quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Calota de gelo do Monte Kilimanjaro continua recuando rapidamente

A calota de gelo no cume do Monte Kilimanjaro, na Tanzânia, segue recuando a uma rápida velocidade, tendo diminuído 26% desde 2000, segundo um novo relatório científico. Mas os autores do estudo, a ser publicado na terça-feira em Proceedings of the National Academy of Sciences, não chegaram a um consenso sobre se o derretimento pode ser atribuído principalmente ao papel da humanidade no aquecimento global. Da cobertura de gelo que havia em 1912, 85% desapareceu, segundo os cientistas. Para medir o ritmo recente do recuo, foram usadas fotografias aéreas tiradas ao longo do tempo e de estacas e instrumentos instalados no cume do monte em 2000, disse Douglas R. Hardy, geólogo da Universidade de Massachusetts e um dos autores do estudo. As fotos medem o encolhimento horizontal do gelo e as estacas indicam a redução na profundidade. Ambos estão decrescendo na mesma velocidade, disse Hardy. Os pesquisadores que estudam o cume do monte, incluindo os envolvidos neste estudo, diferem nas conclusões sobre quanto derretimento seria resultado de atividade humana e quanto de outras influências meteorológicas. O autor principal, Lonnie G. Thompson, glaciologista da Universidade Estadual de Ohio, concluiu que o derretimento nos anos recentes é único. Em 2000, ele extraiu cilindros de gelo profundo do Kilimanjaro e descobriu que as camadas superiores estavam cheias de bolhas alongadas - sinais de que derretimento e recongelamento haviam ocorrido nos últimos anos. Não havia bolhas nas camadas mais profundas dos núcleos. Se a sua datação das camadas de gelo do cilindro for precisa, um derretimento da superfície como o visto nos últimos anos não ocorreu nos últimos 11,7 mil anos. Mas Georg Kaser, um glaciologista do Instituto de Geografia da Universidade de Innsbrück, na Áustria, disse que o gelo medido tinha apenas algumas centenas de anos e que ele havia chegado e partido ao longo dos séculos. Mais ainda, ele sugeriu que o derretimento recente teve mais a ver com o declínio dos níveis de umidade do que com um aquecimento da atmosfera. "Nosso entendimento é que isso se deve à lenta secagem do gelo", disse Kaser. "Tem a ver com flutuação da umidade." Mas Thompson salientou que o derretimento do gelo no cume do Monte Kilimanjaro ocorreu em paralelo a recuos nos campos glaciais de outras partes da África e também da América do Sul, Indonésia e Himalaia. "É quando se juntam esses dados que as evidências se tornam muito convincentes", disse ele.

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