Estudo da Agência Nacional de
Águas (ANA) prevê crescimento de 24% do consumo de água até 2030.
O consumo e o uso das águas
no país devem crescer 24% até 2030, diz um estudo lançado em 01/04/19 pela
Agência Nacional de Águas (ANA).
De acordo com a agência,
responsável pela gestão dos recursos hídricos no Brasil, o país usa, em média,
a cada segundo, 2 milhões e 83 mil litros de água. Em 2030, esse total deve
superar a marca de 2,5 milhões de litros por segundo.
O Manual de Usos Consuntivos da Água no
Brasil traça um panorama das demandas pelos recursos
hídricos em todos os municípios brasileiros entre 1931 e 2030. Ele se baseia no
chamado consumo consuntivo quando a água retirada é consumida, parcial ou
totalmente, no processo a que se destina.
Segundo o estudo da ANA, os
principais usos consuntivos da água no Brasil são o abastecimento humano
(urbano e rural), o abastecimento animal, a indústria de transformação, a
mineração, a termoeletricidade, a irrigação e a evaporação líquida de reservatórios
artificiais.
Somente a agricultura
irrigada é responsável por 52% de toda a água retirada no país. Em seguida, vêm
o uso para abastecimento urbano, com 23,8%, a indústria, com 9,1%, e o uso
animal, em especial para dessedentação, com 8%.
De acordo com o levantamento,
o volume de uso consuntivo conjunto de água na agricultura irrigada, no
abastecimento urbano e na indústria de transformação responde por 85% das
retiradas de água em corpos hídricos, totalizando 2,083 milhões de litros por
segundo.
O uso de águas para a
agricultura irrigada prevalece nas regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste. Na
Região Norte, prevalecem atualmente as retiradas de água para termelétricas e
abastecimento humano urbano. No Sudeste, predominam o abastecimento urbano e a maior
demanda de uso na indústria de transformação.
A agricultura irrigada também
é destaque entre os municípios que mais consomem água no país, sendo
responsável por oito das dez maiores vazões de retirada de água, ficando atrás
apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro, primeiro e segundo lugares,
respectivamente, onde o principal uso é para abastecimento urbano.
Somente a agricultura
irrigada é responsável por 52% de toda a água retirada no país.
Juntos, os dois municípios
têm cerca de 19 milhões de habitantes e retiram pouco mais de 101 milhões de
litros por segundo para abastecimento. Já municípios como Uruguaiana, Santa
Vitória do Palmar, Alegrete, Itaqui, São Borja e Mostardas, no Rio Grande do
Sul; Juazeiro, na Bahia; e Petrolina, em Pernambuco, em sua maioria com menos
de 100 mil habitantes, usam cerca de 160 milhões de litros por segundo.
Outro ponto de destaque
analisado pela agência reguladora foi a evaporação líquida em reservatórios
artificiais, o que inclui hidrelétricas e açudes. De acordo com o estudo, em
2017, houve evaporação líquida de 669,1 mil litros por segundo. “Este volume é
aproximadamente 35% maior que o retirado para abastecimento urbano (496,2 mil
litros por segundo) e 6,8 vezes maior que o consumido por este uso (99,2 mil l/s).
A evaporação líquida só é superada pelo retirada e pelo consumo de água pela
irrigação (respectivamente 1083,6 e 792,1 mil l/s)”, diz a ANA.
O levantamento da ANA destaca
ainda o papel crescente das usinas termelétricas na demanda por água. Segundo o
estudo, mesmo sendo uma atividade de intensificação mais recente, a retirada de
água por termelétricas, é superior à soma de todas as retiradas para mineração
e abastecimento humano no meio rural. Enquanto as termelétricas responderam por
3,8% das retiradas de água, o abastecimento rural respondeu por 1,7%, enquanto
a mineração ficou com 1,6% das retiradas.
Os estados que respondem pela
maior variação das retiradas são: Rio de Janeiro, com 21% da demanda total,
Santa Catarina, com 13%, São Paulo, com 11%, Pará, com 9%, Maranhão, com 9%, e
Pernambuco, com 8%. Juntos, esses estados concentram 72% da demanda total que
foi de 79,5 m³/s em 2017.
Segundo a agência reguladora,
a identificação e a quantificação dos usos atuais e potenciais das águas
representa uma oportunidade de aprimorar o processo participativo na gestão da
água, em torno de questões como a oferta e a demanda. A ANA diz ainda que os
dados são um insumo à garantia da “segurança hídrica da população e do setor
produtivo”.
“Na esfera setorial, essa
base fornece aos setores produtivos um novo panorama e uma visão de futuro dos
usos da água e do balanço hídrico nas bacias hidrográficas do território
nacional, balizando as análises de risco e de sustentabilidade hídrica dos
empreendimentos. O planejamento do Estado brasileiro junto aos setores contará
com essas informações de referência, orientando importantes instrumentos como
os Planos Nacional e Estaduais de Irrigação e as revisões do Plano Nacional de
Energia”, diz o estudo. (ecodebate)
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