domingo, 1 de março de 2009

Razões para o alto preço do alimento orgânico

O preço dos produtos orgânicos tende a ser maior que o dos convencionais. No Brasil, por exemplo, os produtos orgânicos são, em média, 40% mais caros que os convencionais. Já o trigo chega a custar 200% a mais e o açúcar, 170%. De acordo com o site da Food and Agriculture Organization das Nações Unidas (ONU), isto ocorre, no mundo inteiro, por que: O fornecimento da comida orgânica é limitado se comparado à sua demanda; Os custos da produção dos alimentos orgânicos, normalmente, são maiores devido ao grande trabalho exigido e ao fato de que os fazendeiros não produzem o bastante, de um único produto, para baixar seu custo de forma abrangente; O manuseio do período pós-colheita de quantidades relativamente pequenas resulta em altos custos; A FAO também observa que os preços da comida orgânica incluem não só o custo da produção, mas também uma escala de outros fatores que não existem no preço da comida produzida em larga escala e com compostos químicos, como: Melhoria e proteção ambiental e o fato de evitar futuras despesas com o controle da poluição; Padrões melhores de bem-estar dos animais; Prevenção de riscos contra a saúde dos fazendeiros devido ao manuseio inadequado de pesticidas, evitando futuras despesas médicas; Desenvolvimento rural, gerando mais empregos nas fazendas e garantindo um rendimento justo e suficiente para os produtores. A FAO acredita que, conforme a demanda da comida e produtos orgânicos crescerem, inovações tecnológicas e economia de escala reduzirão os custos da produção, processamento, distribuição e comercialização dos produtos orgânicos. Os preços ainda são distorcidos, quando o consumidor adquire produtos orgânicos, por exemplo, em supermercados, onde a diferença entre o preço recebido pelo produtor e o preço praticado varia de 100 a 300%. Em média o produtor recebe pelo produto 20 a 30% mais do que os produtos convencionais. Daí a nossa recomendação de que o consumidor adquira os produtos orgânicos nas feiras de produtores, lojas especializadas em produtos orgânicos e cestas oferecidas pelo produtor diretamente ao consumidor. Defendendo a justeza do preço que se cobra, gostaria de ressaltar que o produto orgânico à nível de produção não é caro, na verdade muitas vezes, é o produto convencional que é ofertado muito barato. A discussão sobre preço leva a outra pergunta: seria possível alimentar o mundo somente com alimentos orgânicos? Além do preço mais alto, outra crítica à comida orgânica é a de que não é possível atender à fome do mundo somente com esse tipo de produção. Os níveis de produtividade alcançados, que são mais baixos do que os da agricultura convencional, não dariam conta de resolver o problema da fome no mundo. Então, infelizmente não dá para prescindir dos agroquímicos. O que se costuma dizer é que é melhor morrer intoxicado do que de fome. Nem uma coisa, nem outra. Avaliando que nem a agricultura orgânica, nem a convencional têm, hoje, condições de suprir uma população humana crescente, visto que: 1. A agricultura baseada nos insumos industriais das grandes corporações está destruindo a base natural da produção - produtividades elevadas, mas fugazes, a abundância imediata do presente, à custa do futuro. 2. A agricultura ecológica é ainda uma proposta que, apesar de seus grandes avanços, apenas engatinha. Representa um esforço de reconstrução em outras bases, preservando os recursos naturais de que a humanidade necessita para produzir alimentos. Ela representa o melhor que até o momento se alcançou na busca da sustentabilidade.A busca de sustentabilidade e a humanidade podem equacionar esses problemas conquanto difíceis sejam e colocá-los num cronograma de mudanças, desde que assim o deseje.

Nenhum comentário:

Degradação florestal na Amazônia afeta área três vezes maior que desmatamento

Entre março de 2023 e de 2024, INPE detectou aviso de degradação para 20,4 mil km², maior que os 18 mil km² do período anterior. É necessári...