domingo, 25 de janeiro de 2009

Óbitos por dengue comprovados

Entre os 181 casos de dengue registrados no Rio em 2008, oito óbitos foram confirmados por exames a partir de 15 de outubro deste ano. Entre estes casos, quatro pessoas morreram de dengue hemorrágica comprovada em laboratório. Moradora de Nova Iguaçu, Daniela de Souza, de 22 anos, morta na quinta-feira no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte, com sintomas do tipo hemorrágico, ainda não integra esta estatística, mas faz parte de número muito maior, de 325 casos notificados de dengue no estado desde o último janeiro e que ainda aguardam confirmação oficial da causa mortis. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Depois de uma curva descendente no número de casos de dengue no estado desde março deste ano, quando houve o pico de 69.378 notificações da doença, a saúde pública se prepara para a iminência de nova epidemia. Se a média atual de casos está em 60 por mês, para o presidente do Conselho Regional de Medicina, Luis Fernando Moraes, em pouco tempo a curva deverá subir novamente. Para o médico, a epidemia vem aí, só não se sabe se em dimensão superior a que se verificou no último verão. Do total de 325 mortes, apenas 181, sendo 105 destas na capital, tiveram até agora o diagnóstico já confirmado por exames. Os demais, 143, ainda aguardam a conclusão dos laudos. Entre as mortes confirmadas, 56 foram por dengue hemorrágica, em quadro semelhante ao apresentado por Daniela, cuja família registrou na Polícia Civil a suspeita de erro médico no diagnóstico da jovem, medicada inicialmente por infecção urinária e liberada para casa. – As pessoas estão se organizando com esta expectativa, porque se espera nova epidemia. E a preocupação agora também será o com o tipo de dengue que vai afetar a população – alertou o presidente do Cremerj. – Espero que a ação iniciada pelo conselho, de aproximação com o poder público par a busca de soluções tenha mesmo efeito. Moraes se referiu, no caso, à importância do convênio proposto ao governo do estado para ação conjunta de treinamento do pessoal da saúde para o diagnóstico da dengue, fator crucial para a redução no número de óbitos em função da dengue. Somente no Rio, houve 126.558 casos de dengue neste ano, praticamente a metade do total verificado no estado, de 256.645. Em Nova Iguaçu, onde vivia Daniela, houve 18.893 notificações de casos de dengue, com três mortes confirmadas por exames. A maioria das vítimas no estado, 53,75%, tem idades entre 15 e 49 anos. Mais de mil casos em todo o estado envolveram gestantes. Diagnóstico crucial Para Moraes, a epidemia passada ensinou a lição da necessidade de pessoal em quantidade e com a qualificação necessária. Ele citou como dificuldade do passado recente a contratação sem seleção de profissionais de saúde por meio de cooperativas. O diretor do Sindicato dos Médicos do Rio, o médico Eraldo Bulhões, especialista em dengue, concorda com a importância desses fatores: – O diagnóstico correto pode salvar as vidas das vítimas da dengue, mesmo em casos do tipo hemorrágico – afirmou o especialista que fez um alerta: – É importante saber que a cada ano aumentam as chances de surgir casos do tipo hemorrágico. De acordo com Bulhões, a dengue hemorrágica costuma ser provocada quando o paciente contrai a doença pela segunda vez, de uma cepa diferente de vírus - há registro da ação dos tipos 1, 2 e 3 –, ou quando recebeu da mãe anticorpos de um tipo da dengue por ela contraído no passado. Nesses casos, segundo ele, são as vítimas mais prováveis jovens e crianças nascidas a partir de 1986, quando houve o primeiro surto da doença no estado.

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