sábado, 5 de setembro de 2009

Minc prevê a menor devastação em 20 anos

Em uma tentativa de reforçar os feitos do governo na área ambiental e se contrapor ao "efeito Marina Silva", o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse ontem que o desmatamento na Amazônia no período 2008-2009 será o menor dos últimos 20 anos. "Não há dúvida de que alcançaremos esse marco", afirmou ao comentar dados de desmate captados pelo sistema Deter. Entre agosto de 2008 e julho de 2009, o sistema registrou 4,3 mil km² de floresta derrubada. E é com base nos dados detectados nesse sistema que o ministro fez a estimativa. "Devemos ter um número real de desmatamento no período que varia entre 8,5 mil e 9 mil km². A menor taxa registrada nos últimos anos", disse. A estratégia de se antecipar aos números oficiais encaixa no esforço do governo de desidratar o discurso ambiental da ex-ministra Marina Silva, que ocupou o Meio Ambiente no governo Luiz Inácio Lula da Silva por cinco anos, e, depois de deixar o PT, tornou-se a provável candidata do PV à Presidência em 2010. Essa nova forma de ação ganhou maior nitidez anteontem, quando o governo decidiu, pouco antes do lançamento do pré-sal, incorporar a área de meio ambiente e desenvolvimento no até então chamado Fundo Social - agora rebatizado de Fundo Ambiental e Social. Ontem, a estratégia foi reforçada por Minc, que trouxe um caráter "histórico" para a queda das taxas de desmatamento. Na apresentação, por exemplo, ele fez questão de ressaltar que os dados captados no Deter foram os menores acumulados ao longo dos últimos anos e associar tal desempenho a sua atuação no ministério. "Conseguimos isso à base da pancada: ações de apreensão de tratores, caminhões, boi pirata", afirmou. Para o próximo ano, ele quer uma estratégia mais branda. Em vez de "pancada", ações de desenvolvimento sustentável. "Será a vez do Fundo Amazônia, do lançamento do zoneamento econômico-ecológico, da continuidade das ações de auxílio para municípios de abrangência da operação Arco Verde." Os dados anunciados por Minc têm como base as captações de imagem do Deter. Embora ferramenta importante para detecção de áreas de desmate, esse sistema é menos preciso do que o Prodes, usado para avaliar as taxas anuais de desmatamento. O Prodes é capaz de identificar áreas menores de desmate, o que, ao fim de um ciclo de 12 meses, faz diferença significativa. No ciclo 2004/2005, por exemplo, enquanto o Deter identificou 12,31 mil km² de desmate, o Prodes detectou 18, 846 mil km². "A diferença varia entre 60% e 70%", disse Minc.

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