Argumento cético
"O aquecimento global parou, e um resfriamento está ocorrendo. Nenhum modelo climático previu um resfriamento da Terra - muito ao contrário. E isto significa que as projeções do clima futuro não são confiáveis." (
Henrik Svensmark)
O que a ciência diz
Medições empíricas do conteúdo de calor da Terra mostram que o planeta ainda está acumulando calor e o aquecimento global ainda está ocorrendo. Temperaturas de superfície podem mostrar resfriamento de curto prazo quando se troca calor entre a atmosfera e o oceano, que tem muito mais capacidade de armazenar calor do que o ar.
Dizer que estamos vivendo um resfriamento global no presente é deixar de ver uma realidade física simples - a terra e a atmosfera são apenas uma pequena fração do clima da Terra (apesar de ser a parte em que habitamos). O aquecimento global é, por definição, global. O planeta como um todo está acumulando calor devido a um desequilíbrio energético. A atmosfera está se aquecendo. Os oceanos estão acumulando energia. A terra absorve energia e o gelo absorve calor para derreter. Para apreendermos todo o contexto do aquecimento global, você precisa observar todo o conteúdo de calor da Terra.
Esta análise é feita em Um balanço energético empírico da Terra desde 1.950 (
Murphy), que soma o conteúdo de calor dos oceanos, atmosfera, continentes e gelo. Para calcular o conteúdo total de calor da Terra, os autores usaram dados do conteúdo de calor dos oceanos até 700 m de profundidade. Eles incluíram também o conteúdo de calor de águas mais profundas até 3000 m de profundidade. Computaram o conteúdo de calor da atmosfera usando os registros da temperatura de superfície e a capacidade de calor da troposfera. O conteúdo de calor dos continentes e do gelo (isto é, a energia necessária para derreter o gelo) também foi considerado.

Figura 1: O conteúdo total de calor da Terra desde 1950 (
Murphy 2009). Os dados relativos ao oceano foram obtidos em
Domingues et al. 2008.
Um exame do conteúdo total de calor da Terra mostra claramente que o aquecimento global continuou além do ano de 1998. Então por que existem registros de temperatura que mostram 1998 como o ano mais quente da história? A Figura 1 mostra que a capacidade de calor dos continentes e da atmosfera (Land + Atmosphere, no gráfico) são pequenos comparados aos oceanos (esta pequena parcela marrom do gráfico também inclui o calor absorvido para se derreter gelo). Desta forma, trocas de calor relativamente pequenas entre os oceanos e a atmosfera podem causar mudanças significativas nas temperaturas de superfície.
Em 1998, um El Niño com intensidade incomum causou transferência de calor do Oceano Pacífico para a atmosfera. Conseqüentemente, nós experimentamos temperaturas de superfície acima da média. Da mesma forma, os últimos poucos anos tiveram condições moderadas de La Niña, que tiveram um efeito de resfriamento nas temperaturas globais. E nos últimos poucos meses as condições voltaram ao El Niño, mais quente. Isso coincidiu com as temperaturas oceânicas de superfície no período de junho-agosto mais quentes da história. Essa variação interna em que o calor se transfere entre os vários meios em nosso clima é a razão pela qual a temperatura de superfície é um sinal com tanto ruído.
A Figura 1 também evidencia quanto aquecimento o planeta está experimentando. Desde 1970, o conteúdo de calor do planeta tem aumentado à razão de 6 x 1021 Joules por ano. Expressando de outra maneira, o planeta tem acumulado calor à razão de 190.260 Gigawatts. Considerando que uma usina nuclear típica produz 1 Gigawatt, imagine 190 mil usinas nucleares despejando sua energia diretamente nos oceanos.
Como podemos descobrir o que aconteceu de 2003 para cá? Infelizmente, não há série histórica (que eu tenha conhecimento) sobre o conteúdo total de calor do planeta até o presente momento. Porém, nós temos o melhor substituto possível deste dado: o estudo Padrões ve variabilidade hidrográfica global (
Schuckmann 2009) analisa as temperaturas oceânicas medidas mela rede Argo, contruindo um mapa do conteúdo de calor dos oceanos até a profundidade de 2000 m. Isso é significativamente mais profundo que outros estudos que se concentraram no calor superficial do oceano, indo até apenas 700 m. Eles construíram a seguinte série histórica do conteúdo global de calor oceânico:

Figura 2: Série histórica do armazenamento global de calor (0-2000 m), medida em 108 Jm-2.
Globalmente, os oceanos continuaram a aculmular calor até o final de 2008. Pelos últimos 5 anos, os oceanos absorveram calor a uma razão de de 0,77 ± 0,11 W/m². Combinados com os resultados de Murphy 2009, vemos agora um retrato do aquecimento global que se manteve.
Podemos comparar este valor a outras estimativas do desequilíbrio energético?
Willis 2004 combina altimetria de satélites com medições do calor dos oceanos, e encontra uma taxa de aquecimento dos oceanos de 0,85 ± 0,12 W/m² de 1993 a 2003.
Hansen 2005, usando dados do calor dos oceanos, calculou o desequilíbrio energético em 2003 como sendo 0,85 ± 0,15 W/m².
Trenberth 2009 examinou medições por satélite da radiação recebida e emitida para o período de março de 2000 até março de 2004, e encontrou o planeta acumulando calor a uma taxa de 0,9 ± 0,15 W/m².
Todos estes resultados convergem bastante e encontram todos um desequilíbrio energético esteticamente significante e positivo. Nosso clima está acumulando calor. O aquecimento global ainda está ocorrendo. (skepticalscience.com)
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