domingo, 25 de maio de 2014

Ritmo de emissão de gases estufa dobra na última década

As emissões de dióxido de carbono (CO2) e dos demais gases de efeito estufa na atmosfera dobraram na primeira década do século 21 em relação aos últimos 30 anos do século 20. A revelação consta do relatório que o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas deve apresentar amanhã em Berlim. As negociações entre cientistas e delegados nacionais, porém, são lentas: até a noite de ontem, após cinco dias de trabalho, apenas 50% do documento havia sido revisado.
O relatório diz respeito às estratégias de controle e redução dos efeitos das mudanças climáticas geradas pela intervenção humana. Segundo o rascunho que ainda hoje será discutido pelos cientistas, "as tendências atuais de emissões de gases de efeito estufa estão no topo dos níveis projetados para a próxima década”.
O IPCC adverte ainda que o crescimento médio das emissões, de 2,2% ao ano na primeira década do século 21, foi superior ao 1,3% registrado entre 1970 e 2010. No biênio 2010 e 2011, o nível chegou a 3%, conforme o jornal britânico The Guardian.
Outro dado alarmante é que as emissões não pararam de crescer mesmo com a crise financeira internacional, que desacelerou o ritmo da atividade econômica mundial. Para cumprir o objetivo de limitar o aumento médio da temperatura da Terra a 2°C até 2100, países desenvolvidos, como os Estados Unidos, seriam obrigados a cortar até 2030 pela metade suas emissões de gases de efeito estufa em relação a 2010. Países emergentes, como China, Índia e Brasil, também precisam participar de esforços semelhantes - a despeito de terem contribuído menos para as emissões de CO2 desde o início da revolução industrial.
Custos
O rascunho do documento tende a desapontar investidores e líderes políticos que aguardam um balanço financeiro do custo das medidas de mitigação do aquecimento global. De acordo com dados obtidos pela agência Reuters, o texto afirma que uma dura redução das emissões de gases de efeito estufa implicaria uma perda "de consumo" avaliada entre 1% e 4% até 2030, de 2% a 6% até 2050, e de 2% a 12% até 2100, se comparado a nenhuma ação. "Estes custos não consideram os benefícios da mitigação, incluindo a redução dos impactos climáticos", ressalta o texto.
Os cientistas indicam, portanto, que haverá perda econômica, mas não detalham os dados, nem explicam o que consideram "consumo". "Nós vamos oferecer mais análise econômica desta vez, mas não vamos colocar isso como o único impacto", afirmou à agência o coordenador do IPCC, o indiano Rajendra Pachauri. (uol)

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