domingo, 19 de julho de 2009

Maiores economias concordam com meta de 2°c de aquecimento Não houve acordo em relação a como o objetivo será alcançado; ONU diz que políticas ainda não são suficientes. As 17 maiores economias do mundo concordaram ontem, em uma reunião na Itália, que o aquecimento global não deve passar dos 2°C em relação à temperatura pré-Revolução Industrial. Contudo, divergiram em relação a como essa meta será alcançada. Ainda assim, o gesto significou a adoção de um critério científico e pragmático, que era rejeitado por vários países, segundo o ministro Luiz Alberto Figueiredo Machado, principal negociador brasileiro do tema. Sua expressão, na prática, estaria na definição da meta global de corte de 50% nas emissões até 2050, com o compromisso de os países desenvolvidos de assumir 80% da redução. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, alguns países do G-8 resistiram a essa meta. Com isso, alguns países em desenvolvimento impediram o consenso sobre o corte global de 50% nas emissões. Essas aproximações terão de se dar nos próximos cinco meses, até a próxima Conferência do Clima, em Copenhague. Apesar da falta de consenso, a reunião marca uma reviravolta no debate porque os americanos, que durante a administração George W. Bush negavam qualquer avanço, tornam-se agora líderes da questão. Barack Obama foi o porta-voz da reunião. "Os Estados Unidos algumas vezes deixaram de assumir sua responsabilidade. Esses dias acabaram", disse Obama, que defendeu que a reunião foi um avanço. "Não é tarefa simples para 17 líderes deixar as diferenças de lado em um assunto como mudanças climáticas." Já o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, criticou a proposta do G-8. "As políticas que foram declaradas até agora não são suficientes", afirmou. "Precisamos trabalhar de acordo com a ciência. É político e moralmente imperativo e uma responsabilidade histórica dos líderes com o futuro da humanidade." A ciência diz que os 2°C são um limite a ser perseguido, mas não são garantia de segurança. Mesmo com esse aquecimento eventos climáticos extremos, como secas e chuvas, podem se tornar mais frequentes. ACORDO O Brasil quer compromissos mais suaves para as economias emergentes e pobres, sem metas quantitativas. Quer apenas ter o objetivo de adotar políticas de desenvolvimento que não gerem mais emissões de gás carbônico. Brasil e EUA tentarão alcançar uma posição comum para a Conferência do Clima. A proposta de afinar as posições partiu de Obama, que se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reservadamente. A dificuldade de conciliação dos dois países no tema, entretanto, emergiu de Obama. Segundo ele, assumir compromissos mais ambiciosos pode trazer um impacto brutal sobre a indústria americana, provocar a transferência de investimentos produtivos para a China e gerar um grave problema social. Lula argumentou que políticas públicas que geram cidadania significam elevação das emissões de gases-estufa. O brasileiro agregou seu temor de que, nas negociações de Copenhague, a queda de braço entre desenvolvidos e emergentes acabe no aumento da responsabilidade das economias desenvolvimento. Ele disse que não pretende ver as nações mais ricas "escorregarem" em seus compromissos e, como compensação, oferecerem aportes a fundos para financiar controle de emissões por países em desenvolvimento.

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