domingo, 1 de abril de 2012

Bertioga foi a que mais perdeu mata

Bertioga foi a que mais perdeu mata nos últimos 2 anos
Foram 760 mil m² no período - quase o mesmo que deverá ser desmatado caso o novo empreendimento seja aprovado.
Até a década de 1970, o município de Bertioga era conhecido como um paraíso verde intocado em plena Baixada Santista.
De lá para cá, a situação está se invertendo. Segundo ranking feito pela SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Bertioga é a cidade que mais perdeu vegetação nativa de Mata Atlântica entre 2008 e 2010. Foram 760 mil m² no período - quase o mesmo que deverá ser desmatado caso o Buriqui Costa Nativa seja aprovado.
O início da urbanização intensiva de Bertioga se deu com o término das Rodovias Mogi-Bertioga e da Rio-Santos, no início da década de 1980. Foi aí que se iniciou a "corrida ao ouro" do mercado imobiliário. O pequeno povoado de 4 mil habitantes, ainda distrito de Santos, passou a conviver com grileiros, posseiros e com o início da construção de condomínios de luxo. Em menos de 30 anos, a população se multiplicou por dez - hoje é de 47,6 mil habitantes - e o distrito se emancipou.
Um dos marcos desse processo foi a inauguração da Riviera de São Lourenço, cujas obras se iniciaram em 1979. A praia que dá nome ao condomínio antes era deserta e praticamente desconhecida da maioria dos paulistanos. Hoje, é uma das mais famosas do litoral paulista e um atrativo recanto para as famílias da capital que vão passar férias ou fins de semana no local. Atualmente, cerca de 10 mil pessoas moram na Riviera, número que sobe para 30 mil durante a alta temporada.
Segundo a Sobloco, empresa de desenvolvimento urbanístico responsável pelo loteamento da Riviera, o condomínio é um exemplo de crescimento sustentável na Baixada. Sua área é de cerca de 9 milhões de m² e cerca de 25% desse total foi destinado para áreas verdes. Além disso, os próprios empreendedores instalaram sistema de coleta e tratamento de esgoto, o que deverá ser repetido pela Brasfanta no Buriqui Costa Nativa.
Crítica
Para o ambientalista Carlos Bocuhy, porém, esse tipo de ocupação na área de Mata Atlântica não é favorável ao meio ambiente. "Condomínios como o da Brasfanta vão na contramão de toda lógica que se discute em termos de desenvolvimento sustentável e economia verde. É uma grande contradição dizer que um empreendimento desses vai preservar enquanto o impacto na biodiversidade, nos recursos hídricos e nas características populacionais será de envergadura muito maior."
Segundo ele, o Plano Diretor de Bertioga está desatualizado, pois estimula a ocupação na faixa litorânea, mas não se planeja para os impactos que podem ser causados com a intensificação das marés, fenômeno ligado à tendência de aquecimento global. "A população da Baixada está crescendo, mas onde ela será realocada no possível cenário futuro de marés mais fortes e constantes?", questiona.
Cronologia
1.532 – Início da ocupação
O Forte de São Tiago é construído por Martim Afonso de Souza para proteger a entrada da Barra da Bertioga dos ataques de indígenas e franceses.
1.944 - Crescimento
A vila, então com cerca de 3 mil habitantes, vira distrito de Santos.
1.979 – Loteamentos
Inicia-se a construção da Riviera de São Lourenço, atraída pele promessa de inauguração de novos acessos rodoviários.
1.982 – Rodovias
É inaugurada a Mogi-Bertioga. Três anos depois, é a vez da Rio-Santos. Teme-se que a cidade vire uma “nova” Praia Grande, por causa do surto da ocupação.
1.991 – Emancipação
Município se separa de Santos. Sua população pula de 15 mil, em 1.991, para 47,6 mil em 2.010, crescimento de 200%. (OESP)

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