sexta-feira, 29 de maio de 2020

Oceano quente deflagra eventos climáticos extremos

Oceano quente pode deflagrar ano de eventos climáticos extremos.
Os mares do mundo estão cozinhando e temperaturas recordes levam meteorologistas a esperar que o aquecimento global cause um ano caótico com eventos climáticos extremos.
Partes dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico tiveram as temperaturas mais altas em registro no mês passado, segundo os Centros Nacionais de Informação Ambiental dos EUA.
As temperaturas elevadas podem oferecer pistas sobre a violência da temporada de furacões no Atlântico e dos incêndios da Amazônia à Austrália e sobre a continuidade do calor e das tempestades que assolam o sul dos EUA.
No Golfo do México onde a perfuração offshore é responsável por cerca de 17% de toda a produção de petróleo de EUA, a temperatura da água estava em 24,6°C ou 1,7°C acima da média de longo prazo, afirmou Phill Klotzbach, da Universidade Estadual do Colorado. Se as águas do Golfo permanecerem quentes, isso pode intensificar qualquer tempestade, acrescentou ele.
Todo oceano tropical está acima da média, disse Michelle L’ Heureux, meteorologista do Centro de Previsão Climática dos EUA. E há um componente do aquecimento global nisso. É realmente impressionante como os oceanos tropicais estão quentes.
Enquanto o coronavírus domina as atenções, o aquecimento global continua sendo uma ameaça. A ‘água do mar’ guarda calor melhor que a atmosfera, disse Deke Arndt, chefe de monitoramento dos Centros Nacionais de Informação Ambiental de Asheville, na Carolina do Norte.
Os cinco anos mais quentes para os mares, conforme mensuração por instrumentos modernos, ocorreram na última meia dúzia de anos. “É definitivamente relacionado à mudança climática”, disse Jennifer Francis, cientista sênior do Centro de Pesquisas Woods Hole, em Massachussets. “Os oceanos estão absorvendo cerca de 90% do calor retido por gases adicionais causadores do efeito estufa”.
A elevação das temperaturas globais este ano também remonta a sistemas climáticos intensos no Ártico, que prenderam boa parte do frio ali, impedindo que se espalhasse para regiões temperadas ao sul. Juntamente com o aquecimento global, isto elevou a temperatura do mar a máximas históricas.
Alimentado a fúria
Enquanto isso, se o Atlântico permanecer quente, durante a temporada de seis meses de tempestades que começa em 1º de junho, a conjuntura pode alimentar a fúria dos sistemas tropicais.
Os oceanos também desempenham papel importante na propagação de incêndios florestais. No caso da Austrália e da Amazônia áreas especialmente quentes dos oceanos podem atrair as chuvas para longe da terra, provocando condições menos úmidas e, em casos extremos, a seca. No ano passado, por exemplo, o Oceano Índico estava realmente quente na Costa da África e atraiu todas as tempestades. Já a Austrália ficou sem chuvas.
No Atlântico, uma pesquisa da professora de Geociências da Universidade do Arkansas, Kátia Fernandes, também mostrou correlação entre as temperaturas da superfície do mar na parte tropical norte de Atlântico e secas e incêndios florestais na Amazônia. Quanto mais quente a água, as chuvas na América do Sul são empurradas para o norte.
Segundo o modelo de Fernandes, as temperatura do Atlântico podem prever se a Amazônia ficará seca e suscetível à incêndios. (uol)

Nenhum comentário:

Degradação florestal na Amazônia afeta área três vezes maior que desmatamento

Entre março de 2023 e de 2024, INPE detectou aviso de degradação para 20,4 mil km², maior que os 18 mil km² do período anterior. É necessári...