Temperatura
média global em 2020 ficou ‘perigosamente perto’ do limite de 1,5°C.
Novo
relatório sobre clima mostra mundo “à beira do abismo”
• A temperatura média global em 2020 ficou
cerca de 1,2°C acima do nível pré-industrial. Este número está “perigosamente
perto” do limite de 1,5°C defendido por cientistas para evitar os piores
impactos das mudanças climáticas. O dado é do novo relatório do Estado do Clima
Global da Organização Meteorológica Mundial (OMM), publicado em 19/04/2021.
• De acordo com a publicação, os seis anos
desde 2015 foram os mais quentes já registrados na história e a década de 2011
a 2020 foi a mais quente de todos os tempos.
• “Estamos à beira do abismo”, afirmou o
secretário-geral António Guterres em coletiva de imprensa de lançamento.
2021, ‘ano de ação’. O chefe da ONU sublinhou que
2021, “deve ser o ano da ação”, apelando para uma série de “avanços concretos”,
antes da reunião dos países em Glasgow, em novembro, para a 26ª sessão da
Conferência das Partes (COP26) à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima/UNFCCC.
“Os países precisam apresentar novas contribuições
ambiciosas nacionalmente determinadas que foram elaboradas pelo Acordo de
Paris. Seus planos climáticos para os próximos 10 anos devem ser muito mais
eficientes”, afirmou Guterres.
O secretário-geral também pediu que os compromissos e
planos climáticos sejam apoiados com ação imediata; e que os trilhões de
dólares investidos pelas nações mais ricas para a recuperação doméstica da
COVID-19 sejam alinhados com o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável/ODS, e que os subsídios direcionados
aos combustíveis fósseis sejam transferidos para as energias renováveis.
“Os países desenvolvidos devem liderar a eliminação gradual do carvão, até 2030 nos países da OCDE e até 2040 em outros lugares. Não devem ser construídas novas usinas a carvão”, frisou Guterres.
‘2020 viu um aumento de 1,2°C na temperatura global’, diz relatório.
Alerta precoce – O relatório do Estado do Clima Global
também observou como a mudança climática prejudica os esforços de
desenvolvimento sustentável, por meio de uma cadeia em cascata de eventos
inter-relacionados que podem piorar as desigualdades existentes, bem como
aumentar o potencial para círculos viciosos, perpetuando o ciclo de
deterioração das mudanças climáticas.
O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, advertiu
que a “tendência negativa” no clima poderia continuar nas próximas décadas,
independente dos esforços de mitigação, exigindo maiores investimentos em
adaptação.
“O relatório mostra que não temos tempo a perder. O
clima está mudando e os impactos já são muito caros para as pessoas e para o
planeta. Este é o ano de ação”, afirmou, conclamando todos os países a se
comprometerem com a emissão zero até 2050.
“Uma das formas mais poderosas de adaptação é investir
em serviços de alerta precoce e redes de observação do tempo. Vários países
menos desenvolvidos têm grandes lacunas em seus sistemas de observação e
carecem de meteorologia, clima e serviços hídricos de última geração”,
destacou.
Destaques dos relatório – Entre suas descobertas, o
relatório da OMM de 2020 observou que as concentrações dos principais gases de
efeito estufa continuaram a aumentar em 2019 e 2020, com a média global para as
concentrações de dióxido de carbono já tendo ultrapassado 410 partes por milhão
(ppm), com um alerta adicional de que se a concentração seguir o mesmo padrão
dos anos anteriores, podemos atingir ou ultrapassar 414 ppm neste ano.
A OMM também observou que a acidificação e
desoxigenação dos oceanos continuaram, impactando os ecossistemas, a vida
marinha e a pesca, além de reduzir sua capacidade de absorver CO2 da
atmosfera.
Além disso, 2019 viu o maior nível de calor oceânico
já registrado, e a tendência provavelmente continuou em 2020, assim como o
aumento do nível do mar médio no mundo.
Alerta ártico – O relatório também disse que, desde
meados da década de 1980, as temperaturas da superfície do ar ártico aqueceram
pelo menos duas vezes mais rápido que a média global, com “implicações
potencialmente grandes” não apenas para os ecossistemas árticos, mas também
para o clima global, como o degelo do permafrost liberando metano, um potente gás
de efeito estufa na atmosfera.
Além disso, a extensão de gelo marinho do Ártico chegou a um recorde mínimo, observado nos meses de julho e outubro/2020, enquanto a camada de gelo da Groenlândia perdeu aproximadamente 152 gigatoneladas de gelo, entre setembro/2019 e agosto/2020.
Novembro/2020 teve uma das temperaturas mais altas já registradas.
Temperatura bateu o recorde estabelecido em 2016.
Eventos climáticos extremos também foram registrados
em vários locais do mundo, com fortes chuvas e inundações, secas severas e de
longo prazo, tempestades desastrosas e incêndios florestais generalizados e
prolongados, como nos EUA e na Austrália. (ecodebate)



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