quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Países devem aumentar ambição contra mudança climática

Países devem aumentar ambição contra mudança climática, diz chefe do clima da ONU.
Os países precisam aumentar drasticamente suas ambições na luta contra a mudança climática, disse a Organização Meteorológica Mundial (OMM), alertando que o planeta em breve ficará preso em um ciclo de aquecimento implacável.
"O nível de ambição tem estado baixo demais", disse Petteri Taalas, chefe da OMM, a repórteres em Genebra, alertando que o mundo está a caminho, neste século, de ver aumentos de temperatura 3 a 4 vezes maiores do que o objetivo declarado no acordo de Paris.
Líderes mundiais que assinaram o acordo comprometeram-se a uma série de medidas para limitar o aumento da temperatura global abaixo de 2°C e, se possível, abaixo de 1,5ºC.
Mas estudos recentes mostram que o mundo está fora do caminho certo e provavelmente não atingirá essa meta.
"Sabemos que, se queremos atingir 1,5ºC, os níveis de ambição devem ser extremamente altos, e pode-se dizer que não é muito realista alcançar 1,5ºC", disse Taalas.
"Globalmente, não conseguimos seguir um caminho que levasse a 1,5 e 2°C", disse, alertando que "estamos indo em direção a três a cinco graus (...) até o final deste século".
Taalas apontou que, atualmente, 85% da energia global é produzida usando combustíveis fósseis, com apenas 15% vindo de uma combinação de energias nuclear, hidrelétrica e renovável.
"Para ter sucesso na mitigação do clima, devemos reverter esses números", afirmou.
Ele também insistiu que mais precisa ser feito para "eletrificar nossos sistemas de transporte", e pediu que as pessoas se movimentem mais em direção a dietas vegetarianas para ajudar a reduzir os altos níveis de emissões de gases do efeito estufa durante a produção de carne.
Todos os dias ocorrem "tempestades, enchentes, secas e incêndios", ONU pede mais ambição para combate à mudança climática. Governos e sociedade precisam se unir contra o aquecimento global
Com 2018 se encaminhando para ser o 4º ano mais quente já registrado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou nesta semana que o mundo precisa agir dentro de dois anos para evitar as consequências desastrosas da mudança climática desenfreada.
Taalas não mencionou um ponto de corte semelhante, mas ressaltou que, se não for feito mais para conter as emissões, as temperaturas globais subirão muito além da meta de 2°C.
"Alcançaremos um clima 8°C mais quente que duraria até dezenas de milhares de anos", alertou, apontando que o dióxido de carbono, uma vez emitido, pode permanecer na atmosfera por milênios.
Mesmo que os países intensifiquem seus esforços agora e façam tudo o que for necessário para garantir que a meta de Paris seja atingida, Taalas apontou que o planeta continuará aquecendo e que as geleiras na Groenlândia, Antártica e em outros lugares continuarão derretendo pelo menos nos próximos 50 anos.
"Se conseguirmos controlar as emissões, veremos a estabilização da situação na década de 2060", afirmou.
"O derretimento não para imediatamente. É um processo lento", disse, acrescentando que, mesmo que as metas de Paris sejam atingidas, o nível global dos mares deve subir um metro até o final do próximo século.
O aquecimento global gera enormes mudanças climáticas mundiais.
Se não cumprirmos as metas de Paris, no entanto, devemos esperar que o nível do mar suba um metro em cada século, e isso "continuará por milhares de anos", disse Taalas. (uol)

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