Os leitores desta coluna já estão cansados de ler que os acordos
internacionais do clima não decolam e nem nunca decolarão porque não existe
governo global. Sem uma instância superior com poder para fazer valer o
combinado, nenhum país irá autolimitar-se, ainda mais porque quem manda no
governo está sempre pensando na próxima eleição, e imposto sobre petróleo, por
exemplo, nunca é muito popular.
O mundo, felizmente, muda. Ao invés de reduzir suas emissões
agregadamente, os países estão voluntariamente adotando regras individuais. Em
66 países, os quais emitem 88% das emissões mundiais de gases de efeito estufa,
foram implementadas 500 leis nacionais sobre o tema, é o que mostra o recente
relatório publicado pela Globe International e Instituto Grantham de
Investigação sobre mudança climática e Ambiente do London School of Economics,
na Inglaterra. O link para a íntegra deste documento você encontra em http://www.globeinternational.org/pdfviewer.
Naturalmente, os países desenvolvidos têm liderado este esforço, com sua
elevada proporção de pessoas minimamente educadas para entender o que é uma
estufa, e que por isso pressionam seus governos. Entre eles, está a exceção do
Japão, que abandonou algumas de suas metas de redução de emissões em função do
desligamento de várias de suas usinas nucleares em decorrência de Fukushima.
Duas regiões que surpreenderam foram a África subsaariana, e a América
Latina. Na Bolívia foi lançada recentemente a Ley marco de la madre Tierra
y desarrollo integral para vivir bien (que também mostra que a prolixidade
não é monopólio brasileiro). O grau de seriedade de implementação é também
variável, mas em conjunto, estas centenas de leis implementadas em países com
seus sistemas de justiça e polícia, garantem alguma implementação, ao contrário
de um combinado na base do fio de barba que os países fazem, e que a menor
crise já faz todos abandonarem o barco. Na verdade, recentemente nem mesmo este
combinado de brincadeira temos mais. É mais honesto, talvez.
Ao fim, é você, eu, a torcida do Flamengo, o Doutor Zezé e a Dona
Mariquinha que decidimos o futuro de nosso planeta. (ecodebate)
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