses custos ambientais para os países pobres provêm da atividade dos países de outra categoria.
Também se pode olhar pela perspectiva inversa, a da distribuição desigual dos benefícios ambientais no mundo. Um estudo de 2009 mostrou que um europeu consome 43 kg de recursos naturais por dia, um americano consome 88 kg e um australiano, 100 kg; contra 34 kg para um sul-americano, 14 kg para um asiático e 10 kg para um africano.
De que maneira podemos aplicar esse conceito? Deve-se dar a ele uma dimensão jurídica internacional?
Laurent: Como bem mostrou o economista Olivier Godard, o conceito de dívida ambiental é muito problemático do ponto de vista jurídico, e portanto muito pouco operacional no contexto das negociações internacionais, ou até contraproducente. É preciso saber se queremos estar certos moralmente, mas errados ecologicamente.
A ideia só foi debatida seriamente em 1997, quando foi redigido o Protocolo de Kyoto após uma proposta do Brasil, e ela foi descartada. Até onde sei, desde então, nenhum país articulou de maneira clara uma proposta juridicamente fundamentada e orçada, e submetida às outras partes. Os exercícios de modelização que foram encomendados pela ONU para avaliar a responsabilidade das nações na mudança climática levam a conclusões empíricas moderadas, pois deixam espaço para as considerações normativas.
Não seria esse conceito negativo demais, podendo alarmar os países que já estão sofrendo com a crise econômica e pouco predispostos a avançar nas negociações climáticas?
Laurent: Há de fato um tremendo choque com o debate sobre as dívidas financeiras. Como ele coloca em jogo as noções de sustentabilidade e de justiça intra e intergeracionais no esforço de pagamento, ele deve nos permitir avançar no reconhecimento de nossa dívida ambiental comum, entendida como aquela que todos nós devemos uns aos outros. Talvez seja desagradável ouvir isso, mas hoje somos todos devedores ambientais, mesmo que nossa capacidade de pagamento varie em proporções consideráveis. (EcoDebate)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Brasil das calamidades

O chiste é conhecido. Ao criar o mundo, Deus distribuiu as catástrofes pela Terra, enquanto comentava com o anjo ao seu lado: “Aqui eu vou localizar os EUA, com seus terremotos e furacões; ali vai ser a Europa, que vai ter também vulcões e terremotos; acolá vou instalar a Ásia, com desertos, terremotos e tsunamis”. Curioso, o anjo indagou: “E nesse local vai pôr o quê?” Deus respondeu: “Aqui será o Brasil”. Insistiu o arcanjo: “E ele não vai ganhar catástrofes naturais?” A resposta divina: “Não, de jeito nenhum, mas você vai ver os políticos que eu vou botar lá”. Ou a versão sobre a criação do mundo não é correta ou a galhofa sobre o Brasil não resiste aos solavancos da natureza neste início de século 21. Pois os nossos trópicos começam a frequentar o ranking das grandes catástrofes do planeta.
Em janeiro, o País registrou o maior desastre climático de sua existência, na Região Serrana do Rio de Janeiro, que contabilizou 820 mortos. Foi o oitavo pior deslizamento de terras da História mundial. O ano chega ao fim com o grave acidente no poço da Chevron no Campo de Frade (Bacia de Campos, RJ), que derramou no mar 440 mil litros de petróleo. De desastre em desastre e milhares de vítimas, vivenciando incidentes que deixam marcas profundas na anatomia de cidades e regiões, o Brasil já não é o território seguro tão admirado em comparação com outras nações. Seu mapa faz parte da geografia de vorazes predadores da natureza. Quando se efetivar a extração de óleo do pré-sal, ganharemos o título de terceiro maior poluidor do mundo, ficando apenas atrás dos EUA e da China.
Subimos celeremente no ranking da poluição. A planilha de calamidades se adensa. Em 2010 a Petrobrás, empresa orgulho da Nação, bateu o recorde de autos de infração, registrando 57 vazamentos. O volume de petróleo e derivados derramado cresceu 163%, pulando de 1.597 mil barris em 2009 para 4.201 mil espalhados na natureza no ano passado. Pairam ameaças por todos os lados. Na semana passada, um supercargueiro da Vale, ao ser carregado com 385 mil toneladas de minério de ferro no porto de São Luís (MA), exibia rachaduras no tanque de lastro. Despejada no mar, essa carga causaria tragédia sem precedentes em nossa costa.
Na paisagem devastada por acidentes/incidentes, muitos dos quais resultam de incúria, a nota de destaque: o Brasil não dispõe de um plano de contingência para administrar catástrofes. A cada evento, seja um temporal arrasador, o vazamento de óleo de um poço ou uma epidemia de dengue, como a que se prenuncia em cerca de 300 cidades, as providências revelam traços de improvisação. Mas não faltam discursos conflitantes, passeios de autoridades por destroços, uma ou outra verba liberada para dourar a imagem dos governos de plantão e multas que não se sabe quando e como serão pagas pelos responsáveis.
O País é useiro e vezeiro na arte de improvisar soluções para suas tragédias. Todos os anos as mesmas regiões sofrem com enchentes e enxurradas, principalmente Santa Catarina, Rio Grande do Sul e cidades serranas do Rio. As mortes e o número de acidentados se expandem. As rotinas se banalizam. Após os impactos físicos e emocionais, a vida volta ao normal e as populações passam a conviver com obras de recuperação, as quais, com raras exceções, não vão ao cerne dos problemas. As calamidades tornarão a acontecer.
Se não dispomos de programas (robustos) para administrar os previsíveis eventos de nossas estações climáticas, imagine-se o caos que um acidente nuclear poderia gerar. É lorota argumentar que nossas usinas são seguras e confiáveis. Não era seguro o reator 4 da central nuclear de Chernobyl, que, ultrapassando o nível de aquecimento, explodiu e liberou uma nuvem radioativa sobre a ex-União Soviética e a Europa Oriental, em 1986, matando milhares de pessoas? Dois anos antes, em Bhopal, na Índia, um vazamento de 42 toneladas de isocianato de metila de uma fábrica, em contato com a atmosfera, ceifou a vida de 20 mil pessoas e de milhares de animais. O Brasil saberia administrar um acidente nuclear na região de Angra dos Reis? Se alguém responder positivamente, estará cometendo um desatino. Não sabemos lidar com tragédias.
Em face do potencial brasileiro na exploração do petróleo (9 mil poços em operação em mar e terra e perspectiva de produzir 6 milhões de barris diários até 2020) e tendo em vista a perspectiva do pré-sal, é razoável prever que os riscos iminentes se localizam nesses campos. Esse episódio provocado pela americana Chevron remete ao maior desastre ambiental da História dos EUA, em abril do ano passado, quando 172 milhões de galões de óleo foram despejados no Golfo do México, ocasionando prejuízos materiais e ambientais inestimáveis.
Dessa teia de eventos terríveis sobra para as nossas autoridades o conselho de redobrar a atenção. Urge não apenas planejar sistemas de prevenção, mas fazer mapeamento minucioso das frentes consideradas de risco (alto, médio e pequeno) em todos os espaços do território nacional. Há uma pletora de estruturas com responsabilidades sobre os espaços de risco – agências reguladoras, órgãos de controle ambiental nas instâncias federal, estaduais e municipais, ministérios e frentes de defesa civil, etc. Ressente-se de clareza normativa e operacional para tais órgãos. Quem coordena o que e quem? Como é sabido, são comuns entre nós duplicações de estruturas e consequentes acusações recíprocas de culpa. Os governantes, por sua vez, desenvolvem certa ojeriza a ações que não dão voto, como planos de prevenção, obras escondidas (saneamento básico), códigos de controle ambiental ou conceitos abstratos como desenvolvimento sustentável.
De tropeço em tropeço, a imagem do éden, que nos é impingida desde que Cabral, deslumbrado, arregalou os olhos para a exuberância de nossa natureza, se esgarça na fumaça destes tempos cada vez mais catastróficos. (EcoDebate)

