Prefeitos se reúnem em Campos do Jordão
A proposta do governador Geraldo Alckmin anunciada na tarde
de ontem de transpor água da bacia do Rio Paraíba do Sul, no Vale do Paraíba,
para abastecer o Sistema Canteira, em São Paulo, será discutida por prefeitos
da região amanhã, em Campos do Jordão. A medida sofre resistência de moradores
e divide a opinião dos prefeitos, que têm suas cidades abastecidas pelo Rio
Paraíba do Sul.
O projeto consiste em retirar água de um dos braços da
represa do Jaguari, na cidade de Igaratá, por meio de uma estação elevatória e
levá-la ao Reservatório Atibainha, em Nazaré Paulista, no Sistema Cantareira,
por um canal com 15 km de extensão, obra que custará R$ 90 milhões ao governo
do Estado.
O prefeito de Pindamonhangaba e presidente do Consórcio de
Desenvolvimento Integrado do Vale Do Paraíba, Serra da Mantiqueira e Litoral
Norte (Codivap), Vito Ardito Lerário (PSDB), disse que será necessário um
estudo para saber qual a quantidade de água a ser direcionada ao Sistema
Cantareira, para que os municípios não tenham o abastecimento prejudicado.“
Esse estudo terá de levar em consideração os municípios do Estado do Rio de
Janeiro que também são abastecidos pelo Rio Paraíba do Sul. Sabemos da importância
do projeto devido à gravidade da situação pela qual passa o Sistema Cantareira,
essa proposta precisa ser mais bem discutida.”
Lerário acredita que a medida não afetará o abastecimento no
Vale do Paraíba, pois seu nível é considerado bom. “Essa questão vem sendo
discutida desde o governo Montoro. Outro ponto que deveria ser levantado é a
questão do tratamento das águas do Rio Tietê. Guarulhos poderia começar a
tratar seu esgoto de forma que o Tietê pudesse ter suas águas tratadas e
abastecer a capital.”
O empresário Hélio Barbosa, de Igaratá, afirmou que a cidade
iniciará um movimento para tentar evitar que a proposta seja colocada em
prática. “A cidade é contrária ao projeto e o nível do Rio Jaguari vem
registrando baixas há oito meses. Se isso (o projeto de transposição) ocorrer,
nossa represa vai secar”, disse. Segundo ele, que possui uma marina às margens
da represa, nesses últimos oito meses ela teria perdido 96 bilhões m3. “Atualmente a represa está oito metros abaixo de seu nível normal.”
A prefeitura de Igaratá informou, por meio de sua assessoria
de imprensa, que o projeto não afetará o abastecimento na cidade, já que a água
consumida pela população é proveniente de outra represa existente no centro da
cidade.
Segundo a assessoria, a represa do Rio Jaguari foi
construída para diminuir enchentes em algumas cidades do Vale do Paraíba. Ainda
de acordo com a prefeitura de Igaratá, apenas o turismo náutico seria afetado
com a baixa da represa. (cliptvnews)
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