terça-feira, 9 de agosto de 2011

Economia de Escala versus Economia Sustentável

O crescimento econômico resulta em aumento nos padrões de consumo pressionando, ainda mais, a utilização de recursos. Se continuarmos neste ritmo em breve esgotaremos os recursos naturais. Precisamos mudar nosso estilo de vida. (José de Sampaio Góes, Engenheiro Agrônomo e Diretor de Meio Ambiente da Sociedade Rural Brasileira)
Até recentemente o homem era consciente apenas de sua relação com o ambiente imediato. Sentia-se marginalmente envolvido com os problemas ambientais de caráter nacional, e não se sentia envolvido com a ecologia do Planeta.
Atualmente, os horizontes ampliaram-se e nossa perspectiva passou a incorporar a realidade mundial. Adquirimos consciência que nossa ação individual pode causar efeitos que interfiram na vida de outras nações e das futuras gerações.
Nos últimos 40 anos, a população mundial duplicou, a produção agrícola triplicou, o consumo de combustíveis fósseis quadruplicou e os problemas ambientais multiplicaram-se proporcionalmente.
Nosso sistema econômico é muito resistente a mudanças. Pensamos e agimos, dirigidos por premissas errôneas, como estas:
- Crescimento econômico a qualquer custo é fundamental ao bem estar da humanidade.
- O Homem pode sobreviver sem a Natureza.
Como consumidores não queremos pagar pela degradação dos recursos naturais e do meio ambiente. Esquecemos que nosso bem estar depende das plantas verdes, não só para alimentação, mas também para a produção de ar puro, água pura, controle da temperatura global, entre outros e vivemos despreocupados enquanto destruímos a biosfera.
Para avaliarmos a atividade humana, como parte do ecossistema, devemos levar em conta a porcentagem que o homem utiliza do total de recursos produzido pela fotossíntese no planeta.    A Produção Primária Líquida (PPL) é o total de energia solar captada (por fotossíntese) pelas plantas verdes, menos a energia utilizada por elas próprias em seu crescimento e reprodução. Assim, a PPL é o recurso alimentar básico para todo ser vivo, que não é capaz de realizar a fotossíntese. Atualmente, mostram os cálculos, 25% da PPL, é consumida pelos homens na forma de: alimentos, energia, fibras, madeira, etc... acrescida a redução devida a degradação dos ecossistemas, por nós provocada com: o desflorestamento, a desertificação, a urbanização, etc.
O crescimento demográfico descontrolado é uma impossibilidade ecológica, no entanto nossa população atingirá nove bilhões em 40 anos! O crescimento econômico resulta em aumento nos padrões de consumo pressionando, ainda mais, a utilização de recursos. Se continuarmos neste ritmo em breve esgotaremos os recursos naturais. Precisamos mudar nosso estilo de vida.
O modelo econômico, do mundo moderno, trabalha basicamente com duas variáveis para avaliação de seu desempenho: a escala de produção e a alocação de recursos, mas despreza o fato que nosso planeta possui uma capacidade limitada para produzir os recursos naturais que utilizamos.
Até agora nossos modelos de produção não se preocuparam em respeitar o "modelo econômico" da natureza. A continuar neste caminho faremos o planeta "naufragar" sob o peso de nossas exigências.
A preservação do meio ambiente não é apenas uma questão de vida selvagem, florestas, ar limpo, depleção da camada de ozônio - mas sim um modelo econômico que funcione dentro das limitações da natureza. Já começamos a perceber que o modelo macro econômico é a base da crise ambiental.
Rendimento deve ser o máximo que uma pessoa ou comunidade pode consumir, durante um período, desde que as quantidades finais e iniciais sejam as mesmas. Qualquer consumo que não seja sustentado não pode ser considerado rendimento.
O problema em nossa economia atual é que o único capital que nós mantemos intacto é o que foi criado pelo homem. Nós nos esquecemos do capital natural: os ecossistemas, dos quais extraímos recursos naturais e serviços sem os quais não existiria nenhuma produção humana.
Não compreendemos bem os ecossistemas, por isso o resultado de nossas ações nos tem causado surpresas como: aquecimento global, chuvas ácidas, desaparecimento de espécies, todas desagradáveis.
Só poderemos reagir de duas maneiras:
I- Aumentar o controle ambiental de modo a internacionalizá-lo, o que acabaria resultando numa economia mundial planejada, ou
II- Diminuir a escala da interferência humana a um nível que permita a natureza funcionar no "piloto automático".
A habilidade humana na centralização econômica não inspira otimismo devido a acontecimentos recentes, logo o melhor critério é diminuir a intensidade da atividade econômica, para que a interferência humana seja compatível com os mecanismos naturais de compensação.
Para que isto seja possível, é necessário que cada país faça um balanço das necessidades atuais e futuras, de sua população, áreas agricultáveis e demais recursos naturais. Obtidos estes dados, todas as nações deverão estabelecer um plano de ação a longo prazo, visando adequar seu crescimento, econômico e populacional, às disponibilidades de seus recursos naturais, e às tecnologias disponíveis para explorá-los. A implantação desta nova ordem socioeconômica que respeita a sustentabilidade da natureza dependerá basicamente da ação social e política. As leis de mercado, da maneira como são concebidas, jamais nos conduzirão a uma convivência harmônica com nosso planeta.
A Terra precisa trabalhar como um único corpo a fim de salvar a humanidade e todas as outras formas de vida de um desastre ambiental. A natureza pode sobreviver sem o homem, mas o homem não pode sobreviver sem a natureza. O único campo que deve ser deixado completamente livre para a expansão segundo a capacidade humana é o do conhecimento. (noticiasagricolas)

Nenhum comentário:

A mudança climática é uma crise de direitos humanos

A crise do clima ameaça os direitos humanos em proporções nunca antes vistas. É esse o alerta que a Anistia Internacional faz com o lançamen...