É preciso interpretar a
regeneração em terras desmatadas na Amazônia brasileira, aponta estudo.
Segundo a análise, vegetação
secundária precisa ser incorporada às políticas públicas do Brasil.
O Climate Policy Initiative/
Núcleo de Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-Rio (CPI/ PUC-Rio) lança,
através do projeto INPUT, um estudo que alerta para a necessidade de
interpretar o crescimento da regeneração que ocorre em terras desmatadas na
Amazônia brasileira – conhecida como vegetação secundária. A análise é um
primeiro passo para auxiliar formuladores de políticas públicas a se atentarem
para a regeneração florestal, a fim de promover uma política eficaz de
conservação e de uso da terra.
De acordo com dados divulgados
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), quase um quarto da área
desmatada na Amazônia brasileira até 2014 continha indício de regeneração,
totalizando 17 milhões de hectares de vegetação secundária. Apesar disso, a regeneração
permaneceu invisível por muito tempo. Um dos motivos é uma característica dos
atuais sistemas brasileiros de monitoramento e quantificação de desmatamento,
que foram desenhados para detectar apenas vegetação primária.
Segundo
o estudo do CPI/ PUC-Rio, ainda não é claro o que está por trás desse
crescimento. Pouco se sabe se as políticas públicas inibiram ou provocaram a
regeneração em áreas desmatadas e não há evidências que permitam concluir se a
expansão da vegetação secundária resultou do combate ao desmatamento na
Amazônia. Entretanto, sabe-se que houve aumento na extensão da cobertura
vegetal em áreas desmatadas sem que houvesse esforços de políticas específicas
nessa direção.
“Nosso estudo nos leva a uma
conclusão clara: a vegetação secundária precisa ser incorporada às políticas de
conservação da Amazônia”, alerta Juliano Assunção, diretor executivo do CPI no
Brasil e professor do Departamento de Economia da PUC-Rio. “A falta de
conhecimento sobre o aumento da vegetação secundária na Amazônia impõe a
necessidade de mais pesquisa sobre o assunto. É preciso interpretar os dados
com análises e métodos rigorosos para que seja possível entender o que provocou
esse crescimento”.
Os pesquisadores do CPI/ PUC-Rio
recomendam quatro prioridades de análise para uma melhor compreensão da
natureza e da dinâmica da vegetação secundária. Primeiro, é preciso determinar
o impacto das políticas de desmatamento sobre a regeneração florestal. Segundo,
cabe entender se o aumento da regeneração representa ineficiências no padrão de
uso da terra na Amazônia. Terceiro, é importante avaliar de que forma a
regeneração florestal se integra ao novo Código Florestal. Finalmente, vale
identificar como a regeneração florestal afeta as metas brasileiras de redução
de emissões. (ecodebate)
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