domingo, 15 de novembro de 2009

Brasil registra o menor índice de desmatamento dos últimos 21 anos

Anúncio foi feito em clima de festa, com Lula e Dilma; queda em relação ao período anterior foi de 45,7%. O Brasil registrou o menor índice de desmatamento anual na Amazônia nos últimos 21 anos, com a marca de 7.008 km², segundo o INPE. Os números, apresentados ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, referem-se ao período de agosto de 2008 a julho de 2009, que é o calendário oficial de monitoramento da região amazônica. Em relação ao período anterior (2007-2008), quando se derrubou quase 13 mil km², a redução foi de 45,7%. "Esses números são bastante confiáveis e, quando há revisão, ficam dentro da margem de erro", disse o diretor do INPE, Gilberto Câmara, que também participou da cerimônia. O dado anunciado ontem é uma estimativa preliminar, que será levada para a Conferência do Clima de Copenhague, no mês que vem. O número definitivo só ficará pronto em 2010, após revisão mais detalhada das imagens de satélite. Para Câmara, será difícil manter taxa igual ou menor no próximo período, porque a queda deste ano foi muito acentuada. A meta em longo prazo do País é reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia até 2020. Para que isso ocorra, será necessário diminuir em 42% o ritmo de derrubada da floresta a cada cinco anos, em comparação com a média dos períodos anteriores. Por essa conta, o máximo que poderá ser desmatado no ano que vem é 9,5 mil km², chegando a menos de 4 mil km² em 2020. Todos os nove Estados da Amazônia Legal reduziram suas taxas de desmatamento em 2009. O que registrou maior área devastada foi o Pará, com 3.687 km² de floresta ceifada, seguido à distância por Mato Grosso, com 1.047 km². Este último apresentou a queda mais significativa em relação ao ano anterior: 68%. A queda deve-se à consciência que o brasileiro tem adquirido de que é necessário preservar. Já o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que a redução resulta da repressão por parte do aparelho estatal. Ele acha que agora chegou o momento de mudar a forma de atuação, passando a oferecer alternativas econômicas para as pessoas que moram na Amazônia, com preços mínimos para produtos extrativistas como borracha, castanha, açaí e madeira certificada. O presidente Lula concordou com Minc. "Dizem que a água de Nova York é muito boa. E é. Mas todos os que moram nos locais das nascentes das águas que vão para lá recebem (dinheiro) para não poluir", afirmou. "Portanto, as pessoas que moram na Tijuca, no Rio, e na Avenida Paulista, em São Paulo, que vão para os bares tomar chope de boa qualidade e falar mal da vida alheia e dizer que ninguém pode derrubar uma árvore da Amazônia, têm de pagar para ter aquela água boa que tomam. O caboclo da Amazônia quer apenas viver, depois de ter pegado oito malárias." A redução do desmate será o trunfo do Brasil em Copenhague, onde um dos principais temas de negociação será a inclusão do desmatamento evitado como mecanismo de combate ao aquecimento global. NÚMEROS Os dados divulgados ontem são do sistema Prodes, que utiliza imagens de alta resolução para calcular as taxas anuais de desmatamento. É diferente do sistema Deter, que produz estatísticas mensais, porém com resolução menor, usadas para direcionar a fiscalização de campo. Na avaliação do pesquisador Carlos Nobre, do INPE, os dados dão confiança ao País para exercer liderança nas negociações de Copenhague. "Mesmo que parte dessa queda possa ser atribuída à crise financeira, ela não ofusca o fato de que as taxas de desmatamento na Amazônia despencaram a partir de 2005. É uma boa notícia para o Brasil e para o planeta", disse Nobre ao Estado.

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