11 cidades paulistas em risco para tragédia

11 cidades paulistas estão na lista de risco para tragédia
Mapeamento feito pelo governo aponta no País 178,5 mil pessoas vivendo em áreas muito suscetíveis a deslizamentos e enchentes.
Um mapeamento inédito feito pelo governo federal encontrou 178,5 mil pessoas morando em áreas de risco alto ou muito alto de serem atingidas neste verão por desabamentos ou enchentes em 28 municípios brasileiros. Elas vivem em 43.625 moradias espalhadas por nove municípios de Santa Catarina, seis do Espírito Santo, seis do Rio Grande do Sul, quatro do Paraná, dois do Rio e um de Minas.
Nenhuma cidade paulista está nesse mapeamento - na lista dos 56 municípios considerados prioritários pelo Ministério da Integração Nacional, porém, estão Campos do Jordão, Cubatão, Diadema, Francisco Morato, Mauá, Santos, São Bernardo, São Paulo, Taboão, Ubatuba e Caraguatatuba.
Esses 56 municípios representam 22% dos 251 do País onde o risco de tragédia climática é maior nesta época. Mas são os únicos que, segundo anúncio feito ontem, deverão receber investimento nos próximos meses.
Entre as 28 cidades com quadro mais crítico, Angra dos Reis (RJ) é a que tem o maior número de moradores em áreas com risco de vida. São 45,9 mil pessoas, em 11,4 mil moradias. No réveillon de 2010, deslizamentos na cidade mataram 52 pessoas.
O levantamento dos moradores em área de risco está sendo conduzido pelo Serviço Geológico do Brasil, vinculado ao Ministério de Minas e Energia. As 28 cidades mapeadas estão entre as prioritárias por causa da recorrência de desastres ao longo dos últimos anos e ocorrências de mortalidade com catástrofes.
Segundo o governo, a identificação do perigo pode ajudar na prevenção de desastres. "Com essas cidades mapeadas, você tem a possibilidade de saber que áreas podem desmoronar quando chove e pode fazer um alerta e deslocar a população", diz o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.
Segundo ele, outros 28 municípios nas Regiões Sul e Sudeste serão mapeados até o início do ano. Até 2014, a meta do governo federal é identificar as áreas de risco em todas as 251 cidades onde há mais possibilidade de catástrofes.
Recursos. O ministro da Integração afirmou ainda que nos próximos dias a presidente Dilma Rousseff assinará uma Medida Provisória destinando R$ 48 milhões às Forças Armadas para a aquisição de equipamentos para auxiliar a Defesa Civil na resposta a catástrofes. De acordo com Bezerra, apenas o Ministério da Integração investiu neste ano R$ 271 milhões em prevenção. Outros R$ 700 milhões foram direcionados pelo governo para ajudar na reconstrução de áreas devastadas.
O secretário nacional de Defesa Civil, Humberto Viana, ressalta, porém, que a reconstrução é um processo lento. "Não podemos criar a ficção de que um cenário destruído por catástrofe vai ser reconstruído em apenas um ano." Segundo ele, na Região Serrana do Rio, por exemplo, serão necessários pelo menos quatro anos para o restabelecimento das condições anteriores às chuvas de janeiro de 2011.
Prevenir é 7 vezes mais barato do que remediar catástrofe
O secretário nacional de Defesa Civil, Humberto Viana, defende a criação de uma cultura de prevenção a desastres no Brasil. Segundo ele, esse investimento poderá reduzir a necessidade de reconstrução de cidades e resultar em economia aos cofres públicos. "Cada R$ 1 investido em prevenção equivale a R$ 7 que teriam de ser gastos em resgate", observou.
Ele destacou que o governo está com abrigos preparados para casos de desastres. O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, garante que o sistema montado permite respostas em até seis horas em qualquer cidade definidas como suscetível a tragédia. (OESP)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

‘Vamos tirar o Planeta do Sufoco’

APAS lança em Ribeirão o programa ‘Vamos tirar o Planeta do Sufoco’
Lançamento do programa foi em 25/10/11. O objetivo é disseminar o fim da cultura do descarte.
Lançado em Ribeirão Preto o programa “Vamos Tirar o Planeta do Sufoco” é uma iniciativa da Associação Paulista de Supermercados (APAS), com apoio da ACIRP, da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), da Prefeitura Municipal e do poder público do município.
O objetivo da campanha é engajar a população na substituição das sacolas descartáveis por reutilizáveis nos supermercados. A partir do dia 25 de janeiro de 2012, conforme a campanha “Vamos Tirar o Planeta do Sufoco”, não haverá mais a distribuição de sacolas descartáveis ao consumidor.
Uma pesquisa aponta que 77% da população apoiam a iniciativa. O levantamento foi realizado pelo Ibope Inteligência com moradores de Jundiaí, cidade escolhida para a implantação do Projeto-piloto “Vamos Tirar o Planeta do Sufoco” foi implantado em Jundiaí e segundo pesquisa, demonstrou que as sacolas reutilizáveis e caixas de papelão são as alternativas mais adotadas pela população da cidade para transportar suas compras. Para 89%, a alternativa foi a utilização de sacolas reutilizáveis, 45% também optaram por caixas de papelão, 30% por sacolas biodegradáveis compostáveis, 16% por carrinho de feira e 13% por caixa de plástico. (jornaldaregiaosudeste)

Sampa lança campanha contra sacolas plásticas

Prefeitura de São Paulo lança campanha contra sacolas plásticas
Oficialmente, a campanha começará em 25/01/12, aniversário de São Paulo, e pretende conscientizar os consumidores e a indústria.
A campanha se espalhará por outras cidades do interior do Estado
A Associação Paulista dos Supermercados (APAS) e a prefeitura de São Paulo lançarão a campanha de conscientização "Vamos Tirar o Planeta do Sufoco" contra o uso de sacolas plásticas, em 22/12/11, na Praça Victor Civita.
O evento acontecerá no Museu Aberto da Sustentabilidade e terá a presença de comerciantes da capital e do prefeito Gilberto Kassab. Será um ato público que visa incentivar a população a dar preferência às sacolas retornáveis.
A lei que proíbe o uso de sacolas plásticas em São Paulo foi derrubada na Justiça pelo sindicato da indústria do plástico. Ao invés de recorrer da decisão, a prefeitura e a APAS estão unindo forças para a campanha de conscientização.
Atualmente, são cerca de 1200 supermercados se adaptando a nova medida, sendo que muitos destes já oferecem alternativas mais sustentáveis.
Oficialmente, a campanha começará no dia 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, e pretende conscientizar os consumidores e a indústria.
A campanha se espalhará por outras cidades do interior do Estado. Em Jundiaí, por exemplo, uma ação similar resultou na redução de 95% no uso de sacolas plásticas. Hoje os locais que ainda usam embalagens optam pelos materiais biodegradáveis, que têm impacto ambiental menor. (exame)

