quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Agricultura perde com variações climáticas

As declarações de incertezas vêm de várias regiões do estado. São de produtores de soja, de milho, de arroz, de trigo, gado e frango. Na agricultura, as possibilidades de obter lucro dependem de inúmeras variáveis; a surpresa pode vir do comportamento de mercados distantes, como a China e a Rússia, ou da oscilação do dólar. O rumo da lavoura também pode mudar subitamente pela chuva, granizo, geada ou estiagem. E, na realidade fundiária brasileira, tem ainda o risco de uma invasão de terra. Mas entre todas as ameaças e percalços, o que mais gera queixas, talvez, é a falta de políticas públicas que dêem segurança à produção. O país, por exemplo, ainda não tem implantado um fundo contra catástrofes naturais. O produtor rural Amarildo Brustolin, do município de Dois Vizinhos, tem 47 anos e desde pequeno trabalha na roça. Ainda sonha com o dia em que vai enfrentar menos riscos desnecessários na atividade. Falta apoio, desde o financiamento das sementes e insumos até a venda para o mercado. Oh! Deus, perdoe este pobre coitado Que de joelhos rezou um bocado Pedindo pra chuva cair sem parar Oh! Deus, será que o Senhor se zangou E só por isso o sol se arretirou Fazendo cair toda chuva que há A música interpretada por Luiz Gonzaga descreve uma realidade típica do Nordeste, mas que tem se repetido com freqüência preocupante no Sul do País, esteio da produção agrícola nacional. No Paraná, entre as duas últimas safras de verão houve de tudo. Seca, geada, granizo, ventania e chuva em excesso. São mais de R$ 4 bi de perdas contabilizadas até agora. O produtor de grãos Ricardo Wolter, cultiva terras em Carambeí, nos Campos Gerais, uma região com histórico de poucas instabilidades climáticas. Na última safra, perdeu a maior parte da produção por uma surpresa do clima. Diz que é em situações assim que o produtor precisa de apoio, na hora de começar de novo. Além do clima, o produtor rural Anselmo José Bernardelli, de Santa Maria, diz ainda que é preciso resolver muitos conflitos que acontecem no campo para melhorar a vida de quem produz alimentos. O risco de perder injustamente algo que levou anos para conseguir preocupa o produtor. A tradição da política agrícola brasileira é tratar dos problemas a curto prazo, ano a ano. Por isso sempre se ouve falar em socorro aos produtores. Na avaliação do economista da Federação da Agricultura do Paraná, Pedro Loyola, os produtores também não gostam dessas medidas emergenciais. Querem regras e programas de longo prazo que aumentem a segurança da atividade. Vão aparecer menos na mídia, mas vão dormir melhor. Preços agrícolas incertos, dívidas, oscilação do dólar, chuva, seca, granizo, disputas ambientais. As incertezas cercam a vida do produtor. Mas para quem tem vocação, como o produtor Dirceu Osmarini, predomina a fé em dias melhores.

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