Cientistas alertam para
o rápido derretimento do Ártico em 2012
Cor mais escura
da água, após derretimento do gelo, faria mar absorver mais calor do Sol
Cientistas da
Noruega estão alertando para o fato de que o gelo no Ártico está derretendo a
uma velocidade maior do que a média.
Pesquisadores afirmam
que o mar de gelo está ficando cada vez mais fino e vulnerável no norte do
planeta. No mês passado, o derretimento deixou o gelo do Ártico no seu menor
nível em mais de 30 anos, desde que começaram as medições via satélite.
Os cientistas
acreditam que isso possa influenciar até mesmo o clima na Europa. O
derretimento deve continuar por pelo menos mais uma semana, atingindo o seu
auge na metade de setembro, quando as temperaturas ainda permanecem acima do
ponto de congelamento.
O diretor do
Instituto Polar Norueguês, Kim Holmen, disse à BBC que a velocidade do
derretimento é maior do que o esperado.
“Isso é uma mudança
maior do que nós imaginávamos há 20 anos, ou mesmo há dez anos”, diz Holmen.
O instituto está
enviando um navio quebra-gelo para pesquisar as condições entre a Groenlândia e
a ilha de Svalbard – a principal rota por onde passa o gelo que sai do Oceano
Ártico.
Durante uma visita ao
porto, um dos cientistas, Edmond Hansen, disse que estava “impressionado” com o
tamanho e a velocidade do degelo.
“Como cientista, eu
sei que isso é algo sem precedentes em pelo menos 1,5 mil anos. É realmente
impressionante – é uma mudança enorme e dramática no sistema”, diz Hansen.
“Isso não é um
fenômeno de curta duração – isso é uma tendência contínua. Você perde mais e
mais gelo e está se acelerando – é só olhar os gráficos, as observações, e você
pode ver o que está acontecendo.”
Gelo fino
Dados importantes são
registrados não só pelos satélites como também por uma série de técnicas diferentes.
Uma equipe foi enviada ao gelo para perfurar buracos e coletar dados que possam
revelar a origem do gelo.
Desde os anos 1990,
boias especiais ligadas ao leito do mar usam sonares que captam dados
constantes sobre a superfície do gelo.
Um equipamento
eletromagnético conhecido como EM-Bird é suspenso de um helicóptero,
sobrevoando o gelo. O instrumento capta dados sobre a espessura da camada do
gelo na superfície.
Os dados mais
recentes ainda estão sendo analisados, mas o cientista Sebastian Gerland disse
que já é possível perceber um padrão recorrente a cada ano.
“Na região onde
trabalhamos, nós vemos uma tendência geral de gelo mais fino”, afirma.
Onde o gelo
desaparece por completo, a superfície perde a sua coloração branca que reflete
a radiação solar. A coloração escura absorve a radiação, aumentando ainda mais
a temperatura.
Algumas previsões
indicam que o Ártico pode não ter mais gelo nos verões de 2080. No entanto,
alguns cientistas acreditam que isso possa acontecer ainda antes.
Ventos
Kim Holmen levanta a
possibilidade de as mudanças climáticas afetarem o clima na Europa. Segundo
ele, o trajeto e a velocidade do vento são determinados pela diferença de
temperatura entre os trópicos e o Ártico.
Uma mudança climática
no polo poderia provocar mudanças nos ventos que sopram pela Europa.
“Quando não houver
gelo no Ártico, a região não será mais branca e absorverá mais luz do sol, e
essa mudança poderá influenciar sistemas de ventos e onde a precipitação
ocorre. No norte da Europa, isso pode significar precipitação maior, enquanto o
sul da Europa pode se tornar mais seco”, afirma Holmen.
Essa opinião é
compartilhada pelo Centro Europeu de Previsão do Tempo de Médio Alcance,
entidade baseada em Reading, na Grã-Bretanha.
O diretor da
entidade, Alan Thorpe, acredita que ainda é preciso evoluir na pesquisa sobre o
impacto que as mudanças no Ártico terão no clima europeu. (EcoDebate)
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