SP apoia campanha contra sacolinhas

Prefeitura de SP apoia campanha contra sacolinhas
Objetivo é acabar com a distribuição gratuita de sacolas plásticas no Estado, que não será imposta aos supermercados
A Prefeitura de São Paulo oficializou seu apoio à campanha Vamos Tirar o Planeta do Sufoco, da Associação Paulista dos Supermercados (Apas), que tem como objetivo acabar com a distribuição gratuita de sacolas plásticas no Estado.
Até agora, cerca de cem municípios aderiram à campanha, que começa no dia 25 de janeiro. Só a participação das três grandes redes de supermercados - Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart - fará com que 1,7 bilhão de sacolas deixem de ser distribuídas por ano em 600 lojas do Estado.
Em maio, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinou um protocolo de intenções com a Apas. Pelo acordo, voluntário, os supermercados deixarão de fornecer as sacolas gratuitamente aos consumidores e passam a oferecer alternativas para o transporte das compras - como a venda, a preço de custo, de sacolas biodegradáveis, feitas de amido de milho, e de reutilizáveis.
Muitas sacolas são descartadas de maneira incorreta e entopem bueiros, agravando enchentes. As sacolas também prejudicam a vida marinha, pois podem ser engolidas por animais ou asfixiá-los. "É um movimento de conscientização. Não tem lei. As pessoas vão aderir por acharem que é importante ou não", disse ontem o presidente da Apas, João Galassi, no evento em que a prefeitura aderiu à campanha.
Em maio, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) sancionou lei que proibia a distribuição das sacolas plásticas no comércio varejista da cidade. Mas o Sindicato das Indústrias de Material Plástico conseguiu liminar judicial contra a proibição, que passaria a valer em 1.º de janeiro de 2012.
A Procuradoria-Geral do Município entrou com recurso no Tribunal de Justiça, mas não derrubou a liminar. Agora, promete ir ao Supremo Tribunal Federal (STF). "Se houver resistência e críticas, porque vocês estão mexendo com interesses, e interesses reagem, por favor, não esmoreçam. Um dia as pessoas percebem que é o certo", disse o coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew.
O secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas, ressaltou que são usadas 2,5 bilhões de sacolas plásticas por mês no Estado - ou 60 por habitante.
Contra. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação dos Trabalhadores do Ramo Químicos (Fetquim) protestaram, afirmando que a medida vai tirar empregos.
Eles também dizem que as sacolas reutilizáveis podem ser foco de contaminação por bactérias, por exemplo.
Ideia tem apoio em Jundiaí/SP
Há dois meses, um ano após a cidade de Jundiaí/SP adotar as sacolas reutilizáveis nos supermercados, uma pesquisa da Apas que também faz parte da campanha Vamos Tirar o Planeta do Sufoco mostrou que 77% dos moradores entrevistados se mostraram favoráveis nos comércios. A mesma pesquisa afirmou que 73% da população entrevistada não concordava com o retorno das sacolas plásticas descartáveis. (nossasaopaulo)

População e consumo

População e consumo: onde está o problema?
Existem pessoas que colocam toda a culpa dos problemas do mundo no tamanho e no ritmo de incremento da população e consideram que o crescimento demográfico é o principal responsável pela reprodução da pobreza e pela degradação do meio ambiente.
Mas também existem outras pessoas que dizem exatamente o contrário e consideram que a população não é um problema, pois a culpa da pobreza se deve à concentração da renda e da propriedade, enquanto os maiores danos ao meio ambiente decorrem do impacto provocado pelo volume e crescimento do consumo, especialmente das parcelas mais afluentes da população.
Os ricos culpam os pobres pelos problemas da miséria e do meio ambiente. Os pobres devolvem os “insultos” e consideram que o padrão de vida e os privilégios dos ricos são os verdadeiros responsáveis pelo aumento da pobreza e da degradação ambiental.
Quem está com a razão? Os dois tipos de argumentos estão certos? Ou os dois estão errados?
Vejamos sinteticamente o debate sobre população e pobreza.
Os dados mostram que, ao longo da história, a grande maioria da população mundial era pobre e tinha uma esperança de vida média em torno dos 30 anos, situação que se manteve até a maior parte do século XIX. No Brasil, nesta época, as péssimas condições de saúde e educação da população em geral eram agravadas pela escravidão e a total falta de autonomia das mulheres (que não podiam votar, estavam subjugadas aos espaços privados e eram legalmente dependentes dos pais e/ou maridos).
Mas diversos avanços econômicos, médicos e sanitários possibilitaram a redução das taxas de mortalidade, especialmente da mortalidade infantil, na maior parte do mundo e também no Brasil. Com o maior número de filhos sobreviventes e vivendo vidas mais longas, as famílias passaram a limitar a quantidade de filhos nascidos vivos e investir mais na qualidade dos mesmos. Este processo conhecido como transição demográfica gera, inexoravelmente, uma mudança na estrutura etária que abre uma janela de oportunidade e cria um bônus demográfico que, se bem aproveitado, possibilita o combate à pobreza e o avanço de políticas para a melhoria da qualidade de vida da população.
Portanto, a transição da demográfica (de altas para baixas taxas de mortalidade e fecundidade) e o processo de redução da pobreza são dois fenômenos que se reforçam mutuamente. Neste sentido, podemos dizer que não é o crescimento populacional que gera as situações de miséria, mas, inegavelmente, uma redução no ritmo de crescimento demográfico ajuda no processo de saída das condições de pobreza.
Por outro lado, a falta de recursos educacionais e econômicos por parte das famílias e do Estado está correlacionada com os territórios com maiores taxas de fecundidade. Desta forma, alto crescimento populacional e carência de recursos econômicos e culturais se somam e constituem o chamado fenômeno da “armadilha da pobreza”. Assim, nestes casos, a pobreza explica o alto crescimento populacional tanto quanto o alto crescimento populacional explica a pobreza. Romper com este círculo vicioso é o grande desafio colocado, por exemplo, pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, aprovados pela ONU, na Cúpula do Milênio, no ano 2000.
Agora vejamos sinteticamente o debate sobre população e meio ambiente.
É muito fácil para um ser humano dizer, por exemplo, que “7 bilhões de habitantes não são um problema”. Mas qual seria a resposta se perguntássemos se a Terra está superpovoada para uma onça, um tigre, um elefante, um rinoceronte, um tamanduá ou um orangotango? E se perguntássemos para um cedro, um mogno, um jacarandá ou um pau-brasil? O que nos diria um sabiá, um bem-te-vi ou um pintassilgo?
Evidentemente, comparado com outras espécies, 7 bilhões de habitantes não é pouco, pois cada pessoa precisa de água, comida, casa, transporte, saúde, educação, lazer, etc. Tirando a água, as outras coisas não caem do céu. E embora exista muita água na Terra, a água potável é escassa e geograficamente mal distribuída. Pior, a humanidade está poluindo, danificando e sobre utilizando as fontes limpas de água, no solo e no subsolo.
O impacto das atividades antrópicas sobre a natureza já ultrapassou a capacidade de regeneração do Planeta. Do ponto de vista do aquecimento global, são os países ricos e com maior desenvolvimento industrial que mais emitiram e emitem gases do efeito estufa. Calcula-se que o segmento dos 13% mais abastados da população mundial seja responsável por 50% da emissão de carbono do mundo. Resolver este imbróglio é uma tarefa urgente.
Contudo, a população pobre do mundo e que pouco contribui para o aquecimento global tem outros impactos não desprezíveis sobre o meio ambiente. Por mais pobre que seja uma população ela precisa de água, comida, lenha e outros consumos básicos.
Por exemplo, a bacia hidrográfica do rio Nilo, abrangendo uma área de 3.349.000 km², já não dá conta de abastecer as populações dos 10 países que, em maior ou menor proporção, dependem de suas águas. A população conjunta de Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quênia, República Democrática do Congo, Burundi, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia e Egito era de 84,7 milhões de habitantes em 1950, passou para 411,4 milhões em 2010 e deve chegar a 877,2 milhões em 2050 e 1,3 bilhão de habitantes em 2100, segundo dados da divisão de população das Nações Unidas.
Os problemas de fome, perda de biodiversidade e pobreza humana e ambiental são cada vez mais graves na região. A capacidade de carga da bacia hidrográfica do rio Nilo já não está suportando a população atual. Já existem diversos conflitos pela disputa da água entre os povos e os países. Também já existem multidões de deslocados ambientais e ecorefugiados decorrentes da deterioração das condições do solo, da seca, do desmatamento e das mudanças climáticas.
Por outro lado, a China, com 1,35 bilhão de habitantes, está conseguindo retirar milhões de pessoas das situações de pobreza, embora enfrente, ao mesmo tempo, os problemas de falta de água, de desertificação, de poluição e de aumento acelerado da Pegada Ecológica. Para minorar estes problemas o governo adota uma política autoritária de “filho único” e o país deve perder entre 500 e 600 milhões de habitantes entre 2030 e 2100.
Os demais povos querem emular a estratégia chinesa de produção em massa de bens e serviços, mas num quadro de crescimento da população como no Egito, Etiópia, Sudão, etc. Atualmente, mesmo que haja distribuição igualitária da renda e do consumo, em termos internacionais, a Pegada Ecológica já ultrapassou o uso de um planeta. Estamos consumindo mais de um planeta. Portanto, o mundo já sente as consequências do “sucesso” chinês e da busca desesperada das economias dos países em desenvolvimento em busca dos mesmos padrões de vida dos países desenvolvidos.
O fato é que o incremento do consumo, de um lado, e o aumento da população, de outro, estão contribuindo, mesmo que de forma diferenciada, para uma rápida degradação ambiental. Não existe consumo sem população e nem população sem consumo. Crescimento econômico e populacional ilimitado é uma equação impossível em um Planeta finito.
Por tudo isto, a próxima Conferência da ONU para o Meio Ambiente, a Rio + 20, precisa lidar com uma agenda para o decrescimento da Pegada Ecológica, estabelecendo ações para reduzir o impacto do consumo humano sobre a natureza, mas sem omitir medidas que viabilizem, democraticamente, a estabilização da população mundial em um futuro próximo. A necessidade de uma mudança de rumo é urgente. (EcoDebate)

