terça-feira, 17 de setembro de 2024

Sistema de irrigação por gotejamento

Sistema de irrigação por gotejamento acionado por FV com armazenamento de ar comprimido.

O sistema proposto usa ar comprimido para armazenar energia, bem como para a prevenção de entupimentos nos tubos de irrigação. Dois sistemas experimentais foram construídos e testados na China e o entupimento foi reduzido em até 93%.
Pesquisadores da Northwest A&F University da China desenvolveram um novo sistema de irrigação por gotejamento alimentado por solar fotovoltaica, que armazena energia na forma de ar comprimido. O uso de ar comprimido não apenas regula o desempenho do sistema, mas também garante uniformidade no fluxo de saída da irrigação e melhora o antientupimento dos tubos.

“Este modelo inovador de irrigação fotovoltaica aborda efetivamente as flutuações na saída fotovoltaica, que muitas vezes dificultam o fornecimento de energia estável e confiável para sistemas de irrigação por gotejamento. Além disso, os processos de armazenamento e liberação de energia geram uma pressão de água dinâmica pulsada que melhora o desempenho antientupimento dos sistemas de irrigação por gotejamento, ao mesmo tempo em que garante uniformidade na distribuição de água”, disse o autor correspondente Dr. Maosheng Ge à pv magazine. “Nossas descobertas indicam que recursos solares off-grid de pequena escala podem ser perfeitamente combinados com a tecnologia de irrigação por gotejamento por meio dessa abordagem direta”.

Para maximizar o equilíbrio entre água e energia do sistema, os pesquisadores utilizaram um tanque de pressão selado com uma mistura de ar e água. Esse tanque está localizado entre uma bomba e os tubos de gotejamento. O tanque é inicialmente preenchido com ar e, uma vez que a energia solar está disponível, a bomba empurra água para o tanque, comprimindo efetivamente o ar nele. Uma vez que uma certa pressão é atingida, uma válvula se abre, liberando a água armazenada em pulsos. Uma vez que a água é liberada, o ar se expande novamente, permitindo a repetição do ciclo.

“Durante o processo do ciclo, o volume de ar no tanque de pressão sofre expansão durante cada processo de irrigação por gotejamento de pulso, garantindo assim a consistência do tempo do jato de pulso e do fluxo de descarga”, disse o grupo. “Embora a saída do painel solar e o desempenho de elevação de água da bomba variem devido a variações na irradiação solar ou oclusão de nuvens durante diferentes períodos do dia, essas diferenças alteram apenas o tempo de elevação e injeção de água de cada período de pulso em diferentes horas do dia, sem afetar o processo do jato de pulso”.

Para testar o novo sistema, os cientistas construíram duas configurações experimentais em Yangling, China. Para a análise do desempenho hidráulico, eles usaram um painel fotovoltaico de 374 W que alimentava uma bomba de 16 L/min. A bomba conduzia água por um tubo central de 48 metros, ao qual oito tubos laterais eram conectados, cada um com seis metros de comprimento. Em cada bomba, seis emissores foram colocados, resultando em um total de 48 emissores em todo o sistema. Abaixo de cada um deles, um copo de medição foi colocado.
O layout do sistema. Imagem: Northwest A&F University, Agricultural Water Management

O segundo sistema experimental focou em desempenhos antientupimento. Para isso, água lamacenta com um teor de areia de 2 g/L estava fluindo em quatro fitas de gotejamento. Uma fita recebeu sua água diretamente do tanque de água contaminada usando uma bomba, enquanto as outras três tinham um tanque de pressão entre a bomba e a fita. Nas três últimas, o sistema usou a mesma técnica de pressão de água&ar da primeira configuração.

“O sistema opera no modo de irrigação por gotejamento de pulso cíclico intermitente, com a vazão do emissor variando como uma função de potência da pressão de pico para garantir uma uniformidade de vazão não inferior a 91,76%”, explicou o grupo. “Além disso, a pressão de pulso dinâmica gerada pelo sistema melhora significativamente o desempenho ante entupimento do emissor. Durante os testes de entupimento intensificados, a deposição de sedimentos no tubo lateral foi reduzida em 78,95% – 93,36% em comparação com os sistemas de irrigação por gotejamento contínuo de pressão constante”.

Além disso, a equipe conduziu uma análise econômica do sistema, descobrindo que a implementação do sistema custará US$ 373,13, equivalente ao investimento inicial de US$ 103,84 na irrigação por gotejamento tradicional. No entanto, considerar apenas o consumo de energia operacional e os benefícios ambientais pode resultar em benefícios operacionais anuais de até US$ 19,41 por mu, que é a unidade tradicional chinesa de área terrestre, equivalente a aproximadamente 667 m2.

“O sistema oferece benefícios econômicos e ambientais substanciais sem aumentos significativos nos custos de investimento do sistema, ao mesmo tempo em que fornece energia limpa e prontamente disponível para operação eficiente de sistemas de irrigação por gotejamento, contribuindo assim positivamente para a segurança alimentar”, concluiu a equipe científica.

O sistema foi apresentado em “The incorporation of solar energy and compressed air into the energy supply system enhances the environmentally friendly and efficient operation of drip irrigation systems”, publicado em Agricultural Water Management. (pv-magazine-brasil)

domingo, 15 de setembro de 2024

Como será o clima em setembro 2024: vem aí um mês de extremos

Leia a tendência de clima para o mês de setembro no Centro-Sul do Brasil elaborada pelos meteorologistas da MetSul.
Clima em setembro terá como protagonista o calor com temperaturas extremamente altas em muitos estados e potencialmente até recordes. Calor excessivo favorecerá muito fogo e fumaça com qualidade do ar ruim a péssima em diversas capitais.

Setembro será um mês de extremos no Brasil com protagonismo do calor que vai ser excessivo com muitos dias quentes e de temperatura extremamente alta em diversos estados do país, o que vai levar a muito fogo com grande número de queimadas. No Sul, sem o El Niño forte de 2023, a chuva não terá acumulados tão altos quanto no ano passado.

O inverno astronômico termina apenas no dia 22 de setembro às 9h44, mas o chamado período da primavera meteorológica tem início em 1º de setembro porque compreende o trimestre que vai de setembro a novembro. Setembro é, assim, um mês que marca a transição para a primavera e traz junto um aumento da temperatura.

Em Porto Alegre, por exemplo, em agosto a média da temperatura mínima é de 11,6ºC e a máxima média histórica é de 21,8ºC. Setembro, por sua vez, tem média mínima na capital gaúcha de 13,3ºC e uma máxima média de 22,8ºC, com base nas normais climatológicas da série 1991-2020. A precipitação média mensal é de 147,8 mm.

Na cidade de São Paulo, enquanto agosto tem uma média mínima histórica de 13,3ºC, o mês de setembro tem mínima média de 14,9ºC. A média das máximas também se eleva, de 24,5ºC para 25,2ºC. A precipitação média mensal, conforme a série histórica 1991-2020, é de 83,3 mm, bem acima dos 32,3 mm de agosto, o mês mais seco do ano na climatologia da capital paulista.

Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=NxHuVc7KuYo

Onda de calor vai trazer clima de deserto ao Brasil, mas já tem nova frente fria no radar

Previsão do tempo indica que as temperaturas devem subir mais e por um período maior em comparação ao início deste ano.

Setembro, historicamente, é ainda um mês da estação seca no Centro do Brasil. Com isso, as médias de precipitação ainda são baixas na maior parte do Centro-Oeste e do Sudeste do país. Há muitos dias de calor intenso e alguns até extremo, particularmente no Centro-Oeste, com muitas máximas acima de 40ºC, sobretudo no Mato Grosso.

Com mais calor e o tempo ainda muito seco, o número de queimadas costuma ser muito alto no Brasil Central. O mês de maior incidência de fogo no Cerrado é justamente setembro com uma média histórica de 22.020 focos de calor, superior a de agosto de 13.627 no bioma e inferior a de outubro de 12.150.

No Centro do Brasil, setembro costuma marcar, especialmente durante a segunda metade do mês, o retorno gradual da chuva. Assim, pela climatologia, o auge da estação seca e quente na região se dá na segunda metade de agosto e na primeira de setembro enquanto na segunda quinzena de setembro começa a se observar um aumento dos índices de precipitação.

Já mais ao Sul do território nacional, particularmente no Rio Grande do Sul, setembro costuma na climatologia histórica ter altos volumes de chuva com muitos episódios passados de cheias de rios e enchentes. Tanto que, no caso do estado gaúcho, há o folclore da enchente de São Miguel, na segunda metade do mês, o que se sublinha, não ocorreu todos os anos.

Setembro começa sem La Niña

O setembro do ano passado foi marcado por enchentes catastróficas no Rio Grande do Sul. No Vale do Taquari, a maior enchente desde 1941 até aquele momento devastou a região. Porto Alegre registrou a maior cheia do Guaíba desde 1941 também até então e pela primeira vez desder 1967 o Guaíba superava a cota de 3,00 metros no Cais Mauá.

O mês de setembro em 2023 transcorreu sob a influência do fenômeno El Niño, que teve início em junho do ano passado, e naquele momento já era forte e ainda ganhava força. O cenário de setembro de 2024 é bastante diferente, sem El Niño ou La Niña atuando no Pacífico Equatorial agora no seu começo.

Conforme o último boletim semanal da NOAA, a anomalia de temperatura da superfície do mar era de 0,0ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central, que é usada oficialmente para definir se há El Niño ou La Niña e qual sua intensidade.
NOAA O valor é de neutralidade absoluta. A MetSul projeta resfriamento do Pacífico Central no mês com valores negativos de anomalia de temperatura do mar, com uma língua de águas mais frias já presente, mas não se espera um anúncio iminente pela NOAA de que se iniciou um evento de La Niña. Já a Leste, os sinais de uma La Niña do Atlântico cederam.

Chuva em setembro

A maior parte do mês de setembro será de precipitações escassas no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil com clima muito seco no Brasil Central, interior de São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, com dias de baixíssima umidade que vão potencializar o calor sob solo muito seco.

A primeira quinzena, em especial, será muito seca no Centro do Brasil. Já na segunda metade do mês, o cenário de precipitação gradualmente começará a mudar com o gradual retorno da chuva para áreas do Sudeste e do Centro-Oeste entre a terceira e a quarta semanas do mês, mas ainda de forma irregular e mal distribuída. Será quando algumas cidades neste momento há mais de 120 dias sem chuva podem ter, finalmente, precipitação.

Os mapas abaixo trazem a projeção de anomalia de chuva semana por semana para grande parte de setembro do modelo de clima do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF) em que se constata a tendência de um padrão mais seco no Centro do país ainda na primeira metade de setembro.

ECMWF

A região do Centro-Sul do Brasil que mais terá chuva, entretanto, será o Sul do país, como é o normal nesta época. A tendência é que a maior parte do Paraná tenha chuva abaixo da média na maioria dos dias de setembro.

Já Santa Catarina deve estar na área de transição entre as zonas com mais e menos chuva, assim que o mês pode terminar com maior variabilidade de volumes com chuva abaixo ou acima da média, conforme a localidade.

O estado da Região Sul que mais deve ter chuva em setembro é o Rio Grande do Sul. A precipitação no mês deve ficar perto ou acima da média na maior parte do estado, porém algumas áreas podem anotar chuva abaixo da média. O cenário no clima é por demais distinto de setembro de 2023, assim que não se projeta padrão de chuva igual ao do ano passado.

Clima em setembro muito quente

De acordo com a análise da MetSul Meteorologia, setembro em 2024 deve ser marcado por temperatura acima a muito acima da média histórica em quase todo o Centro-Sul do Brasil. Os maiores desvios de precipitação devem se dar no Centro-Oeste e em parte do Sudeste, mas em parte do Sul o mês também será muito quente, especialmente no Paraná.
Projeção de anomalia de temperatura para setembro do modelo

Áreas mais ao Sul e o Leste gaúcho devem ter mais dias de temperatura agradável ou amena com maior proximidade dos valores médios históricos, embora a tendência de o mês terminar com marcas acima da média em muitos locais da Região Sul.

A MetSul espera um muito baixo número de dias de frio agora em setembro deste ano no Sul do país, apesar que não deixará de fazer frio. Na primeira semana do mês, ar frio ingressa e trará algumas noites de temperatura baixa e geada em diferentes cidades, mas essa não será a tônica do mês.

Os mapas abaixo trazem a projeção de anomalia de temperatura semana por semana para grande parte do mês de setembro do modelo de clima do Centro Meteorológico Europeu em que se observa como a temperatura deve ficar acima da média no Centro do Brasil principalmente na primeira metade do mês sob clima mais seco.

Uma massa de ar extremamente quente vai atuar no Centro-Oeste, no Norte e Sudeste do Brasil na primeira metade do mês com máximas extremas e potencialmente recordes em algumas cidades. O grande bolsão de ar quente deve se expandir para o Sul do país com maior impacto na segunda semana do mês, quando as temperaturas podem ficar muitíssimo acima da média nos estados do Sul.

Clima em setembro tem aumento de temporais

Setembro, como mês da primavera climática, tende a ter um aumento dos episódios de tempo severo no Sul do Brasil. O risco é principalmente agravado com incursões tardias de ar frio à medida que a presença de ar quente se torna mais comum sobre o Sul do país com o fim do inverno, embora neste ano não se preveja uma alta frequência de ar frio.

O encontro de massas de ar frio e quente gera as tempestades severas, sobretudo na chegada de frentes frias. Em anos de El Niño, como foi o caso de 2023 e não é de 2024, atmosfera mais quente, úmida e instável, com maior influência de ar tropical, favorece uma maior frequência de tempestades no Sul do Brasil.

Os temporais não necessariamente são mais intensos, mas ocorrem em maior número. Podem ocorrer os primeiros eventos de sistemas convectivos de mesoescala, aglomerados de nuvens carregadas que crescem durante a noite, uma característica da primavera, no Norte argentino e no Paraguai.

Em 2024, o risco de temporais com granizo e raios será maior na segunda metade do mês que tende a ter um padrão de instabilidade maior no Centro-Sul do Brasil, porém não se projeta uma alta frequência de tempestades como se viu no ano passado.

Por fim, setembro é um mês com maior propensão para a formação de ciclones extratropicais no Atlântico Sul, nas latitudes médias do continente, especialmente nos litorais da Argentina e Uruguai, e às vezes na costa do Sul do Brasil, uma vez que se torna mais frequente o encontro de massas de ar quente e frio na região. Devem ser esperados alguns ciclones na costa uruguaia e argentina, um possivelmente já no começo do mês, impulsionando frentes frias para o Brasil.
Previsão de pressão atmosférica e chuva no domingo de madrugada mostra o ciclone desenvolvido com centro na altura do Uruguai, e sua frente fria sobre o Rio Grande do Sul.

Ciclone extratropical se forma no Sul do Brasil no fim da semana: primeiras impressões e riscos

Ciclone extratropical deve começar a se formar, atingindo a região sul durante o fim de semana com chuvas moderadas e ventos fortes. Confira quais regiões apresentam os maiores riscos. (metsul)

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Meio ambiente em crise

Meio ambiente na crise ambiental de agosto de 2024

A crise ambiental é causada principalmente pelas atividades humanas, como o uso excessivo de recursos naturais, a poluição e o desmatamento. Essas atividades causam danos ao meio ambiente, afetando a biodiversidade, o clima e a qualidade de vida das pessoas.

Fumaça e fogo em números: gráficos e mapas mostram tamanho da crise ambiental no país.

g1 recolheu dados e ouviu especialistas para explicar o contexto de cada episódio de queimada em diferentes regiões do Brasil.
Queimadas perto da Rodovia dos Bandeirantes, na região de Campinas, final de agosto/24 no estado de São Paulo.

Em uma sequência com oito gráficos e mapas, o g1 mostra abaixo um retrato do atual momento das queimadas no Brasil. As linhas ou cores das ilustrações mostram a gravidade dos incêndios no país, que estão sendo investigados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Polícia Federal.

Na maioria dos casos, a fumaça que encobriu as cidades tem origem em queimadas em locais próximos. Há dias, um fluxo de ventos também tem transportado fuligem de incêndios florestais que acontecem em regiões mais distantes, como na Amazônia e no Pantanal.

O clima seco também tem dificultado a dissipação da fumaça e elevado o risco de incêndios em diversas regiões do país.

Somando tudo isso, estamos vendo:

• focos de queimada inéditos em São Paulo para o mês de agosto;

• a maior taxa em 13 anos para o mesmo mês em Minas Gerais;

• um aumento de 260% em relação ao ano passado para agosto no Mato Grosso;

• um aumento de 3.316% para todo o Pantanal no mesmo período;

• mais da metade de todos os focos do ano para a Amazônia em agosto;

• e o dobro para o Cerrado no mesmo mês quando comparado com 2023.

"A situação é grave, intensa e, infelizmente, generalizada. Já havíamos alertado sobre o elevado número de focos na Amazônia e no Pantanal. Este ano, estamos batendo recordes de incêndios na Amazônia. O Pantanal também teve um ano intenso, e agora o fogo está se espalhando para outras regiões", alerta Mariana Napolitano, diretora de Estratégia do WWF-Brasil.

Abaixo, além de mostrar os gráficos e mapas, o g1 consultou especialistas e usou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) para explicar o contexto de cada episódio de queimada em diferentes regiões do Brasil e discutir as perspectivas, que são preocupantes.

1) Taxa inédita em São Paulo

SP tem maior número de queimadas desde 1998, com 3,1 mil focos em agosto

No estado de São Paulo, o número de focos de incêndios registrado em agosto de 2024 já é o maior desde o início da série histórica do Inpe, em 1998.

Neste mês, que ainda nem chegou ao fim, já foram contabilizados 3.483 focos pelo satélite de referência do instituto.

O resultado de tantos incêndios ficou evidente nas primeiras horas da manhã do último fim de semana, quando cidades inteiras ficaram encobertas por uma espessa nuvem de fumaça.

Em Itirapina, no Centro-Leste do estado, mais de dois mil hectares foram devastados pelas chamas. Em São Carlos, também na mesma região, cerca de 800 pessoas foram obrigadas a deixar suas casas, enquanto 700 estudantes foram retirados das escolas. Em Araraquara, um incêndio matou dez animais em uma criação de porcos. Plantações foram completamente destruídas em Dourado.

A intensidade e a frequência dos incêndios, inéditas na região, também levaram 48 cidades a declarar estado de alerta máximo.

"É impressionante o que está acontecendo em São Paulo. As estações secas estão mais severas devido às mudanças climáticas, o que intensifica os incêndios, mas essa alta quantidade de focos sugere a possibilidade de ação criminosa coordenada, embora isso ainda precise ser confirmado", explica Suely Araújo, ex-presidente do Ibama e coordenadora de políticas públicas no Observatório do Clima.

"O Ibama e a Polícia Federal estão investigando, e eles têm tecnologia para identificar a origem e o período dos incêndios. Caso haja responsabilidade criminosa, os responsáveis poderão ser identificados e punidos", acrescenta.
Brasil tem 5,2 mil focos de incêndio em 2024

Incêndios: Brasil registrou 2.810 focos em 26/08/24, segundo o Inpe.

2) A maior taxa em 13 anos em Minas Gerais

Focos de queimada em Minas Gerais - AGOSTO*

Comparação de focos ativos detectados pelo satélite de referência do Inpe em agosto. *Taxa de 2024 é preliminar.

Incêndios Florestais Atingem Minas Gerais e São Paulo: Situação Crítica Exige Ação Rápida

Minas Gerais a situação também é crítica. Desde o início do mês até 25/08/24, foram registrados 2.136 focos de queimadas no estado.

Esse número representa um aumento de 107% em comparação a todo o mês de agosto do ano passado, quando ocorreram 1.029 focos de incêndio em vegetações.

Além disso, ainda segundo a série histórica do Inpe, agosto de 2024 já atingiu a maior taxa de queimadas dos últimos 13 anos, só ficando atrás dos 2.445 focos registrados em cidades mineiras em 2011.

24/08/24 o Sul de Minas registrou 68 focos de incêndio em 27 cidades, ainda segundo o Inpe. Os incêndios mobilizaram o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e voluntários em várias localidades.

Em Extrema, cidade na divisa com São Paulo, um incêndio na Serra do Lopo levou dois dias para ser controlado. Já em São Pedro da União, dois hectares de vegetação queimaram, e em São Lourenço, o fogo destruiu uma casa.

Por causa das queimadas no estado, também no sábado, moradores de Belo Horizonte se depararam com um céu completamente nublado.

3) Aumento de 260% no Mato Grosso

No Mato Grosso, agosto de 2024 já está perto de bater a taxa de 2020, quando 10.430 focos foram contabilizados pelo Inpe.

Até 25/08/24 o estado já registrou 10.424 focos. O número também representa um aumento de 296% se comparado com o mesmo período do ano passado.

Dados do Inpe também mostram que Mato Grosso segue sendo o estado com o maior número de focos de calor no país desde o início de 2024. Os focos registrados no estado representam 20,72% de todos contabilizados no país até agora.

De janeiro até domingo, foram 20,7 mil focos de incêndio, um aumento de 109% se comparado com o mesmo período do ano passado, quando foram 9,8 mil focos.

4) Pantanal em chamas

No Pantanal, uma das maiores áreas úmidas contínuas da Terra, apenas nos primeiros seis dias de agosto foram registrados 1.899 focos de calor. O número supera a média histórica mensal de 1.478 focos (1998-2023). O bioma enfrentou uma temporada de incêndios devastadora entre 2019 e 2021.

Comparando todo o mês de agosto do ano passado com os 25 dias de agosto de 2024, observa-se aumento de 3.316% nos focos de calor no Pantanal: de 110 focos em 2023 para 3.758 até agora em agosto de 2024.

De janeiro até domingo, em todo o bioma foram 8,5 mil focos de incêndio, um aumento de 2.094% se comparado com o mesmo período do ano passado, quando foram 388 focos.

5) Amazônia em alerta

Brasil queimou mais de 21% do seu território em quase 4 décadas

A temporada de incêndios geralmente ocorre na Amazônia entre junho e outubro, mas fazendeiros, garimpeiros e grileiros derrubam a floresta e se preparam para queimá-la durante todo o ano.

Ainda segundo o Inpe, o bioma registrou 50 mil focos de fogo desde janeiro até agora. O número representa um aumento de 77% quando comparado com o mesmo período do ano passado, quando 28 mil focos foram contados pelo instituto. Toda essa fumaça que cobre a floresta está viajando milhares de quilômetros.

Esse volume ainda se soma ao que vem do Pantanal, de Rondônia com a queimada no Parque Guajará-Mirim há um mês, e da Bolívia, formando uma densa camada cinza na atmosfera que é arrastada para o restante do mapa formando um "corredor de fumaça".

E somente em agosto de 2024 (gráfico acima), que ainda não acabou, o bioma registrou mais da metade de todos os focos do ano: 25.193.

Comparando à taxa todo o mês do ano passado (17.373), o número também representa um aumento 45%.

Esses altos números de incêndios são resultado da extrema seca que o Brasil enfrenta este ano. O ano passado já foi atípico devido à seca causada pelo El Niño e pelas mudanças climáticas. Os rios na Amazônia e no Pantanal não encheram o suficiente durante a estação chuvosa, criando um déficit hídrico significativo no início da seca. Com altas temperaturas, baixa umidade do ar e o uso de queimadas e incêndios criminosos, os focos perdem o controle e atingem grandes proporções.

— Mariana Napolitano, diretora de Estratégia do WWF-Brasil.

6) Cerrado com dobro de focos

Ainda segundo dados do Inpe, 13.865 focos foram registrados no Cerrado desde 1º de agosto até 25/08/24. A taxa representa mais que o dobro de focos quando comparada com todo o mês de agosto de 2023, quando 6.850 focos foram contabilizados.

O bioma também vem registrando altas taxas de desmatamento desde o ano passado, e desde o começo do ano já contabiliza 34.557 focos no total, uma diferença de 48% quando comparada com o mesmo período de 2023 (no intervalo de 1º de janeiro até 25 agosto).

7) Distrito Federal

No DF, a comparação de focos ativos detectados pelo satélite de referência do Inpe até 25/08/24 mostra que a taxa está perto de bater o número para o mês em 2022.

O valor atual ainda está bem baixo de outros anos que tiveram taxas maiores, como 2010, por exemplo, que registrou 181 focos.

Mesmo assim, a fumaça continua encobrindo céu do DF nesta semana. Na última segunda, Brasília amanheceu coberta por fumaça pelo segundo dia seguido.

8) Goiás

Fogo em vegetação na área urbana, no setor Faiçalville, em Goiânia/GO, satélite monitora problema.

Queimadas reduzem 23% neste ano em Goiás

Em Goiás, a situação é um pouco diferente. Com 974 focos, até 25/08/24 já está perto de igualar a taxa de 2022 por um foco de diferença.

Contudo, assim como o DF, no último ano o estado registrou uma queda de focos ativos (488) para o mesmo mês.

9) Pior seca em 44 anos

Mais da metade do país enfrenta a pior seca em 44 anos

Segundo um levantamento exclusivo do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) feito a pedido do g1, mais da metade dos estados no país também enfrenta o pior período de seca em 44 anos.

Das 27 unidades da federação, 16 estados e o Distrito Federal enfrentam a pior estiagem já vista no período de maio a agosto, desde os anos 1980. Na lista estão:

• Amazonas ; Acre ; Rondônia ; Mato Grosso ; Pará ; Mato Grosso do Sul ; Goiás ; Minas Gerais ; São Paulo ; Paraná ; Rio de Janeiro ;  Espírito Santo ; Bahia ; Piauí ; Maranhão ; Tocantins.

10) Mudança dos padrões de chuva

Maior parte do Brasil teve chuvas abaixo da média.

Ana Paula Cunha, especialista no monitoramento de secas do Cemaden, explica que esta é a primeira vez em anos de monitoramento que se observa uma seca tão longa no país.

E ela vem se estendendo desde o El Niño. Ele acabou levando seca para o Norte e mudou o padrão de chuvas pelo país. Com isso, adiantou o período seco em 2023, e, como a chuva ficou abaixo da média já naquele ano, houve uma seca extensa, que se tornou ainda mais forte atualmente.

Com o fim do El Niño, a situação não mudou porque o Atlântico Tropical Norte está muito aquecido. Isso muda a atuação das zonas de convergência, que poderiam levar chuvas ao Norte, piorando a estiagem.

“Essa junção de fatores, com o El Niño mais intenso, os oceanos mais aquecidos, a gente vê a seca se expandindo pelo país. Em anos de monitoramento de secas, nunca vi isso acontecer com essa gravidade, com tantos pontos de seca excepcional e por tanto tempo”, diz Cunha.

Dados: Hoje, mais de 3,8 mil cidades estão com alguma classificação de seca (de fraca a excepcional). O índice de seca é calculado com base no índice de chuva, variando conforme a proximidade ou distância da média e período.

Para se ter uma noção, o número de cidades nessa situação aumentou quase 60% entre julho e agosto e, segundo o Cemaden, os números de agosto ainda são uma prévia e até o fim do mês o cenário pode piorar.

“Quanto mais tempo a seca durar, mais difícil vai ser de se recuperar. É preciso uma chuva bem acima da média para reverter o cenário.

Ondas de calor devem diminuir em 2025, aponta Climatempo

A gente já tem uma ideia do que vai ser a estação chuvosa e a previsão é que não vai ser o bastante para que o país possa se recuperar”, acrescenta a especialista. (g1)

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

CEMIG aponta que ocorrências por queimadas triplicaram em relação a 2023

Queimadas prejudicaram 200 mil clientes da Cemig em 2023

Com quase 160.000 clientes prejudicados, aumento exponencial foi registrado em julho/24, quando comparado ao 1º semestre de 2024.
Com quase 160.000 clientes prejudicados, número de ocorrências por queimadas mais do que triplica em Minas Gerais/MG.

Com mais de 120 dias sem chuvas em boa parte de Minas Gerais, as queimadas estão se intensificando e prejudicando o cada vez mais o fornecimento de energia elétrica no estado, além de causar danos à flora e fauna. De acordo com levantamento da Cemig, apenas em julho, 159.505 unidades consumidoras tiveram o serviço interrompido pelas queimadas.

Esse número é mais de três vezes superior ao de clientes interrompidos no primeiro semestre deste ano, quando os incêndios provocaram falta de energia para pouco mais de 45 mil consumidores.

Para se ter uma ideia da gravidade da situação, em comparação ao período que compreende janeiro a julho de 2023, o número de ocorrências é quase quatro vezes maior em 2024: se no ano passado a companhia registrou quase 55 mil unidades consumidoras interrompidas em 112 incidentes provocados por incêndios até o sétimo mês, neste ano o número já ultrapassa 205 mil clientes em 184 ocorrências no sistema elétrico da Cemig.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, de janeiro a agosto deste ano, foram registrados mais de 16 mil focos de incêndios em Minas Gerais. O engenheiro de Sustentabilidade da Cemig, Demetrio Aguiar, explica como as queimadas prejudicam o sistema elétrico da companhia e causam interrupção no fornecimento de energia elétrica para os clientes.

“As chamas danificam equipamentos – como postes, cabos e torres – e tornam o restabelecimento do serviço mais demorado, o que pode trazer transtornos para os clientes das distribuidoras. Além disso, o alto volume de fumaça pode trazer sérios danos à saúde, principalmente nesta época do ano em que doenças respiratórias são mais comuns. As pessoas precisam se conscientizar dos impactos causados por suas ações, pensar de forma coletiva e evitar dar início a focos de incêndio que podem tomar grandes proporções e causar muitos estragos”, afirma.

Além disso, normalmente as queimadas são feitas em locais de difícil acesso, o que torna complicado o trabalho das equipes de manutenção da companhia, dificultando o restabelecimento do serviço à população.

“Um dos maiores desafios para as equipes de campo é chegar ao local da ocorrência para fazer o reparo. Normalmente, são locais de difícil acesso e em áreas rurais muito amplas. Além disso, levar estruturas pesadas, como torres e postes, em áreas acidentadas, torna ainda mais complexa a manutenção das redes danificadas pelas queimadas”, explica Aguiar.

Em relação ao primeiro semestre, a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) teve um acréscimo de 10 mil unidades consumidoras interrompidas por incêndios. Somente na RMBH, a Cemig registrou mais de 15 mil clientes prejudicados em 24 ocorrências em julho. Mas a região que teve o maior salto foi a Zona da Mata, que teve pouco mais de 66 mil consumidores interrompidos apenas em julho.

Experimento demonstra os perigos dos incêndios à rede elétrica

Ocorrências de queimadas mais que triplicaram em Minas e afetando quase 160 mil clientes.

Para ressaltar os problemas causados pelas queimadas e buscar conscientizar a população do risco dessa prática, a Cemig realizou um experimento no Laboratório de Ensaios Elétricos de Alta Tensão (LEATEP), em sua base no Anel Rodoviário, em Belo Horizonte. Em um ambiente controlado, especialistas da companhia simularam uma queimada sob uma linha de alta tensão, como explica o técnico do Sistema Elétrico da Cemig, Vitor Daniel Bento Lima.

“Na simulação feita no LEATEP, a tensão aplicada foi sendo gradativamente aumentada até o nível de tensão das linhas de transmissão, onde foi observado a formação de arcos elétricos, proveniente da ionização do ar motivada pelo fogo que aqueceu o meio externo. Dessa forma, o sistema de proteção age e desliga a linha para evitar ainda problemas maiores”, explica.

QUEIMADA é CRIME

Além de deixar hospitais, comércios e escolas sem energia, realizar queimadas pode ser considerado crime e dar cadeia. De acordo com o art. 41 da Lei 9.605/98, provocar incêndio em mata ou floresta é tipificado como crime ambiental, que pode resultar em pena de reclusão de dois a quatro anos, além de multa. Além disso, é proibido o uso de fogo em áreas de reservas ecológicas, preservação permanente e parques florestais.

Sabendo da importância de unir esforços para combater as queimadas em todo o estado, a Cemig e o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais estão juntos em uma campanha para conscientizar a população sobre o tema.

Em caso de incêndios, a Cemig (116) e o Corpo de Bombeiros (193) devem ser avisados o mais rápido possível. (cemig)

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Mudanças climáticas globais críticas aceleram crise ambiental

Relatório da ONU aponta que mudanças globais críticas aceleram crise ambiental.
A icônica baleia azul paira sobre o Milstein Hall of Ocean Life no Museu Americano de História Natural, onde o Secretário-Geral António Guterres fez um discurso especial sobre ação climática.

Pnuma afirma que frente à soma de crises globais, mundo deve adotar abordagem prospectiva para proteger saúde humana e planetária; levantamento destaca oito alterações globais críticas, como degradação ambiental e avanço da IA, que amplificam a crise climática, perda de biodiversidade e poluição.

Mudanças ambientais, tecnológicas e sociais alteram a saúde humana e planetária. Por isso, de acordo com um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, o mundo deve melhorar o acompanhamento e a resposta a uma série de desafios emergentes.

O estudo divulgado identifica 8 mudanças globais críticas que estão acelerando a tripla crise planetária de mudança climática, perda de natureza e biodiversidade e poluição e resíduos.

Oito aceleradores da crise ambiental

As mudanças incluem a degradação da natureza pela humanidade, o rápido desenvolvimento de tecnologias como a IA, a competição por recursos naturais, o aumento das desigualdades e a diminuição da confiança nas instituições.

Segundo o levantamento, essas transformações estão criando uma crise múltipla, amplificando, acelerando e sincronizando questões críticas globais, com enormes implicações para o bem-estar humano e planetário.

Dezoito sinais de alteração acompanhantes, identificados por centenas de especialistas globais, oferecem uma visão mais profunda das possíveis disfunções, tanto positivas quanto negativas, para as quais o mundo deve se preparar.

Para a diretora executiva do Pnuma, Inger Andersen, este é o momento antecipar e criar proteções contra desafios emergentes. Ela avalia que rápidas mudanças em um contexto de turbulência geopolítica significam que qualquer país pode ser desviado de seu curso mais facilmente e com mais frequência.

Segundo Andersen, ao monitorar sinais de mudança e usar a abordagem de prospectiva delineada neste relatório, “o mundo pode evitar repetir os erros do passado e se concentrar em soluções que possam resistir às futuras interrupções”.

Sinais de mudança

Nível do mar e temperatura elevada das alterações climáticas a nível mundial. Globo mundial afoga-se em oceano sujo e terra seca com temperatura quente e metáfora do ambiente de seca confrontados com as alterações climáticas.

Escassez de água potável, aumento das inundações e do nível do mar, além da insegurança alimentar, serão consequências das mudanças climáticas. O aumento na temperatura média do planeta pode desencadear longos períodos de estiagem no futuro.

As principais alterações e sinais de mudança delineados no relatório incluem a demanda por elementos de terras raras, minerais e metais críticos para alimentar a transição para o zero líquido que deverá quadruplicar até 2040. Essa realidade aumenta os apelos por mineração em alto-mar e até mesmo mineração espacial.

O relatório indica que isso representa potenciais ameaças à natureza e à biodiversidade, pode aumentar a poluição e os resíduos, e provocar mais conflitos.

Além disso, o relatório aponta que com o derretimento do permafrost, organismos antigos que podem ser patogênicos podem ser liberados, resultando em grandes impactos ambientais, animais e humanos. Esse fenômeno já levou a um surto de antraz na Sibéria.

De acordo com o estudo, embora a IA e a transformação digital possam trazer benefícios, há implicações ambientais, como aumento da demanda por minerais críticos e elementos de terras raras e recursos hídricos para atender às demandas de centros de dados.

O uso da inteligência artificial em sistemas de armas e aplicações militares, e o desenvolvimento da biologia sintética, precisam ser cuidadosamente revisados através de uma lente ambiental.

Conflitos e deslocamentos

O Pnuma lembra que com o aumento de conflitos armados e violência gera mais degradação do ecossistema e poluição, levando a repercussões para populações vulneráveis.

O deslocamento forçado também aumenta os impactos na saúde humana e no meio ambiente. Uma em cada 69 pessoas está agora deslocada à força, quase o dobro dos números de uma década atrás. Conflito e mudança climática são os principais motores.

2024: Desafios Climáticos Emergentes

Adotando a prospectiva

No entanto, o relatório conclui que o uso de ferramentas de prospectiva pode ajudar o mundo a antecipar e se preparar para os próximos desafios emergentes e futuras rupturas.

O relatório recomenda a adoção de um novo contrato social que envolva uma gama diversificada de partes interessadas, incluindo povos indígenas, dar aos jovens uma voz mais forte e repensar as medidas de progresso para ir além do Produto Interno Bruto.

Governos e sociedades também podem introduzir metas e indicadores de curto prazo que permitam uma governança mais ágil.

A proposta é que sejam implementadas ferramentas e ações para reconfigurar os sistemas financeiros e redirecionar fluxos de capital para ajudar a reduzir as desigualdades, erradicar a pobreza extrema e abordar crises ambientais.

O relatório ainda apoia a criação de uma governança ágil e adaptativa, isso inclui integrar e melhorar o monitoramento sobre mudanças ambientais e tornar os dados e conhecimentos mais acessíveis. (news.un.org)

sábado, 7 de setembro de 2024

Clima extremo na Austrália antecipa o que vai ocorrer no Brasil

Será um período prolongado de calor excessivo em vários estados e que afetará todas as regiões do país com marcas de 40ºC a 45ºC em uma extensa área do território nacional, o que fará de setembro um dos mais quentes já registrados no Brasil.

Clima extremo na Austrália antecipa o que vai ocorrer no Brasil em setembro/2024

Clima extremo com calor prolongado, muito intenso e recorde sob ar seco na Austrália em agosto é uma prévia deste setembro no Brasil.
Calor extremo e recorde que marcou a Austrália em agosto castigará o Brasil agora em setembro com uma poderosa onda de calor e possibilidade de marcas históricas.

Clima extremo que atingiu a Austrália no mês de agosto é uma prévia do que vai ocorrer no Brasil agora em setembro, prevê a MetSul Meteorologia. O último mês fugiu muito ao normal no país da Oceania com enormes desvios da climatologia histórica, o que entendemos vai se dar em grande parte do território brasileiro neste mês.

O mês recém terminado foi o agosto mais quente já registrado na Austrália e por uma margem considerável com uma temperatura média 3,02°C acima da média histórica enquanto o inverno australiano neste ano (junho a agosto) foi o segundo mais quente já registrado em todo o país. A série histórica do Bureau of Meteorology (BoM) se iniciou em 1910.

O sinal da mudança climática é evidente no que está ocorrendo na Austrália com apenas dois anos nos últimos trinta anos não excedendo as temperaturas médias de longo prazo em todo o país em agosto. A Austrália nunca registrou um mês de inverno tão quente como foi agosto neste ano.

Todas as 8 capitais estaduais australianas encerraram o mês muito mais quentes do que a média, tanto nas mínimas quanto nas máximas. A Austrália registrou seu dia de inverno mais quente já observado com 41,6°C em Yampi Sound, no Noroeste da Austrália Ocidental.

Três estados anotaram as suas maiores temperaturas máximas já observadas em agosto com 39,4°C no Sul da Austrália; 39,7°C em Queensland; e 41,6°C na Austrália Ocidental (recorde para toda a Austrália).

Sydney experimentou uma extraordinária sequência de dias quentes em pleno inverno com os últimos 11 dias de agosto alcançando temperaturas máximas que ficaram pelo menos 5ºC acima da média de agosto. O calor atingiu o seu pico em 30 de agosto com Sydney anotando apenas seu 3º dia de inverno de 30ºC (30,3°C), enquanto o Aeroporto de Sydney quebrou seu recorde de inverno com uma máxima de 31,6 °C.

A máxima média de agosto de 16,7°C em Canberra foi 3,7 °C acima da média de longo prazo. Vários lugares na Austrália Ocidental experimentaram seu inverno mais quente já registrado, o que foi incomum, pois também foram mais úmidos do que a média e as nuvens e o clima úmido geralmente tendem a manter as temperaturas diurnas baixas.

As profundidades de neve nas áreas montanhosas da Austrália continental caíram para níveis baixos quase recordes em agosto, já que uma temporada de esqui promissora foi praticamente eliminada pelo ar quente, vento e chuva nas últimas duas semanas do mês.

Mudança no clima evidente favorece calor extremo

De acordo com o australiano WeatherZone, além da influência das mudanças climáticas e o aquecimento do planeta, agosto foi um mês em que as frentes frias que trazem chuva, granizo, neve e ar extremamente frio para o Sul da Austrália continental foram em grande parte ausentes, com alta pressão dominando o país. Também houve uma bolha de calor extraordinária no interior do país no final do mês.

A Austrália aqueceu, em média, 1,47 ±0,24 °C desde que os registros começaram em 1910, com a maior parte do aquecimento ocorrendo desde 1950. Cada década desde 1950 tem sido mais quente do que as décadas anteriores. O aquecimento na Austrália é consistente com as tendências globais, com o grau de aquecimento semelhante à média geral em todas as áreas terrestres do mundo.

A tendência de aquecimento de longo prazo significa que a maioria dos anos agora é mais quente do que quase qualquer um observado durante o século XX. O aquecimento é observado em toda a Austrália e em todos os meses, com temperaturas diurnas e noturnas aumentando. Essa mudança é acompanhada por um número maior de eventos extremos de calor em todos os meses, incluindo uma maior frequência de dias muito quentes no verão.

Por que o agosto da Austrália será o setembro do Brasil no clima?

O clima muito mais quente do que o normal observado no último mês será o padrão em grande parte do Brasil neste setembro com temperaturas muitíssimo acima das médias históricas em diversos estados e possibilidade de quebra de recordes históricos mensais ou mesmo absolutos da série histórica.

Haverá um episódio excepcional de calor em grande parte do Brasil durante esta primeira metade de setembro. Será um período prolongado de calor excessivo em vários estados e que afetará todas as regiões do país com marcas de 40ºC a 45ºC em uma extensa área do território nacional, o que fará de setembro um dos mais quentes já registrados no Brasil.

As marcas esperadas nesta semana e, especialmente, na segunda semana do mês vão superar em muitos os valores médios históricos. Uma massa de ar quente já cobre o Brasil e vai se fortalecer muito. Trata-se de situação de elevado perigo pela severidade do calor esperado e que demandará atenção das autoridades.

Serão vários estados em que o calor será muito intenso a extremo. A massa de ar quente nesta primeira semana de setembro afetará com força e marcas perto ou acima de 40ºC, por exemplo, o Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Tocantins, Goiás, Distrito Federal, Rondônia, Acre, Amazonas, Pará, Tocantins, Bahia, Piauí e Maranhão, dentre outros estados.

A abrangência do calor excessivo será maior na segunda semana de setembro, quando mais estados devem ter máximas perto e acima de 40ºC. O pior do calor deve ocorrer entre o Norte do Brasil, o Centro-Oeste e parte do Sudeste com marcas acima dos 40ºC em muitas cidades. Parte da Região Nordeste, como áreas do interior do Maranhão e do Piauí, devem igualmente sofrer com o calor excessivo.

O estado que mais deve sofrer com o calor será o Mato Grosso. Por isso, cidades como Cuiabá terão máximas acima de 40ºC em quase todos os dias desta primeira metade do mês. Vários dias terão marcas entre 42ºC e 45ºC na capital do Mato Grosso. O calor ficará perto de níveis máximos históricos. A maior temperatura registrada oficialmente até hoje no Brasil foi de 44,8°C em Nova Maringá, Mato Grosso, em 4 e 5 de novembro de 2020.

O Sul do Brasil não vai escapar do calor. Nesta primeira semana do mês, entretanto, os efeitos devem ser mais sentidos no Paraná com dias agradáveis no Rio Grande do Sul. A realidade muda na semana que vem, quando se espera o ingresso do ar muito quente no Rio Grande do Sul com alguns dias de calor intenso e talvez até extremo para um mês do inverno astronômico.

Alerta: setembro começa com a maior e mais poderosa onda de calor sufocante do ano

Fenômeno pode ser mais forte que os dois primeiros registrados em 2024; frente fria deve avançar apenas na segunda quinzena. (metsul)

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