COP21: Metas de Paris põem
mundo no rumo de aquecer 3ºC, diz estudo
Uma
nova análise dos planos climáticos submetidos pelos países para a conferência
de Paris confirma que o mundo está no rumo dos 3°C de aquecimento neste século
caso não haja uma séria escalada na ambição das metas propostas para 2030.
Segundo
afirmou em 16/09/15 o Climate Action Tracker, um grupo que reúne pesquisadores
de quatro instituições europeias, as INDCs (Contribuições Nacionalmente
Determinadas Pretendidas) apresentadas por 29 governos até agora, que cobrem
cerca de 65% das emissões do mundo, ainda deixam o planeta em 2030 com 17
bilhões a 21 bilhões de toneladas de gás carbônico a mais do que seria
necessário para evitar que o aquecimento global atinja o limite de 2°C.
Essa
temperatura foi acordada na conferência de Copenhague, em 2009, como o limiar
máximo em relação à era pré-industrial para evitar os piores impactos da
mudança do clima, como o aumento potencialmente catastrófico do nível do mar –
embora vários estudos tenham apontado desde então que mesmo esse grau de
aquecimento é perigoso demais.
Das
INDCs apresentadas até aqui, apenas duas – as da Etiópia e do Marrocos – são
consistentes com um aquecimento menor do que 2°C. Todas as outras foram
qualificadas como “inadequadas” ou “médias”.
A
avaliação do Climate Action Tracker confirma o estudo apresentado na semana
passada pelo Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do
Amazonas) sobre a insuficiência das INDCs. Segundo o Idesam, as propostas
apresentadas até aqui excedem em 3,6 bilhões de toneladas o teto de emissões
neste século compatível com os 2°C. Se incluídas as metas chinesas, o buraco de
ambição chegaria a 31 bilhões de toneladas.
Ambos
usaram metodologias diferentes: o Idesam calculou o déficit considerando a
média de emissões anuais permitidas neste século pelo orçamento de carbono
disponível segundo os cientistas (1 trilhão de toneladas de CO2). O
Climate Action Tracker procurou olhar especificamente para os anos de 2025 e
2030.
O
estudo divulgado em Bonn aponta que estabelecer metas capazes de segurar o
aquecimento da Terra em 1,5°C, como desejam alguns países, já não é mais
possível. Limitar o aquecimento a 2°C com metas para o ano de 2030 será, na
melhor das hipóteses, caro demais.
Segundo
Bill Hare, pesquisador da Climate Analytics e um dos responsáveis pelo Climate
Action Tracker, a única saída para o impasse é adiantar o prazo das metas e
propor compromissos de mais curto prazo.
“Está
claro que, se o acordo de Paris travar os compromissos atuais no ano de 2030,
segurar o aquecimento em 2°C poderia tornar-se basicamente impraticável e, em
1,5°C, fora de alcance. Dado o nível de ação climática na mesa, metas só
deveriam ser adotadas até 2025”, disse Hare, em comunicado.
O
grupo também sugere que os países que já colocaram suas metas na mesa aumentem
significativamente sua ambição até Paris, e os que ainda não o fizeram – entre
eles o Brasil e a Índia – apresentem metas muito elevadas.
O
alemão Arthur Runge-Metzger, negociador da União Europeia, diz que não há a
menor chance de uma revisão prévia das INDCs. “Havia essa proposta no ano
passado, na conferência de Lima, mas ela foi jogada fora”, afirmou ao OC. Os
ciclos de compromisso de cinco anos vêm sendo defendidos pela UE e por outros
países, como o Brasil. “Mas tudo só será decidido em Paris.” (ecodebate)
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