Lixo Eletrônico

A nova lei que institui a política nacional de resíduos sólidos (Lei 12.305) aborda uma das questões mais sensíveis quando se discutem os resíduos que é a logística reversa. Logística direta todo mundo sabe o que é. Significa produzir um bem, armazenar, vender e transportar. A logística reversa significa ter uma rede estruturada para coletar o bem e recolher do mercado para a reciclagem quando termina o ciclo de vida útil do bem.
A lei fixa claramente em seu “Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:
I – agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas;
II – pilhas e baterias;
III – pneus;
IV – óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V – lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
VI – produtos eletroeletrônicos e seus componentes.”
Este conjunto de 6 itens específicos nominados pela legislação certamente constitui o que se denomina no jargão mais popular “calcanhar de Aquiles” da problemática geral dos resíduos sólidos.
Segundo dados de relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) o Brasil é o país que apresenta maior taxa individual de produção de resíduos eletrônicos entre os países emergentes. O Brasil é também o pais emergente que mais abandona geladeiras sendo também um dos líderes no descarte de celulares, pilhas e aparelhos de televisão.
O estudo realizado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA) atribui a constatação ao fato do Brasil ter uma classe média que é cada vez maior e consome cada vez mais, tendo por cenário uma estabilidade econômica e uma enorme elevação do crédito. O resultado é uma geração de resíduos sólidos, principalmente de eletro-eletrônicos, baterias de celulares e pilhas sem precedentes.
Existe uma estimativa que o lixo eletrônico tenha um montante de 40 milhões de toneladas geradas anualmente. A maior fatia de produção é nos países ricos e a estimativa é que a Europa seja responsável pelo menos por 10 milhões de toneladas. Os países ricos têm como atenuante o fato de possuírem legislações mais rígidas e eficientes que dão suporte a sistemas satisfatórios de gestão dos resíduos sólidos em geral e eletrônicos em particular.
Mas o aumento dos resíduos eletrônicos nos países emergentes traz o desafio de tornar os países capazes de lidar satisfatoriamente com esta nova realidade, para que a melhoria na qualidade de vida e o aumento de consumo não resultem em graves problemas de saúde pública.
As estimativas do Pnuma no Brasil registram que o país gera e descarta aproximadamente 100 mil toneladas métricas de computadores. Um volume inferior apenas ao da China com 300 mil toneladas. Mas considerando a taxa de descarte “per capita” o Brasil se torna líder. As estimativas são que cada brasileiro descarte a média de 0,5 kg/ano contra 0,23 kg/ano na China e 0,1 kg/ano na Índia.
E aqui cabe o comentário relacionando a primeira parte do artigo com a segunda. A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos é uma legislação adequada e moderna para dotar o país de um sistema de gestão eficiente de resíduos sólidos em qualquer um dos tópicos mais problemáticos, dos agrotóxicos aos eletrônicos, passando por pilhas e baterias, pneus, óleos ou lâmpadas.
Não foi por acaso que um dos signatários da nova política foi o Ministro da Indústria e Comércio. Toda questão se resume no seguinte: será a sociedade brasileira suficientemente madura e consciente para exigir a aplicação eficiente da lei por parte do poder público, em qualquer um de seus níveis?
A concepção de logística reversa é o instrumento mais eficiente e moderno para resolver a questão dos resíduos sólidos de todos os produtos, mas principalmente dos itens enunciados especificamente pela legislação citada.
Muitas empresas de outros setores já perceberam as vantagens institucionais geradas pela melhoria intangível na imagem ao patrocinarem iniciativas de logística reversa em seus produtos, podendo serem citadas indústrias de refrigerantes que já procuram estabelecer ainda que de forma espontaneísta e não sistêmica, programas de logística reversa, principalmente em recipientes de envase.
Se a lei da política nacional de resíduos sólidos se tornar efetiva e eficiente ao menos no que se refere aos produtos eletroeletrônicos e seus componentes associados, o Brasil será modelo para o mundo, mas se a lei não passar do papel e não for implementada, não é preciso ser ambientalista para prever que o país sofrerá graves danos em termos de saúde pública em um prazo que não é possível estimar, mas não será tão longo. (EcoDebate)

