sábado, 21 de agosto de 2010

4 - O aquecimento global ainda está acontecendo?

Argumento cético "O aquecimento global parou, e um resfriamento está ocorrendo. Nenhum modelo climático previu um resfriamento da Terra - muito ao contrário. E isto significa que as projeções do clima futuro não são confiáveis." (Henrik Svensmark) O que a ciência diz Medições empíricas do conteúdo de calor da Terra mostram que o planeta ainda está acumulando calor e o aquecimento global ainda está ocorrendo. Temperaturas de superfície podem mostrar resfriamento de curto prazo quando se troca calor entre a atmosfera e o oceano, que tem muito mais capacidade de armazenar calor do que o ar. Dizer que estamos vivendo um resfriamento global no presente é deixar de ver uma realidade física simples - a terra e a atmosfera são apenas uma pequena fração do clima da Terra (apesar de ser a parte em que habitamos). O aquecimento global é, por definição, global. O planeta como um todo está acumulando calor devido a um desequilíbrio energético. A atmosfera está se aquecendo. Os oceanos estão acumulando energia. A terra absorve energia e o gelo absorve calor para derreter. Para apreendermos todo o contexto do aquecimento global, você precisa observar todo o conteúdo de calor da Terra. Esta análise é feita em Um balanço energético empírico da Terra desde 1.950 (Murphy), que soma o conteúdo de calor dos oceanos, atmosfera, continentes e gelo. Para calcular o conteúdo total de calor da Terra, os autores usaram dados do conteúdo de calor dos oceanos até 700 m de profundidade. Eles incluíram também o conteúdo de calor de águas mais profundas até 3000 m de profundidade. Computaram o conteúdo de calor da atmosfera usando os registros da temperatura de superfície e a capacidade de calor da troposfera. O conteúdo de calor dos continentes e do gelo (isto é, a energia necessária para derreter o gelo) também foi considerado.
Figura 1: O conteúdo total de calor da Terra desde 1950 (Murphy 2009). Os dados relativos ao oceano foram obtidos em Domingues et al. 2008. Um exame do conteúdo total de calor da Terra mostra claramente que o aquecimento global continuou além do ano de 1998. Então por que existem registros de temperatura que mostram 1998 como o ano mais quente da história? A Figura 1 mostra que a capacidade de calor dos continentes e da atmosfera (Land + Atmosphere, no gráfico) são pequenos comparados aos oceanos (esta pequena parcela marrom do gráfico também inclui o calor absorvido para se derreter gelo). Desta forma, trocas de calor relativamente pequenas entre os oceanos e a atmosfera podem causar mudanças significativas nas temperaturas de superfície. Em 1998, um El Niño com intensidade incomum causou transferência de calor do Oceano Pacífico para a atmosfera. Conseqüentemente, nós experimentamos temperaturas de superfície acima da média. Da mesma forma, os últimos poucos anos tiveram condições moderadas de La Niña, que tiveram um efeito de resfriamento nas temperaturas globais. E nos últimos poucos meses as condições voltaram ao El Niño, mais quente. Isso coincidiu com as temperaturas oceânicas de superfície no período de junho-agosto mais quentes da história. Essa variação interna em que o calor se transfere entre os vários meios em nosso clima é a razão pela qual a temperatura de superfície é um sinal com tanto ruído. A Figura 1 também evidencia quanto aquecimento o planeta está experimentando. Desde 1970, o conteúdo de calor do planeta tem aumentado à razão de 6 x 1021 Joules por ano. Expressando de outra maneira, o planeta tem acumulado calor à razão de 190.260 Gigawatts. Considerando que uma usina nuclear típica produz 1 Gigawatt, imagine 190 mil usinas nucleares despejando sua energia diretamente nos oceanos. Como podemos descobrir o que aconteceu de 2003 para cá? Infelizmente, não há série histórica (que eu tenha conhecimento) sobre o conteúdo total de calor do planeta até o presente momento. Porém, nós temos o melhor substituto possível deste dado: o estudo Padrões ve variabilidade hidrográfica global (Schuckmann 2009) analisa as temperaturas oceânicas medidas mela rede Argo, contruindo um mapa do conteúdo de calor dos oceanos até a profundidade de 2000 m. Isso é significativamente mais profundo que outros estudos que se concentraram no calor superficial do oceano, indo até apenas 700 m. Eles construíram a seguinte série histórica do conteúdo global de calor oceânico:
Figura 2: Série histórica do armazenamento global de calor (0-2000 m), medida em 108 Jm-2. Globalmente, os oceanos continuaram a aculmular calor até o final de 2008. Pelos últimos 5 anos, os oceanos absorveram calor a uma razão de de 0,77 ± 0,11 W/m². Combinados com os resultados de Murphy 2009, vemos agora um retrato do aquecimento global que se manteve. Podemos comparar este valor a outras estimativas do desequilíbrio energético? Willis 2004 combina altimetria de satélites com medições do calor dos oceanos, e encontra uma taxa de aquecimento dos oceanos de 0,85 ± 0,12 W/m² de 1993 a 2003. Hansen 2005, usando dados do calor dos oceanos, calculou o desequilíbrio energético em 2003 como sendo 0,85 ± 0,15 W/m². Trenberth 2009 examinou medições por satélite da radiação recebida e emitida para o período de março de 2000 até março de 2004, e encontrou o planeta acumulando calor a uma taxa de 0,9 ± 0,15 W/m². Todos estes resultados convergem bastante e encontram todos um desequilíbrio energético esteticamente significante e positivo. Nosso clima está acumulando calor. O aquecimento global ainda está ocorrendo. (skepticalscience.com)

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