A primeira década do século XXI foi a mais quente da história da Terra,
desde o início das medições modernas da temperatura do planeta, em 1850. O
recado é da Organização Meteorológica Mundial (WMO), que publicou, em julho
deste ano, o relatório Clima Global 2001-2010: Uma década de eventos climáticos
extremos, comprovando que algo não vai bem ao planeta.
Segundo a publicação, a temperatura média global entre 2001 e 2010, foi
de 14,47ºC. Isto significa que tivemos temperaturas quase 0,5ºC acima da média
registrada entre 1961 e 1990. O estudo revelou ainda que esse aquecimento não é
de hoje: desde a década de 1951-1960, o planeta está mais quente. A diferença é
que o aumento está cada vez mais intenso, como mostra, abaixo, o gráfico da
WMO.
Os recordes do século XXI, que mal começou, não param por aí: com
exceção de 2008, os anos dessa primeira década estão entre os mais quentes da
história. 2010 é o campeão, com uma temperatura estimada em 0,54ºC acima da
média global.
Está mais quente e daí?
Já dizia Newton que toda ação tem uma reação. O aumento sem precedentes
da temperatura, entre 2001 e 2010, resultou na maior incidência de eventos
extremos climáticos – como ondas de calor, secas, ciclones e inundações
– nos dois hemisférios.
O degelo também aumentou – no Ártico e na Antártica. Como resultado
desse derretimento do gelo e da expansão térmica da água, o nível médio global
do mar cresceu cerca de 3 milímetros por ano, na primeira década do século XXI.
Trata-se de, aproximadamente, o dobro da média do século XX, quando foi
registrado aumento de 1,66 milímetros ao ano.
Além de danos à natureza, toda essa bagunça climática custou vidas. Mais
de 370 mil pessoas morreram, entre 2001 e 2010, por conta dos eventos
climáticos extremos, de acordo com o Centro de Investigação sobre a
Epidemiologia dos Desastres (CRED). O saldo é 20% superior ao da década
passada, entre 1991 e 2000.
Entre os episódios que podem ter sido potencializados pelas mudanças
climáticas e que mais provocaram mortes, a WMO destaca:
– as ondas de calor que atingiram a Europa, em 2003, e a Rússia, em 2010;
– as ondas de calor que atingiram a Europa, em 2003, e a Rússia, em 2010;
– os furacões dos EUA, como o Katrina e
– o ciclone Nargis, em Mianmar.
A participação do homem no aquecimento
No relatório, a WMO volta a afirmar que os eventos climáticos extremos
podem, sim, ser atribuídos a variações naturais do clima do planeta, mas também
foram influenciados pelo aumento das emissões de gases do efeito estufa provocados
pelo homem.
Há menos de um ano, estudo divulgado pela NASA atestou que as emissões
de gases causadores do efeito estufa – e não a variação da radiação solar, como
defendem alguns cientistas – são a principal razão para o aquecimento
global.
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão ao analisar, durante seis
anos, o balanço energético do planeta (também conhecido como balanço de forçamento
radioativo), que nada mais é do que a quantidade de energia solar absorvida
pela Terra e o montante devolvido ao espaço em forma de calor.
Segundo eles, apesar da incidência de radiação solar ter diminuído
drasticamente entre os anos de 2005 e 2010 – foi a mais longa mínima de
radiação solar registrada na história, desde que medições desse tipo começaram
a ser feitas -, o desiquilíbrio energético do planeta continua positivo.
Isto é, a Terra continua a absorver mais energia do que manda de volta para o
espaço e, portanto, continua esquentando.
Sendo assim, atualmente, a variação da radiação solar não pode ser
considerada a principal fonte do aquecimento global, como afirmam os cientistas
que defendem que o fenômeno é 100% natural. Segundo a pesquisa da NASA, as
ações do homem são as culpadas pelo aquecimento em excesso do planeta.
Os recordes não param
A segunda década do século XXI mal começou, mas já bateu recorde. 2012 foi
apontado pela WMO como o 27º ano consecutivo em que as temperaturas do oceano e
da terra ficaram acima da média e o nono ano mais quente, desde 1850.
Vamos esperar o próximo recorde para agir?
A China é um dos países que está sofrendo com a bagunça climática no
planeta. Nesse mês de agosto, imagens da NASA mostram do espaço a onda de calor
que “assou” a região. No início do ano, ninguém poderia imaginar que o país
passaria por uma situação como essa, já que, em janeiro, o que castigava os
chineses era o pior inverno dos últimos 28 anos. (abril)
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