sábado, 17 de dezembro de 2011

Ajuda humanitária agrava a crise de fome

Como a ajuda humanitária agrava a crise de fome na África
Doações podem acabar sufocando iniciativas locais e enfraquecendo governo
Pai chora diante do túmulo de seu filho na Somália; a cada três meses, 1 em 10 crianças morre de fome no país (Mohamed Sheikh Nor / AP)
Um mês depois que a ONU declarou crise de fome na Somália (julho), a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) alerta para a possibilidade desse quadro já catastrófico se agravar ainda mais,  estendendo-se por todas as regiões do sul do país durante o próximo mês e persistindo pelo menos até o fim do ano. A situação emergencial faz parte de um problema maior, que atinge todo o Chifre da África e ameaça 13 milhões de pessoas que vivem na Somália, Djibuti, Etiópia, Uganda e Quênia, além de outros países vizinhos. A região sofre a pior seca dos últimos 60 anos, mas a crise de fome vem se estendendo por décadas. A União Africana (UA) reuniu uma cúpula de colaboradores e acertou medidas conjuntas que possam minimizar as consequências e pensar em estratégias realmente efetivas para impedir que o caso se repita no futuro. "É necessário um esforço contínuo para iniciar uma resposta imediata, global e em grande escala", cobra a FAO. Mas isso só acontece hoje porque, anos a fio, ajuda humanitária foi enviada ao continente de forma volumosa, mas totalmente descoordenada.
Especialistas vêm analisando seriamente a possibilidade de que as doações mais atrapalham do que ajudam a população africana. A ideia pode parecer absurda à primeira vista, afinal, estamos falando de dinheiro enviado a uma sociedade pobre cuja economia deveria ser beneficiada. Porém, a consequência desse auxílio é o sufocamento de pequenas iniciativas de comércio em razão da grande oferta gratuita. Um exemplo bastante ilustrativo é o do empresário americano Jason Sadler que, em 2010, criou uma campanha para arrecadar camisetas que seriam enviadas a crianças na África. Tanto ou mais do que as gigantescas doações, Sadler foi bombardeado por críticos que diziam que essas peças de roupas enviadas ao continente iriam debilitar a competitividade de todos os comerciantes de tecidos e roupas locais. Afinal, quem iria gastar com uma peça que pode ser obtida de graça? Os negócios iriam à falência e, a longo prazo, os filhos desses empresários continuariam sempre dependentes da boa vontade alheia.
Muito além da economia, uma ajuda mal planejada pode fragilizar até a estrutura política desses países, a começar pelo vínculo entre governantes e governados. Um debate recente promovido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) trouxe esse argumento à mesa: só um governo forte e com planos de desenvolvimento é capaz de tirar sua população da miséria, e o que mantém o povo organizado e pagando impostos é a confiança de que o estado lhe presta um serviço indispensável. Logo, se quem atende às necessidades básicas dos habitantes são nações internacionais, por meio de doações, o governo local se enfraquece internamente e a sociedade deixa de obedecer ao que deveria ser a hierarquia de poder.
Na Somália, esse cenário é ainda pior. O pequeno território do Chifre da África carece de um governo funcional há dez anos. Disputado entre milícias e grupos islâmicos fundamentalistas, como a Al Shabab (aliada da Al Qaeda na Etiópia), esse país tem vivido um vácuo de poder em um ambiente de violência iminente que condena cada vez mais pessoas à miséria e à fome todos os dias. Para o somali naturalizado americano Abdi Ismail Samatar, especialista em questões africanas da Universidade de Minessota (EUA), a influência externa nas disputas locais só piorou a situação nos últimos anos. “As potências ocidentais nem sempre têm escolhido os grupos certos para apoiar na Somália”, argumenta ele. “Como consequência, milícias violentas, como os warlords, mataram e estupraram a população durante anos, recebendo dinheiro de fora.”
Vítima - Sem poder contar com um líder representativo e atuante, e vivendo eternamente à espera de donativos, os africanos acabam incorporando o papel de "eternas vítimas" dos males do mundo e da natureza. “Esse pensamento é alimentado por uma espécie de sentimento de culpa da Europa colonialista e só faz mal aos africanos que se ‘desresponsabilizam’ por seu próprio destino, culpando um ‘malfeitor externo’”, comenta o escritor Mia Couto, ícone da literatura africana de língua portuguesa. “Nós, africanos, precisamos de trocas justas, não de doações”, enfatiza ele, destacando que uma ajuda muito mais eficaz à África é pressionar internacionalmente pelo fim dos subsídios à agricultura em países europeus e nos Estados Unidos. “Esses recursos fazem com que os agricultores africanos fiquem em uma situação de perpétua desvantagem. Com uma capacidade de competição reduzida, eles quebram”, explica.
Abdi Ismail Samatar reforça a opinião do escritor: “A melhor maneira de ajudar os africanos não é alimentá-los, deixando-os dependentes. É, sim, amparar suas economias para que cresçam e possam produzir comida por si próprios”. De acordo com ele, mais do que auxílio financeiro, é necessário “doar” suporte político para que um governo democrático se estabeleça. “É preciso que a comunidade internacional faça um trabalho de inteligência cuidadoso para descobrir quais grupos políticos merecem ser incentivados. E não falo em colocar dinheiro em seus bolsos, mas oferecer apoio institucional a eles”, ressalta. O especialista em questões africanas acrescenta que os cidadãos brasileiros têm um importante papel nessa ação e podem pressionar seus governantes para defender os verdadeiros interesses da África junto ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Contudo, é impossível negar que, neste momento, tudo o que resta à comunidade internacional é enviar ajuda urgente à África. Cerca de 3,2 milhões de pessoas - quase um terço da população da Somália - morrerão se não receberem comida imediatamente. “Nessa situação circunstancial de desespero, não se pode pensar nos mercados”, lembra Mia Couto. Ainda assim, é importante que essas doações sejam combinadas com planos de olho no futuro daquelas pessoas e que esse dinheiro seja usado de maneira mais inteligente, como um investimento real - por exemplo, para a construção de canais de irrigação que ajudem a contornar o problema da seca e no incentivo de iniciativas políticas de organização da sociedade local. Somente dessa forma, os africanos poderão um dia sentir o orgulho de caminhar com as próprias pernas e conquistar por si só seus alimentos. (veja)

