Setenta
anos passados sobre a agressão nuclear norte-americana a Hiroxima poucos
duvidarão do verdadeiro fundamento da decisão de Truman em causar tal
morticínio: na mente do sucessor de Roosevelt já estava bem incrustada a
intenção de lançar a Guerra Fria e o crime serviria de aviso a Estaline para
que refreasse o ímpeto expansionista da União Soviética.
A
efeméride serve, pois, para lembrar aos mais distraídos em como, quando se
trata do exercício do poder, a direita põe de lado todos os escrúpulos éticos e
morais, não prescindindo de revelar a sua verdadeira face. E, então, se o
perde, entra na lógica do vale tudo, como Tsipras ainda sentiu bem na pele
recentemente, ou ainda está a sentir se pensarmos na forma como a queda da
Bolsa de Atenas está a suscitar o “clima” propício para uma maior propensão
para as cedências perante as imposições dos credores nas atuais negociações
para um terceiro resgate.
Mas, voltando ao Japão,
a mesma direita também não deixa de se revelar fraudulenta quando se trata da
sua relação com o nuclear.
Embora
os japoneses tenham interiorizado, e de que forma! As suas inquietações com
essa forma de energia, o primeiro ministro Shinzō Abe assume-se como o
testa-de-ferro dos grandes interesses privados do seu país, e como tal,
igualmente da Tokyo Electric Power Company (TEPCO), a proprietária da
central nuclear de Fukushima. Ora um enorme véu mediático cobre o assunto
melindroso dos efeitos ambientais das explosões ali ocorridas e dos efeitos
produzidos desde então.
A
comunidade internacional manifesta uma preocupação muito significativa com as
descargas de água radioativa para o oceano Pacífico por muito que os
responsáveis da empresa continuem a aumentar o número de enormes reservatórios
em torno da central para aí depositarem uma grande parte do fluxo de
refrigeração diariamente utilizado para arrefecer o seu núcleo. São muitas
toneladas de águas radioativas, que ninguém sabe como neutralizar nos seus
duradouros efeitos perniciosos para o meio ambiente. E, pior, ainda é o facto
de muitos desses depósitos terem fugas para o exterior, contaminando assim a
zona circundante e, sobretudo, os veios freáticos existentes no subsolo.
A
vigarice intentada pelas autoridades japonesas chega a tal sofisticação, que
instalou medidores de radiação nas zonas habitadas mais próximas de Fukushima,
mas cuidando de limpar cuidadosamente as zonas mais próximas onde colocou tais
equipamentos. No entanto basta percorrer algumas dezenas de metros e logo os
contadores Geiger assinalam níveis de radiação perigosos para a vida humana.
Temos,
pois, um país traumatizado pelo nuclear usado com objetivos belicistas e, ao
mesmo tempo, a sujeitar-se a futuras comoções, não menos perturbantes, devido à
sua utilização como fonte de energia. Apenas justificada pela ganância dos
acionistas da TEPCO em continuarem a assegurar os seus lucros. (ventossemeados)
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