Sabesp admite baixa pressão da água durante a noite.
Companhia continua negando racionamento. Número de pessoas
que economizam água diminuiu. Ao menos 25% dos paulistas aumentaram gastos.
"Ponto de captação que leva a água do volume morto da
Represa Jaguari-Jacareí ao túnel 7 do Sistema Cantareira, na divisa entre os
municípios Joanópolis e Piracaia, no interior de São Paulo"
A presidente da Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, disse
na quarta-feira que a redução da pressão noturna da água na rede de
distribuição "atinge 2% da população" da Grande São Paulo. O
porcentual seria equivalente a 400.000 habitantes. Em audiência
na Câmara Municipal, a presidente da Sabesp voltou a negar a prática de
racionamento nas cidades operadas pela empresa - são 373 no Estado, incluindo a
capital.
"Não há racionamento de água
no Estado de São Paulo. Todas as redes estão pressurizadas em tempo
integral", afirmou Dilma em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) que investiga o contrato da companhia com a Prefeitura e os casos de
falta dágua na capital. Dilma admitiu que "existe, sim, uma diminuição
da pressão noturna que atinge, em média 1% ou 2% da população. Quando a maioria
das pessoas está em repouso, não tem por que as redes ficarem pressurizadas
como ficam durante o dia, às 14 horas, ao meio-dia".
Para alguns especialistas, a
redução da pressão no período noturno significa racionamento. A medida tem
provocado falta de água em algumas regiões da cidade entre 22 horas e 6 horas
do dia seguinte. Segundo a Sabesp, essa prática é adotada desde 2007 e foi
intensificada neste ano com objetivo de reduzir as perdas de água por vazamento
na rede de distribuição durante a crise de estiagem.
"Não existe racionamento.
Existem, sim, não nego, falta de água pontual em áreas muito altas, muito longe
dos reservatórios setoriais de abastecimento ou em residências onde moram
muitas pessoas e a capacidade de reservação é muito pequena", afirmou
Dilma. Segundo ela, o racionamento é a medida mais "simplória" para
se tomar diante de uma crise de seca nos mananciais, mas a empresa preferiu não
adotá-lo porque penalizaria os mais pobres, que não têm grandes caixas d'água.
Vereadores da CPI, contudo,
discordam da presidente da Sabesp. "Não nos interessa a terminologia que
se usa, o que interessa é que falta água na cidade de São Paulo. Isso é
fato", disse o vereador Laércio Benko (PHS), presidente da comissão.
‘Mentira’
Para José Eduardo Ismael Lutti,
promotor do Meio Ambiente, a afirmação de que a redução da pressão noturna
atinge 2% da população "é mentira". "É muito mais. A região
Leste da capital (tem racionamento). Tirando o Alto da Lapa, (na Zona
Oeste) o City Lapa, Vila Leopoldina, Vila Hamburguesa, até perto de
Pinheiros, todas as noites não tem água. E não é para condomínio que tem caixa
lá em cima. É para casas, sobrados", disse Lutti.
Questionada sobre a possibilidade
de proibição de uso da segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira
solicitada em ação judicial pelo Ministério Público, a presidente da companhia
afirmou que há "convicção de que teremos essa autorização" e não
respondeu se há outra alternativa para manter o abastecimento. Segundo
ela, os cerca de 50 bilhões de litros que restam da primeira cota da reserva
profunda dos reservatórios são "suficientes para até meados de
novembro", caso não chova, e que, se a crise de estiagem no manancial se
repetir como no último verão, a água da segunda reserva - de 106 bilhões
de litros - dura "até março ou meados de abril". O uso dessa
nova parcela do volume morto ainda não foi autorizado pelos órgãos reguladores
do sistema.
A crise da estiagem se agrava
rapidamente no Estado. Entretanto, a adesão da população ao programa de
bônus para economia de água na Grande São Paulo caiu no mês de setembro,
segundo dados divulgados esta semana pela Sabesp. Apesar do agravamento da
crise de estiagem, 25% dos clientes da empresa aumentaram o consumo de água no
mês passado - ante 24% em agosto. De acordo com o levantamento, 49% dos
clientes atingiram a meta de redução de 20% do consumo e ganharam o desconto de
30% na conta, enquanto 26% reduziram os gastos, mas abaixo do bônus. Essa
redução levou a uma economia de 3.600 litros por segundo em setembro
- 300 litros por segundo a menos do que em agosto.
Para Dilma, os números são motivo
para comemorar. "Nós temos o que comemorar. A população entendeu a crise e
aderiu ao bônus, mudando de atitude de forma exemplar",
afirmou. Desde o lançamento do programa de bônus, em fevereiro, para a
região do Cantareira, o mês de maio foi o que registrou a maior adesão, de 90%
da população, e junho, o de maior economia efetiva, de 2.700 litros por
segundo. No mês passado, a adesão na área do Cantareira foi de 76% e a
economia, de 2.500 litros por segundo. (veja)
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