Meses cruciais para vencer crise da fome

ONU: próximos meses são cruciais para vencer a crise
Fome também pode se agravar de acordo com a ajuda de emergência recebida
O Programa Mundial de Alimentos (PAM) fez sua ponte aérea para ajudar as vítimas da seca na Somália.
A ONU afirmou que os próximos meses são cruciais para vencer a crise da fome na Somália, ou para que a situação se agrave. Tudo dependerá do fato de as pessoas afetadas receberem a ajuda de emergência que requerem nesse prazo.
O Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) declarou que a Uganda se somou ao grupo de países atingidos pela grave seca na região do Chifre da África e que já foram detectados focos de "insegurança alimentícia" no país. "Uganda pode ser o próximo país afetado pelas alarmantes condições de desnutrição", revelou nesta terça-feira a porta-voz da FAO em Genebra, Sandra Avilés.
Sobre a Somália, a representante desse organismo considerou que os últimos dados indicam que a taxa de desnutrição aguda se situa em 50% e que a mortalidade se eleva a seis mortes diárias para cada grupo de 10.000 pessoas nas áreas do sul mais afetadas pela falta de chuvas.
Números - Sandra reiterou que a FAO desconhece o número exato de mortos pela crise da fome por várias razões. "Particularmente, porque é muito difícil fazer (o cálculo) em avaliações rápidas e são necessárias estatísticas atualizadas da população, o que não existe no caso da Somália", disse. No entanto, a porta-voz afirmou que é certo que dezenas de milhares de pessoas morreram no sul da Somália pela crise de fome ou por doenças provocadas por esta situação.
O Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA, na sigla em inglês) destacou que ainda está longe de cobrir os requerimentos financeiros para prestar assistência aos 12,4 milhões de pessoas que sofrem com a fome em cinco países. A Somália precisa nesse momento de 1 bilhão de dólares, mas só recebeu, até agora, o montante de 429 milhões de dólares.
Operações - As operações de distribuição de alimentos são as que recebem mais financiamento (57%). Em seguida, aparecem as ações vinculadas à água e ao saneamento (34%), enquanto as de nutrição e saúde apenas receberam apenas 25% e 23%, respectivamente, do total solicitado. Uma porta-voz da OCHA destacou que a contribuição para nutrição é "baixa demais" e que isto pode ter consequências dramáticas em termos de saúde da população.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), com sede em Genebra, previu que a seca no sul da Somália, assim como em partes do Quênia, Etiópia, Djibuti e, mais recentemente, da Uganda, continuará durante agosto e setembro. O órgão explicou que a propensão às secas aumentou nos últimos 25 anos no mundo e que "veremos um aumento de sua frequência no futuro", uma situação diretamente relacionada com a mudança climática. (veja)

Fome pode se agravar, diz estudo

Uma pesquisa divulgada pela Oxfam, organização internacional de combate à fome, prevê um futuro catastrófico na produção de alimentos se a questão ambiental não começar a ser resolvida em breve. De acordo com o estudo, eventos como a seca no nordeste da África, que resultou em pelo menos 13 milhões de famintos, devem se tornar mais frequentes e passar a acontecer de forma generalizada no mundo.
Em regiões onde problemas econômicos e políticos já são graves, as mudanças no clima devem impactar de maneira ainda mais severa a alimentação da população mais pobre, que chega a gastar 75% de sua renda com alimentação. "No momento, há comida suficiente com problemas na distribuição. Porém, com as alterações climáticas, será cada vez mais difícil produzir alimentos", diz ao Correio o representante britânico da organização, Tim Coore. "Esse efeito é mais grave em GRÃOS, como milho e arroz, e em alguns vegetais, que são a base da alimentação das populações mais pobres", completa.
Em julho, os preços do sorgo na Somália subiram 393%, e os preços do milho na Etiópia e no Quênia aumentaram, respectivamente, 191% e 161% nos últimos cinco anos. Seca e incêndios que se seguiram a uma onda de calor na Rússia e na Ucrânia destruíram grande parte da colheita de 2010 e provocaram um aumento de 60% a 80% nos preços mundiais de trigo em apenas três meses. Tempestades e tufões no sudeste da Ásia ajudaram a subir o preço do arroz em até 30% na Tailândia e no Vietnã. (linearclipping)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Previsões da ONU sobre cordilheira

Previsões de orgão da ONU sobre cordilheira geraram escândalo
"Geleiras no Himalaia estão retrocedendo mais rápido que em qualquer outra parte do mundo e, se essa taxa continuar, a possibilidade de elas desaparecerem até o ano 2035, e talvez antes, é muito alta, se a Terra continuar aquecendo na taxa atual. Sua área total provavelmente encolherá dos atuais 500 mil para 100 mil km2 até o ano 2035 (WWF, 2005)."
"O recuo e o afinamento das geleiras do Himalaia podem ser atribuídos principalmente ao aquecimento global, por causa do aumento das emissões antropogênicas de gases do efeito estufa."
Esqueça o que você acabou de ler acima. Isso é o que dizia o relatório de 2007 do IPCC (o mais recente de uma série produzida a cada seis anos), num pequeno capítulo referente às geleiras do Himalaia. Nas últimas duas semanas, esses dois parágrafos (e mais algumas coisas) foram finalmente corrigidos, com a publicação de várias erratas no site da organização - que já havia admitido o erro, mas nunca publicado uma correção oficial.
No lugar desses dois parágrafos inteiros entrou uma única frase, dizendo: "Muitas geleiras do Himalaia estão retrocedendo." Ponto.
Desde 2007, o Himalaia é uma pedra grande e gelada no sapato do IPCC. O órgão levou dois anos para reconhecer que as previsões apresentadas no relatório não tinham base científica confiável. E teve de fazê-lo pressionado, em meio a um outro escândalo, relacionado ao vazamento de e-mails de alguns de seus autores, no episódio que ficou conhecido como "Climagate".
Apesar disso, o painel ainda é considerado a principal e mais respeitada autoridade científica sobre mudanças climáticas. Os erros são reconhecidos como falhas pontuais dentro de um relatório extremamente robusto, que não invalidam as conclusões principais - de que o aquecimento global é um problema real, muito provavelmente causado pelo homem, com graves consequências para o planeta e que precisa ser tratado com urgência. (OESP)

Como está o Planeta

Introdução ao Meio-Ambiente: Como está o Planeta
HIMALAIA
Ecologicamente é dividido em Oriente e Ocidente. Na parte Ocidental há mais chuvas (regime das monções) e na parte Oriental é frio e seco. Isto ocasiona dois tipos de vegetações: no lado Oriental até a 1.000 m de altitude, nas planícies, predominam as estepes e acima dos 1.000 m até aproximadamente 3.600 m existem florestas temperadas de coníferas e decíduas (perdem folhas no inverno), após esta altitude as vegetações são escassas e pobres e a partir de 5.500 m as montanhas são cobertas de neve, gelo. Na região Ocidental as vegetações são mais ricas e diversificadas. Começando pelo fato de existir uma vegetação tropical até aproximadamente 1.800 m de altitude (clima tropical de monções), após isto até 3.600 predominam as florestas temperadas de coníferas. E surpresa: acima disso existem prados (vegetações esparsas de arbustos e gramíneas, como o Páramo dos Andes). As neves perpétuas no lado Oriental começam a partir de 4.800 m de altitude.
Surpreendentemente, existe uma rica fauna no Himalaia. Entre os mais conhecidos (entenda-se os mais visíveis) animais que vivem no Himalaia estão o carneiro azul, takin, tar, goral-himalaio, leopardo das neves e a marmota do Himalaia. Porém, com as novas ferramentas disponíveis, além de criações de instituições como World Wildlife Fund Living Himalayas Initiative, está revelando uma nova e espetacular biodiversidade no Himalaia, não só da fauna, como também da flora. Segundo a WWF (World Wildlife Fund) foram descobertas recentemente mais de 350 espécies novas na última década. Destes 21 novas espécies são de orquídeas, 16 anfíbios, 14 peixes, 2 pássaros, 2 mamíferos e cerca de 60 novos invertebrados. Os mais otimistas acreditam que há muito mais para serem descobertos.
Entre as descobertas mais interessantes estão um cervo miniatura (60 a 80 cm de altura e 11 quilos) que recebeu o nome de "muntjac". Um sapo verde brilhante "voador" batizado de "rhacophorus suffry" que possui membranas nos pés bem compridos. E uma incrível evolução da NATUREZA: um peixe chamado "peixe-gato marrom chocolate" que possui um adesivo na parte inferior ("barriga") que "cola" nas pedras para vencer as corredeiras dos rios do Himalaia. Verdadeiras evoluções de uma NATUREZA muito inteligente. Incrível mesmo. E o desenvolvimento humano e as alterações climáticas podem estar condenando (ameaçando-os de extinção) estas espécies endêmicas, exclusivas do Himalaia. (mikamienvironmentalblog)

