terça-feira, 31 de maio de 2011

Mata Atlântica perde muitos Ibirapueras

Mata Atlântica perde 196 Ibirapueras em dois anos
Minas Gerais foi o Estado que mais desmatou floresta, segundo estudo do INPE e da Fundação SOS Mata Atlântica
A Mata Atlântica perdeu 31.195 hectares de sua cobertura entre 2008 e 2010, o equivalente a 196 Parques do Ibirapuera. Embora em ritmo menos acelerado que no passado, o bioma continua perdendo vegetação para atividades como produção de carvão, plantio de eucaliptos e agricultura. Minas Gerais foi o Estado que mais contribuiu para a perda da floresta, com 12.467 hectares desmatados.
Só nos últimos 25 anos, o total de área desmatada chegou a 1,72 milhão de hectares, o equivalente a 1,3% da cobertura original do bioma. Hoje restam 11% de Mata Atlântica no Brasil.
Os dados fazem parte do estudo Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a ONG Fundação SOS Mata Atlântica.
Segundo o levantamento, os dados do período apontam uma diminuição de 55% na taxa média anual de desmatamento, comparado com o período anterior analisado, o triênio 2005 a 2008. Na avaliação de Márcia Hirota, coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica, a queda no ritmo do desmate deve ser comemorada. "Essa diminuição pode ser explicada pelo avanço da legislação e pelo trabalho dos órgãos de fiscalização", afirma a coordenadora.
O levantamento foi feito com base na comparação de imagens de satélites do INPE e pelo trabalho de campo dos pesquisadores, que avaliam as causas do desmatamento no local. A pesquisa não detecta, no entanto, o chamado "desmatamento formiga" (áreas desmatadas menores que 3 hectares). “isso nos leva a crer que a pesquisa subestima o desmatamento real, que começa em pequenos cortes e acaba levando a uma supressão maior da mata”, explica Márcia.
Impacto
Em Minas Gerais, Estado que concentrou a maior parte dos cortes da Mata Atlântica, com 39,9% do total desmatado em todo o País, o grande vetor do desmatamento é a produção de carvão que alimenta as indústrias de ferro-gusa, matéria-prima das siderúrgicas. Márcia explica que as carvoarias utilizam a madeira da mata nativa nos fornos. "Depois, o espaço é ocupado com plantios de eucalipto, que também visam a abastecer esses setores", diz.
O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Sisema) informa, em nota ao Estado, que, apesar do alto índice de desmate registrado nos últimos dois anos, também ocorre uma diminuição do porcentual de área desmatada no Estado de Minas em relação à área do bioma no início de cada período avaliado. Esse porcentual passou de 4,27%, no período de 1995 a 2000, para 0,47% no último levantamento, de 2008 a 2010.
“É importante ressaltar que o número de municípios mineiros que desmatou o bioma caiu de 405, no período de 2005/2008, para 159 no período 2008/2010”, diz o Sisema. De acordo com o órgão, parte dos desmatamentos verificados nos últimos 3 anos ocorre por causa de atividades de infraestrutura (construção de estradas, hidrelétricas, indústrias, mineração) e foi autorizada pelo órgão ambiental.
Metodologia
O levantamento foi feito em 16 dos 17 Estados que possuem Mata Atlântica no Brasil. Eles estão concentrados na faixa leste do País, do Ceará ao Rio Grande do Sul. Hoje restam apenas 11,62% da cobertura original da Mata Atlântica. (OESP)

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