sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Cortinas verdes controlam excesso de incidência solar

Cortinas verdes é alternativa para controlar excesso de incidência solar
Aplicação de cortinas verdes na arquitetura como alternativa para controlar o excesso de incidência de sol.

School of the Arts, Singapura – WOHA Arquitetos
Em Paris, na França, já é lei: prédios comerciais devem ter tetos verdes ou painéis solares em suas construções. Soluções sustentáveis têm sido cada vez mais discutidas e pensadas nas grandes cidades do mundo. Foi justamente a crescente proposição das cortinas verdes como alternativa para controlar o excesso de incidência solar no interior dos edifícios que motivou a pesquisadora Minéia Scherer a desenvolver, como tese de doutorado, o trabalho Cortinas verdes na Arquitetura: desempenho no controle solar e na eficiência energética de edificações. “Tem-se observado o aumento do uso desse tipo de elemento em projetos de arquitetura, sobretudo em países da Europa e Ásia. No Brasil, seu uso ainda é incipiente, com poucas obras executadas. A maioria são adaptações posteriores, não propriamente usando a cortina verde como elemento de concepção projetual”, afirma Minéia.
A pesquisa foi desenvolvida em três etapas: o estudo teórico sobre o tema, o acompanhamento de um experimento de campo com algumas espécies e a realização de simulações computacionais para a verificação da eficiência energética. A capacidade de sombreamento de cada espécie também foi considerada. “O uso da vegetação trepadeira para esse fim traz inúmeras vantagens, por ser um componente natural, que não absorve calor, como ocorre com concreto ou metais. Ao contrário, a vegetação resfria e umidifica o ar ao seu redor.”
No experimento, foram analisados quatro tipos de vegetação trepadeira adaptadas ao clima da Região Sul: Glicínia, Trombeta-chinesa, Jasmim-leite e Madressilva-creme. O comportamento das espécies foi diferente, dependendo da situação do clima: “De uma forma geral, a Glicínia foi a que teve melhor desempenho para o caso do Sul do Brasil, de clima subtropical. Desta forma, pode-se concluir que as trepadeiras apropriadas dependerão de cada região”, conta.
De acordo com a tese, com um bom planejamento, podem-se utilizar as cortinas verdes em qualquer tipo de edificação, seja residencial ou comercial, térrea ou com vários andares: “A vegetação trepadeira pode ser plantada diretamente no solo ou em grandes jardineiras, o que viabiliza seu uso inclusive em pavimentos superiores”, explica a pesquisadora.
Segundo Minéia, o uso dessas plantas incorporadas ao edifício, seja na forma de cortinas verdes ou de outro tipo de jardim vertical, é uma tendência da produção arquitetônica contemporânea, já que os benefícios para o meio ambiente e para as pessoas estão constantemente sendo comprovados. “A maior contribuição desta pesquisa é a de demonstrar a viabilidade de um sistema alternativo para evitar o excesso de incidência solar, que utiliza um componente de baixo impacto ambiental e que vai ao encontro das premissas de uma arquitetura mais sustentável”, reflete. Para a pesquisadora, um dos grandes problemas enfrentados pelo modelo de arquitetura no Brasil é o grande uso de vidro e, por consequência, o excesso de energia solar que se transforma em calor no interior dos prédios: “Essa elevada carga térmica gera a necessidade do uso de sistemas de climatização praticamente o ano todo, o que muitas vezes é um desperdício de energia”, completa.
A pesquisa Cortinas verdes na Arquitetura: desempenho no controle solar e na eficiência energética de edificações foi premiada pela UFRGS como a melhor tese apresentada na área de Ciências Sociais e Aplicadas em 2014.
BRT Arquitetos, Munique, Alemanha (ecodebate)

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