São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro registraram recorde
de temperatura no mês de janeiro. Uma região de alta pressão instalada entre o
Sudeste e o Sul barra a formação de nuvens, diminui as chuvas e aumenta o
calor.
Praia do Arpoador/Rio de Janeiro
A média de temperaturas do Rio de Janeiro neste mês chegou
aos 33,9°C, acima da esperada pelos meteorologistas.
Janeiro é o mês mais quente de São Paulo nos últimos 71
anos. A temperatura média ficou em 31,9°C, a mais quente desde que o Instituto
Nacional de Meteorologia (Inmet) começou a fazer o levantamento, em 1943. A
marca superou o antigo recorde de 31,8°C, registrada em fevereiro de 1984.
Maiores médias de temperatura em São Paulo
Posição – Mês/Ano – Temperatura
1° - jan/2014 – 31,9°C
2° -
fev/1984 – 31,8°C
3° -
fev/2003 – 31,6°C
4° - jan/1956
– 30,9°C
5° -
fev/1999 – 30,9°C
6° -
fev/2010 – 30,9°C
7° -
jan/1998 – 30,8°C
8° -
jan/1999 – 30,8°C
9° -
fev/1977 – 30,7°C
10° -
mar/2007 – 30,7°C
11° - fev/2012 - 30,7°C
A previsão é que, nos próximos dias, o calor continue e a umidade
fique em torno dos 30% entre o início e o meio da tarde. As máximas devem ser
de 33 a 35°C.
Em Porto Alegre, este é o janeiro mais quente desde 1916,
ano em que Inmet passou a fazer seus registros na capital do Rio Grande do Sul.
A temperatura média do mês foi de 33°C, quatro décimos acima do recorde
anterior, de janeiro de 1953. Em 30/01/14 a sensação térmica foi de 41°C.
Enquanto isso, a Zona Oeste do Rio de Janeiro enfrenta o
verão mais infernal dos últimos 30 anos, com a temperatura média em janeiro de
36,5°C. Em toda a cidade, a temperatura média registrada é de 33,9°C, maior que
os 33,1°C esperados pelos meteorologistas.
Calor recorde
Uma das explicações para o calor intenso do mês está no ar
quente e seco que se instalou entre o Sudeste e o Sul. Uma região de alta
pressão, localizada acima do oceano Atlântico, entre o oeste africano e o leste
da América do Sul, expandiu-se para uma área que chega até Brasília e passa por
Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Esse fenômeno inibe
a formação de nuvens, impedindo as chuvas que reduzem as temperaturas.
"Sua abrangência está maior, deixando o ar mais seco e quente. Quanto mais
seco, menos nuvens, o que significa também que parte da energia solar que seria
refletida por elas está indo direto para a superfície, elevando ainda mais a
temperatura”, afirma Augusto Pereira Filho, professor do Instituto de
Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG-USP).
De acordo com o Inmet, o forte calor de janeiro está
associado também a não formação de uma área de escoamento de vapor d’água com
origem na Amazônia, chamada zona de convergência do Atlântico Sul. Ela é
responsável por dias mais nublados, úmidos e chuvosos. E também não houve a
passagem de frentes frias que provocassem declínio nas temperaturas sobre o
Estado.
"Essa falta de umidade está se mantendo: tivemos um
inverno muito seco e frio e agora temos um verão muito seco e quente. Essa
situação provoca a evaporação rápida da água de rios e dos reservatórios. E
isso pode trazer consequências como a falta de água e de energia", diz
Pereira Filho.
Falta de chuvas
Além do calor elevado, os Estados sofrem as consequências da
distribuição desigual de chuvas no país desde o fim do ano passado. No início
do verão houve muitas chuvas em Minas Gerais, Espírito Santo e norte do Rio de
Janeiro. No leste de Minas Gerais e no norte do Espírito Santo não chovia tanto
desde 1979. Essa umidade, entretanto, não alcançou São Paulo.
Dezembro foi o terceiro mês menos chuvoso dos últimos 71
anos na capital, só perdendo para os anos de 1999 e 1963, segundo dados do
Inmet. As chuvas na capital de São Paulo atingiram o volume de 237,9
milímetros, inferior à média histórica de 265,6 milímetros.
Com isso, o reservatório da Cantareira, que abastece a Grande
São Paulo, está com 22,4% da capacidade total, o menor nível em seus 39 anos de
operação, de acordo com dados divulgados na quinta-feira pela Sabesp, empresa
encarregada dos sistemas de água e esgoto no estado. No Rio de Janeiro, a
previsão do Inmet é que não haja chuvas até 8 de fevereiro. "Há uma
combinação de fatores meteorológicos globais que levou a atmosfera a estar mais
seca este ano. E, de acordo com o prognóstico para este trimestre, as chuvas
devem chegar ao Estado com força em fevereiro e março, o que pode causar
problemas nas cidades", afirma Pereira Filho.
Fenômeno local
Ainda não é possível saber se o calor intenso está ligado a
um fenômeno maior relacionado ao clima. "É preciso lembrar que as estações
meteorológicas estão em ambientes urbanos que refletem as condições locais das
ilhas de calor. A região metropolitana de São Paulo é um caso típico e essas
temperaturas exacerbadas não são representativas de uma área maior",
afirma Pereira Filho. "Trata-se de fenômenos locais, com influência muito
pequena no balanço de energia global. Além disso, calor e frio intensos são
variabilidades climáticas normais, resultado da interação com sistemas maiores
no globo. Há muita incerteza sobre estes assuntos, e eles ainda são objetos de
investigações para descobrir sua origem."
Temperaturas de São Paulo em janeiro de 2014
O mês é o mais quente na cidade desde o início das
observações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), desde 1943. (veja)
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