domingo, 7 de agosto de 2011

Plâncton e florestas que devoram CO2

Plâncton e florestas que ‘devoram’ CO2: a estranha dupla que pode salvar o mundo
Um estudo da revista Science calculou pela primeira vez a quantidade exata de absorção de gases do efeito estufa. Resultados para além de qualquer previsão otimista. Mas continua sendo necessário reduzir a emissão de combustíveis fósseis.
Aquilo que o homem suja com uma mão, a natureza se esforça para limpar com duas. Um golpe de esponja sobre a terra firme é dado pelas árvores e florestas; o outro, no mar, vem das microalgas que formam o plâncton. A vegetação da terra e do mar une as suas forças suas forças para retirar de circulação o dióxido de carbono produzido pelos combustíveis fósseis. A sua união permite que o planeta se livre de pouco mais da metade das emissões: 4,6 bilhões de toneladas de carbono dos 8,7 bilhões produzidos todos os anos. O resto acaba naquele pequeno ambiente que é a atmosfera, a partir de onde alimenta o efeito estufa, elevando sempre mais o termostato do planeta.
As primeiras estimativas finalmente precisas do balanço do carbono sobre a terra chegam hoje do Serviço Florestal dos EUA, que o publicou na revista Science, pondo na planilha o dióxido de carbono produzido pelos combustíveis fósseis e aquele absorvido pelas florestas, calculado de acordo com a sua idade e a sua localização geográfica.
O CO2 capturado pelas árvores (para além das previsões mais otimistas) foi um pouco maior do que a “engolida” pelo plâncton dos oceanos. A terra firme, de fato, limpa o planeta todos os anos de 2,4 bilhões de toneladas de carbono contra os 2,2 bilhões das algas marinhas.
E quem dá a contribuição máxima são as jovens florestas tropicais, fruto do gradual reflorestamento da última década que se seguiu à fase anterior do desmatamento selvagem. A vegetação entre o Trópico de Câncer e o de Capricórnio, sozinha, absorve 55% do carbono capturado pelas florestas.
“E se deixássemos de cortar árvores hoje – comenta Josep Canadell, um dos autores do estudo –, graças à contribuição da vegetação, poderíamos chegar a limpar a metade das emissões de combustíveis fósseis”.
Se desligar as motosserras é o caminho ideal para tornar mais eficaz a esponja da terra firme, para aumentar a eficiência do plâncton no mar ainda não há soluções douradas. As algas que nadam na superfície dos oceanos, exatamente como as plantas na terra, absorvem dióxido de carbono durante o processo de fotossíntese. Quando, depois, as árvores ou os micro-organismos marinhos morrem, o carbono que contêm acaba no solo ou no fundo do oceano: portanto, fora daquela atmosfera já sobrecarregada de poluição.
Vários experimentos científicos têm tentado “fertilizar” áreas do mar, jogando ferro sobre elas para acelerar o crescimento do plâncton. Foi justamente a esses organismos que um estudo da Universidade de Ohio, publicado em fevereiro na PNAS, atribuiu o mérito de ter tornado a atmosfera terrestre respirável nos tempos antigos. Desencadeando uma espécie de efeito estufa ao contrário, o plâncton, há 500 milhões de anos, provocou um retorno maciço do oxigênio depois das extinções em massa da era cambriana, permitindo que a vida florescesse novamente.
As medidas do carbono absorvido depois dos experimentos modernos de “fertilização” do mar não deram resultados satisfatórios, enquanto os habitantes do mar diferentes das algas mostraram sinais de intoxicação. Na terra, ao contrário, a esponja das florestas mostrou um fenômeno paradoxal: uma atmosfera mais rica em CO2 melhora a respiração das plantas e, assim, acelera seu crescimento.
O estudo da Science também enfatiza positivamente a expansão das florestas causada pelo abandono das terras agrícolas na Rússia e pela intervenção maciça da China para plantar novas árvores nas zonas que haviam desmatadas anteriormente, enquanto nos EUA, entre 1990 e 2007 (o período de tempo coberto pelo estudo), a vegetação sofreu golpes de calor, seca e incêndios.
“Mesmo que as florestas nos deem uma mão – concluem os pesquisadores –, reduzir as emissões de gases do efeito estufa continua sendo a única hipótese sobre a mesa”. (EcoDebate)

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