terça-feira, 29 de março de 2011

Ampliada área de risco em Fukushima

Governo japonês pede às pessoas que moram em um raio de 20 a 30 km da usina nuclear que se retirem espontaneamente da região
O governo japonês aconselhou ontem as pessoas que moram no raio de 20 km a 30 km da usina atômica de Fukushima-Daiichi a deixarem a região voluntariamente, em mais um indício de que a crise nuclear provocada pelo duplo desastre natural que atingiu o país no dia 11 está longe do fim.
O primeiro-ministro Naoto Kan reconheceu ontem em entrevista coletiva que a situação na usina continua "extremamente grave e séria" e não dá margem ao "otimismo". Horas antes, o porta-voz da agência de segurança nuclear, Hidehiko Nishiyama, havia declarado que os altos níveis de radiação detectados em 24/03/11 indicam que a estrutura do reator 3 da planta foi danificada. A possível consequência do dano é a redução da capacidade do reator de conter vazamentos de material radioativo em grandes proporções, observou Nishiyama.
A água que contaminou dois funcionários da usina que apresentava radiação em um nível 10 mil vezes superior ao registrado normalmente no local. Com botas curtas, os operários ficaram expostos durante 50 minutos a uma poça de água de 15 centímetros, que queimou a pele de suas pernas.
Um dos homens tem cerca de 30 anos e recebeu 180,7 milisieverts de radiação. O outro, na casa dos 20 anos, foi exposto a 179,37 milisieverts. Habitantes de países industrializados recebem em média 3 milisieverts de radiação por ano.
No começo da crise, o Ministério da Saúde do Japão elevou de 100 milisieverts para 250 milisieverts o limite máximo de exposição à radiação por trabalhadores de usinas nucleares, mudança que permitiu a presença de operários na usina de Fukushima para tentar evitar o superaquecimento dos seis reatores da central.
Nós últimos dias, 536 pessoas trabalhavam no local, incluindo integrantes do Corpo de Bombeiros e do governo japonês. Até 25/03, 17 delas haviam sido contaminadas com nível de radiação superior a 100 milisieverts.
Fukushima entrou em colapso após o terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão no dia 11. O tremor de terra interrompeu o fornecimento normal de energia às bombas que garantiam o fluxo de água para resfriar os reatores e as piscinas de armazenamento de combustível usado. O tsunami impediu a operação dos geradores que deveriam entrar em ação ni caso de falha no abastecimento regular de eletricidade. Com isso, o nível de água na usina baixou, desencadeando um processo de aquecimento do material nuclear. Desde o início da crise, o Japão tem usado água do mar para tentar evitar o derretimento dos reatores, o que poderia causar um vazamento de radiação de grandes proporções.
Os EUA anunciaram ontem que enviarão ao Japão um navio carregado com água doce para realizar a operação de resfriamento da usina. Os americanos acreditam que o uso de água do mar pode danificar ainda mais os equipamentos da planta.
Diferentes níveis de radiação foram detectados nos últimos dias em vegetais, verduras, água do mar, água encanada e solo de regiões localizadas até 300 km de distância da usina de Fukushima. Ao menos seis cidades constataram a presença de iodo-131 na água encanada em níveis superiores ao considerado seguro para bebês com menos de 1 ano.
O porta-voz do governo Yukio Edano ressaltou que a retirada dos moradores no raio de 20 km a 30 km da usina não é obrigatória, mas é uma precaução para o caso de os níveis de radiação no local subirem nos próximos dias.
PESADELO NUCLEAR
11 de março
Terremoto e tsunami arrasam o nordeste do país
Tremor de 8,9 graus na escala Richter cria ondas de 10 metros de altura. Abalo afeta reator da usina de Fukushima
12 de março
Risco nuclear
Explosão em usina eleva temor de contaminação nuclear.
Nível de radiação estava oito vezes maior que o usual.
13 de março
Reatores em colapso
Engenheiros correm contra o tempo para encontrar uma maneira de interromper o processo de aquecimento dos reatores.
14 de março
Ajuda da ONU
Japão pede ajuda dos EUA e à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para conter o vazamento de material nuclear para a atmosfera. Segundo reator explode, ferindo seis.
15 de março
Desabastecimento
Faltam alimentos e combustível em cidades afetadas. Em Tóquio, o nível de radiação estava 20 vezes superior ao normal.
16 de março
Risco externo
Com novas explosões, níveis de radiação em Fukushima são “extremamente altos”.
17 de março
Corrida contra o tempo
Helicópteros militares e caminhões-pipa tentam evitar derretimento do núcleo doa reatores de usina atômica.
18 de março Eletricidade
Engenheiros conseguiram restabelecer a energia elétrica no sistema de resfriamento dos reatores.
19 de março
Alimento contaminado
Níveis excessivos de material radioativo são encontrados em alimentos
24 de março
Água sob risco
Contaminação na água encanada de Tóquio (OESP)

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