Himalaia Dividido

Estudos rechaçam previsões de que geleiras nas montanhas vão desaparecer até 2035, mas confirmam que, em altitudes mais baixas, elas estão derretendo em ritmo acelerado.
Assim que leu o relatório de 2007 do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) dizendo que as geleiras do Himalaia corriam sério risco de desaparecer até 2035, Koji Fujita sabia que algo estava errado. "Isso é loucura", pensou o japonês, um dos cientistas com mais experiência de campo nessa região alta e gelada. Ele sabia que a situação era ruim, mas não tanto assim. O problema é que nem ele nem ninguém tinham dados suficientes para dizer o que estava acontecendo com a capa de gelo das montanhas naquele momento - muito
Agora, passados dois anos desde que o erro no relatório do IPCC foi revelado e confirmado e um dia antes da abertura de mais uma conferência da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (a COP-17, em Durban, África do Sul), o cenário é outro. Muitas das nuvens de desconhecimento que impediam os cientistas de enxergar o futuro das geleiras foram assopradas para longe por novas pesquisas, realizadas com base em imagens de satélite, muitas horas de trabalho de campo no ar rarefeito das montanhas.
Muitas dúvidas ainda persistem, claro. Nuvens escuras e tempestuosas, adensadas por uma série de dificuldades políticas e logísticas que tornam o estudo das geleiras do Himalaia um desafio tão complexo quanto o das igualmente gélidas profundezas do oceano ou do espaço sideral. Mas um facho de luz já se abre no horizonte, iluminando ao menos algumas conclusões sobre o estado de saúde do chamado "terceiro polo" - a maior concentração de gelo e neve fora das regiões polares.
A principal delas é que os cientistas que acusaram o IPCC de estar errado estavam certos: as geleiras do Himalaia não vão, mesmo, desaparecer. Não todas elas, pelo menos. Nem em 2035, nem depois. Mesmo diante das previsões mais pessimistas de aquecimento da atmosfera, os dados indicam que grande parte da capa de gelo do Himalaia permanecerá à salvo do derretimento, protegida por um cobertor de ar frio que sopra permanentemente sobre seus picos mais altos. "As percepções de risco são um tanto exageradas", avalia Fujita, professor da Universidade de Nagoya, recém-chegado de uma expedição de pesquisa às montanhas do Butão.
"As grandes geleiras não vão desaparecer, nem nos cenários climáticos mais catastróficos", garante Arun Shrestha, do Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado de Montanhas (Icimod, em inglês), organização regional de pesquisa com sede em Katmandu, no Nepal.
Acima dos 5.400 metros de altitude, aproximadamente, a temperatura média nas montanhas do Himalaia nunca passa de zero - ou seja, é sempre congelante. Essa linha pode flutuar para cima ou para baixo de acordo com as condições climáticas, mas grande parte do gelo do Himalaia está suficientemente acima dela para garantir sua sobrevivência a longo prazo, explica Shrestha. No Nepal, metade das geleiras está acima de 5.500 metros. Mesmo que aqui embaixo vire uma sauna, lá em cima continuará sendo um congelador. Uma rara boa notícia perdida nessa tempestade de maus presságios associados às mudanças climáticas.
O que não significa que a situação seja boa. O problema, na verdade, está mais embaixo.
Morrendo de calor. A má notícia é que muitas geleiras menores, em altitudes mais baixas, estão de fato derretendo em ritmo acelerado. Muitas já foram extintas, muitas outras deverão morrer de calor ainda nas próximas décadas, e as implicações disso para a biodiversidade e para os povos tradicionais das montanhas são enormes. "O risco maior é para as populações de altitudes médias, que dependem da água de nascentes para sobreviver", avalia Shrestha.
As nascentes, que brotam por todos os lados nas montanhas, são abundantes, mas não são eternas. Elas são abastecidas por reservas naturais de água subterrânea que, por sua vez, são abastecidas pelo derretimento periódico de gelo e neve no topo das montanhas. Se a neve diminui e as geleiras derretem por completo, as nascentes secam. Simples assim.
Um estudo recente publicado na revista Annals of Glaciology pelo geógrafo Graham Cogley, da Universidade de Trent, no Canadá, estima que a região do "Grande Himalaia" - incluindo as montanhas associadas do Karakoram, sobre as quais flutuam as tumultuosas e altamente militarizadas fronteiras do Afeganistão, Paquistão, Índia e China - tinha aproximadamente 21 mil geleiras em 1985, contendo 4 trilhões a 8 trilhões de toneladas de gelo e cobrindo uma área do tamanho do Estado do Rio de Janeiro (43 mil km2). Desde então, Cogley estima que um quinto dessas geleiras já pode ter desaparecido.
Outras centenas ou até milhares de geleiras poderão derreter nas próximas décadas, dependendo dos padrões de temperatura e de uma série de outros fatores climáticos, físicos e geográficos. Entre 1985 e 2010, segundo Cogley, o ritmo médio de degelo foi de 1,7% ao ano. No pior dos casos, a massa de gelo na região poderá ser reduzida entre um terço e dois terços até 2035, completa o pesquisador - fazendo, ele mesmo, a ressalva de que seus números são provavelmente "pessimistas demais", por causa das várias incertezas que permeiam os cálculos.
Homem vs. natureza. Uma visita às montanhas do Himalaia na faixa dos 4 mil a 6 mil metros de altitude revela cenas dramáticas de geleiras em condições aparentemente mórbidas. Mesmo para um leigo que as vê pela primeira vez, parece óbvio que elas estão encolhendo. Algumas estão retrocedendo ao ritmo de mais de 50 metros por ano, segundo o Icimod. As evidências estão escancaradas nos enormes rastros de pedras trituradas que as massas de gelo deixam pelo caminho ao retroceder. Sulcos com dezenas de metros de profundidade, parecendo trincheiras cavadas por um gigante de gelo em guerra com o clima.
Segundo os cientistas, não há dúvida de que o aquecimento da atmosfera está influenciando esse degelo. Por outro lado, é preciso levar em conta que essas geleiras estão derretendo naturalmente há mais de 150 anos, desde o fim da chamada Pequena Era do Gelo, um longo período de temperaturas baixas que manteve a Terra resfriada - e as geleiras saudáveis - até 1850. Em seu trabalho, Cogley diz que as geleiras são "grandes demais para o clima atual", e provavelmente continuariam a encolher por mais algumas décadas independentemente da influência humana sobre o clima.
Discussão em aberto. "O fato de que a maioria das geleiras está em retração é um sinal claro de resposta a algum tipo de mudança climática. Se essa mudança está relacionada ao aquecimento global causado pelo homem ou a processos naturais é uma discussão em aberto", diz o pesquisador Dirk Scherler, da Universidade de Potsdam, na Alemanha. Uma opinião compartilhada por vários cientistas ouvidos pelo Estado.
As geleiras, assim como o oceano, respondem de maneira "atrasada" às variações climáticas. Seu comportamento atual pode ser uma reação a condições climáticas de décadas atrás, assim como sua resposta às condições atuais poderá ser sentida só décadas a frente.
Outra mensagem enfatizada pelos pesquisadores é que é difícil (e frequentemente incorreto) fazer previsões generalizadas para o Himalaia. As condições geográficas e climáticas variam bastante ao longo da cordilheira, tanto no eixo vertical quanto horizontal. E as respostas dessas diferentes composições às mudanças climáticas variam igualmente ao longo do tempo e do espaço. Nas montanhas mais a oeste, por exemplo, que ficam em latitudes mais elevadas, muitas geleiras estão aumentando em vez de encolhendo.
Um dos pontos mais sensíveis às mudanças climáticas na região é a conexão entre as geleiras no topo das cordilheiras e os rios que fluem pelos vales e planícies montanha abaixo. As geleiras funcionam como represas naturais, acumulando água congelada no inverno e liberando água líquida no verão. A importância disso para o abastecimento humano varia de acordo com as condições climáticas, geográficas e os padrões de ocupação humana. As regiões mais vulneráveis, segundo os cientistas, estão na parte oeste do Himalaia, onde a influência das monções é menor e a dependência na água das geleiras, maior - principalmente nos meses de seca.
Tudo muito variável. Não é à toa que quando perguntei a Cogley o que eu veria ao caminhar pelas montanhas e observar as geleiras da região ele respondeu: "Uma grande bagunça". (OESP)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Nível do mar vai subir mais rápido

