terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Municípios apostam na homeopatia contra a dengue

Depois do auge da epidemia de dengue, que deixou 118 mortes confirmadas no Estado do Rio, cresce o número de municípios que adotam a homeopatia como tratamento alternativo. Seguindo o exemplo de São José do Rio Preto (SP), o município fluminense de Macaé investe na homeopatia e, depois que a prefeitura passou a distribuir gratuitamente um complexo homeopático que diminui os sintomas da doença, teve uma queda brusca no número de casos de dengue. O tratamento foi colocado em prática em abril do ano passado, quando a epidemia alcançou a marca de 600 casos registrados somente em abril. No ano todo, foram registrados 1890 casos de dengue em Macaé. Segundo a coordenadora de saúde coletiva de Macaé (e homeopata) Laila Nunes, já no final de 2007, com o uso do complexo homeopático, a queda registrada foi muito maior que nos municípios vizinhos, que continuaram com a epidemia. Em 2008 foram registrados apenas 59 casos da doença. - O complexo diminui os sintomas da dengue, atenua o tempo da febre, e assim diminui o número de óbitos. Como a doença é sazonal, fazemos a campanha sempre que o número de casos começa a aumentar umas três vezes ao ano – explica Laila. No início de maio o projeto foi apresentado num simpósio de pesquisa da UERJ, quando foi criado o Grupo Nacional de Homeopatia e Dengue. Alguns médicos do grupo chegaram a trabalhar com o complexo homeopático na tenda montada no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, durante a epidemia no Rio. Experiência pioneira São José do Rio Preto foi o primeiro município do país a adotar oficialmente o tratamento com homeopatia contra a dengue. De acordo com o secretário de Saúde do município, a idéia de distribuir o complexo homeopático gratuitamente nos postos de saúde contribuiu para uma queda substancial do número de casos da doença. - Foram 10 mil casos de dengue no ano passado na cidade, com piora da morbidade e maior incidência de internações. Com o trabalho homeopático, o número de casos caiu para 189 – comemora. Apesar da grande queda no número de casos, o secretário não atribui a melhora no quadro apenas à homeopatia. - Não dá para atribuir só ao complexo homeopático essa queda porque o trabalho foi continuado, aliado ao combate aos focos do mosquito. A homeopatia foi uma terapia alternativa, mas os resultados são otimistas. A escolha da homeopatia surgiu por conta do trabalho de um homeopata da cidade, que utilizou o complexo para aplacar uma epidemia de dengue em Havana. - A base foi o estudo de um médico e homeopata do município, Dr. Renan Marino, que já tinha experimentado um complexo homeopático, inclusive apresentado o trabalho em Cuba, e defendia que o medicamento diminuía o tempo dos sintomas para dois ou três dias, quando não os tornava quase imperceptíveis. Inicialmente, 100 mil doses iniciais foram distribuídas em março nas 23 unidades de saúde da cidade, mas o tratamento continua à disposição nos postos médicos. A aplicação é feita em uma dose sublingual, com custo por unidade de apenas R$ 0,01. Para o secretário, o uso da homeopatia traz vantagens também para os cofres públicos. - É um tratamento barato, com custo reduzido e sem contra-indicações e efeitos colaterais – pondera. - Decidimos distribuir nas unidades para evitar a automedicação. Começamos com quem morava em regiões de foco da dengue. No início distribuíamos para quem quisesse, mas as pessoas interpretaram o complexo como uma vacina contra a dengue. Ficamos receosos de que elas descuidassem do combate ao mosquito e só aplicamos agora para quem apresenta os sintomas da doença. Para o professor convidado para o curso de homeopatia da Universidade Federal de Viçosa, José Alberto Moreno, a homeopatia é eficaz tanto na prevenção quanto no tratamento da dengue. - O uso da homeopatia tem duas direções, para evitar a dengue e como tratamento curativo para quem já está com dengue. O modelo homeopático complementa o tratamento com a alopatia.

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