Desmatamento na Amazônia cai no segundo bimestre do ano
O número de alertas sobre desmatamento e degradação da
Floresta Amazônica diminuiu em 37% entre março e abril deste ano na comparação
com o mesmo período de 2012. As imagens de satélites usadas pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), responsável pelo Sistema de Detecção de
Desmatamentos em Tempo Real (Deter), mostraram que em março as áreas
possivelmente devastadas chegaram a 28 Km2, enquanto, em abril, a
derrubada de árvores foi registrada em 147 Km2. No ano passado, a
devastação atingiu mais de 290 Km2. Nos dois levantamentos a
cobertura de nuvens impediu um monitoramento adequado já que cerca de 50% do
território monitorado estava encoberto. As condições similares levaram técnicos
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) a uma avaliação positiva dos números. “Estamos enxergando mais e, mesmo
assim, as detecções estão menores do que em anos anteriores”, disse George
Ferreira, coordenador-geral de Monitoramento Ambiental do órgão.
A resolução de imagens captadas pelo sensor Modis do satélite
Terra/Aqua e do sensor WFI do satélite Cbers, de resolução espacial de 250
metros, usados para os levantamentos do Deter, ainda estão longe das
expectativas de especialistas e agentes ambientais que combatem o desmatamento
ilegal na região. Com estes instrumentos
só é possível detectar desmatamentos com área maior que 25 hectares (unidade de
medida equivalente a 100 m2). Somado ao problema da cobertura de
nuvens, o resultado é que nem todos os desmatamentos são identificados pelo
Deter e, em muitas áreas, o alerta pode significar uma degradação autorizada
por algum órgão ambiental local.
Pelo acumulado do levantamento, de agosto de 2012 até abril
deste ano a área devastada da Floresta Amazônica ultrapassou 1,8 mil Km2.
O número mostra um aumento de 15% em relação ao mesmo período anterior. Para os
agentes ambientais, grande parte dessa diferença se deve aos registros de
agosto, quando o Deter identificou 522 Km2 de área devastada. No
mesmo mês, em 2011, a derrubada de árvores ocorreu em 163 Km2.
“Mas essa diferença (15%) vem sendo reduzida. Em agosto teve
detecção muito grande de 220% maior do que em agosto de 2011. Em setembro, o
acumulado de agosto a setembro já caia para 92%. Ate final de julho a diferença
vai cair ainda mais”, disse Ferreira.
A mesma expectativa é compartilhada pelo diretor de Proteção
Ambiental do IBAMA, Luciano de Meneses Evaristo, que ainda destacou que a
Operação Onda Verde está contribuindo para a redução dos crimes ambientais na
região. A estratégia começou com seis frentes atuando no combate ao
desmatamento na região centrada em seis áreas críticas que respondiam por 77%
do desmatamento da Floresta Amazônica. Segundo ele, essas ações foram
multiplicadas no território.
“Essa não é uma operação fixa, ela abre, se multiplica e
acompanha o desmatamento para onde está indo”, acrescentou, ressaltando que com
a dispersão das nuvens o volume de áreas afetadas não deve ser muito superior
ao que os satélites já estão mostrando. Entre agosto e abril, os agentes do
IBAMA conseguiram mapear 1,2 mil dos 2,2 mil polígonos de desmatamento
identificados. Segundo técnicos do órgão, a média de área desses polígonos é 83
hectares e o maior deles ocupa uma área de 2,2 mil hectares.
Nessas áreas, a maior parte dos alertas identificados entre
agosto do ano passado e o início de maio deste ano representava corte raso
(65%), que configura o desmatamento ilegal. A devastação pela degradação por
uso de fogo representou respondeu 20% dos alertas nessas áreas e pela
degradação por exploração florestal foram 5% dos alertas nesse período. Em 10%
dos casos as imagens apontaram um falso positivo, ou seja, algum problema
técnico na captação das imagens.
“Sessenta e cinco por cento dos alertas eram corte raso, e
essas áreas deverão fazer parte do novo Prodes [sistema anual de monitoramento
com precisão maior de informações], em julho. Não tem componente de
degradação”, disse Meneses Evaristo, ao informar que o Prodes tem uma resolução
mais aproximada e dados mais detalhados sobre a região.
Ainda entre agosto de 2012 e abril deste ano, o IBAMA, a
partir de informações do Deter, apreendeu 65 mil metros cúbicos de madeira em
tora e 9,5 mil m3 de madeira serrada, além de 36 armas de fogo, 67
caminhões, 118 tratores e 22 veículos.
Os agentes ambientais também emitiram 3,5 mil autos de
infração, com multas que ultrapassaram a cifra dos R$ 1,5 bilhão. No mesmo
período, mais de 213 mil hectares foram embargadas, sendo que a maior parte das
terras estava no Pará (93 mil hectares), seguido pelo estado de Mato Grosso (77
mil hectares) e Rondônia (27 mil hectares). (EcoDebate)
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