Nível do mar vai subir mais rápido, dizem cientistas
Registros da idade geológica do gelo sugerem que o clima da Terra vai aquecer mais rapidamente do que o esperado, empurrando o nível do mar, talvez, para mais de 30 cm acima do atual estágio ainda neste século, alertou um painel de cientistas na reunião anual da União Geofísica Americana.
Os cientistas avisam que as camadas de gelo, no passado, rapidamente derreteram assim que as temperaturas atingiram pontos de ruptura.
"É como se o gelo no para-brisas do seu carro, de repente, começasse a derreter todo de uma vez", comparou Eelco Rohling da Universidade de Southampton, na Grã Bretanha.
O aumento do nível dos oceanos tem sido um ponto de discórdia entre os cientistas do clima de diversas partes do mundo. (OESP)

Aquecimento global é escapismo?

Para chefe do IPCC, esperar mais evidências do aquecimento é escapismo
Rajendra Pachauri considera que países não devem esperar novas provas para tomarem as medidas necessárias contra a mudança climática.
Segundo o IPCC já existem provas suficientes que as emissões causam o aquecimento global
Durban, África do Sul - Líderes que esperam ter mais evidências sobre o perigo do aquecimento global flertam com o escapismo, alertou em Durban, Rajendra Pachauri, chefe do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), grupo de cientistas da ONU ganhador do Nobel da Paz e que em 2007 emitiu o alerta sobre a ameaça que as mudanças climáticas representam para o planeta.
Cento e noventa e quatro países estão reunidos em Durban para encontrar os meios de limitar a elevação da temperatura da Terra a 2ºC.
Alguns negociadores sugeriram aguardar o próximo relatório do IPCC, em 2014, antes de adotar decisões mais fortes no combate às mudanças climáticas. Eles alegam que esperariam as determinações como um nível mais exato do aquecimento que o planeta resistiria.
Pachauri discorda: o último relatório do painel, publicado em 2007, "traz elementos suficientes nos quais se apoiar para agir. Não é possível imaginar que tenhamos que esperar indefinidamente por novas provas", disse o cientista em entrevista à AFP, à margem das negociações de Durban que devem terminou em 10/12/11.
"Se o mundo aceita esta realidade científica, então a comunidade internacional deve reagir", acrescentou.
O IPCC considera que a evidência de aquecimento climático é inequívoca, com mais de 90% de probabilidade de que as causas sejam as atividades humanas. Daí a necessidade de aplicar medidas globais que detenham as emissões em setores como energia, indústria e desmatamento.
"Certamente o próximo documento permitirá, talvez, melhorar algumas coisas, fazer alguns ajustes (...), mas dizer que temos que esperar é negar a realidade", afirmou. (exame)

Glaciar da Patagônia retrocede 1 km

Glaciar da Patagônia retrocede 1 km por aquecimento global
A redução do glaciar Montt significou mudanças na geografia dos mais de 13.000 Km2 do Campo do Gelo Sul, a terceira maior superfície congelada do planeta.
O glaciar Jorge Montt no sudeste da Patagônia, a cerca de 1.800 km de Santiago: "uma das que apresentaram um maior afinamento e mais acentuada regressão no Hemisfério Sul"
Santiago - O glaciar Jorge Montt, localizado no Campo do Gelo Sul da Patagônia chilena, retrocedeu 1 km em um ano devido ao aquecimento global e às condições oceanográficas, afirmou em 07/12/11 uma investigação realizada pelo Centro de Estudos Científicos (CECs) do Chile.
"O glaciar Jorge Montt é o que tem o recorde de retrocesso", disse o cientista do CECs, Andrés Rivera, durante a apresentação da pesquisa.
O estudo evidenciou que a estrutura do glaciar de 454 km2 "é uma das que apresentaram um maior afinamento e mais acentuada regressão no Hemisfério Sul", afirmou o especialista.
Mesmo assim, a redução do glaciar Montt significou mudanças na geografia dos mais de 13.000 km2 do Campo do Gelo Sul, a terceira maior superfície congelada do planeta atrás a Antártida e da Groenlândia.
Durante a década de 1990, o glaciar Montt sofreu um retrocesso de cerca de 7 km, mas nessa ocasião, o retrocesso "acelerou-se", o que produziu uma grande quantidade de blocos, completou Rivera.
A pesquisa foi realizada entre fevereiro de 2010 e janeiro deste ano, tempo no qual foram tiradas 1.445 fotos com duas câmeras instaladas perto do glaciar e programadas para disparar diariamente em quatro ocasiões. (exame)

Como a fumaça de incêndios florestais afeta a saúde humana

Dentre os sintomas de doenças e doenças observados relatam infecções do sistema respiratório superior, asma, conjuntivite, bronquite, irrita...