A mudança geoeconômica global
O mundo está passando por uma
mudança geoeconômica e geopolítica de grandes proporções. Nos últimos 40 anos,
o mapa mundial das principais economias globais e dos blocos regionais e
políticos se alterou com surpreendente rapidez. Como mostra o gráfico acima,
com dados do FMI, o G20 (que reúne 19 das maiores economias do mundo mais a
União Europeia) mantem o percentual acima de 80% do PIB mundial, apesar da
ligeira diminuição de 83,7% em 1980, para 80,4% em 2018.
Porém, o G7 – que reúne as
principais economias capitalistas do mundo (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino
Unido, Itália e Canadá) – apresentou uma redução relativa muito acentuada,
passando de 51% do PIB global em 1980, para 30,1% em 2018. Em 1980, o G7 era
mais do dobro do G12 (os países em desenvolvimento, representados nas colunas
do gráfico acima) e tinha uma economia mais de 20 vezes superior à economia da
China ou 10 vezes superior à Chíndia (China + Índia). Mas o G7 ficou menor do
que o G12 em 2009 e deve empatar com a Chíndia em 2020. Para 2023, a estimativa
do FMI é que o G7, com 27,1% do PIB global, será menor do que o G12 com 46,7% e
menor do que a Chíndia com 30,3%.
A União Europeia (com 28 Estados-membros:
Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, República Checa,
Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia,
Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta,
Polônia, Portugal, Romênia, Reino Unido e Suécia), tinha 29,9% do PIB mundial
em 1980 e caiu para 16,3% em 2018, ficando abaixo da participação da China
(18,7%) e, consequentemente, abaixo da Chíndia, do RIC (Rússia, Índia e China)
e do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Em 2023, a UE,
com 14,8% em relação ao PIB global, deve representar a metade do tamanho da
Chíndia (com 30,3%) e três vezes menor do que o G12.
Observa-se uma grande
inversão do peso das economias avançadas em relação às economias emergentes nas
últimas 4 décadas. Considerando as economias avançadas como sendo o G7 mais a
“UE – 4” (UE menos a Alemanha, França, Reino Unido e Itália) e o G12 como as
economias em desenvolvimento ou emergentes do grupo G20, nota-se que as
primeiras (avançadas) representavam 61,7% do PIB global em 1980, quase 3 vezes
superior aos 22% das economias emergentes (G12). No ano 2013, pela primeira
vez, as economias emergentes ultrapassaram as economias avançadas e em 2018,
elas já representavam 42,9% do PIB global, contra 36,9% das economias
avançadas. A estimativa do FMI para 2023 indica o G7 + “UE – 4” com 33,5% e o
G12 (economias emergentes do G20) com 46,7% do PIB global. Portanto, mudou a
correlação de forças entre os países desenvolvidos e os países em
desenvolvimento.
Entre os países emergentes, o
grande destaque é o grupo BRICS que no ano 2000 representava 18,7% do PIB
global e era quase 3 vezes menor do que as economias avançadas com 52,8% do PIB
global, conforme sintetizado na tabela abaixo. Contudo, mostrando a inversão
geoeconômica global, o BRICS empatou com o G7 + “UE – 4” em 2018 e deve ficar
com 35,9% do PIB global contra 33,5% das economias avançadas. Entre os 5 países
do grupo BRICS o destaque é o subgrupo RIC (Rússia, Índia e China) que em 2023
deve empatar com o conjunto das economias avançadas, em torno de 33% do PIB
global. E no subgrupo RIC, o destaque é a Chíndia (China + Índia) que até 2023
vai ultrapassar o peso do G7 na economia internacional. Evidentemente, entre
todos os países, a nação que apresentou o crescimento mais rápido e o maior
salto em termos de desenvolvimento socioeconômico é a China que já superou os
EUA e também a União Europeia, sendo o país com o maior PIB do Planeta.
O fato é que as economias
emergentes cresceram muito mais rápido que as economias avançadas nas últimas 4
décadas. O motor do crescimento mundial está localizado nas duas nações mais
populosas do mundo – China e Índia – que também já foram as grandes potências
do passado, antes do início da Revolução Industrial e Energética. Rússia, Índia
e China formam o grupo RIC, que tem uma posição fulcral na Eurásia, contam com
uma força de trabalho muito ampla e com amplos recursos naturais. O triângulo
estratégico deve forjar uma nova ordem global, reconfigurando as relações
internacionais e gerando grandes impactos econômicos e políticos sobre as
relações estruturais e sobre a governança global. (ecodebate)
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