segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O alerta da década mais quente da história

A primeira década do século XXI foi a mais quente da história da Terra, desde o início das medições modernas da temperatura do planeta, em 1850. O recado é da Organização Meteorológica Mundial (WMO), que publicou, em julho deste ano, o relatório Clima Global 2001-2010: Uma década de eventos climáticos extremos, comprovando que algo não vai bem ao planeta.
Segundo a publicação, a temperatura média global entre 2001 e 2010, foi de 14,47ºC. Isto significa que tivemos temperaturas quase 0,5ºC acima da média registrada entre 1961 e 1990. O estudo revelou ainda que esse aquecimento não é de hoje: desde a década de 1951-1960, o planeta está mais quente. A diferença é que o aumento está cada vez mais intenso, como mostra, abaixo, o gráfico da WMO.
Os recordes do século XXI, que mal começou, não param por aí: com exceção de 2008, os anos dessa primeira década estão entre os mais quentes da história. 2010 é o campeão, com uma temperatura estimada em 0,54ºC acima da média global.
Está mais quente e daí?
Já dizia Newton que toda ação tem uma reação. O aumento sem precedentes da temperatura, entre 2001 e 2010, resultou na maior incidência de eventos extremos climáticos – como ondas de calor, secas, ciclones e inundações – nos dois hemisférios.
O degelo também aumentou – no Ártico e na Antártica. Como resultado desse derretimento do gelo e da expansão térmica da água, o nível médio global do mar cresceu cerca de 3 milímetros por ano, na primeira década do século XXI. Trata-se de, aproximadamente, o dobro da média do século XX, quando foi registrado aumento de 1,66 milímetros ao ano.
Além de danos à natureza, toda essa bagunça climática custou vidas. Mais de 370 mil pessoas morreram, entre 2001 e 2010, por conta dos eventos climáticos extremos, de acordo com o Centro de Investigação sobre a Epidemiologia dos Desastres (CRED). O saldo é 20% superior ao da década passada, entre 1991 e 2000.
Entre os episódios que podem ter sido potencializados pelas mudanças climáticas e que mais provocaram mortes, a WMO destaca:
– as ondas de calor que atingiram a Europa, em 2003, e a Rússia, em 2010;
– os furacões dos EUA, como o Katrina e
– o ciclone Nargis, em Mianmar.
A participação do homem no aquecimento
No relatório, a WMO volta a afirmar que os eventos climáticos extremos podem, sim, ser atribuídos a variações naturais do clima do planeta, mas também foram influenciados pelo aumento das emissões de gases do efeito estufa provocados pelo homem.
Há menos de um ano, estudo divulgado pela NASA atestou que as emissões de gases causadores do efeito estufa – e não a variação da radiação solar, como defendem alguns cientistas – são a principal razão para o aquecimento global.
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão ao analisar, durante seis anos, o balanço energético do planeta (também conhecido como balanço de forçamento radioativo), que nada mais é do que a quantidade de energia solar absorvida pela Terra e o montante devolvido ao espaço em forma de calor.
Segundo eles, apesar da incidência de radiação solar ter diminuído drasticamente entre os anos de 2005 e 2010 – foi a mais longa mínima de radiação solar registrada na história, desde que medições desse tipo começaram a ser feitas -, o desiquilíbrio energético do planeta continua positivo. Isto é, a Terra continua a absorver mais energia do que manda de volta para o espaço e, portanto, continua esquentando.
Sendo assim, atualmente, a variação da radiação solar não pode ser considerada a principal fonte do aquecimento global, como afirmam os cientistas que defendem que o fenômeno é 100% natural. Segundo a pesquisa da NASA, as ações do homem são as culpadas pelo aquecimento em excesso do planeta.
Os recordes não param
A segunda década do século XXI mal começou, mas já bateu recorde. 2012 foi apontado pela WMO como o 27º ano consecutivo em que as temperaturas do oceano e da terra ficaram acima da média e o nono ano mais quente, desde 1850.
Vamos esperar o próximo recorde para agir?
A China é um dos países que está sofrendo com a bagunça climática no planeta. Nesse mês de agosto, imagens da NASA mostram do espaço a onda de calor que “assou” a região. No início do ano, ninguém poderia imaginar que o país passaria por uma situação como essa, já que, em janeiro, o que castigava os chineses era o pior inverno dos últimos 28 anos. (abril)

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