Por diversas vezes alertamos
que o processo de devastação avança sem controle e que não observamos medidas
estruturais que possam interromper este processo equivocado de desenvolvimento,
socialmente injusto e ambientalmente irresponsável.
Ninguém está propondo a
insanidade de condenar a agricultura, mas não podemos aceitar os agrobandidos
(grileiros e madeireiros ilegais), que ”abrem” espaço para pecuaristas e
sojicultores. Este é o modelo de produção em terras públicas, crescentemente
griladas.
Sempre insistimos nas nossas
preocupações com o mais do que conhecido consórcio amazônico da devastação:
grilagem-madeireiras ilegais-queimadas-pecuária-monocultura da soja.
Não falamos da agricultura sustentável
e responsável, nem do agronegócio em si, mas do ‘ogronegócio’, dos
agrobandidos que se escondem atrás daqueles que produzem de forma correta e
responsável. A maioria dos produtores rurais tenta ser social e ambientalmente
responsável.
No sul e sudeste do Brasil,
os madeireiros sabem da importância do manejo florestal para a sobrevivência do
próprio negócio. Não é o caso da Amazônia legal, porque é baseada apropriação e
na grilagem de terras públicas, na fraude fundiária, no desmatamento ilegal e no
trabalho escravo. A fraude fundiária é de tal monta que se todos os
”proprietários” reclamassem suas terras teríamos de invadir a Amazônia de sete
países vizinhos.
Estes problemas fazem parte de um processo ilegal e irresponsável de ocupação da Amazônia, amplamente denunciado pelos movimentos sociais. Há décadas acontece da mesma forma e sempre na mesma seqüência: grileiros – madeireiros – queimadas – pecuaristas – produtores de grãos.
Segundo o código florestal, as Áreas de Preservação Permanente são aquelas que, cobertas ou não por vegetação nativa, tem a função ambiental de preservar recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade e o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar de populações humanas.
Toda a vegetação que se
encontra às margens dos cursos d’água, como as matas ciliares, é considerada
Área de Preservação Permanente, tendo seus limites definidos pela largura dos
rios.
É importante destacar que o
trabalho escravo é intensamente utilizado na primeira fase do processo –
grilagem e desmatamento ilegal.
É perfeitamente possível que
os recursos naturais sejam usados de forma sustentável. A agricultura
sustentável e ambientalmente responsável já é praticada no país. Não há porque
isto não aconteça no Cerrado e na Amazônia.
No Cerrado e na Amazônia, há
décadas, existe um gigantesco esquema ilegal e corrupto que se apropria dos
ativos ambientais e que somente pode ser combatido sistemicamente, se o modelo
de desenvolvimento for repensado. Na verdade deveríamos iniciar as discussões
sobre este modelo econômico escorado na exportação de produtos primários, com
destaque para minério, carne e grãos. É necessário questionar a quem serve este
modelo e a quem beneficia
Desenvolvimento é completamente
diferente do que aí está. Queremos um desenvolvimento que seja sustentável,
economicamente inclusivo, socialmente justo e ambientalmente responsável. Se
não for assim não é sustentável. Aliás, também não é desenvolvimento.
Precisamos iniciar as discussões
sobre este modelo econômico escorado na exportação de produtos primários, com
destaque para minério, alumínio primário, carne e grãos. É necessário
questionar a quem serve este modelo e a quem beneficia.
Ou questionamos e encontramos
outro modelo de desenvolvimento ou continuaremos no modelo colonial de
exportação de produtos primários. É o que fazemos desde o descobrimento (apenas
mudamos de senhores ao longo do tempo) e ainda não chegamos lá.
A Amazônia e o Cerrado são,
sem dúvida, alguns dos principais patrimônios dos brasileiros. Dadas as
flutuações políticas e de mercado em que vivemos, garantir a eficácia dos
acordos e legislações é crucial para sua conservação.
O aumento da devastação poderia ter sido evitado, mas não foi. E, se depender de medidas estruturais, continuará não sendo. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário