Desafios e oportunidades
Volume crescente de resíduos: As estimativas projetam milhões de
toneladas de resíduos fotovoltaicos até 2050, tornando a reciclagem urgente.
Economia circular: A reciclagem permite que materiais valiosos
sejam reintegrados à produção, diminuindo a necessidade de mineração de novos
recursos e reduzindo o impacto ambiental.
Potencial econômico: O setor de reciclagem de painéis solares tem
potencial para se tornar uma indústria rentável, impulsionada pelo aumento do
volume de resíduos.
Tecnologias de reciclagem
Processos atuais: A reciclagem geralmente envolve desmontagem
(remoção do quadro de alumínio e caixa de junção), separação (métodos térmicos,
mecânicos e químicos) e purificação dos materiais.
Recuperação de materiais: O processo visa recuperar materiais como
vidro (principal componente), alumínio, silício, cobre, prata e polímeros.
Inovações: Empresas e pesquisadores estão desenvolvendo
tecnologias para extrair e reutilizar até 99% dos componentes, incluindo metais
preciosos como prata e cobre.
Desafios e regulamentação
Infraestrutura: A infraestrutura para a coleta e reciclagem ainda
precisa ser ampliada em muitas regiões para lidar com o volume esperado.
Regulamentação: Apenas a União Europeia possui regulamentação
específica para resíduos fotovoltaicos (Diretiva WEEE), que exige que os
fabricantes financiem a coleta e reciclagem. A maioria dos outros países
classifica os painéis como resíduos eletrônicos gerais.
Europa lidera com estrutura de reciclagem obrigatória
A Europa continua a definir o padrão global para a gestão de
resíduos fotovoltaicos por meio de sua Diretiva de Resíduos de Equipamentos
Elétricos e Eletrônicos (REEE). A diretiva exige que todos os estados-membros
da UE operem seus próprios esquemas de coleta e reciclagem ou participem de
esquemas de conformidade do produtor, estabelecendo metas de recuperação de 85%
e taxas de reciclagem de 80%.
Em 2022, os países europeus coletaram quase 50.000 toneladas de
resíduos de módulos fotovoltaicos de 18 países, um aumento significativo em
relação aos anos anteriores. A Itália liderou com 21.500 toneladas coletadas,
seguida pela Alemanha com 16.500 toneladas, representando a maior quantidade
entre os países da UE.
Esse crescimento reflete tanto o crescimento do mercado solar
europeu quanto o crescente volume de módulos que chegam ao fim de sua vida
útil. Na Alemanha, o volume cresceu substancialmente, com projeções sugerindo
que os volumes de resíduos podem atingir entre 400.000 e 1 milhão de toneladas
até 2030.
Mercados da Ásia-Pacífico implementam abordagens diversas
Fora da Europa, diferentes países estão desenvolvendo abordagens
distintas para a gestão de resíduos fotovoltaicos. O Japão, apesar de não
possuir uma legislação específica para resíduos fotovoltaicos, processou cerca
de 2.079 toneladas de resíduos de módulos em 2022, com 1.638 toneladas
recicladas e 441 toneladas reutilizadas.
O país também está caminhando para uma abordagem mais estruturada.
As autoridades japonesas elaboraram um regulamento que tornaria obrigatória a
reciclagem de módulos fotovoltaicos em fim de vida útil e estabeleceria um
esquema de pagamento gerenciado por uma organização independente.
A Coreia do Sul adotou uma abordagem diferente, implementando
regulamentos de responsabilidade estendida do produtor (EPR) para módulos
fotovoltaicos a partir de 2023. Em seu primeiro ano, o sistema superou as
expectativas, reciclando 688 toneladas contra uma meta de apenas 159 toneladas.
O país estabeleceu uma rede de empresas especializadas em reciclagem em cinco
centros regionais, com uma capacidade combinada de 14.725 toneladas por ano.
O cenário da tecnologia de reciclagem está em constante evolução,
com projetos de pesquisa e desenvolvimento focados na recuperação de materiais
de alto valor, em vez de apenas atingir altas taxas de reciclagem por peso.
Projetos financiados pela União Europeia, como o PHOTORAMA e o EVERPV, estão
desenvolvendo linhas-piloto multe etapas que podem processar módulos de silício
cristalino e de película fina, visando taxas de recuperação de 95-98% para
metais.
Esses projetos estão explorando abordagens de delaminação de
ponta, incluindo corte com fio diamantado, tecnologia de jato de água e
lâmpadas infravermelhas. O foco está mudando do processamento mecânico simples
para métodos de recuperação química que podem extrair materiais de alta pureza
adequados para reutilização em novos módulos fotovoltaicos ou outras aplicações
de alto valor.
Pesquisas japonesas, apoiadas pela NEDO, buscam taxas de
recuperação de materiais acima de 80%, mantendo os custos líquidos de
tratamento abaixo de 3 ienes japoneses por watt. Projetos australianos buscam
taxas de recuperação ainda maiores, com metas acima de 95% para prata, cobre,
silício e vidro.
Desafios econômicos permanecem significativos
Apesar dos avanços tecnológicos, a economia da reciclagem de
energia fotovoltaica continua desafiadora. O relatório observa que os baixos
volumes atuais, as tecnologias de reciclagem limitadas, os desafios logísticos
e os mercados subdesenvolvidos para materiais recuperados resultam em “cenários
de alto custo e baixa receita” para a reciclagem de módulos fotovoltaicos.
Nos Estados Unidos, os custos de reciclagem podem ultrapassar US$
14 por módulo, enquanto o descarte em aterros sanitários pode custar apenas
entre US$ 1 e US$ 5. Essa disparidade de custos representa uma das barreiras
mais significativas do setor para a gestão sustentável do fim de vida útil.
Como resultado, as empresas estão investindo em equipamentos e
processos dedicados à reciclagem de energia fotovoltaica, enquanto algumas
estão explorando unidades móveis de reciclagem que podem ser implantadas
diretamente em locais de descomissionamento para reduzir os custos de
transporte.
Impulso regulatório cresce globalmente
Além da estrutura estabelecida na Europa, o impulso regulatório
está crescendo em todo o mundo. A Austrália espera implementar um programa
obrigatório de gestão de produtos até 2025, enquanto vários estados dos EUA
adotaram ou estão desenvolvendo regulamentações específicas para o fim da vida
útil de energia fotovoltaica.
As projeções sugerem que, até 2050, os resíduos acumulados de
módulos fotovoltaicos poderão exceder 200 milhões de toneladas globalmente em
vários cenários, e o relatório enfatiza que soluções sustentáveis exigem a
integração de “abordagens regulatórias e tecnológicas” adaptadas às condições
específicas de cada região.
O sucesso dependerá não apenas do desenvolvimento de melhores
tecnologias de reciclagem, mas também da criação de incentivos econômicos, do
estabelecimento de redes de coleta e da construção de mercados para materiais
recuperados.
A transição dos atuais esforços experimentais de reciclagem para
as operações em escala industrial do futuro representa um desafio e uma
oportunidade para a indústria solar. A forma como o setor gerenciar essa
transição influenciará significativamente o papel de longo prazo da energia
fotovoltaica na transformação energética global. (pv-magazine-brasil)





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