terça-feira, 13 de outubro de 2009

China promove sua Revolução Verde

Céu poluído de Beijing - foto tirada em setembro de 2009 A maioria das pessoas imaginaria que daqui a 20 anos, quando os historiadores olharem para 2008 e 2009, eles concluirão que o mais importante que se passou nesse período foi a Grande Recessão. Se conseguirmos continuar saindo aos tropeções desta crise econômica, acredito que historiadores futuros poderão perfeitamente concluir que a coisa mais importante nos últimos 18 meses foi que a China Vermelha decidiu se tornar a China Verde. Os líderes chineses decidiram avançar para o verde por necessidade, porque muitos de seu povo não podem respirar, nadar, pescar, cultivar e beber em razão da poluição causada por seu motor de crescimento manufatureiro movido a carvão e petróleo. Portanto, a menos que a China impulsione seu desenvolvimento com sistemas de energia mais limpos e empresas mais apoiadas no conhecimento e sem chaminés, a China perecerá nas mãos de seu próprio desenvolvimento. O que sabemos sobre a necessidade? “É a mãe da invenção.” E, quando a China decide que precisa se tornar “verde” por necessidade, é bom ficar de olho. Não estaremos apenas comprando brinquedos da China. Estaremos comprando nossos próximos carros elétricos, painéis solares, baterias e softwares de eficiência energética da China. Acredita-se que a decisão chinesa de avançar ecologicamente é o equivalente no século 21 ao que foi o lançamento pela União Soviética, em 1957, do Sputnik, o primeiro satélite artificial do mundo. O lançamento nos deixou boquiabertos, convenceu o presidente Dwight Eisenhower de que os EUA estavam ficando atrasados em tecnologia de mísseis e impeliu os americanos a fazerem grandes investimentos em ciência, educação, tecnologia e interligação por redes, que teve como um de seus subprodutos a internet. O Sputnik acaba de subir novamente: a China vai apostar em energia limpa. A visão sobre a China no Congresso americano, a de que a China vai tentar pular carniça sobre nós poluindo mais é obsoleta. Pequim tentará nos ultrapassar poluindo menos. Neste momento, a China está concentrada na fabricação a baixo custo de equipamentos para energia solar, eólica, baterias e construindo o maior mercado mundial para esses produtos. Ela ainda está muito atrás dos EUA em inovação, mas a pesquisa acompanhará o mercado. A principal fabricante americana de equipamento solar, Applied Materials, está prestes a abrir a maior instalação mundial de pesquisa em energia solar com financiamento privado em Xian, na China. “Se eles investirem em tecnologias do século 21 e nós investirmos em tecnologias do século 20, eles vencerão”, diz David Sandalow, secretário adjunto de políticas para energia dos EUA. “Se ambos investirmos em tecnologias do século 21, nos desafiando mutuamente, todos venceremos.” ATRASO Infelizmente, ainda não estamos na corrida. É como se o Sputnik subisse e nós pensássemos que é apenas mais uma estrela cadente. Em vez de uma resposta estratégica, muitos de nossos políticos ainda estão encerrados em suas bolhas de burrice autocomplacente, onde somos sempre os melhores e onde a Câmara de Comércio americana, depois de vender nossa alma às velhas indústrias de carvão e petróleo, usa sua influência para impedir o Congresso de aprovar uma legislação que realmente incentive as energias renováveis. Tiremos o chapéu para o corajoso diretor da Pacific Gas and Electric, Peter Darbee, que na semana passada anunciou que sua enorme companhia de eletricidade da Califórnia estava saindo da Câmara de Comércio americana por conta de suas “táticas obstrucionistas”. Todos os acionistas dos EUA deviam perguntar aos presidentes de suas empresas por que eles permanecem nessa organização. Os líderes chineses, em sua maioria engenheiros, gastaram pouco tempo debatendo o aquecimento global. Eles sabem que as geleiras tibetanas que alimentam seus maiores rios estão derretendo. No entanto, eles sabem também que, mesmo que a mudança climática seja um trote, a demanda por energia limpa vai crescer à medida que incluirmos estimados 2,5 bilhões de pessoas no planeta até 2050, muitas das quais desejarão viver estilos de vida com alto consumo de energia. Nesse mundo, a TE - ou tecnologia da energia - será tão grande quanto a TI, e a China pretende ser uma grande operadora em TE. ENERGIA LIMPA Shi Zhengring, fundador da Suntech, que já é a maior fabricante de painéis solares do mundo. Shi se lembrou de como o Lago Tai, o terceiro maior lago de água doce da China, sufocou até morrer de poluição depois que sua empresa começou a operar em Wuxi, perto de Xangai. “Após esse desastre”, explicou Shi, “o secretário do partido da cidade de Wuxi me disse: “Quero ajudá-lo a desenvolver esse negócio solar para que possamos fechar as muitas companhias gastadoras de energia e poluidoras da região o quanto antes”". Segundo Shi, o líder local do partido faz parte de um grupo de jovens líderes inovadores e revolucionários nessa questão. “A China percebeu que não tem capacidade para absorver todo esse lixo.” A China continuará crescendo com carvão sujo e barato, prendendo ambientalistas ansiosos demais e despojando florestas africanas de madeiras e minerais. Não tenham dúvida sobre isso. Mas não tenham dúvidas também de que, em silêncio, a China está enveredando por um novo caminho paralelo de inovação e utilização de energia limpa. É o Sputnik do nosso tempo. Se o ignorarmos, o risco é nosso.

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