Aquecimento
Global: Um bilhão de pessoas serão expostas a doenças como a dengue com o
aumento da temperatura mundial.
Até
um bilhão de pessoas poderiam ser expostas a mosquitos portadores de doenças
até o final do século devido ao aquecimento global, diz um novo estudo que
examina mensalmente as mudanças de temperatura em todo o mundo.
Aedes albopictus. Segundo a Organização Mundial da Saúde, os
mosquitos são um dos animais mais letais do mundo, portadores de doenças que
causam milhões de mortes todos os anos.
Os
cientistas dizem que a notícia é ruim mesmo em áreas com um pequeno risco de
ter um clima adequado para mosquitos, porque os vírus que carregam são notórios
por surtos explosivos quando aparecem no lugar certo, sob as condições certas.
“A mudança climática é a maior e mais abrangente ameaça à
segurança sanitária global”, diz o biólogo de mudança global Colin J. Carlson,
PhD, um pós-doutorado no departamento de biologia da Universidade de Georgetown
e coautor do novo estudo. “Mosquitos são apenas parte do desafio, mas depois do
surto de zika no Brasil em 2015, estamos especialmente preocupados com o que
vem a seguir.”
Publicado
na revista de acesso aberto PLOS Neglected Tropical Diseases (“Global
expansion and redistribution of Aedes-borne virus transmission risk with
climate change”), a equipe de pesquisa, liderada por Sadie J. Ryan da Universidade da
Flórida e Carlson, estudou o que aconteceria se os dois mosquitos transmissores
de doenças mais comuns – Aedes aegypti e Aedes albopictus – seguirem e se
moverem à medida que a temperatura muda ao longo de décadas.
Segundo
a Organização Mundial da Saúde, os mosquitos são um dos animais mais letais do
mundo, portadores de doenças que causam milhões de mortes todos os anos. Tanto
o Aedes aegypti quanto o Aedes albopictus podem conter os vírus da dengue,
chikunguyna e zika, bem como pelo menos uma dúzia de outras doenças emergentes
que, segundo os pesquisadores, podem ser uma ameaça nos próximos 50 anos.
Com o aquecimento global, dizem os cientistas, quase toda a
população mundial pode ser exposta em algum momento nos próximos 50 anos. À
medida que a temperatura aumenta, eles esperam transmissões durante todo o ano
nos trópicos e riscos sazonais em quase toda parte. Uma maior intensidade de
infecções também é prevista.
O
Aedes Aegypti está se sentindo em casa.
“Essas
doenças, que consideramos estritamente tropicais, já apareceram em áreas com
climas adequados, como a Flórida, porque os seres humanos são muito bons em
mover os insetos e seus patógenos em todo o mundo”, explica Ryan, professor
associado de geografia médica na Flórida.
“O
risco de transmissão de doenças é um problema sério, mesmo nas próximas
décadas”, diz Carlson. “Lugares como a Europa, a América do Norte e altas
elevações nos trópicos que costumavam ser muito frias para os vírus enfrentarão
novas doenças, como a dengue.”
Mudanças
climáticas mais severas produziriam proporcionalmente piores exposições
populacionais para o mosquito Aedes aegypti. Mas em áreas com o pior aumento do
clima, incluindo o oeste da África e sudeste da Ásia, são esperadas reduções
sérias das condições para o mosquito Aedes albopictus, mais notadamente no
sudeste da Ásia e no oeste da África. Este mosquito transporta dengue,
chikunguyna e zika.
“Entender
as mudanças geográficas dos riscos realmente coloca isso em perspectiva”, diz
Ryan. “Embora possamos ver mudanças nos números e achar que temos a resposta,
imagine um mundo quente demais para esses mosquitos.”
“Isso
pode soar como uma boa notícia, cenário de más notícias, mas é tudo uma má
notícia se acabarmos no pior cronograma para a mudança climática”, diz Carlson.
“Qualquer cenário em que uma região se torne quente demais para transmitir a
dengue é aquele em que também temos ameaças diferentes, mas igualmente severas,
em outros setores da saúde.”
A
equipe de pesquisadores analisou as temperaturas mês a mês para projetar o
risco até 2050 e 2080. A modelagem não previa qual tipo de mosquito migraria,
mas sim um clima em que sua disseminação não seria evitada.
“Com base no que
sabemos sobre o movimento do mosquito de região para região, 50 anos é um tempo
considerável, e esperamos uma disseminação significativa de ambos os tipos de
insetos, particularmente o Aedes aegypti, que prosperam em ambientes urbanos”,
explica Carlson.
“Este
é apenas um estudo para começar a entender os desafios que enfrentamos
rapidamente com o aquecimento global”, diz Carlson. “Temos uma tarefa hercúlea
à frente. Precisamos descobrir o patógeno por patógeno, região por região,
quando os problemas surgirão para que possamos planejar uma resposta global à
saúde”. (ecodebate)
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