quarta-feira, 19 de novembro de 2025

As diferentes dinâmicas do envelhecimento da população brasileira por cor/raça e gênero

As diferenças no processo de envelhecimento refletem diferentes inserções sociais e maneiras específicas de como lidar com o aumento da longevidade.
O Brasil se manteve como um país jovem na maior parte da sua história. Mas os idosos vão superar o número de crianças e adolescentes no século XXI. Haverá uma inversão da estrutura etária, com um estreitamento da base e um alargamento do topo da pirâmide populacional.

A transição demográfica (redução das taxas de mortalidade e natalidade) alterou a dinâmica populacional do Brasil. A população de crianças está diminuindo e a população de idosos está crescendo. Em 1950, havia 4,3 crianças de 0-4 ano para cada idoso de 60 anos e +. Mas em 2100, haverá 10 idosos de 60+ para cada criança de 0-4 anos.

A proporção de idosos de 60 anos e mais, no Brasil, estava em torno de 5% em 1950, chegou a quase 16% em 2022 e deve alcançar algo em torno de 40% no final do século XXI. Mas estas proporções variam entre homens e mulheres e conforme a declaração de cor/raça.

A tabela abaixo, com dados do censo demográfico 2022, mostra que a proporção total de idosos de 60 anos e mais para o Brasil era de 15,8%, sendo 14,4% para os homens e 17,1% para as mulheres. Entre as pessoas que se declaram amarela (de origem oriental) e branca as proporções estão acima da média nacional. Entre as pessoas que se declaram pretas as proporções são semelhantes à média nacional. E entre as pessoas que se declaram pardas e indígenas a proporção de idosos é menor do que a média nacional.

Em 2022, a população amarela total tinha uma proporção de idosos de 60 anos e mais de 29%, sendo 27,8% entre os homens e 30,2% entre as mulheres. Esta alta proporção de idosos entre a população amarela decorre das menores taxas de fecundidade e mortalidade e da maior expectativa de vida ao nascer da população brasileira de origem oriental.

Em seguida, vem a população branca com uma percentagem total de 18,8% de idosos de 60 anos e mais, sendo 17,1% entre os homens e 20,4% entre as mulheres.
A proporção de idosos de 60 anos e mais entre a população preta, no Brasil, em 2022, foi de 15,4% no total, ligeiramente menor do que a média nacional, sendo 13,8% entre os homens e 17% entre as mulheres.

A proporção de idosos de 60 anos e mais, entre a população parda, foi de 13% no total, sendo 12,1% entre os homens e 13,9% entre as mulheres. A proporção de idosos de 60 anos e mais entre a população indígena, no Brasil, em 2022, foi de 9,2% no total, bem abaixo da média nacional, sendo 8,4% entre os homens e 10% entre as mulheres.

O envelhecimento populacional brasileiro é diferenciado por gênero e cor/raça. As mulheres são a força majoritária do envelhecimento em todos os grupos de cor/raça. A população amarela possui a estrutura etária mais envelhecida, seguida da população branca. A população preta está mais próxima da média nacional. Enquanto as populações pardas e, em especial, a indígena, possuem a estrutura etária mais rejuvenescida.

Estas diferenças no processo de envelhecimento refletem diferentes inserções sociais e maneiras específicas de como lidar com o aumento da longevidade. Garantir um envelhecimento digno e equitativo para todos, requer o reconhecimento destas desigualdades no desenho das políticas públicas de saúde, previdência, moradia e cuidado. (ecodebate)

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