Temperatura na superfície global pode exceder de limite
seguro, alerta IPCC
O IPCC concluiu
que mais de 90% do calor gerado pelos gases de efeito estufa na atmosfera têm
sido absorvido pelos oceanos.
O Painel Intergovernamental
sobre Mudança do Clima (IPCC), que conta com apoio da ONU, afirmou que a
temperatura da superfície global pode exceder 1,5°C no final do século 21 em um
cenário mais brando. Em cenários mais preocupantes, poderá exceder em 2°C,
superando o limite considerado seguro pelos especialistas.
Os dados são do
relatório do IPCC intitulado “Mudança Climática 2013: a Base das Ciências
Físicas” e lançado dia 27/9/13 em Estocolmo, na Suécia.
“As ondas de calor
são muito prováveis de ocorrer com mais frequência e durar mais tempo. À medida
que a Terra se aquece, esperamos ver regiões úmidas receberem mais chuvas e
regiões secas receberem menos, apesar de exceções”, disse o copresidente do
grupo de trabalho responsável pelo documento, Thomas Stocker.
De acordo com o
documento, há mais de 95% de certeza de que a ação humana causou mais da metade
da elevação média da temperatura entre 1951 e 2010. Neste período, o nível dos
oceanos aumentou 19 centímetros.
Foram realizadas
quatro projeções considerando situações diferentes de emissões de gases-estufa.
Em todas, há aumento de temperatura. As mais brandas ficam entre 0,3 ºC e 1,7
ºC. No cenário mais pessimista, o aquecimento ficaria entre 2,6 ºC e 4,8 ºC.
O aquecimento dos
oceanos domina o aumento da energia armazenada no sistema climático,
representando mais de 90% da energia acumulada entre 1971 e 2010. Os mares vão
continuar a se aquecer durante o século 21, e o calor vai penetrar da
superfície até as profundezas afetando a circulação oceânica.
O nível médio do mar
vai continuar a subir durante este século. Sob todos os cenários a taxa de
aumento do nível dos oceanos vai exceder a observada durante o período de 1971
a 2010, devido ao aumento do aquecimento dos oceanos e o aumento da perda de
massa das geleiras e camadas de gelo. Até 2100, o nível deve aumentar de 45 a
82 centímetros, no pior cenário, e de 26 a 55 centímetros, no melhor.
O relatório também
afirmou que as concentrações de dióxido de carbono (CO2), metano e
óxido nitroso na atmosfera aumentaram em registros sem precedentes nos últimos
800 mil anos.
Concentrações de CO2
têm aumentado em 40% desde os tempos pré-industriais, principalmente pelas
emissões de combustíveis fósseis e, secundariamente, pelas emissões referentes
à mudança do uso da terra.
O oceano tem
absorvido cerca de 30% do dióxido de carbono antropogênico emitido, causando a
acidificação dos mares e afetando a vida nesse ambiente.
A versão final do
relatório do Grupo de Trabalho – versão distribuída aos governos em 7 de junho
de 2013 –, incluindo o Resumo Técnico, 14 capítulos e um Atlas com projeções
climáticas globais e regionais, foi lançado em formato não editado em 30/09/13.
Após a edição de
texto, verificações finais de erros e ajustes para mudanças no Sumário para
Formuladores de Políticas, o relatório completo do Grupo de Trabalho será
publicado online em janeiro de 2014 e em forma de livro pela Universidade de
Cambridge, alguns meses depois. (EcoDebate)
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