As negociações do rascunho da Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, com encerramento previsto para
hoje em Nova York, dividiam ontem os organizadores do evento sobre a
conveniência do estabelecimento de metas para os sete principais temas do
encontro no Rio, em junho.
Essa divisão envolve tanto diferenças políticas como também
opiniões distintas sobre como defender estratégias para o fortalecimento do
desenvolvimento sustentável.
De um lado, há os defensores do estabelecimento de metas
rígidas para áreas como água, segurança alimentar e energia. Dessa forma, a
Rio+20 teria uma importância maior e os resultados seriam mais claros. Ao mesmo
tempo, muitos negociadores que participam das discussões na ONU consideram
prematuro impor metas na Rio+20, que ocorrerá entre os dias 20 e 22 de junho,
optando por objetivos mais gerais em cada uma das áreas.
Para completar, segundo os defensores dessa linha de
negociação, as metas do milênio, que ainda estão distantes de serem cumpridas a
apenas três anos do fim do prazo, em 2015, correm o risco de serem ofuscadas
pelas do meio ambiente.
Autoridades governamentais não têm falado abertamente porque
temem que seus países sejam classificados como obstáculos para a conferência em
defesa do meio ambiente.
O risco, de acordo com um dos negociadores ontem em Nova
York, era de haver um fracasso da conferência no Rio, que marca também o
aniversário de 20 anos da Eco-92. "Quase não houve avanço, mas até amanhã
(hoje) pode haver novidades", disse. São esperados cerca de 50 mil
participantes no Rio.
O secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang, tentava manter o
otimismo ontem, diante de obstáculos e de tentativas de amenizar o texto o
máximo possível. Na sua avaliação, o encontro deveria ao menos "lançar um
processo que conduza a metas de desenvolvimento sustentável".
O chamado rascunho zero do documento contava inicialmente
com 6 mil páginas, sendo reduzido para apenas 19 nas negociações em março. Com
os adendos colocados pelos governos envolvidos, subiu para 200. Esse documento
revisado, segundo os organizadores, encontrou 26 áreas de atuação.
EUA, Japão, Canadá e também algumas nações europeias têm se
mostrado reticentes com alguns pontos em negociação, incluindo o
estabelecimento de metas. Também há pressões da iniciativa privada. O Brasil se
esforça para que a Rio+20 não seja um fracasso como a conferência do clima
realizada na Dinamarca em 2009, onde não foram produzidos resultados.
Em Nova York, há reclamações de falta de foco nas
negociações. Haverá apenas mais uma rodada no Rio, menos longa, pouco antes do
início da conferência. (OESP)
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