Países
devem aumentar ambição contra mudança climática, diz chefe do clima da ONU.
Os
países precisam aumentar drasticamente suas ambições na luta contra a mudança
climática, disse a Organização Meteorológica Mundial (OMM), alertando que o
planeta em breve ficará preso em um ciclo de aquecimento implacável.
"O
nível de ambição tem estado baixo demais", disse Petteri Taalas, chefe da
OMM, a repórteres em Genebra, alertando que o mundo está a caminho, neste
século, de ver aumentos de temperatura 3 a 4 vezes maiores do que o objetivo
declarado no acordo de Paris.
Líderes
mundiais que assinaram o acordo comprometeram-se a uma série de medidas para
limitar o aumento da temperatura global abaixo de 2°C e, se possível, abaixo de
1,5ºC.
Mas
estudos recentes mostram que o mundo está fora do caminho certo e provavelmente
não atingirá essa meta.
"Sabemos
que, se queremos atingir 1,5ºC, os níveis de ambição devem ser extremamente
altos, e pode-se dizer que não é muito realista alcançar 1,5ºC", disse
Taalas.
"Globalmente,
não conseguimos seguir um caminho que levasse a 1,5 e 2°C", disse,
alertando que "estamos indo em direção a três a cinco graus (...) até o
final deste século".
Taalas
apontou que, atualmente, 85% da energia global é produzida usando combustíveis
fósseis, com apenas 15% vindo de uma combinação de energias nuclear,
hidrelétrica e renovável.
"Para
ter sucesso na mitigação do clima, devemos reverter esses números",
afirmou.
Ele também insistiu
que mais precisa ser feito para "eletrificar nossos sistemas de
transporte", e pediu que as pessoas se movimentem mais em direção a dietas
vegetarianas para ajudar a reduzir os altos níveis de emissões de gases do
efeito estufa durante a produção de carne.
Todos
os dias ocorrem "tempestades, enchentes, secas e incêndios", ONU pede
mais ambição para combate à mudança climática. Governos e sociedade precisam se
unir contra o aquecimento global
Com
2018 se encaminhando para ser o 4º ano mais quente já registrado, o secretário-geral
da ONU, António Guterres, alertou nesta semana que o mundo precisa agir dentro
de dois anos para evitar as consequências desastrosas da mudança climática
desenfreada.
Taalas
não mencionou um ponto de corte semelhante, mas ressaltou que, se não for feito
mais para conter as emissões, as temperaturas globais subirão muito além da
meta de 2°C.
"Alcançaremos
um clima 8°C mais quente que duraria até dezenas de milhares de anos",
alertou, apontando que o dióxido de carbono, uma vez emitido, pode permanecer
na atmosfera por milênios.
Mesmo
que os países intensifiquem seus esforços agora e façam tudo o que for
necessário para garantir que a meta de Paris seja atingida, Taalas apontou que
o planeta continuará aquecendo e que as geleiras na Groenlândia, Antártica e em
outros lugares continuarão derretendo pelo menos nos próximos 50 anos.
"Se
conseguirmos controlar as emissões, veremos a estabilização da situação na
década de 2060", afirmou.
"O derretimento
não para imediatamente. É um processo lento", disse, acrescentando que,
mesmo que as metas de Paris sejam atingidas, o nível global dos mares deve
subir um metro até o final do próximo século.
O
aquecimento global gera enormes mudanças climáticas mundiais.
Se
não cumprirmos as metas de Paris, no entanto, devemos esperar que o nível do
mar suba um metro em cada século, e isso "continuará por milhares de
anos", disse Taalas. (uol)
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